terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Enquanto se samba se luta, enquanto se luta se samba

                                                                        

Heitor Cesar Ribeiro de Oliveira (*)

Chegando o carnaval, muitos mergulham numa doce ilusão, ou como já foi cantado em outros carnavais, a feira da ilusão da vida. Tem fantasias e sonhos para todos os gostos, inclusive o de fugir da realidade, cada vez mais dura sob o capitalismo, e particularmente, em 2017, diante do governo golpista de Temer e de um conjunto de ataques a direitos civis, sociais, trabalhistas e até à nossa frágil democracia.

E essa realidade dura é ainda marcada por um conjunto de ajustes na esfera estadual com reformas também bastantes agressivas, atrasos de salários, ajustes, criminalização da luta e da vida. De fato, temos um ano difícil, e o carnaval 2017 ocorre em meio a todo esse caos e incertezas, até a nossa água, aqui no Rio, está sob a ameaça direta e bem real de ser privatizada.

Assim, muitos mergulharão no carnaval para tentar desafogar um pouco a mente, as preocupações e os medos, tentando curtir e reorganizar a mente para enfrentar as batalhas de um ano que tende a ser duro e de muitas lutas.

Mas, mesmo no carnaval, existem aqueles que não mergulham na ilusão, que não adentram a feira da ilusão da vida, mas, pelo contrário, aproveitam o carnaval para fazer protesto, para chegar a mais pessoas, para levar a luta enquanto se brinca e sambando enquanto se luta. 

Sim, existem os que não se limitam a sonhar no carnaval, mas cantam a sociedade que querem construir, mais justa, mais igualitária, mais humana, mais solidária, uma sociedade nova, sem preconceitos, nem intolerância, democratizada, reconstruída, uma sociedade socialista.

O Carnaval não é somente palco de festa e ilusões que se desmancham na quarta feira de cinzas, mas é um espaço onde os que defendem e constroem essa sociedade nova cantam seus objetivos, prestam homenagens às suas referências e seus heróis. Com irreverência protestam, com alegria cantam a luta, com convicção vão às ruas e fazem do carnaval mais um espaço de luta.

E é assim que o carnaval será para comunistas, para socialistas, para democratas radicais, para os progressistas e todos os que acreditam que essa sociedade não é o fim da história, e que uma nova alternativa pode e deve ser construída.

Diversas rodas de samba, blocos, cordões, alas farão essa resistência. Dentre eles podemos citar o maravilhoso “O Samba Brilha” que se reúne na região da Cinelândia (Rio de Janeiro), todo mês organizando sua roda de samba e sua resistência cultural, sempre com temas sociais, homenageando temas e pessoas da luta. 

Mais um ano o Samba Brilha apresenta seu carnaval e, assim como sua roda de samba mensal, fará mais um carnaval cantando a luta e a vida, sendo uma referência da resistência cultural da Cinelândia e de todo o Rio de Janeiro.

Ainda no espirito das rodas de samba, temos a emblemática resistência cultural de Nova Friburgo, que também realiza suas mensais rodas de samba, uma verdadeira resistência na serra, com o irreverente e de luta Desafetos do Colírio. Sempre homenageando figuras e referências de luta e do samba.

Descendo a serra e voltando para o Rio, temos o novo, porém já tradicional Bloco “Cordão do Prata Preta”, bloco do bairro da Saúde, na região portuária do Rio. Bloco que tem por nome e símbolo o capoeirista Preta Preta, herói e resistente da Revolta da Vacina. 

O Prata Preta, que sempre canta a luta e a resistência, levando irreverência e alegria, este ano fará uma homenagem à eterna Revolução Russa de 1917, cantando “Da Estação Finlândia a Saúde, os 100 anos da revolução bolchevique”. 

O Prata Preta lembrará esse grande momento da luta da classe trabalhadora mundial e falará da resistência dos trabalhadores e do povo carioca, nas revoltas da Vacina, da Chibata e cantará as lutas e resistências dos trabalhadores de todo mundo bradando “sou carioca, comunista e bolchevique… no carnaval, meu fuzil é meu repique”.

E também teremos o Bloco Revolucionário do Proletariado, o Comuna que Pariu, bloco dos comunistas que, desde 2009, faz do carnaval uma importante trincheira de luta. O Comuna, que se tornou um fenômeno que extrapola o carnaval e a própria fronteira do Rio de Janeiro, sendo exemplo para a criação por comunistas de todo o país de seções estaduais, cantará a luta contra a intolerância, contra o preconceito. 

Numa época em que o ódio e o medo se tornam discursos com força, onde a fronteira que defende o estado laico encontra-se tão ameaçada, o Comuna traz para o debate a luta da população LGBT.

O Comuna, que já cantou a luta pela anistia, a defesa do petróleo e da Petrobrás 100% estatal, que defendeu a reforma agrária e bradou “somos todos sem terra”, que lutou pela reforma urbana e contra as remoções, que homenageou Oscar Niemeyer, que denunciou as obras e desmandos da copa da FIFA, que cantou a luta das mulheres, da resistência do movimento negro, agora canta: “As bi, as gay, as trans e as sapatão, tão juntas no Comuna pra fazer Revolução!”.

O Comuna denunciará o preconceito, o ódio, a intolerância presente no discurso conservador que tenta se impor como senso comum, defenderá que toda forma de amor vale a pena, e chamará à luta todos e todas para a construção da revolução.

Como não poderia faltar, o Comuna fará uma homenagem à Revolução Russa e defenderá que os sonhos, as convicções, os desejos e os anseios dos bolcheviques por um mundo novo continuam vivos e presentes nas lutas dos comunistas.

Muitos outros blocos, cordões, rodas de samba farão também desse carnaval mais um espaço de resistência e de luta, de conscientização e de mobilização… sambemos que o carnaval termina na quarta-feira de cinzas, mas a nossa luta continuará.

E para lembrar … Fora Temer… Pelo Poder Popular!

A história não acabou… e nós apenas começamos.

Vamos que Vamos… construir um carnaval sem rei nem rainha, mas sim um carnaval camarada.

(*) Membro do Comitê Central do PCB

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Para metalúrgicos, governo mente para emplacar reforma da Previdência

                                                                
O governo se baseou em “meros exercícios de futurologia em dados empíricos destituídos de caráter científico mais sério” para propor a reforma da Previdência Social ao Congresso. E, segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNTM), a proposta de reforma agride “várias normas e princípios constitucionais de uma só vez”, o que viola direitos fundamentais descritos em cláusulas pétreas da Constituição Federal. Os argumentos estão em uma arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada no Supremo Tribunal Federal na quarta-feira (15/2).

Para os metalúrgicos, os dados do governo são “controversos e, em alguns casos, falaciosos”. Uma dessas falácias, dizem, é a informação de que o “rombo” da Previdência saltou de R$ 22 bilhões em 2002 para R$ 243 bilhões em 2016. Na verdade, diz a CNTM, há superávit na Previdência Social.

A reforma da Previdência está na Proposta de Emenda à Constituição 287/2016, enviada à Câmara dos Deputados em dezembro. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que avalia a admissibilidade e jurisdicidade dos projetos de lei, já aprovou seguimento à PEC.

Segundo a ação dos metalúrgicos, o déficit previdenciário apresentado pelo Ministério do Planejamento resulta de cálculos que consideram apenas as contribuições sociais sobre folha de pagamento e sobre faturamento de empresas como fontes de financiamento da seguridade social. Mas o artigo 195 da Constituição Federal diz que “a seguridade social será financiada por toda a sociedade” com recursos dos municípios, estados, União e das contribuições sociais de trabalhadores e de empresas.

Considerando o que diz o artigo 195, o déficit previdenciário passa a ser um superávit de R$ 11,1 bilhões em 2015, segundo os metalúrgicos. Em 2014, a sobra era de R$ 55,7 bilhões. A queda se deveu às constantes desvinculações de receitas da União, ou DRU, feitas para pagar juros da dívida pública, o chamado “serviço da dívida”.

A DRU de 2015 foi de 20% e resultou num gasto de R$ 63 bilhões. Em agosto de 2016, o Congresso aprovou, a pedido do governo, uma emenda constitucional que prorroga a DRU até 2023 e a aumenta de 20% para 30%. Isso resultou em R$ 117,7 bilhões para o governo em 2016, dos quais R$ 110,9 bilhões foram de contribuições sociais, cuja função deveria ser financiar a seguridade social.

O modelo de financiamento da seguridade social é tema de uma ADPF ajuizada em 2016, ainda não discutida no Supremo. O pedido é para que o tribunal defina se o sistema previdenciário deve ser financiado apenas pelas contribuições sociais incidentes sobre folha de pagamento e sobre faturamento, ou se vigora o “princípio da solidariedade”, descrito no artigo 195 da Constituição.

(Com o Consultor Jurídico)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Contra o muro, contra o imperialismo


                                                                       

                               Comissão Política do Partido Comunista do México 

«Não queremos o muro fronteiriço, nem o muro de Israel contra o povo palestino, nem os campos de concentração contra os migrantes africanos e árabes na UE, nem as abusivas medidas racistas da polícia migratória mexicana contra os nossos irmãos trabalhadores hondurenhos, salvadorenhos, guatemaltecos, haitianos.»

Tal como anunciou na sua campanha o Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para a construção do muro fronteiriço entre o seu país e o nosso, com o propósito expresso de conter a migração de trabalhadores mexicanos e de outras nacionalidades que alimentam a força de trabalho nos diferentes ramos de produção e serviços daquela nação norte-americana.

Sem mediações diplomáticas, Trump assegurou além disso que a construção do muro – ao longo dos 3.185 quilómetros da fronteira – será pago pelo México, um custo que se avalia entre os 15.000 e os 20.000 milhões de dólares. 

Condicionou a anunciada reunião com Enrique Peña Nieto, Presidente do México, ao compromisso deste com o pagamento. Adicionalmente, o presidente norte-americano toma a medida de impor um imposto de 20% sobre os produtos mexicanos que entrarem nos EUA para financiar a construção do muro, com o que termina de facto com os acordos alfandegários incluídos no TLCAN [Tratado de Livre Comércio da América do Norte], que pretende rever na procura de condições ainda mais favoráveis para os monopólios que representa.

O Partido Comunista do México condena a construção do muro fronteiriço e apresenta os seus pontos de vista sobre forma como os trabalhadores devem enfrentar a agressividade imperialista, anti-operária, anti-imigrante e racista.

Em primeiro lugar, é falso que os trabalhadores migrantes mexicanos, centro-americanos e latino-americanos, haitianos ou de qualquer outra nacionalidade sejam responsáveis pela miséria e as condições de vida paupérrimas da classe trabalhadora norte-americana. 

Este argumento demagógico foi proferido já na Alemanha dos anos 30, contra os trabalhadores de origem judaica e do Este europeu e, actualmente ouvem-se na União Europeia contra os trabalhadores migrantes de origem árabe e africana. 

O desemprego e a desvalorização da força de trabalho fazem parte da natureza do capitalismo como modo de produção. Com o racismo e os discursos reaccionários pretende-se distrair os trabalhadores dos EUA das principais causas na base dos seus problemas, entre as quais se destaca a crise de sobreprodução e sobre-acumulação iniciada em 2009, e com o seu centro nos EUA que, no seu oitavo ano continua a desvalorizar a força de trabalho, em ataque aos direitos sociais e laborais. 

Além disso, a classe operária multinacional que compõe o proletariado norte-americano, tão explorada como a classe operária de outros países, com o objectivo de acumular os superlucros dos monopólios, tal como a relocalização da indústria que devasta as outrora importantes cidades como Detroit, Cleveland, Pittsburgh, Minneápolis tem como principal motivo a maximização do lucro dos monopólios dos diferentes ramos da indústria.


É igualmente falso que o ataque aos trabalhadores migrantes e as medidas proteccionistas promovidas por Trump ponham em risco o fim da crise da economia capitalista. 

O aprofundamento da crise está em curso e tem como consequência um maior ataque contra o conjunto da classe operária e de todos os trabalhadores dos EUA o que, no imediato, significará cortes brutais nos serviços de saúde e no chamado bem-estar social, maiores cortes nos orçamentos públicos, tudo para sustentar os lucros do capital e o resgate de empresas a caminho da falência.

O ataque racista aos trabalhadores, intrínseco à dominação burguesa, aumenta em tempos de crise, e por isso também deve ser incrementada a resposta de classe. 

A única resposta à crise capitalista – que já evidencia os limites históricos da propriedade privada dos meios de produção e de troca – é lutar pela unidade da classe operária e as suas reivindicações políticas, em primeiro lugar o poder operário e o socialismo-comunismo; não há meio-termo, nem etapas intermédias, e quem tal afirmar está, na realidade, a procurar prolongar a agonia e as calamidades diariamente sofridas pela classe operária e a família trabalhadora, bem como sectores populares e povos do mundo.

Não queremos o muro fronteiriço, nem o muro de Israel contra o povo palestino, nem os campos de concentração contra os migrantes africanos e árabes na UE, nem as abusivas medidas racistas da polícia migratória mexicana contra os nossos irmãos trabalhadores hondurenhos, salvadorenhos, guatemaltecos, haitianos. 

O sofrimento do proletariado, que em muitos casos encontra a morte em mares e desertos, leva-nos a colocar que não é com nacionalismos nem com retórica populista sobre a soberania nacional que se enfrenta o imperialismo, é com o internacionalismo proletário.

Os comunistas, porque sabem que não é uma tarefa simples, fácil, nem instantânea, trabalharão pela unidade da classe operária do México e dos EUA, mas também pela unidade dos trabalhadores migrantes de outras nacionalidades, contra os monopólios que nos exploram e oprimem mancomunadamente.

A mão-de-obra imigrante é, e foi sempre, uma componente essencial da acumulação, pois a sobreexploração é tanto maior quanto maior for a extracção de mais-valia dela derivada. Propalando o racismo contra os trabalhadores migrantes, a burguesia procura antagonizar e criar conflitos entre os diversos sectores da classe operária para poder reduzir o valor da força de trabalho. Só a unidade dos trabalhadores, reiteramos, abrirá um caminho certo, sem chauvinismos nem nacionalismos.

A luta contra Trump e o imperialismo norte-americano está entrelaçada com a luta contra os monopólios e o capitalismo no México, por isso é falsa a velha fórmula burguesa proclamada com veemência nos últimos dias: a «unidade nacional».

A soberania nacional não está no interesse dos monopólios, pois a sua única pátria é a ganancia. Só quando o capitalismo for derrotado e se encontre triunfante o poder operário, os interesses soberanos sobre os produtos energéticos, terras, indústria, recursos naturais, mares e fronteiras estarão garantidos. Isto é possível no contexto da construção do socialismo-comunismo no nosso país. Há condições que amadurecem para que essa obra frutifique.

A história ensina-nos como ao longo do século XX, sempre que a classe operária adoptou a «unidade nacional» hipotecou a sua independência como classe e se subordinou aos interesses da burguesia, que aproveitou para maximizar os seus lucros e afirmar a sua dominação.
                                           
Com a «unidade nacional» afirmaram-se uma e outra vez os pactos operário-patronais em que se desvalorizou a força de trabalho, se aceitaram sem contrapartidas medidas de austeridade, se restringiram liberdades e direitos democráticos laborais. Os pactos entre as classes sempre se fizeram em prejuízo dos trabalhadores; no México, garantiram gestões populistas que avançaram na concentração e centralização do capital e produziram um período de estabilização que favoreceu a classe dominante.

A retórica «anti-imperialista», pejada de um discurso anti norte-americano, disfarça os laços de interdependência que se tecem entre os monopólios de ambas as nações, e que se fortaleceram com o TLCAN em 1994, enquanto a ideologia da «unidade nacional» era arquivada até outros tempos.

Hoje, a classe dominante achou útil desempoeirar essa política de «unidade nacional», com vários objectivos: em primeiro lugar conseguir a unidade da própria burguesia e das suas expressões políticas, desde a direita e o liberalismo até á social-democracia e a nova social-democracia.

No seu discurso em Cidade Acuña, Coahuila, López Obrador apela sem corar a cerrar fileiras com Peña Nieto, esquecendo que o considerava um presidente ilegítimo, enquanto ele era, naturalmente, o presidente legítimo do México. 

Apresentou uma série de medidas que poucos dias depois foram naturalmente aprovadas por Enrique Peña Nieto. Nesse mesmo sentido se perfilaram rapidamente as organizações patronais, os partidos sistémicos, os meios de comunicação, os intelectuais orgânicos do sistema. Em toda a classe dominante há consenso sobre a «unidade nacional», e o seu maior porta-voz é Carlos Slim, cabeça de um dos monopólios que mais lucros apresenta.

As medidas que defendem são falsas saídas, são placebos, palavreado, demagogia. Numa palavra: enganos.

No meio dessa febre chauvinista, os monopólios encontrarão a forma de negociar com Trump e o imperialismo novas regras que os favoreçam, acordos que se podem prever terão um carácter secreto e à custa de ambos os povos. Além disso estão a aplanar o caminho para que a gestão da nova social-democracia de MORENA e López Obrador, a quem por estes dias se juntou o monopólio da TV Azteca e o ex-secretário de Governação Esteban Moctezuma, conquistem a Presidência da República em 2018.

Mas acima de tudo isto está, sobretudo, o objectivo de adormecer a luta de classes no nosso país – que se acentuou no começo de 2017, depois dos efeitos da crise capitalista que se reabastece na economia popular, nos bolsos dos trabalhadores, o aumento dos combustíveis, a carestia da vida, os transportes, os serviços –, e as ondas de protesto que expressam, ainda que por agora sejam espontâneas, todo o potencial de luta da classe operária e dos sectores populares contra o poder dos monopólios.

O Partido Comunista do México apela a que os trabalhadores não caiam na armadilha da «unidade nacional» nem na lógica dos acordos interclasses ou na conciliação de classes, e intensifiquem a luta consequente contra o imperialismo que é, em primeiro lugar, lutar contra os monopólios no México. O Partido Comunista do México apela à luta pelo rompimento dos acordos interestatais como o TLCAN, e as novas formas que este venha a adquirir depois das previsíveis modificações na sua arquitectura.

O Partido Comunista do México apela à organização dos trabalhadores migrantes na fronteira norte, nas barreiras nas grandes cidades norte-americanas e também na fronteira Sul do nosso país, onde os nossos irmãos proletários centro-americanos sofrem da Polícia Migratória vexamos idênticos aos que se sofrem por parte da US Border Patrol.

Nós apelamos ao internacionalismo, não ao nacionalismo; o nosso apelo é às posições de classe, não à «unidade nacional». O nosso apelo é à unidade com os trabalhadores norte-americanos e não com os nossos verdugos, os nossos exploradores que são a classe dos burgueses, cujas políticas de fome e miséria forçam milhões de trabalhadores do nosso país a procurar na emigração laboral melhores condições de vida; esses burgueses que constroem muros de exclusão e injustiça social nas nossas cidades e povoações e à volta das suas luxuosas zonas residenciais e centros comerciais, enquanto a imensa maioria mal tem para o indispensável.

Proletários de todos os países, uni-vos!

A Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista do México

Este texto foi publicado em:
http://www.comunistas-mexicanos.org/index.php/partido-comunista-de-mexico/2145-contra-el-muro-contra-el-imperialismo

Tradução de José Paulo Gascão

(Com o diario.info)

Olga Benário não foi assassinada por ser judia, mas por ser comunista

                                                                        
                                                 Arquivo Federal Alemão (CC BY-SA 3.0 DE)

A historiadora Anita Leocádia Prestes lançará este ano livro sobre Olga Benário, sua mãe, com informações inéditas recolhidas de mais de duas mil páginas dos arquivos da polícia secreta nazista, a Gestapo, recentemente digitalizados.

Os documentos foram disponibilizados graças a um acordo entre a Rússia – que detinha o material confiscado desde a 2ª Guerra Mundial – e a Alemanha, e demoraram um ano para serem traduzidos do alemão.

Em entrevista à revista CULT, a filha de Olga e de Luiz Carlos Prestes revelou que sua mãe foi a pessoa mais documentada pela Gestapo, mesmo entre os acontecimentos da 1ª e da 2ª Guerra e envolvendo diversos partidos comunistas pelo mundo.

Ela ficou impressionada pela forma como Olga encarava as forças de repressão alemãs, segundo os relatos inéditos. “Há uma frase em que ela diz: 'Se houve gente que virou traidora, eu jamais o serei'”, deu a conhecer a historiadora. Para ela, esse foi, sem dúvida, um dos motivos do assassinato de sua mãe, e que motivou as autoridades nazistas a não permitir sua libertação.

“Estavam muito mais preocupados com a atividade dela como comunista do que com o fato dela ser judia. Ela não foi assassinada por ser judia, embora isso pudesse pesar. O fundamental é que ela era comunista, tinha participado das atividades do Comintern e era mulher de Luiz Carlos Prestes”, ressaltou Anita.

Se não fosse a pressão internacional, com mensagens de toda a Europa e EUA exigindo a libertação das duas, Anita conta que seria levada a um orfanato e perderia seu nome, ao invés de voltar ao Brasil.

Ela nasceu em 1936 em um campo de concentração nazista, ao qual sua mãe fora levada no mesmo ano, já grávida, após ser entregue pelo governo brasileiro por causa de sua militância política. Olga, alemã de nascimento, morreu como prisioneira em 1942, anos depois de se separar de sua filha.

O livro que será lançado em 2017 pela Boitempo foi escrito para que o público conheça a personalidade de Olga “mas também saberem o que era a Gestapo, o horror que foi o nazismo”.

Comentando também sobre a situação atual no Brasil, Anita criticou a atuação dos partidos de esquerda, que se “desgastaram” e se “desmoralizaram”, e afirmou que a a exploração capitalista sentida pelas massas populares terá de ser superada através da luta.

“E aí elas vão começar a lutar, se organizar, procurar caminhos. E o caminho para levar à vitória vai ser o caminho da revolução socialista, não tenho a menor dúvida disso”, garantiu, apesar de acreditar que no Brasil o processo será longo e difícil.

(Com o Diário Liberdade)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Ato Público em Rondônia denuncia criminalização da luta pela terra e assassinato de camponeses


                                                                           
                                               Foto de Jornalismo Investigativo (Rondônia)


Na manhã de sexta-feira, 10 de fevereiro, foi realizado na Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaru um Ato Público convocado pelo CEBRASPO – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, a ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo e a Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres. 

Dezenas de representantes de áreas camponesas de Corumbiara, Cabixi, Vilhena, Seringueiras, Ariquemes, Jaru, Ji-Paraná, Machadinho D’Oeste, Espigão D’Oeste, Monte Negro, etc. se amontoavam no auditório, para ouvir as manifestações de solidariedade e para também denunciar a situação de violência contra os camponeses de Rondônia. 

Segundo os organizadores do ato, no período mais recente, “os ataques contra a Liga dos Camponeses de Rondônia e Amazônia Ocidental têm o claro objetivo de criminalizar e demonizar os camponeses e suas organizações para perpetrar massacres como os que vêm ocorrendo nos presídios brasileiros, para ficar só neste exemplo que chocou todos os brasileiros e a imprensa internacional”.

Segundo a nota divulgada, os ataques contra os camponeses “visam esconder o maior roubo de terras neste século no Brasil, que está em curso com a tentativa de legalizar documentos de terras públicas griladas por latifundiários e que são em torno de 80% do território de Rondônia. A trama é passar as terras da União para o Estado, que as dividiria entre a quadrilha de latifundiários que controla também os cartórios, fóruns e quartéis da polícia de Rondônia”.

Desde 2015 o Estado de Rondônia está no topo da lista do número de assassinatos no campo. Naquele ano, 20 lideranças camponesas foram assassinadas em Rondônia. Os dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra) apontam mais uma vez que a região norte do Brasil torna-se a região com maior incidência de conflitos e assassinatos no campo.

Naquele ano, no Brasil, ocorreram 50 assassinatos, o número mais elevado desde 2004, 39% maior que em 2014, quando foram registradas 36 vítimas. 47 destes assassinatos ocorreram no contexto de conflitos por terra, 1 em conflito trabalhista e dois em conflitos pela água. A Amazônia Legal (incluída Maranhão e Mato Grosso) concentrou 47 desses 50 assassinatos.

Em 2016 o número de assassinatos no campo no país superou a quantidade de casos ocorridos durante todo o ano de 2015. De acordo com levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra), 60 pessoas foram assassinadas em decorrência de conflitos agrários em 2016.

Entre as vítimas estavam lideranças de movimentos camponeses e de populações tradicionais engajadas. Um dos poucos casos a ganhar repercussão nacional aconteceu em Rondônia, Estado que concentrou um terço dos assassinatos ocorridos no campo em 2016. 
                                                         
O corpo da militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Nilce de Souza Magalhães (foto) foi encontrado em junho amarrado a uma pedra no lago da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho. Conhecida pela luta contra as violações de direitos humanos cometidas pelo consórcio responsável pela hidrelétrica. 

Outros assassinatos que seguem impunes são os do casal Isaque Dias Ferreira, 34; e Edilene Mateus Porto, 32, lideranças da LCP na área 10 de maio, município de Alto Paraíso, executados no dia 13 de setembro de 2016.

Diversas operações da Polícia Federal, como a Operação Mors, deflagrada no Vale do Jamari, apontou o envolvimento de policiais militares em milícias armadas e grupos de Extermínio em Rondônia. 

(Com o Diário Liberdade)

Revolução (*)

                                                                          
 Filipe Diniz   

A URSS já não existe. Mas esse facto não impede que o centenário da Revolução de Outubro cause um profundo mal-estar aos reaccionários de todos os matizes. Têm razão. Se a Comuna de Paris foi o primeiro «assalto aos céus», a Revolução de Outubro foi o segundo, e outros se lhe seguiram e seguirão. Tardará ainda, mas há-de chegar o dia em os céus sejam definitivamente conquistados.

O inevitável António Barreto já veio opinar sobre o centenário da Revolução de Outubro («O grande embuste», DN, 5.02.2017). Não há nada que se salve. Gasta o arsenal completo do anticomunismo mais odiento: depuração, deportação, limpeza étnica, colectivização, trabalhos forçados, tortura, assassinato, rapto, prisão em números que se elevam a muitos milhões, fomes programadas, genocídio, pura opressão, apoio aos movimentos subversivos (aqui há um deslize, um «socialista» devia evitar a linguagem do fascismo) e revolucionários do mundo inteiro, desde que em luta contra as metrópoles coloniais, contra as democracias (outra distracção, Barreto! Estará a referir-se ao nazi-fascismo?) e contra os países do mundo ocidental, métodos bárbaros, etc., etc. O esperado, enfim.

Barreto pertence ao tipo de gente cujas opiniões devem ser medidas por aquilo que fizeram quando tiveram poder. Não é pelo seu doentio anticomunismo que ficará na história, é pelo papel assumido na criminosa destruição da Reforma Agrária.

Nem o facto de a URSS ter desaparecido o modera, e é capaz de estar aí a principal motivação. O que provoca este salivar dos Barretos deste mundo não é a revolução passada. É o que ela representou, representa e representará no caminho da história, que não se deteve com a derrota da URSS. A Revolução de Outubro não se repetirá, porque condições históricas particulares não se repetem. Mas, tal como sucedeu antes da derrota da URSS, e voltará a suceder depois dela pelo mundo inteiro, outras revoluções abrirão aos povos o caminho do socialismo.

E já agora, neste ano de centenário, convém clarificar que, para os comunistas, a palavra revolução não tem o significado estrito do momento decisivo em que se altera de vez a correlação de forças entre as classes em confronto. Revolução é a modificação radical das relações sociais de produção e é a transformação, de cima abaixo, de toda a sociedade até aí existente. E como a nossa Revolução de Abril mostrou de forma exemplar é, no fundamental, obra e construção criadora das massas em movimento, finalmente protagonistas centrais do devir humano.

Para desgosto de todos os Barretos, celebrar Outubro é celebrar o que há-de vir.

(*) Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2254, 9.02.2017

(Com Odiario.info)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A Revolução de Fevereiro de 1917

                                                  

"O ano de 1917 ficou definitivamente gravado no calendário da história como o ano em que a classe operária, intervindo de forma independente, demonstrou a sua capacidade como classe criadora de uma nova forma de organização social, o socialismo."

Domingos Abrantes

Por ocasião dos 100 anos da revolução democrática burguesa na Rússia, de Fevereiro de 1917, é oportuno recordar esse extraordinário acontecimento que, no seu desenvolvimento, é inseparável da Revolução Socialista de Outubro, acontecimento maior em todo o século XX e cujo centenário se comemora igualmente este ano.

A importância da Revolução de Fevereiro ressalta do facto de ter sido a primeira revolução popular triunfante e ainda do facto de ter posto fim a mais de 300 anos de reinado da Casa dos Románov, a monarquia mais reaccionária e sanguinária, se ter tornado num acontecimento de importância internacional e o proletariado russo e o Partido Bolchevique se terem guindado de facto à condição de vanguardas do processo revolucionário mundial. 

Acresce ainda que muitas das suas experiências se tornaram património comum ao adquirem carácter de validade universal. Durante os acontecimentos memoráveis do ano de 1917, na actividade do Partido Bolchevique e do proletariado russo manifestaram-se processos que de um ou outro modo deveriam repetir-se, se repetiram e não deixarão de repetir-se no futuro, em outros países. 

Processos comprovados desde então até aos nossos dias e que os comunistas portugueses, participantes na mais recente revolução que teve lugar na Europa, puderam confirmar, nomeadamente quanto ao papel revolucionário da classe operária no aprofundamento das transformações democráticas e na sua defesa; o carácter indissolúvel entre a defesa das liberdades, da democracia e a liquidação do poder económico dos monopolistas e dos latifundiários; a tendência dos sociais-democratas para os compromissos com os derrotados da véspera com o objectivo de sufocarem as conquistas revolucionárias do movimento operário e popular; as ingerências do imperialismo na vida interna dos estados e dos povos.

Ao mostrar o carácter indissolúvel entre a satisfação das reivindicações políticas, económicas e sociais dos trabalhadores e das massas populares e grandes transformações sócio-económicas e quanto é ilusório falar em liberdade e democracia para as massas mantendo intacto o poder económico, político, cultural e militar das classes dominantes, a Revolução de Fevereiro fez avançar significativamente a natureza e o conteúdo do conceito de revolução social.

A Revolução de Fevereiro alterou profundamente o quadro da evolução do mundo. Com o desmoronar da monarquia csarista, polarizaram-se as forças de classe à escala mundial; a luta de massas contra a guerra imperialista e a luta dos trabalhadores pela satisfação de reivindicações políticas, económicas e sociais, ganharam novo impulso; reforçaram-se as posições orgânicas e ideológicas do movimento operário e das correntes socialistas revolucionárias – em oposição às correntes oportunistas da social-democracia da II Internacional, atascadas no pântano do oportunismo e da cumplicidade com a guerra imperialista.


A primeira etapa

A confirmação prática da palavra de ordem dos bolcheviques de que para acabar com a guerra se impunha, aos trabalhadores e aos povos, a imperiosa necessidade de transformar a guerra imperialista em guerra civil contra o domínio da burguesia, ganhou grande adesão, impulsionou a luta contra a guerra e pela paz e tornou-se uma ameaça para o domínio da burguesia.

Esta palavra de ordem bolchevique, cuja elaboração coube a Lénine, tinha um enorme alcance estratégico na medida em que não se limitava a colocar apenas a luta por uma reivindicação imediata –  no caso da Rússia o desencadear de acções com vista ao derrube da monarquia czarista – mas também a necessidade de pelas formas de luta, sistema de alianças, reivindicações políticas, económicas e sociais, ampliar esse resultado na perspectiva do socialismo, de que a revolução democrática burguesa seria a primeira etapa.

 Os bolcheviques não foram apanhados de surpresa com os acontecimentos de Fevereiro, além de que tinham ideias bem precisas, quer quanto à natureza da revolução que acabava de triunfar, quer quanto à questão da sua transformação em revolução socialista, cuja teoria começou a ser elaborada por Lénine no decurso da Revolução de 1905-1907 e de que a sua obra «Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução» continua a ser fonte de pensamento criador na nossa época.~

Obviamente que, naquela altura, Lénine não podia adivinhar que um mês depois a Rússia iria entrar nas dores de parto da revolução. O que sabia é que amadureciam, objectivamente, em praticamente todos os países envolvidos na guerra, as condições para a eclosão de uma crise revolucionária. Foi na Rússia, à época o país em que todas as principais contradições do sistema capitalista se apresentavam de forma aguda e concentrada que a crise rebentou. 

A Rússia tinha-se tornado, por um conjunto de circunstâncias históricas, no centro do movimento revolucionário mundial. Os efectivos da classe operária tinham crescido significativamente. Em nenhum outro país do mundo eram tão elevados os níveis de concentração da classe operária (60% de todos os operários trabalhavam em empresas com mais de 500 trabalhadores, havendo várias empresas com mais de 10 000 e mesmo mais de 20 000) e em nenhum outro país existia um partido revolucionário tão solidamente implantado nas empresas e com tanta influência na direcção da luta da classe operária. 

A Rússia era praticamente o único país em que a classe operária não tinha sido contaminada pelo «vírus» do chauvinismo da II Internacional. A Rússia foi, por isso, o país no qual se criaram, em primeiro lugar, as condições para que a classe operária passasse à ofensiva.

O ascenso da luta revolucionária da classe operária na Rússia pode avaliar-se pela gigantesca amplitude das lutas das massas operárias, lutas secundadas por grandiosas acções de camponeses e soldados.

A Revolução de Fevereiro resultou pois de um gigantesco e combativo movimento de massas que, compaginando formas de luta legais e ilegais, pacíficas e não pacíficas, fundiu numa torrente única a luta da classe operária, do campesinato, dos soldados e a luta do movimento nacional dos povos subjugados pelo csarismo, sob a direcção do Partido Bolchevique – o único partido que dispunha de uma organização nacional e de um programa fundamentado para a revolução.

A Revolução de Fevereiro criou uma situação verdadeiramente original e única. O governo que ascendeu ao poder devia esse poder às massas que apresentavam reivindicações que o governo, pelos seus interesses de classe, não podia satisfazer, mas também não tinha força real para enfrentar as massas que não estavam dispostas a abdicar das suas reivindicações, nem a protelar o fim do envolvimento da Rússia na guerra.

Situação original e única dado o facto da revolução, pela sua natureza, ser democrática burguesa e já o não ser pela forma, na medida em que a intervenção das massas e o poder dos sovietes tinham impulsionado a revolução muito para além das revoluções democrático-burguesas correntes.


Antestreia da Revolução de Outubro
                                                             
As teses de Lénine só fizeram curso através de uma intensa discussão ideológica, em que muitas vezes se encontrou em franca minoria. A realidade, a revolução no concreto, colocava muitos problemas que a teoria não previra ou previra de forma diferente. Era preciso perceber que «…as palavras de ordem e as ideias bolcheviques, em geral, foram plenamente confirmadas pela história, porém concretamente as coisas resultaram de outro modo do que quem quer que fosse podia esperar, de modo mais original, mais peculiar, mais variado». (Lénine, Obras Escolhidas em seis volumes, Tomo 3, edições «Avante!», pág. 122.)

Assumiram particular relevância as questões relativas ao papel do partido revolucionário, ao Estado, à democracia como parte integrante da luta pelo socialismo e à revolução socialista na fase imperialista, questões a que Lénine dedicou particular atenção desde a Revolução de 1905-1907.

A vitória de Fevereiro traduziu-se em importantes conquistas políticas das massas populares: liberdade de acção livre e aberta a todos os partidos políticos; libertação dos presos políticos e regresso dos emigrados, abolição da censura à imprensa, liberdade de expressão, de reunião e manifestação.

A existência e a actividade dos sovietes, como expressão do poder popular eram uma conquista sem paralelo em qualquer democracia burguesa. A Rússia era à época o país mais livre, mais democrático do mundo.

Foi nestas condições que, como Lénine previra, a conquista da democracia na Rússia não marcou, nem podia marcar, o fim da revolução, mas deveria abrir caminho ao desenvolvimento da revolução, rumo à revolução socialista.

Tendo a Revolução de 1905-1907 sido o ensaio geral das revoluções de 1917, a Revolução de Fevereiro foi a antestreia da Revolução Socialista de Outubro, a revolução que deu aos povos da Rússia «exaustos pela guerra, a paz, o pão e a liberdade». 

O ano de 1917 ficou definitivamente gravado no calendário da história como o ano em que a classe operária, intervindo de forma independente, demonstrou a sua capacidade como classe criadora de uma nova forma de organização social, o socialismo.

(Com o Avante/Diário Liberdade)

Não deixaremos as páginas em branco: pela luta quilombola e pelo poder popular

                                                     

Marianna Rodrigues (*)

É comum que se escute Brasil afora que o Rio Grande do Sul é um estado “de brancos”. Inclusive, no próprio estado gaúcho há quem acredite nisso. Ao narrar o processo de formação de nosso estado, pouco ou nada se fala da história do povo negro… Como se fossem páginas em branco, sem registro, esquecidas.

Ao contrário do que se pensa, a cultura negra é parte fundamental da constituição de nosso estado. “História viva”, que existe e resiste neste pago – no campo e nas cidades! Só em Porto Alegre, por exemplo, são 5 quilombos urbanos reconhecidos.

Em Restinga Seca, na região central, o quilombo de São Miguel contava com mais de 150 famílias até 2006, segundo dados do INCRA. E são muitos outros registros quilombolas espalhados por todas as regiões – mais de 130 comunidades identificadas -, grande parte ainda não reconhecidos legalmente.

O povo negro teria chegado massivamente ao Rio Grande do Sul, sobretudo, para servir de mão-de-obra escrava para a principal atividade econômica do estado: a produção de charque. E, embora tenha sido em torno do charque o acontecimento histórico mais marcante da cultura gaúcha, a “Guerra dos Farrapos” (1835 – 1845), essa história é contada pela ótica das classes dominantes, ignorando por completo que a produção só existia em razão da força de trabalho negra.

Outro episódio marcante fora a Guerra do Paraguai. Em razão da ampla campanha de convocação para as fileiras do exército, negros escravizados do país inteiro foram trazidos para o sul. Ainda, os proprietários escravistas, quando convocados, negociavam seu alistamento em troca da convocação de “seus escravos”. E “os escravos”, se voltassem com vida, poderiam pleitear sua “liberdade”.

Mas o povo negro nunca recebeu do Império qualquer meio que pudesse garantir sua sobrevivência. Diferente dos imigrantes europeus, que ao chegarem no Rio Grande do Sul dispunham de um pedaço de terra para plantar. Nesse sentido, numa rápida síntese, é possível constatar como a história do povo negro no Rio Grande do Sul fora escrita à base de muito sangue e muita exploração.

Assim como no resto do Brasil, os “quilombos gaúchos” foram os espaços que negras e negros construíram para manter sua história e sua cultura vivas. Ocuparam latifúndios, coletivaram pedaços de terra, desenvolveram seus próprios meios de vida e preservaram muitas de suas tradições.

Após ter sido submetido a um processo sócio-histórico tão violento, o povo negro constitui a maior parte da força de trabalho brasileira. Ou seja, está majoritariamente nas classes “de baixo”. Ao mesmo tempo, o número de refugiados e imigrantes vindos de África seguem aumentando, em geral em condições de trabalho extremamente precárias, o que reforça este cenário. 

Com o capitalismo plenamente desenvolvido no Brasil, a luta quilombola, símbolo originário de enfrentamento aos latifúndios, espaço exemplar de construção de uma nova cultura sem exploração, segue sendo extremamente atual. O tempo passa, e o povo negro segue em busca de sua emancipação.

Ora, não há espaço para os quilombos no capitalismo! As políticas governamentais dificultam a todo o custo a titulação das terras, com inúmeros entraves burocráticos; a cultura quilombola vai sendo esquecida, pois o povo negro é sugado pelas necessidades materiais de sobrevivência; e, ainda, são poucos os coletivos que buscam retomar a história de luta quilombola.

Nós, que lutamos pelo poder popular, não podemos permitir que essas páginas sigam em branco. Reparação ao povo negro já!

Viva a luta quilombola!

Junte-se ao PCB no Rio Grande do Sul e levante essas bandeiras conosco.

Contate-nos pela página: https://www.facebook.com/PCBRS/

(*) Militante do PCB no Rio Grande do Sul

Textos de apoio:

MAESTRI, Mário. “Terra e liberdade: as comunidades autônomas de trabalhadores escravizados no Brasil.” In: AMARO, Luiz Carlos [Org.]. Afro-brasileiros: história e realidade. Porto Alegre: EST, 2005

MELLO, Marcelo Moura. Raízes e rotas da terra. Formação de um território negro no sul do Brasil. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: 2011.

MOURA, Clóvis. Quilombos: resistência ao escravismo. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 1993.

TORAL, André Amaral. A participação dos negros escravos na guerra do Paraguai. São Paulo: Revista Estudos Avançados, 1995.

(Com o site do PCB)

Cuba avança no mapeamento do cérebro humano com ajuda da China e Canadá

                                                         
Cientistas de Cuba, Canadá e China encontram-se em Havana nos dias 13 e 14 de fevereiro para avançar na colaboraçom no estudo do "mapeamento" do cérebro humano e e da neuroinformática, segundo publicárom vários meios.

O evento terá como sede o Centro de Neurociências de Cuba (CNEURO) e servirá para consolidar a cooperaçom entre os três estados, "aliados na primeira linha científica e médica sobre estudos do cérebro", assinala o diário Granma.

Ao encontro na capital cubana assistirám o diretor do Projeto Canadiano do Cérebro, Alan Evans, e o chefe do Centro de Informática Médica em Chengdu (China), Dezhong Yao.

O coordenador do projeto cubano de "mapeamento" cerebral, Pedro Valdés Sosa, adiantou que será redigida uma convocaçom para esta iniciativa conjunta, promovida polas agências que fornecem financiamento à ciência nos três países envolvidos.

Para isso, participarám também no encontro a diretora do Fundo de Investigaçom de Quebeque e presidenta da Real Academia do Canadá, Maryse Lassonde, junto à diretora da América Latina da Fundaçom Nacional Chinesa da Ciência, Xiuping Liu, confirmou o também vicedirector do CNEURO.

A reuniom produz-se como parte dos convénios de cooperaçom assinados entre o CNEURO, o Instituto Neurológico de Montreal e a Universidade de Ciências Eletrónicas e Tecnologia da China; e o Grupo das Indústrias Biotecnológica e Farmacêuticas (BioCubaFarma) com a província de Quebeque e a cidade de Chengdu.

Os acordos de BioCubaFarma fôrom rubricados em presença do presidente da ilha, Raúl Castro, e dos primeiros-ministro do Quebeque, Philippe Couillard, e da China, Li Keqiang, durante cada umha das visitas oficiais a Havana no passado mês de setembro.

(Com o Diário Liberdade)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Simpósio Internacional "1917-2017 - Centenário da Revolução Russa" convoca dezenas de especialistas em outubro em São Paulo

                                                                   
Dezenas de especialistas e militantes das diversas correntes da esquerda revolucionária comunista protagonizarão no mês de outubro um encontro internacional dedicado ao estudo e divulgação da Revolução de Outubro, no ano do centenário.

Será no Departamento de História da USP e a programação está já disponível. inclui mais de 70 palestras, comunicações, debates e outras intervenções públicas sobre o significado de 1917 e da experiência soviética para a esquerda mundial do século XX e da atualidade. 

O encontra decorre entre os dias 3 e 6 de outubro de 2017 no Departamento de História (FFLCH) da Universidade de São Paulo - Cidade Universitária.

Eis a programação prevista:

3a. Feira / 3 de outubro

9:00 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO ENTRE UTOPIA E HISTÓRIA: Osvaldo Coggiola (Universidade de São Paulo) Debatedor: Rodrigo Ricupero

9:00 hs. (ANS): MARX E A RÚSSIA: Danilo Nakamura, Ricardo Martins Rizzo, Paulo Barsotti, Luis Antonio Costa

9:00 hs. (AG): POPULISMO E MARXISMO NA RÚSSIA: Lúcio Flavio de Almeida, Cláudio Maia, André Keysel, Henrique Canary, Ramón Peña Castro

9:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO RUSSA E OS EUA: Sean Purdy, Mary Anne Junqueira, Elizabeth Cancelli, Rodrigo Medina Zagni

9:00 - 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): A CONTROVÉRSIA ENTRE ESLAVÓFILOS, OCIDENTALISTAS E EURASIANISTAS: Angelo Segrillo, Giuliana T. de Almeida, Priscila Nascimento Marques, Lucas Simone

14:00 hs. (AG): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA, MEIO AMBIENTE E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL: Elvio Rodrigues Martins, Ruy Moreira, Carlos Walter Porto Gonçalves, Douglas Santos

14:00 hs. (ANS): A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E A EDUCAÇÃO: Ana Paula Hey, Ítalo de Aquino, Roberto Lehrer, Julio Turra, César Minto

14:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E A EMANCIPAÇÃO DOS JUDEUS: Arlene Clemesha, Saul Kirschbaum, Samuel Feldberg, Jayme Brener

14:00 hs. (SV): O SILÊNCIO DOS VENCIDOS: OS COMUNISTAS E A REVOLUÇÃO DE 1930: Marcos A. Silva, Heloísa Faria Cruz, José Carlos Barreiro, Marco Aurelio Garcia, Sergio Alves de Souza

17:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E INTELECTUAIS BRASILEIROS: Luiz Bernardo Pericás, Deni Rubbo, Rafael Bivar Marquese, Angelica Lovatto

17:00 hs. (AG): ROSA LUXEMBURGO, GEORG LUKÁCS, WALTER BENJAMIN E A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: Isabel Loureiro, Jorge Grespan, Francisco Alambert, Wolfgang Leo Maar

17:00 hs. (ANS): UMA “REVOLUÇÃO CONTRA O CAPITAL”? GRAMSCI E A REVOLUÇÃO RUSSA: Álvaro Bianchi (Unicamp) Debatedor: Cícero Araújo

17:00 hs. (CPJ):  A NOVA POLÍTICA ECONÔMICA (NEP) 1921-1929: Joana Salem Vasconcellos, Marcos Cordeiro Pires, Luiz E. Simões de Souza, Alexandre Freitas Barbosa

17:00 hs. (SV): A REVOLUÇÃO E A URSS EM CONTRACULTURAS: Adrián Pablo Fanjul, Andréia Menezes, Larissa Locosselli, José Mauricio Rocha

19:30 hs. (AH): A CULTURA E AS ARTES NA UNIÃO SOVIÉTICA: Clara de Freitas Figueiredo, Thyago Marão Villela, Peterson Pessoa, Marcos Napolitano, Luiz Renato Martins

19:30 hs. (ANS): CAMPESINATO E QUESTÃO AGRÁRIA NA RÚSSIA: Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Manoel Fernandes, Carlos Borba, Valéria De Marcos

19:30 hs. (AG): 1917 EM SÃO PAULO, GREVE GERAL: Cláudio Batalha, Christina Roquette Lopreato, Luigi Biondi, Eujacio Silveira, Bruno Rodrigo, Gilberto Maringoni

19:30 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E A FRANÇA: Gérard Goujon (Éducation Nationale, França) Debatedor: Carlos A. Zeron

19:30 hs. (SV): A REVOLUÇÃO RUSSA E AS EDIÇÕES MARXISTAS: Marisa Midori Deaecto, Lincoln Secco, Flamarion Maués, Dainis Karepovs

4ª. Feira / 4 de outubro
9:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E REVOLUÇÃO ALEMÃ: Ricardo Musse, Rosa Rosa Gomes, Luiz Enrique Vieira de Souza, Felipe Demier, Fabio Mascaro Querido

9:00 hs. (ANS): A REVOLUÇÃO RUSSA E O CINEMA: Marcos A. Silva, Mauricio Cardoso, Wagner Pinheiro Pereira, Alessandro Gamo

9:00 hs. (AG): A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E O EXTREMO ORIENTE: Andrea Longobardi, Wladimir Pomar, Luciano Martorano, Shu Sheng, Fernando Leitão

9:00 hs. (CPJ): JOHN REED, GEORGE ORWELL E OUTRAS ESCRITAS SOBRE A REVOLUÇÃO: Daniel Puglia, Marcos César Soares, Tercio Redondo, Rosângela Sarteschi, Matheus Cardoso da Silva

9:00 - 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E OS BÁLCÃS: Savas Michael-Matsas (Centro Christian Rakovsky, Atenas) Debatedor: Tibor Rabockzai

14:00 hs. (ANS): DA COMUNA AOS SOVIETS, DE MARX A MARCUSE: Wolfgang Leo Maar (Universidade Federal de São Carlos) Debatedora: Sara Albieri  

14:00 hs. (AG): A DERROTA DO OUTUBRO ALEMÃO: Bernhard Bayerlein (Bochum Universität) Debatedora: Isabel Loureiro

14:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O MUNDO ÁRABE E MUÇULMANO: Reginaldo Nasser, Malcon Arriaga, Aldo Sauda, Paulo Farah

14:00 hs. (SV): CAPITAL FINANCEIRO E IMPERIALISMO, GUERRA MUNDIAL E REVOLUÇÃO: Edmilson Costa, Sofia Manzano, Apoena Cosenza, Fátima Previdelli

17:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E REVOLUÇÃO MUNDIAL: REVOLUÇÃO PERMANENTE? Daniel Gaido (Universidad de Córdoba) Debatedor: João Machado

17:00 hs. (AG): VANGUARDAS RUSSAS MODERNISTAS E REALISMO SOCIALISTA: Bruno Gomide, Rubens Machado, Francisco Foot Hardman, Quezia Brandão, Valentim Facioli

17:00 hs. (ANS): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E REVOLUÇÃO ESPANHOLA: Antônio Rago, Ana Lúcia Gomes Muniz, Fernando Camargo, Ivan Rodrigues Martin, Ismara Izepe de Souza

17:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O IMPÉRIO OTOMANO: Heitor Carvalho Loureiro, José Farhat, Ramez Philippe Maaluf, Soraya Misleh, Nelson Bacic Olic

17:00 hs. (SV): CONSELHISTAS, ANARQUISTAS E REVOLUÇÃO RUSSA: Margareth Rago, Felipe Correa, Gabriel Zacarias, Ricardo Rugai

19:30 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E INTELECTUALIDADE EUROPEIA: Vladimir Safatle - Paulo Arantes (Universidade de São Paulo)

19:30 hs. (ANS): O BOLCHEVISMO: AVATAR POLÍTICO OU ALTERNATIVA HISTÓRICA?  Jorge Altamira (Universidad Obrera, Buenos Aires) Debatedor: Antonio Bertelli

19:30 hs. (AG): A URSS E A REVOLUÇÃO CUBANA: Áquilas Mendes, Ramón Peña Castro, Carlos Alberto Barão, José R. Mao Jr, Stella Grenat (Universidad de Buenos Aires)

19:30 hs. (CPJ): O PCB E A UNIÃO SOVIÉTICA: Milton Pinheiro, Carlos Fernando Quadros, Marcus Dezemone, Augusto Buonicuore, Marly Vianna

19:30 hs. (SV): REVOLUÇÕES: AS ESQUINAS PERIGOSAS DA HISTÓRIA: Valério Arcary (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) Debatedor: Valter Pomar

5ª. Feira / 5 de outubro
9:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO E CIÊNCIA SOVIÉTICA: Pedro Ramos, Gildo Magalhães, João Zanetic, Marcia Regina Barros da Silva, Francisco de Assis Queiroz, Douglas Anfra

9:00 hs. (AG): LITERATURA RUSSA E REVOLUÇÃO: Arlete Cavaliere, Noé Oliveira Policarpo Polli, Fatima Bianchi, Mário Ramos Francisco Jr

9:00 hs. (ANS): OS ESPORTES NA UNIÃO SOVIÉTICA: Flávio de Campos, Luiz Henrique de Toledo, Wagner Xavier Camargo, José Carlos Marques

9:00 hs. (CPJ): OPOSIÇÃO DE ESQUERDA E TROTSKISMO NO BRASIL: Tullo Vigevani, Dainis Karepovs, José Castilho Marques Neto, Felipe Gallindo, Iram Jácome Rodrigues

9:00 - 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): AS MULHERES NA REVOLUÇÃO RUSSA: Joana El-Jaick Andrade, Alana Moraes, Daniela Mussi, Diana Assunção, Iole Ilíada

14:00 hs. (AG): LYSSENKO E O DRAMA DA GENÉTICA SOVIÉTICA: Boris Vargaftig (ICB – USP) Debatedores: Carlos Winter e Fabio Andrioni

14:00 hs. (ANS): O BOLCHEVISMO, A COMINTERN E A QUESTÃO NEGRA: Emerson Santos, Wilson Honório da Silva, Eduardo Januário, Fernando Frias, Aruã de Lima

14:00 hs. (CPJ): ITÁLIA: CONSELHOS OPERÁRIOS E PARTIDO COMUNISTA: José L. del Roio, Francesco Schettino (Università di Napoli), Silvia De Bernardinis, Elisabetta Santoro, Homero Santiago

14:00 hs. (SV): HUMOR RUSSO E HUMOR SOVIÉTICO: Elias Thomé Saliba (Universidade de São Paulo) Debatedor: Francisco Alambert

17:00 hs. (AH): A UNIÃO SOVIÉTICA E A ÁFRICA: Marina Gusmão de Mendonça, Leila Hernandez, Maria Cristina Wissenbach, Tânia Macedo, José Luiz Cabasso, Carlos Alberto Barão

17:00 hs. (AG): A REVOLUÇÃO RUSSA E PORTUGAL: Raquel Varela (Universidade Nova de Lisboa) Debatedor: Lincoln Secco

17:00 hs. (ANS): FIM DO COMUNISMO OU COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO? Carlos de Almeida Toledo, Anselmo Alfredo, Marildo Menegat, Virgínia Fontes

17:00 hs. (CPJ): LENIN E LENINISMO: O QUE FAZER? Anderson Deo, Antonio Carlos Mazzeo, Valério Arcary, André Ferrari

17:00 hs. (SV): HISTORIOGRAFIA SOVIÉTICA E HISTORIOGRAFIA FRANCO-BRITÂNICA: Mauricio Parisi (USP) - Priscila Gomes Correa (Universidade do Estado da Bahia)

19:30 hs. (AH): A INTERNACIONAL COMUNISTA, DA COMINTERN AO KOMINFORM: Alexander Zhebit, Lincoln Secco, Antonio Bertelli, Antonio C. Mazzeo, Sean Purdy

19:30 hs. (AG): 1989-1991: FIM DO MARXISMO? Mariano Schlez (Universidad del Sur, Argentina) Debatedora: Paula Marcelino

19:30 hs. (ANS): PERESTROÏKA: PORQUE NÃO DEU CERTO? Lenina Pomeranz (Universidade de São Paulo) - José Arbex (PUC) Debatedor: Angelo Segrillo

19:30 hs. (CPJ): FIDEL CASTRO E CHE GUEVARA ENTRE LENDA E REALIDADE: Luiz Bernardo Pericás (Universidade de São Paulo) Debatedores: Daniel Gaido e Áquilas Mendes

19:30 hs. (SV): O COMUM E O COMUNISMO, ONTEM E HOJE: Jean Tible, Henrique Parra, Ricardo Teixeira, Tatiana Roque

6ª. Feira / 6 de outubro
9:00 hs. (AH): A REVOLUÇÃO RUSSA E O BRASIL: Frederico Duarte Bartz, Felipe Castilho de Lacerda, Lidiane Rodrigues, Christiano Britto Monteiro, Rosana de Moraes

9:00 hs. (AG): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO (LENIN E TAYLOR): Afrânio Catani (Universidade de São Paulo) Debatedora: Angela Lazagna

9:00 hs. (ANS): REVOLUÇÃO RUSSA E PENSAMENTO LATINO-AMERICANO: Gilberto Maringoni, Igor Fuser, Gabriela Pellegrino, Vinicius Moraes, Flavio Benedito

9:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO RUSSA NAS LITERATURAS HISPÂNICAS: Margareth Santos, Pablo Gasparini, Gabriel Lima, Graciela Foglia

9:00 - 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): PCB, PC do B, TROTSKISTAS, PT: AS METAMORFOSES DO COMUNISMO BRASILEIRO: João Quartim de Moraes, Murilo Leal, Pedro Pomar, Frederico Falcão, Carlos Zacarias

14:00 hs. (ANS): GEOPOLÍTICA E GEO-HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO SOVIÉTICA: André Martin, Erivaldo C. de Oliveira, Rafael Duarte Villa, Valter Pomar, Wanderley Messias da Costa

14:00 HS. (AG): O STALINISMO: SOCIALISMO OU ANOMALIA HISTÓRICA? Breno Altman, Waldo Melmerstein, Rodrigo Ricupero, Zilda Iokoi

14:00 hs. (CPJ): GUERRA FRIA E HEGEMONIA DO DÓLAR: Maria Lucia Fattorelli (Auditoria Cidadã da Dívida) Debatedores: José Menezes Gomes e Leda Paulani

14:00 hs. (SV): CHILE 1970-1973: FIM DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA? Enio Bucchioni, Horácio Gutiérrez, Paulo Fernando L. Pereira de Araujo, Plínio de Arruda Sampaio Jr

17:00 hs. (AH): O FIM DA URSS: ANÁLISE DAS CAUSAS: Angelo Segrillo (Universidade de São Paulo) – Gilson Dantas (UnB) – Robério Paulino (UFRN) Debatedora: Lívia Cotrim

17:00 hs. (AG): A REVOLUÇÃO RUSSA E A AMÉRICA LATINA: Fernando Sarti Ferreira, Everaldo Andrade, Liz Nátali Soria, Felipe Deveza, Yuri Martins Fontes

17:00 hs. (ANS): A ESQUERDA NO BRASIL HOJE: João Batista de Araújo (Babá), Valério Arcary, André Singer, Mauro Iasi, Guilherme Boulos, Breno Altman

17:00 hs. (CPJ): O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS E A “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”: Francisco Palomanes Martinho (Universidade de São Paulo) Debatedora: Raquel Varela

17:00 hs. (SV): MÚSICA E REVOLUÇÃO SOVIÉTICA: José Geraldo Vinci de Moraes (USP) Debatedor: Antonio C. Mazzeo

19:30 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O SÉCULO XXI: Jorge Altamira, Savas Michael-Matsas, Plinio de Arruda Sampaio Jr, Valter Pomar, Osvaldo Coggiola

19:30 hs. (AG): A URSS, BALANÇO ECONÔMICO: José Menezes Gomes, Xabier Arrizabalo (Universidad Complutense de Madrid), Leda Paulani, Vitor Schincariol

19:30 hs. (ANS): CLASSE OPERÁRIA E REVOLUÇÃO: O PROLETARIADO AINDA É AQUELE? Ricardo Antunes (Unicamp) - Iram Jácome Rodrigues (USP) - Ruy Braga (USP)

19:30 hs. (CPJ): IMPERIALISMO E REVOLUÇÃO, ONTEM E HOJE: Virgínia Fontes (UFF) - Lúcio Flavio de Almeida (PUC) - Antônio Roberto Espinosa (Unifesp) Debatedora: Regina Gadelha

19:30 hs. (SV): A RÚSSIA DE PUTIN E A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: Joimar de Castro Menezes (Universidade São Judas Tadeu) Debatedora: Lidiane Rodrigues

21:30 hs. (Vão da História-Geografia): AS MÚSICAS E CANÇÕES DA REVOLUÇÃO: SHOW COM O SATÂNICO DR. MAO

AH: Anfiteatro de História - AG: Anfiteatro de Geografia - ANS: Anfiteatro Nicolau Sevcenko - CPJ: Sala Caio Prado Júnior - SV: Sala de Vídeo

Comissão Organizadora: Osvaldo Coggiola, Jorge Grespan, Sean Purdy, Everaldo de Andrade, Milton Pinheiro, Francisco Alambert, Angelo Segrillo, Lincoln Secco, Rodrigo Ricupero, Luiz B. Pericás, Adrián Fanjul

Apoio: Laboratório de Estudos da Ásia (LEA), Cátedra Jaime Cortesão, GMarx, Boitempo Editorial, Programa de Pós-Graduação em História Econômica, NEPH (Núcleo de Economia Política e História Econômica), Centro de Estudos Africanos, LUDENS (Núcleo de Pesquisa sobre Futebol e Modalidades Lúdicas), CEDHAL (Centro de Demografia Histórica da América Latina), CAHIS, NACI - Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional

SERÃO FORNECIDOS CERTIFICADOS DE FREQUÊNCIA

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O muro de Trump

                                                                      
Os Orfeus/Internet/Divulgação
                                                                
 Fernando Buen Abad Dominguez    

O Muro de Trump é a imagem de outras barreiras - incluindo as de classe - que passam não pela fronteira, mas pelo interior do México. Só a menção de o acabar já atraiu simpatias de classe e solidariedades ideológicas. Dos dois lados do México. Já não somos tão ingénuos que acreditemos que a iniciativa de uma aberração assim nasceu apenas de um lado. Edificaram-se muros (comerciais, políticos, raciais, educativos…) de igual ou pior envergadura e sempre contaram com a cumplicidade voluntária de sectores servis.

De todas as formas possíveis de «sanção», «crítica» ou «disciplinamento» com que um império gosta de «castigar», Donald Trump escolheu um Muro e não o fez impensadamente (como dizem alguns dos seus detractores) nem o fez apenas por negócio como imaginam algumas das construtoras que sonham com o projecto… 

Trata-se de uma operação ideológica que tem raízes profundas numa disputa territorial de latifundiários, que é também simbólica, por reafirmar-se na usurpação e delimitação das «suas» terras. Trump sonha com um Muro de 1600 quilómetros. Lógica old fashion como na China. Dos 3.200 quilómetros de fronteira entre os EUA e o México quase um terço já tem vigas de cimento armado, cercas electrificadas e câmaras de vigilância.

Pôr um muro num território que tem uma história de ocupação, corrupção e crime sem limites, é coerente com a lógica da burguesia empenhada em transformar em ameaça tudo o que é diferente. Especialmente se isso incluir cor de pele, idioma e cultura de racismo e todas as loucuras do imperialismo. O seu protótipo mais claro está em Israel. Custará 25 mil milhões de dólares e querem que seja o povo mexicano a pagar. Aí está o verdadeiro «castigo».

É a lógica dos «bairros privados» que tanto encantam a pequena burguesia. O magnata imobiliário sabe-o bem. O Muro dá relevo às ideias mais acarinhadas pela burguesia: «isto é meu». Reafirma a «propriedade privada» e o distanciamento do «outro». Configura a caracterização do «diferente» como «perigoso» e surge como correctivo simbólico indelével para que o mundo entenda de que lado está o «poder». Quando o verdadeiro poder está sim do lado do povo… embora os povos (por enquanto) não se apercebam disso.

Parece uma antiguidade de magnata petulante, parece um capricho de «menino rico» empenhado em castigar-nos com o seu ego desaforado. Parece uma idiotice… parecesse mil coisas num mundo em que nada é o que parece. 

Embora pudesse tomar mil medidas alfandegárias, impositivas, tecnológicas… exibir os seus «Rambos», os seus soldados, as suas armas. Embora pudesse semear paramilitares (como na Venezuela), pudesse financiar os seus Ku Klux Klans, drones, cães, raios laser… pudesse impor leis mais «duras», imprensa mais amarela, patrulha de fronteira mais fascista… Embora pudesse mil coisas mais mas escolheu o Muro. E isso não é inocente.

O Muro de Trump é um bálsamo mediático para as angústias endógenas do Império. É um bálsamo oportunista de longa duração e de efeitos incontáveis. É um espelho ideológico de tijolo e cimento em que se espelha a partir de dentro a monstruosidade do capitalismo e a sua lógica de esmagamento. 

Cada vez que Trump o menciona, fortalece um drama histórico infestado com a humilhação do saque e da escravatura anexos a que têm sido submetidos os imigrantes mais desvalidos e maltratados. Entretanto as matilhas neoliberais, obedecendo ao império no México, só acrescentam mais «outro tijolo ao muro». O Muro é uma forma de Guerra Ideológica.

Por agora, só a menção de acabar o Muro já atraiu simpatias de classe e solidariedades ideológicas. Dos dois lados do México. Já não somos tão ingénuos que acreditemos que a iniciativa de uma aberração assim nasceu apenas de um lado. Edificaram-se muros (comerciais, políticos, raciais, educativos…) de igual ou pior envergadura e sempre contaram com a cumplicidade voluntária de sectores servis. Sempre foi assim. O Muro é pois, uma forma de tortura como Trump gosta.

Mencionar o Muro (acabar a construção) serve também para alvorotar corifeus intermediários que se dizem capazes de inspirar moral e método na tarefa de ajoelhar-se perante o muro. Com os argumentos como «segurança», a estabilidade económica», o «bem comum» e bla bla bla aos quatro ventos vociferam receitas diplomáticas para ficar bem entre si. 

Os povos não têm lugar na mesa das suas partilhas. Uns já têm o orçamento para acabar o Muro, outros já têm o discurso para a sua inauguração, outros têm os «jornalistas» idóneos para desenvolver a crónica da construção, minuto a minuto… enfim, todos querem uma talhada material e politica com que ampliar os seus negócios e as suas simpatias com o império.

O trabalho dos imigrantes não é uma dádiva do império. Há que tornar bem claro que cada dólar ganho é acumulação de riqueza para os ianques que se aproveitam do trabalho escravo. Os trabalhadores pagam um preço muito alto (não só pelo que levam as empresas parasitas que cobram pelos envios das remessas) mas porque a maioria imigrante sofre na pela diariamente e tem de contrair empréstimos, embora viva com todas as limitações, sob o peso da distância, a saudade permanente, a condição de «ilegal, a marginalização, o racismo, o medo, a desconfiança sistemática e os maus tratos consuetudinários. E tudo em terras que foram roubadas pelo império ianque. Isso também o Muro torna visível, o qual querem financiar com as remessas dos mexicanos.

Esse Muro é um acto de provocação inaceitável e desumano. Contém a ameaça de matar e reprimir milhares de pessoas. É um Muro pensado para acentuar a injustiça de que padecem os imigrantes tratados como «ilegais» e é um horror contra todas essas pessoas que, para sobreviver, procuram qualquer espécie de «emprego». A fronteira com os EUA é não só fonte permanente de abusos, exploração e ignominia como o projecto para completar este Muro é uma afronta de tal calibre que temos de estar preparados para as consequências. Quem provoca o desemprego, quem gera a miséria toma agora medidas de «controlo» para pôr «ordem» na fronteira. Sem deixar de tirar proveito com as remessas, claro!

O que o Muro não vai tapar é o drama do desemprego, a barbárie da humilhação, o inferno da fome e a monstruosidade do despojo. Pelo contrário. Deixa à vista a barbárie, a aberração e a bofetada auspiciadas pela burguesia que não tem limites nem freios na fase predadora em que se encontra o império. O Muro é o seu espelho.

Eles levantam o Muro para nos calar e para deter toda a rebeldia, nós (todos) podemos dar o exemplo e transformar o mundo. Vamos derrubar o Muro com as lutas indígenas, camponesas e operárias. Que o Muro caia antes, durante e depois de o acabarem. Que o Muro venha abaixo por obra e graça dos trabalhadores, de aqui e de ali, imigrantes, e não imigrantes… unidos de uma vez por todas.


Dr. Fernando Buen Abad Dominguez

Universidade de Filosofia
http://fbuenabad.blogspot.com/
http://filimagen.blogspot.com/
http://universidaddelafilosofia.blogspot.com/
http://paperII/FBuenAbad!1315843074@FBuenAbad

Fonte: http://www.alainet.org/es/articulo/193159

Tradução: Manuela Antunes

(Com odiario.info)