segunda-feira, 30 de junho de 2014

Nomes do PCB para as eleições majoritárias

                                   
O PCB oficializou a candidatura do professor Túlio Lopes ao governo do Estado de Minas Gerais. 

O candidato a vice-governador será o advogado Roberto Auad. 

O candidato ao Senado Federal dos comunistas é o professor Pablo Lima. 

O tecelão aposentado José Francisco Neres "Pinheiro" e o servidor público Luis Carlos serão os candidatos a suplentes. 

O PCB também apresentará vários candidatos a Deputado Federal e Estadual.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Agenda do PCB em Minas Gerais

                                                                   
                                                                            Vermelhinho-PCB/Sabará

                                                                 

 21 de junho - Ato político de pré-lançamento das candidaturas do PCB em Ipatinga - Vale do Aço.

28 de junho - Ato contra a FIFA em Belo Horizonte.

29 de junho - Ativo Eleitoral / Convenção Estadual Eleitoral do PCB - Minas Gerais.

05 de julho - Último dia para o Registro das Candidaturas.

12 de julho - Atividade em Campos Altos.

26 de agosto - Mauro Iasi em Belo Horizonte.

27 de agosto - Mauro Iasi em Ipatinga.

28 de agosto - Mauro Iasi em Uberaba

07 de setembro - Grito dos Excluídos.

05 de outubro - Eleições Gerais.

sábado, 21 de junho de 2014

Homenagem a Nestor Veras

                                        

Dia 26 de julho será realizado  um Ato sindical Unitário em Sorocaba  para homenagear sindicalistas ferroviários  e trabalhadores rurais perseguidos pela ditadura cívico-militar que ocorreu no Brasil de 1964 a 1985.

Um dos homenageados  será Nestor Vera, 1º tesoureiro da Contag, membro do Comitê Central do PCB, preso  em abril de 1975 no centro de BH pelos agentes da Delegacia de   Roubos e Frutos, sequestrado, torturado  e morto  com 2 tiros pelo delegado  Claudio Guerra,  cuja confissão   consta no livro Bastidores de uma Guerra Suja .

Segundo a mesma fonte, o corpo de Nestor Veras (Nestor Vera, na vida real ou  "Wilson", seu nome de guerra) foi   jogado numa mata existente entre Itabirito e BH. As primeiras diligências realizadas não deram resultado. Será necessário um trabalho de peritos  forenses, arqueólogos, especialistas, portanto.

Este espaço - buscando esclarecer toda a verdadeira história envolvendo o sindicalista - faz um apelo à UFMG, demais universidades, Associações de Geólogos, organizações como o Instituto Helena Greco, Conselhos Regionais de profissionais ligados às áreas de pesquisa para obter especialistas que possam colaborar com a Procuradoria da República e outras organizações envolvidas no tema como as Comissões da Verdade , Instituto João Goulart etc.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O escravo da Casa Grande e o desprezo pela esquerda

                                                  


Mauro Luis Iasi (*)

Malcon X comparou, certa vez, os negros que defendiam a integração na sociedade norte americana com escravos da casa. Para defender suas pequenas posições de acomodação na ordem escravista, buscavam imitar seus senhores, copiar seus maneirismos, usar suas roupas, sua linguagem, adotando o nome da família de seus senhores, daí o X no lugar do sobrenome do revolucionário norte americano.

Não é de se estranhar que os escravos da Casa Grande se incomodassem com as revoltas vindas da Senzala, pois poderiam atrapalhar sua instável acomodação, sua sobrevivência subserviente.

Dois textos recentes me chamam a atenção, não sei se produzidos pela mesma pena, mas certamente movidos pelo mesmo ódio e desprezo contra a esquerda em nosso país. Um deles é de autoria do sociólogo Emir Sader neste blog (Não é a Copa, imbecil, são as eleições), que recentemente comparou os manifestantes à cachorros vira-lata, outro é o editorial do Brasil de Fato (03/06/2014) que não contente em se aliar ao campo de apoio à Dilma abriu as baterias contra a esquerda, aquela mesma que em muitas situações apoiou este jornal, não apenas nas campanhas para sua sustentação, mas participando de seu conselho editorial e apoiando nos momentos mais difíceis.

Tanto o sociólogo como o jornal tem o direito de apoiar quem quiser, emitir suas opiniões, mas o que nos chama a atenção é a necessidade de atacar a esquerda e a forma deste ataque. Como em todo o debate que busca fugir do mérito da questão, talvez pela dificuldade em realizar o debate neste campo, se lança mão de estigmas. É preciso caracterizar o oponente como “esquerdista”, “minorias”, “intelectuais vacilantes da academia”, ou mais diretamente: “imbecis”.

Por vezes devemos aceitar o debate não pela qualidade dos argumentos ou a seriedade dos adversários, mas em respeito àqueles que poderiam se beneficiar do bom debate. Para isso temos que supor que o debate é sério e que há uma questão de fundo, ainda que para isso tenhamos que separar uma grossa camada de retórica que visa desqualificar o debate para não enfrentá-lo.

O argumento central da posição expressa nos textos citados, mas explícita e de forma mais clara no editorial do Brasil de Fato, poderia ser assim resumida: os governistas teriam uma “visão ampla da luta de classes”, que articularia três dimensões – a luta social, a ideológica e a institucional – atuando com “firmeza ideológica e flexibilidade tática”; enquanto os supostos esquerdistas “ignoram a correlação de forças” no Brasil e na America Latina e concentram muito mais nas criticas do que nas realizações dos governos “populares”, isso porque subordinam suas posições, como “vacilantes intelectuais da academia” ou partidos “sem o mínimo peso eleitoral”, não a uma análise concreta de uma situação concreta, mas a uma “fidelidade” ao marxismo ortodoxo.

O resultado desta premissa, segundo a posição expressa, é o seguinte:

Por isso, para serem condizentes com uma análise concreta de uma situação concreta, os partidos de esquerda sem o mínimo de peso eleitoral, que não conseguem enraizar sua mensagem programática e nem contribuir para o avanço da consciência de classe das massas populares durante as eleições deveriam estar fortalecendo a candidatura de Dilma, mesmo sabendo que o neodesenvolvimentismo em curso não é uma alternativa popular.

Mesmo na posição de um “vacilante intelectual do mundo acadêmico, fiel ao marxismo e de um partido sem peso eleitoral”, gostaria de iniciar o debate afirmando que nossos colegas deveriam seguir, antes de mais nada seus conselhos. Se não vejamos. O erro do “esquerdismo”, que o impediria de realizar uma análise concreta de uma situação concreta, é que “não conseguem identificar frações de classes e seus diversos interesses em torno do governo Dilma”.

Então vamos lá. Quais são as classes e frações de classe que se somam aos governos do PT? O PT produziu-se como experiência histórica da classe trabalhadora que acabou por projetar-se numa organização política que, sem perder a referencia passiva desta classe, assumiu posturas políticas que se distanciam dos objetivos históricos dos trabalhadores. Não se trata de uma questão de origem de classe, mas do caráter de classe da proposta política apresentada em nome dos trabalhadores.

É preciso explicar aos leitores que nós (intelectuais vacilantes fieis ao marxismo) não concebemos a classe social como mera posição nas relações sociais de produção e formas de propriedade, mas como uma síntese de determinações que partindo da posição econômica, devem se somar a ação política, a consciência de classe e outros aspectos. Dessa forma um setor da classe trabalhadora, ainda que partindo originalmente deste pertencimento, pode em sua ação política e na sua intencionalidade, afirmar outro projeto societário que não aquele que nossa experiência histórica constitui como meta – o socialismo –, sendo capturado pela hegemonia burguesa, naquilo que Gramsci chamou de “transformismo”.

No caso do PT acaba por se consolidar um projeto que tem por principal característica quebrar as reivindicações sociais do proletariado e dar a elas uma feição democrática; despir as formas puramente políticas das reivindicações da pequena burguesia e apresentá-las como socialistas, e tudo isso para exigir instituições democráticas republicanas como “meio não de acabar com os dois extremos, o capital e o trabalho assalariado, mas de enfraquecer seu antagonismo e transformá-lo em harmonia” (Marx, 18 Brumário, p. 226-227).

Assim o PT em seu projeto (e prática) de governo apresenta em nome da classe trabalhadora um projeto pequeno burguês. Mas o PT não governa sozinho, tem razão nossos colegas, é necessário seguir nossa análise para responder quais classes e setores de classe compõe o governo Dilma. Como o centro do projeto político foi deslocado para chegar ao governo federal e lá se manter, são necessárias alianças e até mesmo o programa de reformas democrático- populares é por demais amplo (seria o que André Singer chama de “reformismo forte”), então, rebaixa-se o programa (um “reformismo fraco”) e amplia-se as alianças. Para qual direção?

Não podemos confundir a sopa de letrinhas do leque de alternativas partidárias com segmentos de classe, mas eles são um indicador das personificações desses interesses. As alianças inicialmente pensadas como um leque entorno da classe trabalhadora, setores médios e pequenos empresários, se amplia bastante agora no quadro de um Pacto Social. Vejamos:

Um novo contrato social, em defesa das mudanças estruturais para o país, exige o apoio de amplas forças sociais que dêem suporte ao Estado-nação. As mudanças estruturais estão todas dirigidas a promover uma ampla inclusão social – portanto distribuir renda, riqueza, poder e cultura. Os grandes rentistas e especuladores serão atingidos diretamente pelas políticas distributivistas e, nestas condições, não se beneficiarão do novo contrato social. Já os empresários produtivos de qualquer porte estarão contemplados com a ampliação do mercado de consumo de massas e com a desarticulação da lógica financeira e especulativa que caracteriza o atual modelo econômico. Crescer a partir do mercado interno significa dar previsibilidade para o capital produtivo.1

Este pacto social com “empresários produtivos de qualquer porte” não deixaria de fora nem mesmo os “rentistas”, como se comprovou. A chamada governabilidade exigiria que as personificações partidárias destes interesses estivessem na sustentação do governo, de forma que o governo de “centro” (pequeno burguês) buscou e conseguiu se aliar com siglas da direita (PMDB, PTB, PP, PSC e outras). Na composição física do governo vemos setores de classes diretamente representados, como o caso dos interesses dos grandes monopólios no Ministérios da Indústria, dos bancos no Banco Central, do agronegógio no Ministério da Agricultura, assim como o controle das agências reguladores e outros espaços formais e informais de definição da política governamental.

Evidente que haverá participação dos “trabalhadores”, mas há aqui uma diferença essencial. Enquanto os setores do grande capital monopolistas levam suas demandas à política de governo e as efetivam, as demandas dos trabalhadores são, por assim dizer, filtradas. Enquanto a CUT defendia suas resoluções em defesa da previdência pública, um ex-presidente da entidade assume o ministério para implementar a reforma da previdência, assim como a luta pela reforma agrária é tolerada, mas filtrada e peneirada em espaços intermediários para que os militantes comprometidos não cheguem aos espaços de decisão sobre a questão fundiária e agrária, estes reservados aos representantes do agronegócio.

Podemos ver militantes e personificações de segmentos importantes da classe trabalhadora em áreas como a saúde, a assistência social e outras, no entanto, o espaço efetivo de implementação de políticas ficaria constrangida pelas áreas de planejamento e a lógica da reforma do Estado para produzir a subserviência à lei de responsabilidade fiscal e a política de superávits primárias que tanto agrada aos banqueiros.

Recentemente a presidente Dilma, através da deputada Kátia Abreu (aquela mesmo!!!) da bancada ruralista, garimpava apoio para Dilma entre os diferentes setores do agronegócio (gado, soja, milho, etc.), enquanto Paulo Maluf posava sorridente ao lado do candidato do PT ao governo de São Paulo em troca de alguns minutos no tempo de TV.

O governo de pacto social com os setores da grande burguesia monopolista e a pequena burguesia que seqüestrou a representação da classe trabalhadora, implica nos limites da ação de governo, isto é, impedem o “reformismo forte” e impõe um “reformismo fraco”. Para atender as exigências da acumulação de capitais dos diversos segmentos da burguesia monopolista as demandas dos trabalhadores tem que ser contingenciadas, focalizadas, gotejadas, compensatórias.

Queria-se acabar com a fome e a miséria, mas devemos nos contentar em combater as manifestações mais agudas da miséria absoluta. Queríamos uma reforma agrária (e mais que isso, não é, uma nova política agrícola e de abastecimento, etc.), mas devemos nos contentar com crédito para assentamentos competirem com o agronegócio e assistência para os que não conseguem. Não se revertem as privatizações realizadas e cresce a lógica privatista com as fundações público privadas, as OSs e outras formas diretas ou indiretas de privatização.

O problema é que, mesmo assim, dando tanto à burguesia monopolista e tão pouco aos trabalhadores, a burguesia sempre vai jogar com várias alternativas, e, na época das eleições, vai ameaçar, chantagear e negociar melhores condições para dar sua sustentação. O leque de alianças da governabilidade petista não implica fidelidade dos setores do capital monopolista, adeptos do amor livre, entendem o apoio ao governo do PT como uma relação aberta. Por isso aparecem na época das eleições na forma de suas personificações como partidos de “oposição”.

Tal dinâmica produz um movimento interessante. Amor e união com a burguesia monopolista durante o governo e pau na classe trabalhadora (combinada com apassivamento via políticas focalizadas e inserção como consumidores); e briga com a burguesia e promessas de amor com os trabalhadores na época de eleição!

A abertura da Copa e a hostilização vinda da área VIP contra a presidente funciona aqui como uma metáfora perfeita: eles fazem a festa para os ricos, enchem o estádio com a elite branca e rica, esperando gratidão, mas a elite xinga a presidente.

A artimanha governista é circunscrever a propalada análise concreta de uma situação concreta à conjuntura da eleição e não do período histórico em que esta conjuntura se insere. Graças a esta mágica, desaparece o governo real entre no lugar um mito que resiste ao neoliberalismo contra as forças do mal igualmente mitificadas e descarnadas de sua corporalidade real.

É o odioso “neoliberalismo”, que vai retroceder nos incríveis ganhos sociais alcançados e desestabilizar os governos progressistas na America Latina. Vejam, nos dizem, como são piores que nosso governo, precisamos derrotá-los para evitar o retrocesso e as privatizações.

Mas uma vez derrotados eleitoralmente os adversários de direita... quem privatizou o Campo de Libra? Colocando exército para bater em manifestantes? Quem aprovou a lei das fundações público-privadas que abriu caminho para a privatização da saúde e outras? Quem aprovou a lei dos transgênicos, o código florestal e de mineração?

Não são iguais, é verdade. São duas versões distintas disputando a direção do projeto burguês no Brasil. Um o capitalismo com mais mercado e menos Estado, outro o capitalismo com mais Estado para garantir a economia de mercado.

Precisamos circunscrever a análise da correlação de forças ao momento eleitoral para evitar a derrota do governo Dilma, vejam, “mesmo sabendo que o neodesenvolvimentismo em curso não é uma alternativa popular”!

Então, comecemos por aí: o atual governo NÃO É UM ALTERNATIVA POPULAR! Já é um bom começo. Mas tenho uma péssima notícia... também não é neodesenvolvimentista, seja lá o que isso queira dizer. 

É um governo de pacto social que, partindo de um programa e uma concepção pequeno burguesa, crê ser possível manter as condições para a acumulação de capitais o que leva a uma brutal concentração de renda e riqueza nas mãos de um pequeno grupo, ao mesmo tempo em que, pouco a pouco e muito lentamente, apresenta a limitada intenção de diminuir a pobreza absoluta e incluir os trabalhadores na sociedade via capacidade de consumo (bolsas, salários e crédito, etc.).

Ora, o que deve fazer a esquerda “sem o mínimo de peso eleitoral, que não conseguem enraizar sua mensagem programática e nem contribuir para o avanço da consciência de classe das massas populares”? Dizem os governistas: votar na Dilma. No entanto, desculpe a insistência de quem faz análise concreta de situação concreta não só quando chegam as eleições e água bate na bunda; mas, e se for exatamente este processo de pacto social e de implementação de um socialiberalismo que está impedindo o “avanço da consciência de classe”? Depois de 12 anos de governos desta natureza a consciência de classe está mais avançada que estava nos anos 80 e 90? Nos parece que não.

Se somos tão insignificantes, irrelevantes e idiotas... porque é necessário bater desta forma na esquerda? Pelo simples fato que nossa existência, de uma ESQUERDA, não a pecha de esquerdismo que tenta se impor contra nós como estigma, é a denuncia explícita dos limites e contradições que o governismo e seus lacaios querem jogar para debaixo do tapete.

Para manter a “imagem” do governo petista (Sader está preocupado com a imagem) é preciso uma operação perversa: atacar quem denuncia os limites desta experiência, não importando o quanto desqualificado e hipócrita seja o ataque, estigmatizando, despolitizando o debate.

Primeiro foi necessário destruir a esquerda dentro do PT e sabemos os métodos que foram usados nesta guerra suja. Na verdade o que vemos agora contra a esquerda fora do PT é uma projeção do ataque vil e brutal que companheiros da esquerda petista sofreram e (aqueles que ainda resistem lá no PT) ainda sofrem (esquerdistas, isolados das massas, sem expressão eleitoral, irresponsáveis, etc.). E depois que conseguirem isolar, estigmatizar e satanizar a critica de esquerda a esta experiência centrista e rebaixada de governo? Quando forem atacados pela direita que não guarda nada a não ser desprezo para com os escravos da casa grande?

As manifestações seriam, segundo os governistas, uma ofensiva da direita para sujar a imagem bela e idealizada do governo e o esquerdismo joga água neste moinho. Interessante que a necessidade de uma análise concreta de uma situação concreta, da correlação de forças e das classes não é necessária quando se trata das manifestações. 

MTST, garis, metroviários, professores, são todos imbecis marionetes da direita, manipulados por ela e quando pensam lutar por seus direitos e demandas estão fazendo o jogo da direita. Somos nós que fazemos o jogo da direita... tem certeza?

De nossa parte, não nos incomodamos, porque não esperamos nada mais que isso como conseqüência do progressivo, e triste, processo de descaracterização e rebaixamento político. Não será a primeira vez que a política pequeno burguesa, que se diz representante de todo o povo, se alia ao trabalho sujo da direita para combater a esquerda.

Respondemos àqueles que acreditam que estamos isolados com as palavras de Lênin, com quem aprendemos a fazer análise concreta de uma situação concreta:

Pequeno grupo compacto, seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam de termos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação.

Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor? 

Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares.

Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos "livres" para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem! (Lenin, Que fazer?, São Paulo: Expressão Popular, 62).

Publicado no Blog da Boitempo em 16/06/2014


UNIVERSIDADE POPULAR


terça-feira, 17 de junho de 2014

Lançado durante reunião da Comissão da Verdade de São Paulo livro contendo nomes de torturadores da ditadura



Lançado durante reunião da Comissão da Verdade de São Paulo livro contendo nomes de torturadorLançado durante reunião da Comissão da Verdade de São Paulo livro contendo nomes de torturadores da ditaduraes da ditadura



terça-feira, 10 de junho de 2014

NOTA POLÍTICA DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2014 EM MINAS GERAIS

                                                               
O professor Túlio Lopes é pré-candidato do PCB a governador
Lutamos por uma frente permanente de caráter anticapitalista e anti-imperialista que se conforme nas lutas e no debate franco das divergências para encontrarmos o que nos une através de um programa comum.

As eleições de 2014 não são para o PCB o fato político mais importante do ano, mas sim as manifestações, greves e protestos, antes, durante e depois da Copa.

Por sua vez, o período eleitoral traz à tona os projetos e as análises sobre a conjuntura e suas contradições, possibilitando aos comunistas um diálogo franco e honesto sobre essas mesmas contradições.

Desde fevereiro de 2014, realizamos reuniões bilaterais e trilaterais com o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados – PSTU na perspectiva de contribuir para a construção de uma Frente de Esquerda que possibilitasse uma alternativa e um programa à altura de um projeto socialista.

O acúmulo do debate político entre estas organizações foi sistematizado em torno de um Manifesto assinado pelos três partidos sobre a possibilidade de construção da Frente de Esquerda em Minas Gerais. 

As candidaturas aos cargos majoritários foram discutidas nestas reuniões e a proposta era construir o programa a partir das discussões entre os três partidos, ampliando o debate com outras organizações políticas e movimentos sociais e populares que tem atuado em defesa dos interesses dos trabalhadores(as).

A disputa interna nacional e estadual dentro do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL alterou a configuração política da construção da Frente de Esquerda em Minas Gerais. 

Os companheiros decidiram priorizar o fortalecimento de uma candidatura ligada ao senador Randolfe Rodrigues. O pré-candidato dos comunistas à presidência da república é o professor Mauro Iasi e a pré-candidata a vice-presidente é a camarada Sofia Manzano.

 O PCB tem expressado que não está disposto a formar apenas coligações eleitorais. Reafirmamos que nossa proposta de frente é para além das eleições e além dos partidos registrados no TSE, pois não são só estes os protagonistas na luta contra a ordem burguesa em nosso país.

O PCB terá candidaturas próprias em Minas Gerais.

O pré-candidato dos comunistas ao Governo do Estado de Minas Gerais é o Professor Túlio Lopes, secretário político do PCB em Minas Gerais, membro da coordenação nacional da corrente sindical UNIDADE CLASSISTA e membro do Comitê Central do Partido. 

O pré-candidato a vice-governador será o camarada Roberto Auad, advogado, militante sindical e ativista político ligado aos movimentos sociais e populares.

Reafirmamos que o pré-candidato dos comunistas ao Senado Federal é o professor Pablo Lima. Militante do PCB há 18 anos, Pablo Lima é professor universitário, presidente do Instituto Caio Prado Jr. em Minas Gerais e integrante do Comitê Central do PCB. 

Os pré-candidatos a suplentes são os camaradas José Francisco Neres (Pinheiro) e Vicente Gonçalves (Vicentão), militantes históricos da esquerda mineira.

Teremos uma chapa de candidatos/as a Deputado Federal e Estadual que possam dialogar em todo o Estado a necessidade da construção do Poder Popular.

O PCB insistirá na necessidade de unirmos na luta em torno da pauta de reivindicações que nasceu das ruas a partir das manifestações de junho de 2013, denunciando e combatendo o capitalismo e seus agentes. 

Manteremos o diálogo com todas as organizações políticas nas lutas e nos protestos populares, que serão a centralidade dos nossos principais esforços na construção do PODER POPULAR, por uma Minas e um Brasil Socialista.


Belo Horizonte, 09 de junho de 2014.

Comissão Política Estadual do Partido Comunista Brasileiro – PCB – Minas Gerais.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

As eleições na União Europeia

                                                                 
                            Cartoon de Riber Hansson


John Catalinotto

As eleições para o Parlamento da União Europeia realizadas dia 25/5 reflectiram a crescente rejeição pelas massas dos partidos de centro que comandaram a maioria dos governos na Europa Ocidental e a própria União Europeia – sobretudo contra o modo como a UE enfrentou a grave crise capitalista em 2008 e daí em diante, com crise continuada, até hoje. No continente europeu, só 43% dos eleitores habilitados compareceram para votar. 

Desde 1945, os partidos de centro-direita ou conservadores e a social-democracia ou partidos ditos socialistas de centro-esquerda vinham-se alternando na administração dos governos ocidentais imperialistas. A partir de 2008, partidos de centro-esquerda e de centro-direita passaram a colaborar para impor austeridade à classe trabalhadora na Europa. A classe dominante europeia – especialmente os grandes financistas capitalistas – impuseram programas impopulares de austeridade contra países individualmente endividados, para garantir que as dívidas fossem pagas aos bancos credores. Para fazer isso usaram instituições financeiras da burocracia da União Europeia, as chamadas Troika – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. 

Essencialmente, a União Europeia é o instrumento da classe dominante europeia para tomar cada vez mais do que os trabalhadores produzem e transferi-lo para os ricos. Reduziu salários dos trabalhadores, pensões e benefícios para os desempregados e cortou nos cuidados de saúde e na educação. 

Combinada com a ausência na maior parte dos países europeus de uma alternativa eleitoral crível e eficaz de esquerda, a repulsa contra os partidos de centro e contra a UE em muitos países levou a avanços de partidos nacionalistas de ultra-direita que são publicamente anti-UE e que habitualmente apresentam programas anti-imigração, xenófobos e mesmo racistas. Os ganhos da direita foram especialmente grandes em duas importantes potências imperialistas – Grã-Bretanha e França – e na Holanda e Dinamarca. 

A classe trabalhadora e suas organizações têm, naturalmente, de combater esses partidos direitistas e, especialmente, os racistas, tanto nas ruas como em eleições. Mas não é o caso de exagerar a ameaça dos partidos direitistas ou neofascistas representariam, ou a sua iminência de chegada ao poder. 

O Parlamento Europeu é apenas uma sala de conversação, não um poder executivo. A UE não administra realmente um aparelho de Estado ou um exército nacional, como Washington. Todo o poder da União Europeia está concentrado em instituições burocráticas como a Troika , não no Parlamento. 

Nos países mais duramente atingidos os partidos progressistas avançaram 

A votação teve resultados diferentes em diferentes países. Considerem-se os países europeus mais atingidos pela crise capitalista. Para usar um indicador de crise: as taxas de desemprego foram superiores a 25% na Espanha e na Grécia; a 18% em Portugal, e a 14% na Irlanda. A Troika e as classes dominantes locais impuseram cortes horrendos a todos eles para garantir pagamentos aos grandes bancos. 

Os votos nestes países aumentaram o número de cadeiras dos partidos com um programa mais progressista ou favorável ao trabalho. Só na Grécia é que um partido de extrema-direita teve ganhos. 

Na Espanha, a votação remeteu tanto os "socialistas" (PSOE) como o direitista Partido Popular a uma esmagadora derrota, assinalando uma mudança a decorrer. Um novo partido do movimento dos "Indignados" conseguiu atrair 8% dos votos e a Esquerda Unida (IU) também avançou. 

Na Espanha, mais importante que o resultado eleitoral na Espanha foram os acontecimentos que se seguiram. Em Barcelona, durante quatro dias, jovens que protestavam contra uma invasão policial a um edifício ocupado por grupos sem tecto combateram a polícia local. 

Em 2 de Junho, o rei espanhol, símbolo extremamente impopular da continuidade do regime fascista de Franco, abdicou. Imediatamente, organizações da classe trabalhadora espanhola convocaram manifestações para exigir um referendo sobre o estabelecimento de uma república. 

Em Portugal os comunistas, e na Irlanda o partido Sinn Fein, avançaram nas eleições para o Parlamento Europeu, ganhando votos entre os jovens. E partidos direitistas perderam espaço. 

Na Grécia, o Partido Comunista obteve 6% dos votos, ao passo que o novo partido social-democrata, o Syriza, ficou em primeiro lugar com 27% dos votos. O Syriza ganhou praticamente todos os votos perdidos pelos social-democratas tradicionais, comprometidos pelo apoio que deram à austeridade. O partido fascista Aurora Dourada avançou, obtendo 11% dos votos. 

Na Itália, o partido direitista de Silvio Berlusconi perdeu pesadamente, e um voto de protesto, equivalente a cerca de 20% dos eleitores, foi para o não ortodoxo Movimento 5 Estrelas, agrupamento anti-austeridade liderado pelo comediante Beppe Grillo. Na Itália o Partido Democrático, de centro-esquerda, que governa a Itália, ficou em primeiro lugar. 

Na Alemanha, cuja classe domina controla a Europa, os partidos tradicionais mantiveram seu papel principal. Nenhum partido de esquerda ou de direita ganhou. O desemprego ainda é razoavelmente baixo na Alemanha – embora os salários dos trabalhadores tenham continuamente perdido poder de compra ao longo dos últimos 20 anos. 

Na Grã-Bretanha, tanto o partido Trabalhista como o Conservador perderam votos. A maior parte do voto de protesto foi para o relativamente indefinido mas claramente anti-UE Independence Party (UKIP). Este partido – que é diferente do declaradamente racista British National Party — ficou em primeiro lugar, com 27,5% dos votos, apesar de nunca ter obtido uma cadeira no Parlamento Britânico! 

O pior resultado foi em França, onde o partido racista Frente Nacional ficou em primeiro lugar com 25% dos votos. Nenhum partido de esquerda ganhou. O Partido Socialista, o qual está estreitamente identificado à austeridade da UE e traiu todo e qualquer vestígio de solidariedade que tivesse com a classe trabalhadora, foi jogado no lixo.

O original encontra-se em www.workers.org/articles/2014/06/07/look-inside-european-union-vote/ 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Pré-candidato à Presidência da República, Mauro Iasi defende as pautas originárias dos protestos de junho passado

                                             


Pré-candidato do PCB à Presidência defende fim da PM e ação de black blocs 

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

06/06/2014

Mauro Luís Iasi, 54, é o pré-candidato do PCB (Partido Comunista Brasileiro) à Presidência da República nas eleições de outubro. Avesso a costuras políticas, o professor da Escola de Serviço Social da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) afirmou ter consciência das limitações de sua campanha, mas disse não abrir mão de compor uma alternativa socialista em um cenário eleitoral que, segundo ele, resume-se a "aspectos superficiais". Ao UOL, ele declarou ainda ter abraçado bandeiras das manifestações que eclodiram em junho de 2013 e argumentou em favor de temas como o fim da Polícia Militar e a ação dos black blocs, entre outros.

Iasi, que participou da fundação do PT, na década de 80, integrou o time que coordenou a primeira campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989, quando o ex-presidente e símbolo do Partido dos Trabalhadores duelou com Fernando Collor de Melo. "Eu tenho experiência de fazer campanha, um pouco contra a minha vontade", disse ele, que deixou o PT em 2004. "Nós atuávamos desde o marketing até o planejamento da campanha. (...) era um esforço monumental para apresentar o Lula não do jeito que ele era, mas sim para fazer com que ele parecesse um candidato. Isso em questões mínimas, como a forma de se colocar. A grande força dele era a autenticidade".

Apesar de ter acumulado experiência com as campanhas petistas, o pré-candidato comunista disse querer se distanciar da metodologia eleitoral que norteia as grandes legendas. Sua candidatura será divulgada basicamente com atividades nas ruas, o que inclui ir às manifestações. "Nossa campanha é coletiva, fizemos um processo de quase um ano de congressos. (...) A decisão por uma candidatura vem diretamente ligada ao fato de que a conjuntura brasileira não pode limitar às alternativas que hoje estão colocadas no que chamamos de campo da ordem. São candidaturas que, no máximo, divergem sobre aspectos superficiais, mas não a fundo em questões que consideramos prioritárias hoje para o Brasil", declarou.

As questões "prioritárias", na visão do pré-candidato, estão diretamente vinculadas às pautas que emergiram dos protestos. "As manifestações expressaram, ao contrário do que muitos disseram, uma politização do debate. Elas trouxeram temas importantíssimos para o debate de fundo da sociedade brasileira. (...) O que surgiu nas manifestações tem que ganhar uma densidade de um projeto político e um projeto alternativo para o Brasil", afirmou. "Um projeto de poder. Isso dificilmente brota da própria manifestação. Isso exige um segundo grau de luta."

Iasi destacou que, em sua perspectiva, o "aparato repressivo" do Estado tentou conter o ímpeto das manifestações, mas isso não funcionou. "A repressão acabou levando a uma radicalização das manifestações, e elas se generalizaram. Isso provocou formas de autodefesa. Desde o início, nós tomamos muito cuidado para não criminalizar e condenar essas formas de autodefesa", disse. "Mesmo aquelas praticadas pelos chamados grupos adeptos de uma tática black bloc. (...) Somos obrigados a sofrer uma repressão brutal do aparelho policial, de forma muitas vezes ilegal, extremamente ilícita, forjando provas e tudo mais, em uma violência totalmente descabida. Todo mundo viu isso ocorrer nas manifestações."

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/06/06/pre-candidato-iasi-defende-fim-da-pm-e-acoes-de-black-blocs-em-protestos.htm

quinta-feira, 5 de junho de 2014

COPA PARA QUEM?




A passagem da seleção brasileira de futebol por Goiânia no dia 03 de junho foi marcada por intensos protestos de trabalhadores. A Frente de Esquerda Socialista ( PCB, PSOL, PSTU e PCLCP) em conjunto com os técnicos administrativos em greve da UFG e IFG e o Movimento Terra Livre, de luta pela reforma agrária, convocaram o ato " Copa pra Quem ? " e marcaram presença em frente ao hotel onde estava hospedada a seleção.

Um amplo e desproporcional aparato policial entrou em confronto com a manifestação, chegando a deter um dos manifestantes e tomar o seu megafone, demonstrando que o verdadeiro legado da Copa é a repressão e criminalização aos movimentos populares.

A manifestação, que alcançou imensa repercussão, denunciou os gastos abusivos da Copa do Mundo e o favorecimento às grandes empresas, construtoras e demais setores do capital em detrimento dos trabalhadores, com a remoção arbitrária de pessoas de suas comunidades.

Os manifestantes questionaram os mais de 35 bilhões de reais, vindo dos cofres públicos, gastos em monumentos para os “mega eventos” destinados aos grupos empresariais enquanto que para os direitos sociais o governo sinaliza com cortes orçamentários. 

Segundo Antônio Neto, professor em greve no município de Goiania e militante do PCB "Os gastos da Copa superam os gastos federais com educação e saúde juntos. País rico é país com saúde, educação, transporte e segurança pública e de qualidade!"

Ainda segundo o professor Antônio " A Frente de esquerda socialista conclama todos a unirem suas forças para barrar o crescente processo de criminalização de militantes e organizações populares e, ao mesmo tempo, fortalecer as greves em andamento como alternativa para a valorização dos trabalhadores e dos serviços públicos"

No período da tarde, os militantes do PCB somaram-se ao ato "Não vai ter Copa", organizado pelos Professores em greve da rede municipal em conjunto com coletivos estudantis e operários, que foi até o estádio Serra Dourada e também reafirmou a indignação da população com a Copa dos Empresários.

Fonte : PCB-GO

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A pergunta de Carlos Drummond de Andrade:"Foi-se a Copa?"


A Copa é Visibilidade, o Capitalismo a Realidade a ser Enfrentada

                                                                     

Antonio Jorge Braga (*)

Muito tem se falado dos gastos da copa do mundo que ultrapassam os 30 bilhões. Além dos gastos exorbitantes, o que é mais questionável é o modelo de Copa que se busca. Daí a reflexão: Copa pra quem? As manifestações contrárias aos gastos de um evento elitista, excludente para a gigantesca maioria da população, enquanto notamos o descaso com as pautas populares históricas é mais que justificativa para a população tomar as ruas e exigir saúde, educação, moradia e transporte de qualidade, aproveitando a visibilidade dos mega-eventos, a cobertura midiática nacional e internacional para os nossos problemas crônicos.

O caso do Maracanã é o que melhor exemplifica a revolta popular. Construído com dinheiro público para a Copa do Mundo de 1950, remodelado no início do século XXI, foi praticamente refeito para a Copa do Mundo de 2014 por cifras da ordem de 1,4 bilhão. Após a reforma bilionária custeada por recursos públicos, o governo estadual concedeu sua exploração à iniciativa privada. Socializadas às despesas da reforma, todo lucro será privatizado, entregue aos grandes capitalistas. 

Nesta reforma autoritária, não se respeitou nada, nem ninguém, muito menos o valor histórico do monumental estádio. Passaram por cima do tombamento do IPHAN, quebraram a cobertura do estádio, acabaram com o anel superior e toda estética do velho Maraca, transformando o Maracanã em mais um estádio padrão FIFA, igual a tantos outros, perdendo sua identidade própria e características originais, um desrespeito à sua história.

Tudo isso é verdade, e os gastos e o modelo da Copa devem e serão criticados, mesmo com a militarização e o gasto de 2 bilhões com “segurança pública” para apontar fuzis e armas “não letais” para quem ousa contestar. Entretanto, é necessário avançar. Afinal, daqui a um mês não teremos Copa, nem a visibilidade da grande mídia. 

E agora José? Que fazer? Quem será a vitrine dos protestos? Quem culparemos por nossa miséria ancestral? O capitalismo, claro. É necessário avançar nestas manifestações demonstrando que a Copa não é se não um pequeno nicho de mercado para a exploração do capital, uma luta dos acontecimentos, não conjuntural e muito menos estrututral. O capitalismo nos rouba cada respiro que damos neste mundo.

Nesse sentido, nunca é demais relembrar que somos roubados em 250 bilhões por ano com o pagamento dos juros da dívida pública brasileira. Pagos efetivamente com cerca de 100 bilhões com recursos próprios, provenientes de superávit primário (em outras palavras, dinheiro público oriundo dos impostos pagos por todos os brasileiros, que deixam de ser investidos em saúde, educação, moradia, infraestrutura, etc). Mas e aí? E os outros 150 bilhões de onde vem pra fechar esta conta? Ah, de novos empréstimos, é a rolagem da dívida, para delírio e empolgação dos grandes capitalistas financeiros, parasitas do povo, que seguem amando o governo Dilma, como amariam de igual modo o governo Aécio ou Campos.

Então que se combata a Copa, que se avance e que se combata o capital, os credores da dívida pública e a classe política que age em favor da ordem capitalista.

Dinheiro Público pra quem? Para o povo! A riqueza gerada pelo trabalhador deve ficar com o trabalhador.

*Antonio Jorge Braga é professor e Secretário Político do PCB-Teresópolis

http://pcbteresopolis.blogspot.com.br/2014/06/a-copa-e-visibilidade-o-capitalismo.html

terça-feira, 3 de junho de 2014

QUARTA-FEIRA VERMELHA, DECRETA O MTST

                                                             


O MTST realizará nesta quarta-feira nova mobilização em São Paulo. Será o quarto Ato da Campanha Copa Sem Povo, tô na Rua de Novo.


A perspectiva é reunir 20 mil pessoas, entre trabalhadores sem-teto das ocupações da cidade, apoiadores do Movimento e lutadores de outros movimentos. A mobilização ocorrerá a partir das 17hs, com concentração no Metrô Vila Matilde.

A pauta do Movimento permanece a mesma, na medida em que não houve resposta positiva dos Governos, focada em Reforma Urbana e Moradia Digna:

- Mudanças no Programa MCMV, fortalecendo a modalidade Entidades e com regras que estimulem melhor localização e maior qualidade das obras.

- Lei do Inquilinato de controle dos reajustes de aluguel urbano

- Política Nacional de Prevenção de Despejos forçados

- Destinação do terreno da Ocupação Copa do Povo (Itaquera) para moradia

As pautas da Campanha - o Hexa de Direitos - estão publicadas na página de Facebook do MTST e da Copa sem Povo.

A convocação do Ato tem o apoio dos seguintes movimentos e entidades: MPL, Comitê Popular da Copa, Se não Tiver Direitos Não vai ter Copa, Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade, Coletivo Juntos, Fórum Popular de Saúde, Coletivo Construção, Coletivo Domínio Público, Rede Emancipa, Conafer, Nós da sul.


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Papéis de militares expõem atuação da Fiesp no golpe de 64

                                                                        
O então presidente da Fiesp, Theobaldo De Nigris, em palestra para os militares, em 1972

Documentos recém-descobertos no arquivo da ESG (Escola Superior de Guerra) sugerem que empresários ligados à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) se engajaram de forma intensa nos preparativos do golpe de 1964, ação que derrubou o presidente João Goulart e resultou em 21 anos de ditadura no Brasil.

São transcrições de palestras, conferências e uma monografia do início da década de 70, todas elas apresentadas na sede da ESG, no Rio, pelos próprios industriais ligados à entidade patronal paulista.

Dirigindo-se aos militares numa dessas ocasiões, um dos empresários afirmou que a Fiesp havia colaborado com a logística "com vistas ao preparo da Revolução de 64".

Em outra visita à ESG, ele falou em empresários que se uniram "num movimento de defesa grupal dos princípios democráticos" desde 1962.

Eleito vice-presidente em 1960 e empossado de acordo com a Constituição em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, Jango foi deposto em março de 1964 por um movimento militar que teve apoio de políticos e empresários.

Outro representante da Fiesp relacionou os tipos de contribuições feitas por seus colegas às Forças Armadas nos meses que antecederam o golpe: "Veículos, pneumáticos, baterias, remédios, caminhões e uma infinidade de materiais e equipamentos, cujo montante ultrapassou a NCr$ 1.000.000 (hum milhão de cruzeiros novos)". Corrigido pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, o valor corresponde a R$ 5 milhões.

A Folha obteve na biblioteca da ESG cópias das exposições feitas pelos empresários paulistas na instituição.

As intervenções mais ricas são as feitas pelo engenheiro Quirino Grassi, cuja família tinha uma fábrica de carrocerias de bondes e ônibus.

Num texto de 1972, Grassi falou de "empresários paulistas que espontaneamente colaboraram para a consecução do movimento revolucionário que eclodiria em março de 1964". Sem dar nomes, disse que o grupo começou a atuar de forma mais organizada em "princípios de 1963" para "prestar um trabalho visando a defesa de nossos ideais democráticos e cristãos".

Esse núcleo, disse, "articulou-se junto à presidência da Fiesp, [...] o governador do Estado [Adhemar de Barros], oficiais superiores do 2º Exército e o comandante da Força Pública" e "iniciou a preparação do que seria o movimento vitorioso de 1964".

VIGILANTES

Empresários trabalharam para desestabilizar Jango desde sua posse, financiando as campanhas de seus adversários no Congresso e organizando entidades como o Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), que fazia propaganda contra o governo.

Após o golpe de 1964 e com a ditadura instalada, alguns ajudaram a financiar a Oban (Operação Bandeirante), organização criada pelos militares para coordenar a repressão aos opositores do regime. Mas até hoje há pouca informação sobre o apoio direto dos industriais aos golpistas.

Outro empresário que falou na ESG sobre a colaboração dos industriais paulistas foi Theobaldo De Nigris, revendedor de veículos Mercedes-Benz, morto em 1990.

Presidente da Fiesp de 1967 a 1980, De Nigris fez uma palestra em 21 de julho de 1972: "Acontecimentos que precederam a Revolução vitoriosa de 1964 e o uso das guerras psicológicas e revolucionárias são exemplos vivos de que precisamos estar vigilantes e organizados", afirmou.

O terceiro empresário de São Paulo que deu detalhes do apoio ao golpe é Vitório Ferraz. Trechos de uma palestra sua de 1970 aparecem anexados à monografia de Grassi [na página 24], mas o documento original não foi localizado. Foi ele que calculou o apoio em 1963 em mais de NCr$ 1 milhão.

Ferraz é citado como um dos acionistas da Cia. Fuller Equipamentos Industriais no livro "1964: A Conquista do Estado", a mais completa investigação sobre o envolvimento de empresários com o golpe, finalizado em 1980 pelo pesquisador René Dreifuss. Farta em detalhes sobre a atuação do Ipes no Rio, a obra de Dreifuss não cita as exposições feitas pelos empresários paulistas aos militares.

Procurada, a Fiesp não quis comentar. Informou que nenhum de seus atuais diretores atuava naquela época.

Documentos enfraquecem a tese de reação ante um risco comunista

Há pelo menos duas possibilidades de interpretação para as palestras dos anos 70 em que empresários da Fiesp diziam ter conspirado desde 1962 e doado materiais para militares golpistas de 1964.

Uma hipótese é que as doações tenham sido mais um meio de aproximação institucional do que parte de uma conspiração política. Mas nos anos 70, no auge  da ditadura, seria conveniente propagar que tinham propósito "revolucionário" desde o início.

No fim de 1963, o   2o Exército (com jurisdição em São Paulo) passou a ser liderado pelo general Amaury Kruel, ex-chefe do Gabinete Militar de Jango. Kruel só se juntou aos golpistas em 1964, horas antes de Jango cair. Difícil imaginar que empresários paulistas soubessem, com meses de antecedência , que o 2o Exército trairia o presidente.

Outra possibilidade é que as doações fossem parte do esforço dos adversários de Jango para fomentar um ambiente hostil ao presidente.

Na época, os governadores ainda tinham forte influência sobre as unidades militares em seus Estados. Dessa forma, as doações podem ter servido para fortalecer nos meios militares o então governador Adhemar de Barros, que dizia um combatente da "comunização do país" e apoiou os golpistas em 1964.

Para o cientista político Marcelo Ridenti, da Unicamp, as duas interpretações são factíveis. "Os empresários podem ter exagerado ao falar da própria colaboração. Mas eles não inventaram essas histórias do nada. Onde há fumaça, há fogo", disse Ridenti.

O historiador Marcos Napolitano, outro especialista no período, diz que os documentos da ESG enfraquecem a tese de que o golpe foi reativo, a ideia de que a motivação para derrubar Jango teria sido a necessidade de deter um golpe de esquerda.

FONTE: Folha de São Paulo, 1º de junho de 2014.(Com Prestes a Ressurgir)