terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Por que tanta histeria contra Cuba?

                                                                           
      Quadros de Helder Becerra durante a Convenção baiana de solidariedade a Cuba/2015

Rodrigo Choinski

Cuba está na boca do povo e não foram os comunistas que colocaram, pelo contrário, são os conservadores de direita que insistem em lembrar da ilha caribenha. Expressões como “vai pra Cuba” são abundantemente usadas para atacar qualquer posicionamento de esquerda – e para os histéricos até trocar o carro por bicicleta já virou “subversão” comunista.


Outro episódio nesta novela foi a reação non sense contra os médicos cubanos – criticados só por serem cubanos (e também por serem a maioria negros), acusados de estarem formando um exército secreto para implementar o comunismo no Brasil - isso mesmo, amiguinho, não parece piada que pessoas adultas acreditem nisso...

Enfim, o cenário polarizado da eleição de 2014 só jogou mais lenha na fogueira, mas agora pensem comigo, porque Cuba está tão evidentemente na cabeça das pessoas? Será que alguma intuição de que há algo ali diferente dessa normalidade globalizada pós-moderna-ser-escravo-é-cool-vista-a-camisa-da-empresa.

Seja este um palpite correto ou não a verdade é que os ataques contra Cuba funcionavam muito bem dentro de uma sociedade conservadora e controlada por uma ditadura militar, com todos os meios de comunicação atuando para demonizar qualquer regime contrário aos Estados Unidos e Europa Ocidental. Mas este tempo passou.

Hoje mais de 50% dos brasileiros estão dispostos a apoiar uma saída de esquerda – como demonstrou a eleição – mesmo aqueles que não consideram que o PT e os governos de Lula e Dilma representem verdadeiramente uma saída à esquerda tem de admitir que as pessoas votaram em um partido que não tem apoio algum na mídia e é vendido sim como um partido de esquerda, seja para defendê-lo seja para criticá-lo.

A Globo está triste, ainda subsiste um entusiasmo na esperança da extrema-direita retomar o Poder Executivo, mas não descarte a possibilidade de em breve ver o Bone cabisbaixo tomando um whisky (daqueles que a garrafa custa mais de mil dólares) em algum boteco (chique, em Miami ou nas Bahamas). 

O mundo colorido dos Marinho, em que podiam manipular a sociedade como um cachorrinho adestrado acabou. Eles já não podem ver tranquilamente os que ameaçavam seu poder ser simplesmente torturados, mortos e jogados na vala comum pela ditadura militar, isso ficou no passado.

E Cuba continua lá, apesar de não aderir à democradura ocidental pluripartidária (em que você pode ter diversos partidos mas todos devem obedecer os banqueiros, empreiteiros e diplomatas americanos) a participação da população nas eleições é maciça, com um processo muito mais transparente que no Brasil. 

Além disso, tem um dos melhores sistema educacionais e de saúde do mundo: totalmente gratuito, sua indústria farmacêutica é de ponta e apesar da falta de recursos (o PIB per capita é metade do brasileiro) seu IDH deixa países como o Brasil no chinelo.

E pior para os conservadores, a alguns quilometros da costa cubana um dos mais marcantes exemplos do que acontece com países que (obrigados) seguem as diretrizes econômicas dos Estados Unidos, o Haiti, um verdadeiro paraíso natural como são as ilhas da região, é um dos países mais pobres do mundo com uma população mendicante colocadas de joelhos devido às seguidas intervenções militares dos EUA e da ONU ( e no comando um país otário, que acredita que pode conseguir uma vaga no Conselho de Segurança fazendo o serviço sujo da política externa norte-americana).

Quem duvida que estes 50%, já simpáticos a uma saída de esquerda, em um país extremamente desigual, em que 37% das famílias vivem com MENOS DE R$ 350,00 por pessoa, ouvindo soar dia após dia a palavra “Cuba” nos seus ouvidos, se tornem um tanto simpáticos pelo regime socialista que de forma digna e eu diria até heroica sobrevive entre as potências ocidentais intervencionistas (Siria, Líbia e Iraque que o diga) - isso estando a pouco mais de 500 quilômetros de Miami. 

Com o Diário Liberdade)

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