quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O Relatório da Comissão da Verdade e a repressão aos trabalhadores

                                                                         
                 

José Carlos Alexandre (*)

Dia 13 de dezembro, um dia após BH completar 120 anos, ficará também n história. Neste dia, em atos previstos para a manhã e à tarde, o Brasil tomará conhecimento de fatos importantes de nossa história recente. 

É que será divulgado o Relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais. Ao todo os membros da 
Covemg ouviram 222 pessoas. O trabalho foi cuidadosamente acondicionado em 1600 páginas, além 

de filmes e vídeos.

São depoimentos que passaram a limpo ocorrências em todo o Estado, desde o período do ex-presidente e ex-ditador Getúlio Vargas, até o dia em que o último general da ditadura cívico-militar que começou dia 1º de abril de 1964, pediu o boné e saiu do Palácio presidencial para nunca mais voltar.

São 1600 páginas, com depoimentos de vítimas de perseguições, torturas, testemunhas de desaparecimentos, esposas e filhas de combatentes pela democracia, padres e outros religiosos que jamais aceitaram tomar parte em farsas, atos arbitrários, repudiando terroristas de Estado, informantes, e esbirros da repressão.

Alguns depoimentos cheguei a testemunhar em reuniões abertas realizadas pela Comissão, como a 

da sede local da OAB ou acompanhei-as com vívido interesse como as de testemunhas do Massacre 

de Ipatinga, ocorrido em 1963.

Este fato foi objeto de grandes reportagens à época do semanário do PCB, "Novos Rumos", através 

sua sucursal em BH.

A dura repressão a membros da direção do Partido Comunista Brasileiro na última ditadura também 

mereceu ampla abordagem, chegando-se a ouvir depoimentos, dentre outros, de José Francisco 

Neres, Alípio Gomes Filho, Paulo Eliziário. 

Ressalte-se  o caso do "desaparecimento"  de Nestor Vera (Netor Veras ou "Wilson"), sequestrado à

porta de uma drogaria na avenida Olegário Maciel, perto da rodoviária.

Era sindicalista de larga atuação, um dos pioneiros do sindicalismo rural no Brasil, diretor da 

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e do jornal "Terra Livre", além de 

organizador do 1º Congresso de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil, realizado nesta 

capital em 1961.

Nestor  Veras, membro do Comitê Central do PCB, foi criminosamente torturado, num cenário que 

talvez possa ser comprado ao  da "Paixão de Cristo", filme do diretor norte-americano Mel Gibson.

Sua morte é retratada num livro escrito por um delegado de polícia, Claudio Guerra, que teria lhe 

dado um "tiro de misericórdia", conforme relatou em alguns canais de TV.

A Comissão relata também os acontecimentos em Nova Lima, no final dos anos 40, quando foram 

executados combatentes dos mineiros, como o ex-vereador William Dias Gomes.

E demitidos, depois 51 trabalhadores, alguns já caminhando para se tornarem uma espécie de 

"mortos-vivos", abalados pela poeira da mina do Morro Velho. À luta deles por melhores condições 

de trabalho e melhores salários, seguiu-se a acusação de  terroristas, sabotadores, tendo sido 

mandados embora sem nenhum  direito.

Sobre estes, no dia de minha oitiva na Comissão da Verdade, logo após depoimentos de dois dos 

filhos de um desses sindicalistas, propus que se erguesse uma estátua em homenagem aos 51 heróis 

da classe operária.

Todos nós, velhos e novos combatentes pelos direitos sociais, estamos de olho neste relatório.

Mas não só. 

Esperamos que possa servir de alavanca para que seja concretamente estabelecido, na sede do antigo 

DOPS, o Memorial de Direitos Humanos, que o ex-governador  ex-presidente Itamar Franco  

previa ( ao assinar lei neste sentido) desde o ano 2000.

Quem sabe os novos ares que todos gostaríamos de respirar em 2018,  nos traga finalmente este 

Memorial, tendo à sua entrada, uma estátua retratando os bravos 51 trabalhadores de Nova Lima e 

Raposos.

(*) Ex-membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Dia 13 de dezembro o lançamento do relatório final da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Tem depoimentos do José Francisco Neres, da Magda Campbell, de trabalhadores de Ipatinga e muito mais)

                                                                       

A Comissão da Verdade em Minas Gerais comunica que, conforme decisão dos membros da Covemg em reunião com a coordenação técnica, o lançamento do Relatório Final acontecerá no dia 13 de dezembro de 2017, em duas cerimônias: às 9:30h, uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais; e, às 15:00h, uma solenidade de entrega do relatório final no Palácio da Liberdade. A partir dessa data, o relatório completo também estará disponível online para todo o povo mineiro. Participe e espalhe a notícia aos amigos! 

Por Memória, Verdade e Justiça. Para que nunca mais aconteça!

Membros da Covemg:

Robson Sávio Reis Souza (coordenador-geral)
Carlos Antonio Melgaço Valadares
Emely Vieira Salazar
Jurandir Persichini Cunha
Maria Celina Pinto Albano
Maria Céres Pimenta Spínola Castro
Paulo Afonso Moreira

5 de dezembro é Dia de Luta


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

"Reflexos Cotidianos" (A longa trajetória de um jornalista mineiro)

                                                                             
José Carlos Alexandre                                                     

Certo dia, no início dos anos 60, resolvo entrar na sede dos Diários Associados, na Rua Goiás. Creio que para pedir a publicação de uma nota no Diário da Tarde sobre manifestação que faríamos (éramos ativos participantes do que hoje chamam pomposamente de "movimentos sociais"). Estava filiado no PSB mas militava no PCB, que tinha sido cassado em 1947 e  só voltou à legalidade em 1985, no governo José Sarney.

Não sei se fui atendido ou não. Só sei que pouco depois subi novamente as mesmas escadas e só desci 44 anos depois, aí noutro prédio, na Avenida Getúlio Vargas...

Com o fechamento do DT, numa ação talvez intempestiva por parte de sua direção.

Uma explicação: como sindicalista, trabalhava no jornal "Novos Rumos".

Um semanário do PCB , que tinha Sucursal pertinho da Praça Sete. Ele só deixou de circular dia 1º de abril de 1964, quando foi fechado pela polícia política...

Um belo dia um importante dirigente partidário conselhou que fosse para o Diário da Tarde cobrir sindicalismo, em lugar do cirurgião-dentista do então Centro dos "chauffeurs" , que o fazia à noite, para o DT, e desejava sair. 

E eis-me trabalhando no  "jornal do Chateaubriand", como se dizia na época... (O "Dr. Assis" era minha leitura desde menino, quando buscava o "Estado de Minas"  aos domingos numa revistaria, em Nova Lima para meu pai ...)

O tempo foi passando, assim como também minhas funções: de "repórter auxiliar" (seja lá for o que significava à época), a repórter.

Depois Chefe de Reportagem, noticiarista, redator, editor de Cidades, editor de Internacional.

Sem se falar num longo período como editor da capa do Caderno 2, embora extraoficialmente, já que o caderno possuía editora...

Uma  rica convivência em dois lados da imprensa: a tradicional (burguesa) e a socialmente participativa (proletária, se assim se pode chamá-la).

Recebo hoje um ótimo presente de Natal de um amigo desses tempos de jornalismo diário, exercido no Diário da Tarde, o escritor e poeta Carlos Lúcio Gontijo.

Fato que me levou a relembrar de um passado  de muita ação, trabalho estafante.

Carlos Lúcio envia-me o livro de um advogado e jornalista que acompanhava também os meios

sociais, ao tempo do "Diário da Tarde", no que toca à defesa do consumidor.

Trata-se de "Reflexos Cotidianos", de João Silva  de Souza.

Um detalhe muito particular: o livro é ilustrado com recortes de jornais mineiros, Alguns do Diário 

da Tarde, Com textos de Carlos Lúcio.

E que textos!

Geralmente o Carlúcio escrevia na página 2, do DT, a página de opiniões.

Quando não era o editorial (que todos nós,  editores nos revesávamos), eram artigos de largo interesse popular.

Vou dedicar-me à leitura de"Reflexos Cotidianos", que certamente me trará muito mais recordações

de um período de muita importância para esta cidade maravilhosa que completa 120 anos.

 E que, com muita honra, sou um de seus cidadãos (honorários).

(Ah! Mesmo durante a ditadura não deixei de colaborar com a imprensa partidária. E continuo a fazê-

lo, agora em redes sociais...)

Geraldo Vandré interpreta Aroeira


Video que a Globo e companhia não põem em horário nobre...



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Vinte anos do MTST terá show de Caetano Veloso no Largo da Batata


Ministério Público do Trabalho considera ilegal redução de salários no Estado de Minas e na TV Alterosa

                                                                        
O Ministério Público do Trabalho considerou ilegal a redução da jornada dos trabalhadores do Estado de Minas e TV Alterosa. O procurador público do Trabalho Sérgio Oliveira de Alencar, em parecer no processo contra a redução movido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, pediu o restabelecimento da jornada de sete horas e da remuneração correspondente dos jornalistas, além de pagamento de indenização por dano moral. A audiência de encerramento de instrução está marcada para o dia 13/12/17.

O Estado de Minas e a TV Alterosa reduziram unilateralmente a jornada de trabalho e os salários dos seus jornalistas em abril de 2016. O Sindicato, em defesa dos jornalistas, posicionou-se contrário à redução e ajuizou ação trabalhista. Foram feitas audiências de conciliação, sem sucesso. O juiz da 2ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte solicitou a manifestação do Ministério Público.

Em seu parecer, o MPT afirma que a redução só poderia ser feita mediante assinatura de convenção ou acordo coletivo de trabalho e que os jornalistas foram obrigados a assinar um termo de concordância e aceitar o corte de salários.

O procurador lembra que a jornada de trabalho dos jornalistas, de acordo com o art. 303 da CLT, é de cinco horas, podendo, de acordo com o art. 304, ser elevada a sete horas, mediante acordo por escrito que estipule o aumento da remuneração.

Ele considerou que os trabalhadores não tiveram opção de não assinar o acordo individual, uma vez que mesmo os jornalistas que não o assinaram tiveram sua jornada e sua remuneração reduzidas. E ainda que a alteração contratual tivesse ocorrido de forma efetivamente consensual, não poderia produzir efeitos válidos, por trazer aos trabalhadores a “consequência danosa” da redução salarial.

“A autorização em convenção ou acordo coletivo de trabalho não poderia ser substituída por acordos individuais”, afirma o procurador.

De acordo com o procurador, a jornada de sete horas e a correspondente remuneração dos jornalistas do Estado de Minas devem ser restabelecidas, com pagamento das diferenças salariais decorrentes.

O parecer afirma também que “deve ser concedida a tutela de urgência requerida pelo Autor, como forma de se evitarem os danos que sobrevirão aos trabalhadores até o julgamento definitivo da lide, envolvendo, sobretudo, redução salarial que impacta na capacidade de subsistência do obreiro e sua família”.

(Com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais) 

Quinta Sinfonia, de Gustav Mahler


terça-feira, 21 de novembro de 2017

"O Jovem Karl Marx",uma "crítica da crítica crítica", como diria Jenny Marx

                                                                         
                                                                                      
Marcelo Dias Carcanholo

 Resenha que o prof. Marcelo Dias Carcanholo (UFF) escreveu sobre o filme "O Jovem Karl Marx", de Raoul Peck.


O filme O Jovem Marx, do diretor haitiano Raoul Peck, já seria controverso, independente do resultado a que chegasse, pelo simples fato de tratar de um dos teóricos mais importantes dos últimos séculos e, principalmente, por discutir explicitamente a constituição histórica da teoria social que, desde o século XIX, mais influencia os movimentos revolucionários contrários ao capitalismo, o marxismo. 

E isto no atual momento de explicitação da luta de classes em todas as regiões do planeta.
O objetivo central do filme parece ser a genealogia (pessoal, no caso de Marx e Engels, e teórica) da principal arma teórica que embasa os processos revolucionários, a teoria social marxista. Logo no início nos é prometida a construção do chamado socialismo científico, em contraposição a todas as variantes de socialismo utópico, com base idealista, anarquismo e tantas outras variantes do movimento revolucionário anti-capitalista. 

Não foram poucos, portanto, que se perguntaram por que o filme termina justamente quando se publica o Manifesto do Partido Comunista, em 1848, ainda antes da teoria crítica de Marx sobre o capitalismo estar consolidada, algo que só irá acontecer, pelo menos, uma década depois. Parece-nos que há uma boa razão para isso.

O filme apresenta algumas inconsistências históricas. Por exemplo, Engels só publica A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra em 1845, e Marx já conhecia o Esboço de uma Crítica da Economia Política de Engels, publicada nos Anais Franco-alemães em 1844, mas escrito em fins de 1843. É amplamente conhecido o elogio de Marx a esse texto de Engels, deixando claro que foi a partir dele que Marx sedimentou a necessidade de partir da crítica da economia política para a crítica radical e revolucionária da sociedade capitalista. 

Portanto, o assunto da segunda conversa entre os dois, retratada no filme, não pode ter sido A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, e sim os artigos que ambos publicaram nos Anais Franco-alemães de 1844.

Essas inconsistências, entretanto, não desmerecem as qualidades do filme. O objetivo central é muito bem apresentado pela descoberta teórico-prática do sujeito revolucionário, a classe trabalhadora, tanto por Marx, como por Engels. E esta descoberta nos é apresentada a partir do ponto de vista do encontro pessoal (teórico e político) dos dois.

O filme começa com o contexto de perseguição ao jornal Gazeta Renana, patrocinado pela burguesia liberal renana, mas de postura crítica ao poder de Frederico Guilherme IV - em muito explicitando a posição mais radical de sua maior referência, o próprio Marx. Esse contexto permite ao espectador tomar ciência de dois elementos fundamentais na formação do pensamento de Marx. 

Por um lado, a necessidade de tratar de assuntos práticos (a discussão sobre o roubo de madeira, por exemplo) mostra ao autor que a realidade concreta é o ponto de partida para o entendimento e transformação da sociedade capitalista. Ou seja, o materialismo como base filosófica necessária. Por outro lado, em relação com o anterior, Marx começa a se dar conta dos limites e contradições da crítica, por mais radical que seja, dentro da ordem, isto é, das posições radicais democráticas.

Não é por outras razões que nesse momento do filme explicita-se, ao mesmo tempo, o rompimento com os neohegelianos (Stirner, Bauer), o idealismo, e com as posturas políticas que se limitam à democracia radical.

No final de 1843 os Marx (Karl se casa com Jenny Von Westphalen meses antes) deixam a Alemanha em direção a Paris, onde eles ficarão até o início de 1845, onde Karl trabalhará nos Anais Franco-alemães, e após esse período serão expulsos, primeiro, para Bruxelas, e depois para Londres. Esse breve período em Paris, no entanto, é crucial para a formação desse individuo revolucionário. Ali ele toma contato, na prática, com o que constitui o sujeito revolucionário, a classe trabalhadora. 

Ao mesmo tempo, se aproxima em definitivo de outro individuo revolucionário, que já havia conhecido, mas inicia ali, a partir da publicação de seus respectivos artigos nos Anais Franco-alemães, a construção não apenas de uma sólida amizade, mas do que viria a ser a arma teórica mais importante dos processos revolucionários. Esse encontro, ainda na juventude, de Marx com Engels é o objeto de O Jovem Marx.

Em paralelo à trajetória do jovem Marx, o filme nos apresenta a formação e tomada de consciência revolucionária do jovem Engels. Explicitamente é apresentada a contradição que o constitui como individuo, revolucionário. Por um lado, sua vida burguesa, com os privilégios que a acompanham, em função dele ser filho de um capitalista, um dos donos da Ermen and Engels.

Por outro lado, sua aproximação com a classe trabalhadora, em função até das condições de trabalho enfrentadas por esta classe na fábrica da qual era herdeiro, circunstância explicitamente tratada no início do filme. Essa contradição, que termina sendo vivenciada posteriormente pelo próprio Marx, é explorada em outros momentos do filme, até como forma de evidenciar a radical contraposição ideológica desses indivíduos com a sociedade burguesa.

A maneira como essa contradição é apresentada no filme ainda nos permite tratar de outro aspecto importante. Logo no início, Mary Burns, uma trabalhadora da Ermen and Engels é demitida pelo fato de ser uma das líderes dos protestos frente às condições desumanas de trabalho. Trata-se da primeira companheira do jovem Engels. ]

O filme aproveita esse gancho para, explicitamente, mostrar o papel central das companheiras de Engels e Marx no processo de constituição dos indivíduos e, mais importante para nós, da teoria revolucionária que se gestava.

Mary Burns, além de iniciar o jovem Engels no contato com a classe trabalhadora e, dada a especificidade concreta, com a chamada questão irlandesa, é mostrada como a responsável pela introdução dos dois jovens revolucionários na Liga dos Justos. Esta última, de um sentido original de “justiça social”, fraternidade e harmonia entre os seres humanos, é, pela atividade prática dos dois jovens revolucionários, transformada em Liga dos comunistas.

Jenny Marx, por sua vez, não bastassem suas sacadas geniais e ácidas nos diálogos críticos de seu companheiro com Proudhon e Grün, por exemplo, é apresentada como a responsável pelo excelente subtítulo (Crítica da crítica crítica) para A Sagrada Família, subtítulo que, diga-se de passagem, diz muito mais sobre a obra do que o título. 

Ela é apresentada como uma autêntica rebelde, revolucionária, com decisões e opiniões firmes em todos os aspectos, inclusive nos concernentes à vida cotidiana dos Marx. A impressão que o filme passa é que ela, e em certa medida a própria Mary Burns, já são revolucionárias formadas, mesmo antes de seus “jovens” companheiros. Não se trata de que ao lado de dois grandes homens há duas grandes mulheres. Em muitos momentos, elas estão bem à frente dos dois jovens.

Terminamos de volta ao começo! Por que o filme termina com a publicação de O Manifesto do Partido Comunista, em 1848? Por que não tratar da constituição efetiva da Associação Internacional dos Trabalhadores, ou da maturação da teoria crítica do valor (e do capitalismo), arma teórica mais robusta do processo revolucionário? A resposta agora se mostra mais simples.

Porque a ideia é mostrar a formação (pessoal, política e teórica) dos dois indivíduos revolucionários responsáveis pela escrita do Manifesto. E até nesse processo de redação o papel ativo de Jenny Marx e Mary Burns é explicitamente mostrado pelo filme. Uma construção diretamente coletiva pelas pessoas que o constituem, sem hierarquias e/ou mediações, como as revoluções, de fato, devem ser. Só por isso o filme já seria justificado.

O final é uma ode à esperança. Imagens de rebeliões e protestos contemporâneos, ao som de Like a Rolling Stone, na versão original de Bob Dylan. Em um contexto (estético) como esse, é possível um indivíduo não se tornar revolucionário?

(Com o Diário Liberdade)

Brasil gasta mal e de forma injusta, diz Banco Mundial

                                                                                         eprodução da internet
Instituição internacional afirma que país gasta mais do que pode, e o faz de maneira ineficiente e socialmente incorreta. Despesas com previdência e funcionalismo são as mais preocupantes, aponta relatório.

O Brasil gasta mais do que arrecada e, além disso, de forma ineficaz, já que as despesas não cumprem plenamente seus objetivos, e muitas vezes injusta, porque beneficiam os ricos em detrimentos dos mais pobres. A conclusão é de um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira (21/11).

O estudo, intitulado "Um ajuste justo: uma análise da eficiência da equidade do gasto público no Brasil", foi encomendado pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Ele analisa as raízes dos problemas fiscais brasileiros, os programas sociais existentes e as alocações das despesas, centrando-se em oito setores dos gastos públicos, com diagnóstico detalhado de cada um. Também aponta possíveis reformas para promover uma gestão de recursos mais eficaz e justa.

O Banco Mundial afirma que o governo brasileiro terá que enfrentar "escolhas difíceis" para ajustar suas contas, com o perigo de "mergulhar novamente na espiral da inflação e do baixo crescimento".

No entanto, após a análise de uma série de dados, o órgão concluiu que "é possível [no Brasil] economizar parte do orçamento sem prejudicar o acesso e a qualidade dos serviços públicos, beneficiando os estratos mais pobres da população".

O relatório alerta, por exemplo, que os gastos públicos brasileiros aumentaram de forma consistente nas últimas décadas, colocando em risco a sustentabilidade fiscal do país – o déficit fiscal já atinge 8% do PIB, e a dívida subiu de 51,5%, em 2012, para 73% neste ano.

Nesse sentido, ressalta que será necessário reduzir as despesas em 0,6% em proporção ao PIB do país a cada ano, bem como reduzir as despesas dos estados e municípios em 1,29%.

Previdência

Um dos problemas apontados pelo banco é referente aos gastos com previdência, descrita como o "motor do desequilíbrio fiscal" do país. Segundo o estudo, sua reforma seria a medida com maior impacto para a economia brasileira.

Se a situação atual for mantida, em treze anos, o gasto com previdência esgotará o limite do teto de gastos do governo federal e não haverá dinheiro para salários, manutenção de escolas e hospitais ou investimentos. Em 2080, essas despesas corresponderiam a 150% do PIB nacional.

Além disso, a previdência brasileira é "altamente injusta", aponta o Banco Mundial. Isso porque 35% dos subsídios beneficiam aqueles que estão entre os 20% mais ricos, enquanto penas 18% dos subsídios vão para os 40% mais pobres.

Serviço público

Na esfera do serviço público, aposentadoria e salários registram uma injustiça ainda maior. Segundo o relatório, os servidores públicos federais ganham, em média, 67% a mais do que os trabalhadores da iniciativa privada. Já os servidores estaduais recebem salários 30% maiores.

A remuneração acima da média, afirma o estudo, é o que leva os gastos com funcionalismo no Brasil serem tão altos, ultrapassando as despesas de países como Estados Unidos, França e Portugal.

O Banco Mundial revela que os gastos com servidores, em todas as esferas do governo, chegaram a 13,1% do PIB em 2015, em comparação com os 11,6% registrados há dez anos. Em outros países desenvolvidos, esse percentual é de cerca de 9% do PIB.

Ensino superior gratuito

Em relação à educação, o estudo aponta injustiça também no ensino superior gratuito, onde 65% dos estudantes estão entre os 40% mais ricos do país. O governo gasta 0,7% do PIB com as universidades federais.

A fim de cortar gastos sem prejudicar os mais pobres, a sugestão do Banco Mundial é o fim da gratuidade na universidade pública, com a criação de bolsas para aqueles que não podem pagar. Já os alunos de renda média e alta, que tendem a ter um aumento de renda depois de formados, poderiam pagar pelo curso após a graduação.

Outro alerta do relatório é referente às políticas públicas de incentivo ao setor privado. Segundo o banco, elas estão presentes em gastos tributários, créditos subsidiados e gastos diretos com empresas.
Os gastos nessa área correspondem a duas vezes o custo de todos os programas de assistência social e apoio ao mercado de trabalho e mais de dez vezes o custo do programa Bolsa Família, por exemplo.

(Com a Deutsche Welle)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Sanções podem afetar hospitais da Coreia do Norte


O Plano dos sauditas para entregar a Palestina


                                                                                              Moon of Alabama


Os tiranos da Arábia Saudita desenvolveram um plano que entrega a Palestina aos seus algozes. Veem a entrega como necessária para obter o apoio dos EUA para a campanha fanática que fazem contra o Irã, que veem como seu inimigo mortal.

Um memorando interno dos sauditas, vazado para o jornal libanês Al-Akhbar, revela as grandes linhas do plano. (NOTA: A autenticidade do memorando ainda não foi confirmada. Em teoria, poderia ter sido “plantado” por qualquer interessado. Mas Al-Akhbar tem excelente currículo na publicação de vazamentos, até hoje sempre genuínos. Estou confiando na avaliação dos editores.)

Segundo o memorando, os sauditas estão prontos a desistir da exigência de direito de retorno aos palestinos. Desistem da soberania dos palestinos sobre Jerusalém e do status de estado pleno para a Palestina. Em troca, querem uma aliança (militar) EUA-sauditas-Israel contra o Irã – para os sauditas o eterno inimigo do lado oriental do Golfo Persa.

Descobriu-se que houve negociações sobre o ‘tema’ entre sauditas e sionistas sob a coordenação dos EUA. O “assessor pessoal ‘partilhado’ de Netanyahu e Trump, o garoto-maravilha Jared Kushner”, é o homem de ponto nessas negociações. Fez pelo menos três viagens à Arábia Saudita esse ano, a mais recente há apenas alguns dias.

As operações sauditas ao longo do mês passado, contra a oposição interna ao clã Salman e contra o Hizbullah no Líbano, têm de ser vistas no contexto e como preparação do plano maior. Recapitulando:

Semana passada, o atual dito representante político dos palestinos, Mahmoud Abbas, foi chamado a Riad. Ali, foi instruído a aceitar qualquer plano de paz que lhe seja apresentado pelos EUA, ou que renuncie. Recebeu ordens de cortar todos os laços que os palestinos tenham com Irã e Hizbullah:
Desde esses alertas, que podem ameaçar os novos acordos de unidade palestina assinados por Fatah e o Hamas apoiado pelo Irã na Faixa de Gaza, a mídia palestina manifestou nesses dias um raro grau de unidade – todos contra o Irã.

Dia 6 de novembro, foi deliberadamente “vazada” uma carta do primeiro-ministro Netanyahu de Israel dirigida a embaixadas de Israel. Nela, Netanyahu exige que seus diplomatas pressionem a favor dos planos sauditas no Líbano, Iêmen e noutros países. No mesmo dia Trump tuitou:
Donald J. Trump‏ @realDonaldTrump – 3:03 PM – 6 Nov 2017
Tenho grande confiança no rei Salman e no príncipe coroado da Arábia Saudita, eles sabem exatamente o que estão fazendo….

(O tuíte foi pesadamente promovido pelos bots sauditas no Twitter.)

O tirano saudita abduziu o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, e declarou guerra ao país. O objetivo desse movimento é remover ou isolar o Hezbollah, a resistência xiita do Líbano aliada com o Irã e que se opõe aos planos sauditas para a Palestina.

Dia 11 de novembro, o New York Times noticiou que os EUA estão redigindo um “plano de paz”, mas sem oferecer detalhes. As chances de sucesso desse plano foram ditas “baixas”.

O jornal libanês de esquerda Al-Akhbar obteve uma cópia do plano (em árabe) no formato de um memorando do Ministro de Relações Exteriores saudita Adel Al-Jubeir dirigido ao príncipe crown [coroado] clown [palhaço] Mohammed Bin Salman (tradução automática árabe-português):

“O documento, que está sendo revelado pela primeira vez, prova tudo o que foi vazado desde a visita do presidente Trump à Arábia Saudita, em maio passado, sobre o lançamento dos esforços dos EUA para assinar um tratado de paz entre a Arábia Saudita e Israel. Seguiu-se a informação sobre o intercâmbio de visitas entre Riad e Tel Aviv, sendo a visita mais importante do Príncipe herdeiro saudita à entidade sionista.

O documento revela o tamanho das concessões que Riad pretende apresentar no contexto da liquidação da questão palestina e sua preocupação em obter os elementos de poder contra o Irã e a resistência, liderada pelo Hezbollah.”

O memorando do ministro de Relações Estrangeiras saudita começa com a exposição de sua perspectiva estratégica:

“Para enfrentar o Irã ao aumentar as sanções contra mísseis balísticos e reconsiderar o acordo nuclear

O Reino prometeu no acordo de parceria estratégica com o presidente dos EUA, Donald Trump, que qualquer esforço dos EUA (incompreensível) é a chave para o sucesso. A Arábia Saudita é o melhor país do mundo árabe e muçulmano para reunir os outros para uma solução. Nenhuma solução para a causa palestina pode ser legitimada a menos que o Reino a apoie.

A aproximação da Arábia Saudita com Israel envolve um risco para os povos muçulmanos do Reino, porque a causa palestina representa uma herança espiritual e histórica e religiosa. O Reino não assumirá esse risco a menos que pareça ser abordagem sincera dos Estados Unidos ao Irã, que está desestabilizando a região patrocinando o terrorismo, suas políticas sectárias e interferindo nos assuntos dos outros. Esse comportamento iraniano foi oficialmente condenado pelo mundo muçulmano na conferência da OCI Conferência islâmica realizada em Istambul em abril de 2016.”

O documento saudita apresenta as questões e passos do processo na direção de um acordo, em cinco pontos:

Primeiro: Os sauditas demandam uma “paridade do relacionamento” entre Israel e Arábia Saudita. No nível militar, demandam que ou Israel desiste de suas armas nucleares, ou a Arábia Saudita é autorizada a comprar esse tipo de arma.

Segundo: Em troca, a Arábia Saudita usará seu poder diplomático e econômico para impor um ‘plano de paz’ entre Israel, os palestinos e países árabes, nos termos que os EUA redigirão. Por esse plano de paz, os sauditas, conforme o memorando, estão dispostos a oferecer concessões extraordinárias:

A cidade de Jerusalém não será capital de algum estado palestino, mas será posta sob regime especial administrada pela ONU.

Não mais será exigido o direito de retorno para os refugiados palestinos, que foram violentamente expulsos pelos sionistas. Os refugiados serão integrados como cidadãos nos países nos quais residam atualmente.

(Não há referência à exigência de soberania para algum estado palestino.)

Terceiro: Depois de alcançado um acordo quanto aos “princípios centrais da solução final” para a Palestina, entre Arábia Saudita e EUA (Israel), haverá uma reunião de todos os ministros de relações exteriores da região, para apoiar o acordo. Na sequência virão as negociações finais.

Quarto: Em coordenação e cooperação com Israel, a Arábia Saudita usará seu poder econômico para convencer o público árabe, daquele plano. Aqui o documento anota corretamente que “No início da normalização das relações com Israel, a normalização não será aceitável para a opinião pública no mundo árabe.” O plano aqui é, essencialmente, subornar o público árabe, para que aceite o plano.

Quinto: O conflito palestino distrai a atenção, afastando-a da verdadeira questão dos governantes sauditas na região, que é o Irã:

“Assim sendo, sauditas e israelenses concordam em tomar as seguintes medidas:

1. Contribuir e cooperar para reagir contra quaisquer atividades que interessem às políticas agressivas do Irã no Oriente Médio. A afinidade ente Arábia Saudita e Israel tem de encontrar correspondência numa abordagem sincera dos EUA contra o Irã.

2. Aumentar sanções dos EUA e internacionais relacionadas aos mísseis balísticos do Irã.

3. Aumentar as sanções contra o apoio que o Irã dá a terroristas e ao terrorismo em todo o mundo.

4. Reexame do grupo (5+1) no acordo nuclear com o Irã, para garantir a implementação literal e estrita de seus termos.

5. Limitar o acesso do Irã aos seus bens congelados e explorar a deterioração da situação econômica do Irã, usando-a para aumentar a pressão de dentro para fora contra o regime iraniano.

6. Cooperação intensiva de inteligência na luta contra o crime organizado e o tráfico de drogas apoiados pelo Irã e pelo Hezbollah.”

O memo é assinado por Adel al-Jubeir. (Mas quem foram os ‘conselheiros’ que ditaram para ele?)

O plano de paz dos EUA para a Palestina visa a pressionar palestinos e árabes a fazer qualquer coisa que Israel queira. Os sauditas concordarão com isso, com mínimas exigências, só se EUA e Israel os ajudarem a pôr fim ao Irã, nêmese do reino.

Mas é impossível. Nem Israel nem os EUA aceitarão garantir “relacionamento paritário” para a Arábia Saudita. Faltam à Arábia Saudita todos os elementos para se tornar estado supremo no Oriente Médio árabe. O Irã não será derrotado.

O Irã está no núcleo mais duro do eleitorado xiita e no coração da resistência contra o imperialismo “ocidental”. As populações xiitas e sunitas alinhadas no Oriente Médio são praticamente do mesmo tamanho.

O Irã tem população quase quatro vezes maior que os sauditas. É cultura muito mais antiga e mais densa que a da Arábia Saudita. A população do Irã é bem-educada e com bem desenvolvidas capacidades industriais. O Irã é uma nação, não um conglomerado de tribos do deserto como se vê na península governada pelos al-Saud. O Irã é absolutamente imbatível, graças à posição geográfica e os recursos que tem.

Então, sempre tentando derrotar o Irã, os sauditas iniciaram guerras à distância no Iraque, na Síria, no Iêmen e agora no Líbano. Para vencer essas guerras, precisam de coturnos em solo. Então, os sauditas alugaram e enviaram para lá a única infantaria que jamais tiveram à sua disposição. Mas as hordas de fanáticos alugados – al-Qaeda e ISIS – foram derrotadas. Dezenas de milhares deles foram mortos em combates no Iraque, na Síria e no Iêmen.

Apesar da campanha global de propaganda e mobilização, quase todas as forças potencialmente mobilizáveis foram derrotadas pelas resistências locais em campo.

Nem o estado dos ocupantes sionistas colonialistas nem os EUA estão dispostos a mandar soldados para lutar pela supremacia dos sauditas.

O grande ‘plano’ do governo Trump para alcançar a paz no Oriente Médio é carregado de esperanças, mas lhe faltam todos os detalhes indispensáveis ao sucesso.

Os sauditas prometem apoiar o plano dos EUA, se o governo Trump aceitar fazer guerra contra a nêmese do reino saudita, o Irã. Mas as lideranças sauditas e em Washington são fracas e impulsivas, e todos esses planos têm pouca chance de sucesso. Mas os planos avançarão de qualquer modo e continuarão a criar quantidades enormes de danos colaterais.

A entidade sionista não se sente realmente pressionada a fazer paz alguma. De fato, até já começou a meter os pés nos tais planos. E tentará explorá-los exclusivamente a favor dela mesma.

http://somostodospalestinos.blogspot.com.br/2017/11/plano-dos-sauditas-para-entregar.html

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Dia 25 , Grupo de Estudos de Anarquismo no Instituto Helena Greco


ATIVO ESTADUAL DE FINANÇAS – 18 DE NOVEMBRO DE 2017 BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS

                                                                       

Programação:

I – Abertura – 09 horas.
II – Política de finanças e a construção do PCB – 10 horas.
III - Almoço – 12 horas às 13 horas.
III – As finanças do PCB e dos coletivos partidários - 13 horas às 15 horas.
IV – Plano Estadual de Finanças – 15 horas às 18 horas.

Política de finanças

Outro elemento fundamental para o fortalecimento orgânico do Partido é uma política de finanças criativa e ousada, que possibilite a construção material do Partido, a nossa independência financeira e política. A tarefa de finanças é não só um dever de todo militante, mas também um motivo de orgulho de cada camarada. 

Vale lembrar que não se pode realizar grandes tarefas políticas se não tivermos recursos materiais. Contribuindo financeiramente com sua organização revolucionária e tornando-a materialmente capaz de intervir na luta social e política, estaremos contribuindo para transformar nosso Partido num poderoso instrumento do proletariado para a revolução brasileira. 

Nesse sentido, tanto as células, quanto nossos coletivos partidários devem definir uma política de finanças na área onde atuam, com criatividade e ousadia, para dotar o Partido das condições materiais para fazer a grande política.

Mas só as contribuições das células não bastam para dotarmos o Partido de uma estrutura material com capacidade de intervir na luta social e política. É necessária a construção de instrumentos que possibilitem uma política de finanças para além do Partido. Nesse sentido, é importante recuperarmos alguns elementos de nossa tradição de construção financeira.


A Caixa Preta da Ditadura Civil Militar

                                                                              
Lucas Figueiredo é um dos mais premiados jornalistas brasileiros e um dos raros profissionais a quem faz sentido associar o termo “investigativo”. Nunca foi um mero e acrítico reprodutor de grampos ou documentos convenientemente vazados por autoridades, esse estilo preguiçoso que construiu na mídia carreiras tão meteóricas quanto inconsistentes.

Só por essa razão valeria prestar atenção em seu novo livro, Lugar Nenhum: Militares e Civis na Ocultação dos Documentos da Ditadura (Lucas Figueiredo. Companhia das Letras. 170 págs., 34,90 reais), integrante de uma coleção sobre os arquivos da repressão organizada pela Companhia das Letras. 

Há outro motivo, tão relevante quanto as qualidades do autor: Figueiredo foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade. Tem, portanto, autoridade e conhecimento de sobra para analisar o assunto.

CartaCapital: Por que os militares ainda resistem a fornecer documentos sobre a ditadura, principalmente os arquivos da repressão?

Lucas Figueiredo: Uma vez no poder, a partir de 1964, os militares implantaram uma política de Estado baseada na perseguição, sequestro, tortura, assassinato e ocultação de corpos daqueles considerados inimigos. No fim da ditadura, eles trabalharam para apagar ou esconder a memória de seus crimes.Destruir todos os documentos poderia, no entanto, parecer uma confissão de culpa, então boa parte dos arquivos foi simplesmente escondida em organizações militares ou colocada sob a guarda de oficiais da reserva. 

Ao manter intacta parte dos arquivos, os militares puderam e sempre poderão dizer, sobretudo para o público interno, que não têm do que se envergonhar em relação ao passado, que apenas cumpriram seu dever ao aniquilar o inimigo disposto a dominar o País e converter o Brasil em uma ditadura de esquerda.Ainda segundo esse discurso, manter os arquivos longe do público, da mídia, do Ministério Público e da Justiça seria dar continuidade à luta contra o comunismo. Ainda hoje, os militares se escondem atrás de uma suposta luta contra o revanchismo patrocinado por antigos e novos inimigos. No vermelho da goiaba, as Forças Armadas apenas escondem seus crimes.

CC: Os civis ainda têm medo dos militares, ainda são assombrados pelo fantasma de um golpe tramado nas casernas?

LF: No fim da ditadura, Tancredo Neves fez um pacto silencioso com os militares. O governo civil não investigaria os crimes das Forças Armadas na ditadura e, em troca, os militares não trabalhariam para desestabilizar o governo civil. Em sua primeira entrevista como presidente eleito, em 1985, Tancredo deixou isso bem claro ao dizer que não governaria olhando pelo retrovisor, que não estava disposto a trabalhar para colocar os militares no banco dos réus.

O pacto delineado por Tancredo foi posteriormente implantado por José Sarney e mantido por Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e, agora por Dilma Rousseff. Nenhum presidente civil do pós-ditadura, não custa lembrar, eles também são os comandantes-em-chefe das Forças Armadas, atuou com energia para abrir os arquivos.

Preferiram engolir a desculpa esfarrapada dos militares, e eu me refiro aos ministros militares e comandantes pós-1985, de que os arquivos foram destruídos em época incerta e sem registro. De Sarney a Dilma, todos os presidentes civis poderiam dizer aos comandantes militares que essa desculpa da destruição total e corriqueira dos arquivos é inaceitável.

Se arquivos foram destruídos, e uma grande parte realmente o foi, isso tinha o objetivo de apagar provas, o que também pode ser entendido como infração administrativa e crime. Quem diz isso não sou eu, é a legislação que trata da salvaguarda de documentos sigilosos do período posterior a 1964. Enfrentar os militares, exigir deles explicações convincentes, significaria inaugurar uma agenda complexa e sujeita a turbulências.

Não acredito que hoje haveria risco de golpe militar, mas certamente haveria tensão política e nos quartéis. Até hoje, contudo, não subiu a rampa do Palácio do Planalto alguém disposto a implantar essa agenda.Basta lembrar que FHC e Lula, por intermédio da Advocacia-Geral da União, tentaram evitar, com todas as forças possíveis, que a Justiça Federal de Brasília ordenasse a abertura dos arquivos da Guerrilha do Araguaia. 

Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma acharam que seria mais cômodo para eles deixar as gavetas trancadas. Ainda que isso tenha significado colocar a democracia em posição extremamente frágil.

CC: Há quem argumente que a sociedade brasileira tem menos interesse nos crimes da ditadura do que nos países vizinhos. Isso explicaria os nossos tímidos avanços. Concorda com essa visão ou acredita que o problema deriva dos receios, até mesmo covardia, de quem teria poder para exigir e garantir a transparência desse processo? Ou está no fato de que muitos dos apoiadores do regime continuam na ativa, tanto na política quanto no setor privado?
                                                                  
LF: Concordo com todas essas razões. A partir de 1985, o poder civil no pós-ditadura esteve impregnado de apoiadores do regime militar. E, diferentemente do que aconteceu e ainda acontece na Argentina e no Uruguai, por exemplo, esse não é um assunto caro a uma parcela grande da sociedade brasileira. Há, por certo, setores muito empenhados, de organizações de familiares a grupos muito preparados dentro do Ministério Público e da Justiça. Mas não há como negar que o grosso da sociedade não se incomoda com o passado autoritário do País.

CC: O Brasil terá outra oportunidade de discutir esse assunto a fundo ou as comissões da verdade vão enterrar de vez a possibilidade de o País se reencontrar com seu passado? Um dia teremos torturadores e mandantes julgados e presos?

LF: Com o resultado tímido da Comissão Nacional da Verdade, perdemos uma grande chance de avançar. A luta pelo resgate da verdade sempre vai existir, mas a luta pela Justiça agora corre contra o tempo, pois falamos de crimes ocorridos há 30, 40 ou 50 anos. Daqui a pouco, mesmo que se decida julgar os crimes da ditadura, não haverá ninguém para sentar no banco dos réus.

* Reportagem publicada na edição 871 de CartaCapital com o título "Medo e Mentiras"

(Com a Fundação Dinarco Reis)

Contra a criminalização da Liga dos Comunistas da UFOP

                   

                 Nota de repúdio à criminalização da Liga dos Comunistas (UFOP)

17/11/2017

O Partido Comunista Brasileiro-PCB, a corrente Sindical Unidade Classista, a União da Juventude Comunista e os Coletivos Ana Montenegro, Minervino de Oliveira e LGBT Comunista vêm a público manifestar repúdio à tentativa de criminalização via inquérito da Polícia Federal sobre as atividades acadêmicas da Liga dos Comunistas da UFOP – Núcleo de Estudos Marxistas, desde 2009 vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPQ.

Reiteramos também nosso repúdio à proibição do Centro de Difusão do Comunismo-CDC UFOP (cassado em 14 de agosto de 2013) e a tentativa de criminalização do Grupo de Estudos e Pesquisa Marx, Trabalho e Educação da FAE-UFMG (processo arquivado) que ocorreu no primeiro semestre 2017.

O anticomunismo presente e crescente no Brasil e no mundo tem como alvo principal os partidos comunistas, seus militantes, e as lideranças sindicais, estudantis e populares. 

No âmbito acadêmico universitário seu alvo predileto são os professores e estudantes vinculados aos grupos e núcleos de pesquisa que contestam o status quo dominante. 

Os conservadores e os grupelhos fascistas buscam utilizar o aparato do Estado Burguês para tentar coibir, proibir e reprimir todas as manifestações de livre pensamento crítico à ordem do Capital.

O coordenador do núcleo de pesquisa, professor André Mayer, é um destacado dirigente sindical, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (ADUFOP) – seção sindical do ANDES-Sindicato Nacional e membro do Comitê Estadual do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da corrente sindical Unidade Classista.

Convocamos os/as militantes do PCB e de seus coletivos partidários (UC, UJC, CFCAM, CNMO e LGBT Comunista) a marcarem presença na porta da Delegacia da Polícia Federal em Belo Horizonte no dia do depoimento do camarada André, em um ato de solidariedade. O depoimento irá acontecer no dia 29/11/17, quarta-feira, a partir das 14h.

Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Nesta terça um ato contra a censura no Teatro da Cidade às 19h

                                                                          

Pedro Paulo Cava <pedropaulocava@pedropaulocava.com.br>

Caros amigos:

Artistas de todas as categorias, jornalistas, entidades de classe da sociedade civil, personalidades, intelectuais, professores, têm se reunido há alguns dias no Sindicato dos Jornalistas de MG, para esboçar um movimento contra os arbítrios, contra a censura e contra as agressões que vêm sofrendo várias manifestações do pensamento e da criação artística em Minas e no Brasil, comandadas pelos evangélicos mais fundamentalistas e,  mais recentemente, por católicos retrógrados pertencentes à renovação carismática.

Aqui em Minas este terrorismo religioso e fascista foi protagonizado contra a exposição de Pedro Moraleida no Palácio das Artes.

A censura às artes e à liberdade de expressão é um movimento orquestrado pelos neofascistas brasileiros que se uniram a religiosos raivosos para levar a cabo a destruição da cultura plural e diversa do povo brasileiro. 

Estes grupos da extrema direita que saíram do armário nos últimos anos, são vários e ruidosos e querem cercear as liberdades civis garantidas pela Constituição Federal, acabar com o estado laico e implantar um governo que remonta aos tempos da inquisição. 

Convém lembrar também que foi desta forma que em 1933,  a Alemanha de Hitler destruiu toda a arte e o pensamento daquele país e depois de toda a Europa, implantando uma estrutura policial-militar de governo que deu no que todos sabem.

Ao deparar-me com os descalabros que vêm sendo cometidos em nosso país, lembrei-me do nosso passado recente de combate à ditadura, à censura e aos fascistas que atrasaram em mais 30 anos os avanços que a sociedade brasileira exigia.

Como podem ver a história tende a se repetir de tempos em tempos. É preciso dizer: - basta! Partir para o enfrentamento, defender as instituições livres e democráticas e defender em especial, o futuro de nossos filhos, netos e garantir a liberdade de expressão e criação para sempre em nosso país, da forma como está contemplada em nossa Carta Magna.

Não é possível admitir retrocessos e nem se intimidar diante da intolerância e virulência de quem se arvora em dono da verdade única e imutável. Estes são os fundamentalistas que se assemelham ao que vemos hoje no oriente médio com o surgimento de grupos religiosos, terroristas e fanáticos, jamais visto. 

Estas seitas e doutrinas que, em nome de uma pretensa religião salvadora, matam, destróem e eliminam tudo que sequer entendem e que consideram um perigo para seus planos de chegar ao poder, dominar e escravizar pela ilusão do dogma, os mais frágeis e ignorantes a respeito de sua própria história e condição humana.

Da minha parte, junto a minha voz a milhares que estão nesta luta pela criação da FRENTE NACIONAL DE  LUTA CONTRA A CENSURA e convoco a todos os que ainda prezam sua liberdade para um encontro no Teatro da Cidade, nesta terça-feira, dia 14/11/2017, às 19 horas, para que possamos traçar as estratégias de um ato público contra a censura e o obscurantismo.

Peço que repassem a seus contatos. Esperamos vocês.
Com meu abraço, em nome do coletivo do Sindicato dos Jornalistas,
Conclamo a se moverem em defesa das nossas liberdades duramente conquistadas e da nossa cultura.
Depois será tarde.
Censura Nunca Mais!!!

**Aproprio-me abaixo da poesia de resistência de um dos grandes poetas brasileiros, para que possamos permanecer vigilantes, lúcidos, atentos e fortes ao momento histórico que atravessamos.

Pedro Paulo Cava
(31) 3273-1050 - Teatro da Cidade - após 14:30h
(31)99982-4631
www.teatrodacidade.com.br

O mundo seria diferente se a URSS não tivesse vencido


A Revolução Russa

                                                                         
                                                                            

Astrojildo Pereira (*)

Bem difícil, sem dúvida, é precisar o curso dos atuais acontecimentos na Rússia. Aliás, seria rematada tolice pretender firmar tais ou quais traços definitivos do grande movimento que deu por terra, abruptamente, com a casta dos Romanov, e com ela, de cambulhada, todas as demais castas aristocráticas e monopolizadoras das riquezas e do poder.


Movimento de tal magnitude e complexidade, revolvido por mil correntes diversas, há de por força manifestar-se confuso e contraditório, com altos e baixos, com claros e escuros violentos. Impossível, pois, determinar em linhas inflexíveis os traços essenciais dos fatos revolucionários e suas consequências. 

O que não quer dizer que, em meio do cipoal dos telegramas e correspondências e de outros documentos mais raros, não se possa fazer uma ideia mais ou menos aproximada do grande drama político – grande por si mesmo e ainda maior pelas suas consequências – da orientação que o tem guiado e das tendências que o caracterizam.

Os dois núcleos orientadores do movimento, a Duma e o Comitê de Operários e Soldados – este surgido da própria Revolução –, logo tomaram posições antagônicas, terminado o primeiro golpe demolidor. A Duma, vinda do antigo regime, pode-se dizer que representa, em maioria, a burguesia moderada e democrática, ao passo que o Comitê de Operários e Soldados, composto de operários, representa o proletariado avançado, democrata, socialista e anarquista. 

A Duma deu o governo provisório e o primeiro ministério; o Comitê de Operários e Soldados derrubou o primeiro ministro, influiu poderosamente na formação do segundo e tem anulado quase por completo, senão de todo, a ação da Duma.

Insignificante, sem nenhum peso, ao menos até agora, o elemento reacionário e aristocrático, a situação russa tem de obedecer, na sua luta pela estabilização pública, às duas forças principais enfeixadas pelo proletariado socialista e anarquista e pela burguesia democrática e republicana. A qual das duas forças está destinada a preponderância na reorganização da vida russa? O que se pode afirmar com certeza é que essa preponderância tem cabido, até agora, ao proletariado.

E como o proletariado, cuja capacidade política já anulou o papel da Duma burguesa, está também com as armas na mão, não encontrando, pois, resistência séria aos desígnios, não muito longe da certeza andará quem prever a sua contínua preponderância, até a completa absorção de todos os campos da vida nacional, extinguindo-se, de tal modo num prazo mais ou menos largo, a divisão do povo em castas diversas e inimigas.

E inútil é insistir na influência que tais acontecimentos exercerão no resto do mundo, na obra de reconstrução dos povos, cujos alicerces estão sendo abalados pelo fragor inaudito dos grandes canhões destruidores…

(*) Astrojildo Pereira é um dos fundadores do PCB e seu primeiro secretário geral.Blog da Boitempo disponibiliza um artigo clássico de Astrojildo , recuperado para a edição especial da revista Margem Esquerda, um volume inteiramente dedicado ao centenário da Revolução Russa.

Escrito no calor da hora, texto foi e publicado no primeiro número periódico carioca O Debate, de julho de 1917. No ano seguinte, o jovem jornalista anarcossindicalista seria preso por participar da frustrada insurreição anarquista de 1918, sendo libertado em 1919. É sob o impacto mundial da experiência revolucionária russa que começava a se desdobrar que Astrojildo eventualmente adere ao comunismo, chegando a fundar, em 1921 o Grupo Comunista do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, o Partido Comunista do Brasil.

(Com Prestes a Ressurgir)

sábado, 11 de novembro de 2017

Outubro (*)

                                                                

 Jorge Cadima   

A Revolução de Outubro mostrou que é possível uma sociedade diferente, que é mentira que tenha de ‘ser sempre assim’. Mostrou que a Humanidade não precisa de banqueiros, de grandes capitalistas ou latifundiários para viver e progredir. Mostrou que quando a sociedade humana deixa de alimentar os apetites insaciáveis das classes parasitárias, cai por terra a tese do ‘não há dinheiro’ para despesas sociais.

É impossível falar do último século sem falar da grande Revolução Socialista de Outubro, o maior acontecimento libertador da História. Mesmo os seus inimigos o sabem. Por isso a denigrem e falsificam. Porque a odeiam, mas também porque dela continuam a ter medo.

A Revolução de Outubro mostrou que é possível uma sociedade diferente, que é mentira que tenha de ‘ser sempre assim’. Mostrou que a Humanidade não precisa de banqueiros, de grandes capitalistas ou latifundiários para viver e progredir. Mostrou que quando a sociedade humana deixa de alimentar os apetites insaciáveis das classes parasitárias, cai por terra a tese do ‘não há dinheiro’ para despesas sociais.

Apesar do atraso da Rússia czarista e da hostilidade permanente das classes exploradoras de todo o mundo, a União Soviética socialista assegurou ‘dinheiro’ para alfabetizar e educar todo o povo, com ensino gratuito e de qualidade. ‘Houve dinheiro’ para assegurar cuidados de saúde gratuitos, férias, descanso, cultura, ciência e desporto para todos. 

‘Houve dinheiro’ para, sem esmolas caritativas, assegurar direitos laborais, segurança na terceira idade e perante os infortúnios da vida, direitos das mulheres e das crianças. O desemprego foi erradicado. Enquanto o mundo capitalista se afundava na grande crise dos anos 30, a URSS assegurou um impetuoso desenvolvimento das forças produtivas, transformando-se numa grande potência industrial. Façanhas possíveis porque a sociedade deixou de ser gerida em função do lucro e dos interesses do grande capital financeiro.

A Revolução de Outubro não foi apenas uma Revolução russa. Foi uma Revolução que inspirou os trabalhadores e povos de todo o mundo. Foi uma Revolução da Humanidade trabalhadora, explorada e oprimida. Foi o seu exemplo que pôs fim à carnificina da I Guerra Mundial, alentando a revolução alemã de 1918.

Que levou o movimento operário de todo o mundo a criar os seus partidos revolucionários de classe e potenciou a luta das classes exploradas pelos seus direitos sociais. Que inspirou os povos colonizados (a maioria da Humanidade) a libertarem-se da dominação imperialista. Que inspirou novas revoluções socialistas e a luta anti-fascista. 

Foi o pavor de que o exemplo da Revolução de Outubro se generalizasse que levou o grande capital – sobretudo após a derrota da aposta no fascismo – a fazer concessões que representaram avanços sociais até então desconhecidos e que não são fruto do capitalismo, como os dias de hoje dramaticamente comprovam. A Humanidade deve muito à Revolução de Outubro. Incluindo a derrota do monstro nazi-fascista, filho do capitalismo em crise, e a defesa da paz mundial.

Não é um acaso que o desaparecimento da URSS tenha sido acompanhado de um enorme retrocesso para os trabalhadores e povos do mundo: explodiram de novo a exploração de classe desenfreada, enormes desigualdades sociais e as guerras e agressões do imperialismo. 

O capitalismo, mais livre para funcionar de acordo com as suas leis (e contradições), caiu numa profunda crise sistémica. É também o século XXI que mostra que a Revolução de Outubro faz falta aos trabalhadores e aos povos. E ninguém melhor do que as classes dominantes deste cada vez mais parasitário e destrutivo capitalismo sabe que ela aponta o caminho do ‘outro mundo’ necessário e possível. É por isso que, cem anos depois, continuam a temê-la e odiá-la. Viva a Revolução de Outubro!

(*) Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2293, 9.11.2017

(Com Odiario.info/Ilustração: cartaz publicado por Russia Beyond)