quarta-feira, 8 de novembro de 2017

100 anos da revolução em que os camponeses e operários tomaram o poder


                                                                              
Por conta do centenário da Revolução de Outubro, que alçou os bolcheviques ao poder na Rússia, a Resumen Latinoamericano dialogou com três acadêmicos latino-americanos para compreender seus alcances e consequências. Como a primeira revolução comunista influiu no resto do mundo? Que transformações desenvolveu? Como é lembrada hoje em dia nas diferentes partes do planeta?

Tratou-se da “primeira ocasião na história em que se mostrou que os camponeses, os operários, os trabalhadores podiam tomar o poder político”, opinou o historiador venezuelano Lionel Muñóz.

Por sua vez, o sociólogo e professor da Universidade de Buenos Aires (Argentina), Martín Ogando, considerou que é “o evento político mundial mais importante do século XX” já que “o socialismo, enquanto transição para uma sociedade pós-capitalista, se converteu em um horizonte possível que envolveu milhões de seres humanos”.

Do mesmo modo, o também historiador e escritor mexicano Leopoldo Mendívil López analisou que “teve o maior impacto econômico no mundo desde que surgiu o capitalismo, no século XVII”. Em poucos anos, “30 países que anteriormente estavam ligados ao comércio da Europa, constituíram a grande esfera soviética”.

De Marx a Lenin

Embora tenha existido o fugaz antecedente da Comuna de Paris (1871), a Revolução Russa fez nascer a primeira experiência exitosa de um governo socialista.

“Essa tomada do poder esteve relacionada com um desenvolvimento teórico importante por parte das correntes que vinham inspirando-se nos pensamentos de Karl Marx desde o século XIX”, explica Muñóz, que também é diretor do Instituto de Estudos Hispano-americanos. Essas ideias encontraram “uma via de execução prática” por meio da obra de Vladímir Lenin, “um dos condutores daquela revolução”.

Comunistas russos através de uma bandeira com a imagem do líder bolchevique Vladímir Lenin / Eduard Korniyenko / Reuters

Para o intelectual venezuelano, Lenin deu “operacionalidade, aterrissou no terreno político as teorias desenvolvidas por Marx” e abordou “fenômenos novos dos quais Marx não falou, como o imperialismo”.

Muñóz destacou que o líder russo “deu ao marxismo uma tradução política organizativa através de uma proposta que terminou sendo a da ala radical – bolchevique – do Partido Operário Socialdemocrata da Rússia”.

O terço socialista do mundo

Com o correr dos anos e, sobretudo, após a Segunda Guerra Mundial, a influência da União Soviética se expandiu por grande parte do planeta. Em 1980, nas repúblicas soviéticas viviam em torno de 400 milhões de pessoas, “a oitava parte da população terrestre”, assinalou Mendívil López.

Ogando ampliou o olhar e pontuou que, depois dessa contenda, “um terço da humanidade habitava Estados-Nações que reivindicavam, sob distintas modalidades, uma organização social identificada com o socialismo”. Depois, diferentes variantes revolucionárias ou reformistas “organizaram movimentos de massas” e governaram “nos cinco continentes”.

Não obstante, o sociólogo argentino esclareceu que “sob a palavra ‘socialismo’ se agruparam as mais diversas experiências e se desenvolveram as mais amargas controvérsias”. Embora “tenha sido um núcleo de articulação hegemônica eficaz durante grande parte do século XX”, seu conteúdo específico “foi terreno de árduas disputas” e, “por momentos, tratou-se de um ensaio polifônico repleto de adjetivos: socialismo nacional, socialismo árabe, socialismo democrático, novo socialismo…”.

Finalmente, Muñóz destacou que “uma das maiores contribuições” que podem contar-se da Revolução de Outubro é “ter transformado a velha Rússia czarista, submersa no atraso, em uma potência industrial e, mais tarde, militar”.

Porém, mais importante ainda, foi que surgiu a URSS e “derrotou o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial”, uma vitória “conquistada inteiramente por conta do esforço heroico, sobre-humano” do povo soviético: “a humanidade inteira tem uma dívida para com este povo e a Revolução socialista de 1917”, concluiu o historiador venezuelano.

Santiago Mayor em colaboração com Ernesto J. Navarro e José Luis Montenegro

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/11/07/100-anos-de-la-revolucion-que-demostro-que-los-campesinos-y-los-obreros-podian-tomar-el-poder/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

*Censo oficial czarista, que foi secreto até antes da revolução 1917.

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