domingo, 29 de abril de 2012

Primeiro de Maio: Dia de Luta e Resistência dos Trabalhadores

Trabalhador: obra do artista plástico espanhol Carlos Carreteiro, autorização para utização ao jornalista José Carlos Alexandre
                                                                                  
 (Nota Política do Comitê Central do PCB)

São vários os desafios para a classe trabalhadora neste 2012. A agudização da atual crise do capitalismo desperta a sanha imperialista por novas guerras, como no caso da Síria e do Irã; desmascara o poder dos grandes bancos e das corporações industriais multinacionais sobre a autodeterminação dos povos, como na Grécia e na Itália; e traz mais arrocho econômico e retirada de direitos para trabalhadores de todo o mundo – inclusive de nós, brasileiros.


A crise encontra no Brasil um governo que se alia cada vez mais ao capital e contra os trabalhadores, como comprovam os cortes no Orçamento, de cerca de R$ 50 bilhões em 2011 e outros R$ 50 bilhões agora em 2012, e a retirada de direitos trabalhistas através de legislação que altera a relação entre patrões e empregados nas médias e pequenas empresas.


Nem mesmo a “medida de contenção” dos anos anteriores o governo está disposto a oferecer: a liberação de crédito (uma política de endividamento crescente da população que dá às camadas populares a ilusória sensação de melhoria de vida) é cada vez mais dificultada pelo sistema financeiro.


O Governo Dilma atende prioritariamente aos interesses e necessidades dos grandes banqueiros, dos especuladores e das grandes empresas que exploram o trabalhador brasileiro: ao mesmo tempo em que retira recursos do Orçamento para as pastas de Saúde e Educação, entre outras, concede benefícios fiscais direcionados a estes setores da Economia, como no último “pacotaço” do Executivo, apoiado pelo sindicalismo patronal e por representações da classe trabalhadora, como a CUT, a CTB, a Força Sindical, que agem em favor do capital e aderiram ao governo e sua política, fazendo o jogo da conciliação de classes.


Dilma mantém intacta a sangria do pagamento dos juros e amortizações da dívida pública brasileira: mesmo antes do corte de R$ 50 bilhões, 47,19% dos recursos do orçamento da união previstos iriam para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, enquanto a Saúde ficava com 3,98% e a Educação com 3,18%.


Esses fatores explicam o fato de sermos a sexta maior economia do mundo e ocuparmos a 84º posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com o sucateamento da saúde pública, as escolas mal equipadas e baixos salários para os profissionais da saúde e educação, transporte público precário nos grandes centros urbanos, falta de moradia digna e péssimas condições sanitárias para um número ainda enorme de lares brasileiros.



Continuam os leilões dos campos de petróleo e de áreas de exploração no pré-sal, com a participação de empresas que não têm as condições técnicas de operar nesses campos sem colocar em risco o ecossistema, como no recente caso da Chevron. São priorizados os lucros das grandes empreiteiras, as maiores beneficiárias, juntamente com os bancos, dos governos FHC e Lula, com obras como a de Belo Monte e Jirau e as instalações esportivas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.


Por outro lado, cresce a insatisfação de diversos grupos sociais contra este estado de coisas, como atestam as manifestações quase diárias contra a calamidade dos transportes públicos. Os trabalhadores das obras do PAC também reagiram às condições de superexploração e semiescravidão impostas pelas empreiteiras como a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e outras – muitas delas financiadoras das campanhas eleitorais do PT e de seus aliados.


Como demonstrou a manifestação em favor do “Pacotaço” ocorrida em São Paulo , as centrais sindicais ligadas ao governo repetirão este ano as grandes festas no 1º de Maio, com artistas famosos, distribuição de brindes, bebidas e sorteios, além de muito discurso a favor do Governo e do “pacto entre trabalhadores e patrões”. A velha máxima do “pão e circo” será a tônica em muitos centros urbanos do país, buscando desarmar ideologicamente a classe trabalhadora brasileira no enfrentamento ao patronato e ao sistema capitalista.


Para o PCB, a hora é de reforçar a unidade dos movimentos populares, das forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, no caminho da formação de um bloco proletário capaz de contrapor à hegemonia burguesa uma real alternativa de poder popular, com a organização da Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, que possa ordenar ações unitárias contra o poder do capital e do imperialismo, rumo à construção da sociedade socialista. Propomos a luta por:


Redução da jornada de trabalho sem redução de salários


Salário mínimo do Dieese; Fim do imposto de renda sobre os salários

Contra a transformação da Previdência em Fundo de Pensão, contra o Funpresp


Solidariedade internacionalista à luta dos trabalhadores


Unidade da classe trabalhadora numa Frente Anticapitalista e Anti-imperialista


Pela Reforma Agrária


Contra a criminalização dos movimentos sindicais e sociais em Luta

Contra o modelo de desenvolvimento econômico a favor do capital


Por uma sociedade Socialista


PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB

COMITÊ CENTRAL

Maio 2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

                          Declaração do I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas Sobre o Caráter da Reforma Agrária


1961


José Carlos Alexandre



Eu hoje vou relembrar um fato histórico acontecido em Belo Horizonte e que repercutiu em todo o Brasil. Trata-se do I Congresso dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil. Sob a liderança de Lindolfo Silva e Nestor Veras, o evento aconteceu na Assembleia Legislativa, que funcionava na Rua Tamoios, esquina com a Rua Rio de Janeiro, onde hoje encontra-se a operadora de telefone celular Oi. Neste mesmo local funcionou também a Câmara Municipal, antes de sua mudança para a Avenida dos Andradas. Atente-se para a principal reivindicação: a Reforma Agrária, que grupos radicais então em formação, a queria "Na Lei ou na Marra"...Na Marra ou não, até hoje os trabalhadores rurais, o MST, a Contag, a Vila Campesina e outras entidades dos homens do campo continuam com a mesma reivindicação. Infelizmente, o diretor da Contag e do jornal "Terra Livre", Nestor Veras, foi sequestrado em Belo Horizonte em 1975, à porta de uma drograria e até hoje ninguém sabe de seu pardeiro.Coisas da ditadura cívico-militar de 1964. Mais uma explicação a ser dada pelos órgãos de segurança à futura Comissão Nacional da Verdade




As massas camponesas oprimidas e exploradas de nosso país. reunidas em seu I Congresso Nacional, vêm, por meio desta Declaração, manifestar a sua decisão inabalável de lutar por uma reforma agrária radical. Uma tal reforma nada tem a ver com as medidas paliativas propostas pelas forças retrógradas da Nação, cujo objetivo é adiar por mais algum tempo a liquidação da propriedade latifundiária. A bandeira da reforma agrária radical é a única bandeira capaz de unir e organizar as forças nacionais que desejam o bem-estar e a felicidade das massas trabalhadoras rurais e o progresso do Brasil.

O I Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, após os debates travados durante o período de sua realização. definiu os elementos básicos que caracterizam a situação das massas camponesas e fixou os princípios gerais a que deve subordinar-se uma reforma agrária radical.

A característica principal da situação agrária brasileira é o forte predomínio da propriedade latifundiária. Com a população rural de cerca de 38 milhões de habitantes, existem no Brasil apenas 2.065.000 propriedades agrícolas. Neste número incluem-se 70.000 propriedades latifundiárias, que representam 3,39% do total dos estabelecimentos agrícolas existentes, mas que possuem 62,33% da área total ocupada do país.

É o monopólio da terra, vinculado ao capital colonizador estrangeiro, notadamente o norte-americano, que nele se apóia, para dominar a vida política brasileira e melhor explorar a riqueza do Brasil. É ainda o monopólio da terra o responsável pela baixa produtividade de nossa agricultura, pelo alto custo de vida e por todas as formas atrasadas, retrógradas, e extremamente penosas de exploração semifeudal, que escravizam e brutalizam milhões de camponeses sem terra. Essa estrutura agrária caduca, atrasada, bárbara e desumana constitui um entrave decisivo ao desenvolvimento nacional e é uma das formas mais evidentes do processo espoliativo interno. A fim de superar a atual situação de subdesenvolvimento crônico, de profunda instabilidade econômica, política e social, e, sobretudo, para deter a miséria e a fome crescentes e elevar o baixo nível de vida do povo em geral e melhorar as insuportáveis condições de vida e de trabalho a que estão submetidas as massas camponesas, torna-se cada vez mais urgente e imperiosa a necessidade da realização da reforma agrária que modifique radicalmente a atual estrutura de nossa economia agrária e as relações sociais imperantes no campo. A reforma agrária não poderá ter êxito se não partir da cultura imediata e da mais completa liquidação dos monopólios da terra exercidos pelas forças retrógradas do latifúndio e o consequente estabelecimento do livre e fácil acesso à terra para os que a queiram trabalhar.

É necessário, igualmente, que a reforma agrária satisfaça as necessidades mais sentidas e as reivindicações imediatas dos homens do campo. Que responda, portanto, aos anseios e interesses vitais dos que trabalham a terra e que aqui se encontram reunidos, através de seus representantes e delegados de todo o país ao I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil.

Para os homens que trabalham a terra, a reforma agrária, isto é, a completa e justa solução da questão agrária do país, é a única maneira de resolver efetivamente os graves problemas em que se debatem as massas camponesas, e, portanto, elas, mais do que qualquer outra parcela da população brasileira, estão interessadas em sua realização. As massas camponesas têm a consciência de que a solução final depende delas.

A execução de uma reforma agrária, efetivamente democrática e progressista, só poderá ser alcançada à base da mais ampla e vigorosa ação, organizada e decidida, das massas trabalhadoras do campo, fraternalmente ajudadas em sua luta pelo proletariado das cidades, os estudantes, a intelectualidade e demais forças nacionalistas e democráticas do patriótico povo brasileiro.

As medidas aqui propostas, capazes de realmente conduzirem à solução do magno problema da reforma agrária em nossa pátria, evidentemente se chocam e se contrapõem aos interesses e soluções preconizadas pelas forças sociais que se beneficiam e prosperam à base da manutenção da arcaica e nociva estrutura agrária atual. Sobre essa estrutura repousa a instável economia, dependente e subdesenvolvida, de nossa pátria, e que, a todo custo, essas forças procuram impedir que se modifique.

A reforma agrária que defendemos e propomos diverge e se opõe frontalmente, portanto, aos inúmeros projetos, indicações e proposições sobre as pretensas "reformas", revisões agrárias e outras manobras elaboradas e apresentadas pelos representantes daquelas forças, cujos interesses e objetivos consultam sobretudo ao desejo de manter no essencial e indefinidamente o atual estado de coisas.

A reforma agrária pela qual lutamos tem como objetivo fundamental a completa liquidação do monopólio da terra exercido pelo latifúndio, sustentáculo das relações antieconômicas e anti-sociais que predominam no campo e que são o principal entrave ao livre e próspero desenvolvimento agrário do país.

Com a finalidade de realizar a reforma agrária que efetiva-mente interessa ao povo e às massas trabalhadoras do campo, julgamos indispensável e urgente dar solução às seguintes questões:

a) Radical transformação da atual estrutura agrária do país, com a liquidação do monopólio da propriedade da terra exercido pelos latifundiários, principalmente com a desapropriação, pelo governo federal, dos latifúndios, substituindo-se a propriedade monopolista da terra pela propriedade camponesa, em forma individual ou associada, e a propriedade estatal.

b) Máximo acesso à posse e ao uso da terra pelos que nela desejam trabalhar, à base da venda, usufruto ou aluguel a preços módicos das terras desapropriadas aos latifundiários e da distribuição gratuita das terras devolutas.

Além dessas medidas que visam a modificar radicalmente as atuais bases da questão agrária no que respeita ao problema da terra, são necessárias soluções que possam melhorar as atuais condições de vida e de trabalho das massas camponesas, como sejam:

a) Respeito ao amplo, livre e democrático direito de organização independente dos camponeses, em suas associações de classe.

b) Aplicação efetiva da parte da legislação trabalhista já existente e que se estende aos trabalhadores agrícolas, bem como imediatas providências governamentais no sentido de impedir sua violação. Elaboração de Estatuto que vise a uma legislação trabalhista adequada aos trabalhadores rurais.

c) Plena garantia à sindicalização livre e autônoma dos assalariados e semi-assalariados do campo. Reconhecimento imediato dos sindicatos rurais.

d) Ajuda efetiva e imediata à economia camponesa sob todas as suas formas.

As massas camponesas sentem agravar-se, a cada dia que passa, o peso insuportável da situação a que estão submetidas. Por isso mesmo, se imobilizam e se organizam para lutar decididamente pela obtenção de seus objetivos expressos em uma efetiva, democrática e patriótica reforma agrária. Essa luta já se processa e evoluirá até que sejam atingidos e realizados seus objetivos, pelos quais as massas do campo não pouparão esforços nem medirão sacrifícios.

Nas atuais condições, tudo deve ser feito para conseguir que as forças que dirigem os destinos da nação brasileira se lancem à realização de uma eficaz e inadiável política agrária, capaz de, através da execução de medidas parciais, ir dando solução às questões indispensáveis à plena realização da reforma agrária de que necessitam os lavradores e trabalhadores agrícolas, assim como todo o povo brasileiro; tais medidas, entre outras, são as seguintes:

a) Imediata modificação pelo Congresso Nacional do artigo 141 da Constituição Federal, em seu parágrafo 16, que estabelece a exigência de "indenização prévia, justa e em dinheiro" para os casos de desapropriação de terras por interesse social. Esse dispositivo deverá ser eliminado e reformulado, determinando que as indeniza-ções por interesse social sejam feitas mediante títulos do poder público, resgatáveis a prazo longo e a juros baixos.

b) Urgente e completo levantamento cadastral de todas as propriedades de área superior a 500 hectares e de seu aproveitamento.

c) Desapropriação, pelo governo federal, das terras não aproveitadas das propriedades com área superior a 500 hectares, a partir das regiões mais populosas, das proximidades dos grandes centros urbanos, das principais vias de comunicação e reservas de água.

d) Adoção de um plano para regulamentar a indenização em títulos federais da dívida pública, a longo prazo, e a juros baixos, das terras, desapropriadas, avaliadas à base do preço da terra registrado para fins fiscais,

e) Levantamento cadastral completo, pelos governos federal, estaduais e municipais, de todas as terras devolutas.

f) Retombamento e atualização de todos os títulos de posse da terra. Anulação dos títulos ilegais ou precários de posse, cujas terras devem reverter à propriedade pública.

g) O imposto territorial rural deverá ser progressivo, através de uma legislação tributária que estabeleça: 1.°) forte aumento de sua incidência sobre a grande propriedade agrícola; 2.°) isenção fiscal para a pequena propriedade agrícola.

h) Regulamentação da venda, concessão em usufruto ou arrendamento das terras desapropriadas aos latifundiários, levando em conta que em nenhum caso poderão ser feitas concessões cuja área seja superior a 500 hectares, nem inferior ao mínimo vital às necessidades da pequena economia camponesa.

i) As terras devolutas, quer sejam de propriedade da União, dos Estados ou Municípios, devem ser concedidas gratuitamente, salvo exceções de interesse nacional aos que nelas queiram efetiva-mente trabalhar.

j) Proibição da entrega de terras públicas àqueles que as possam utilizar para fins especulativos.

k) Outorga de títulos de propriedade aos atuais posseiros que efetivamente trabalham a terra, bem como defesa intransigente de seus direitos contra a grilagem.

l) Que seja planificada, facilitada e estimulada a formação de núcleos de economia camponesa, através da produção cooperativa.

Com vistas a um rápido aumento da produção, principalmente de gêneros alimentícios, que possa atenuar e corrigir a asfixiante carestia de vida em que se debate a população do país, sobretudo as massas trabalhadoras da cidade e do campo, o Estado deverá elaborar um plano de fomento da agricultura que assegure preços mínimos compensadores nas fontes de produção, transporte eficiente e barato, favoreça a compra de instrumentos agrícolas e outros meios de produção; garanta o fornecimento de sementes, adubos, insetici-das, etc, aos pequenos agricultores; conceda crédito acessível aos pequenos cultivadores, proprietários ou não, e combata o favoritismo dos grandes fazendeiros.

O I CONGRESSO NACIONAL DOS LAVRADORES E TRABALHADORES AGRÍCOLAS conclama o povo brasileiro a tomar em suas mãos esta bandeira e torná-la vitoriosa.

Belo Horizonte, 17 de novembro de 1961.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Danny Glover , um ativista pela causa dos antiterroristas cubanos

               


O  ator dos Estados Unidos Danny Glover é hoje um dos mais ativos lutadores a favor da causa dos cinco antiterroristas cubanos encarcerados no país nortenho em 1998.

O protagonista de filmes como "A cor púrpura" e "Arma letal" afirmou que decidiu se unir à luta durante o Foro Social Mundial de Porto Alegre, Brasil, em 2003, após olhar as faces das esposas e mães dos detentos.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Trabajadores, Glover expressou que considera Gerardo Hernández -um dos antiterroristas-, como seu irmão espiritual, e agregou que não deseja somente sua liberdade, mas a de seus quatro colegas -Antonio Guerrero, Fernando González, Ramón Labañino e René González-.

O líder da Campanha de Atores e Artistas dos Estados Unidos pela libertação dos Cinco cubanos a valiou que em termos políticos não há ainda suficiente pressão sobre Obama, não há quid pró quo, e quiçá o Governo não veja a conveniência de libertar estes homens inocentes.

Por isso, considerou, temos que continuar difundindo o tema em todo mundo. "Quanto mais pessoas tragamos à mesa maior será a quantidade que vamos ter trabalhando pela causa dos antiterroristas cubanos."

Para Glover é necessário que muitos mais compreendam a falta de sentido do que tem sucedido com Cuba durante os últimos 50 anos e algo mais, e expressou que sua relação com a ilha é emocional, sincera e prática, pelo que celebra sua existência.

Destacou que esses homens são um paradigma, "proativos na luta contra um grave problema: as agressões incessantes do Governo dos Estados Unidos contra a Revolução cubana".

Os Cinco cubanos, ressaltou, responderam honoravelmente, arriscaram suas vidas por convicção, recopilaram informação e protegeram o povo sem tomar a justiça por suas mãos".

Ao referir a sua relação com Gerardo Hernández, rememorou que a primeira vez que se encontrou com ele, em prisão, há dois anos, reforçou seus sentimentos na contramão da injustiça que se comete com os antiterroristas.

"Gerardo é verdadeiramente extraordinário. Seu amor por Adriana é admirável; o que sentem um pelo outro é o que todos sonharíamos", manifestou sobre o vínculo entre o lutador e sua esposa, à qual tem negado reiteradamente o visto para viajar aos Estados Unidos.

Segundo Glover, tenacidade e persistências são elementos essenciais na luta, e deve-se aproveitar toda oportunidade para explicar a situação dos Cinco, pois "durante um período de tempo os grandes meios de comunicação estiveram fechados para nós".

Há mais de 25 anos, recordou, tínhamos as notícias na CBS; muito antes daquele escândalo da Fox News, e podia-se ter um diálogo a respeito do que é Cuba. Agora há uma intenção exitosa de minimizar o impacto que tem a televisão para explicar o que está sucedendo em nosso mundo.

A luta toma já um nível de urgência, e quanto mais e mais pessoas saibam sobre estas famílias menos isoladas estarão elas em Havana, não pode ser só o povo cubano o que leve este ônus, nós também temos o dever de arrimar o ombro, remarcou.(Com a PL)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

                                                            
Intervenção do Camarada Joaquim Pereira Goulart Neto, Secretário Político do Comitê Municipal do PCB de Sabará por ocasião dos 90 anos do PCB, durante homenagem que a Câmara Municipal sabarense prestou ao Partido



No Brasil, diferente da Europa, que assistiu a organização de partidos operários ao longo do século XIX com designação social-democracia, a formação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) vinculou-se diretamente ao sucesso da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia.           A maior presença de operários originários do movimento anarquista expressou essa realidade específica do Brasil.



Em 1922 quanto foi fundado o Partido comunista Brasileiro (PCB), o Brasil tinha pouco mais de 30 milhões de habitantes, e a maioria morava do campo.



Vivia-se então, o capitalismo agrário-exportador e a economia dependia principalmente da exportação de produtos primários, sobretudo o café.



Desde fins do século XIX, alterou-se a organização do espaço no eixo Rio – São Paulo,      devido à intensificação do processo urbano – industrial.



Nesse contexto crescia a classe operária, para isso contribuindo a multiplicação de pequenas indústrias. Igualmente foi importante a chegada de imigrantes, na sua maioria da Itália, da Espanha e de Portugal.



Eles despertaram o movimento dos trabalhadores. Organizaram sindicatos. Editaram jornais. Distribuíram panfletos e manifestos. Animaram congressos e manifestações. Lideraram greves. Montaram peças de teatro com conteúdo político.



Mas, eles eram na sua maioria anarquista.  E o Anarquismo coloca em primeiro plano a liberdade do indivíduo. Seu lema é “todo para o indivíduo”.  Mas a luta dos operários era uma luta de classes, era uma luta pela emancipação das massas e dos trabalhadores, e só através desta libertação viria então a emancipação do indivíduo.



Por que então fundar o Partido Comunista nos moldes de marxismo-leninismo?



A conjuntura da década de 1920 marcou a crise da República Oligárquica no Brasil. Eram visíveis os sinais das contradições na sociedade agrário-exportadora. Claras manifestações de descontentamento de classes marginalizadas do poder tornaram-se freqüentes.



O crescimento e o amadurecimento do proletariado urbano refletiam a gravidade de uma questão social que as elites procuravam conter. Apesar da violenta repressão das autoridades, o movimento grevista foi impulsionado entre 1916 e 1920, culminando com a greve geral de 1917 no Estado de São Paulo e a tentativa de insurreição, no Rio de Janeiro, em novembro de 1918.



O governo usava a Lei de Expulsão de Estrangeiros visando banir os líderes anarquistas grevistas.  As prisões se sucediam. Inúmeros operários foram mortos.



Apesar disso, o proletariado ganhou vida nova com a notícia da Revolução Russa de 1917. Seu impacto injetou esperança no operariado brasileiro, além de influenciar segmentos das classes médias. Entre 1918 e 1921, foram criados muitos grupos, ligas e até partidos comunistas no Brasil. Para muitos trabalhadores e intelectuais pareciam mais corretas as idéias do marxismo-leninismo do que as defendidas pelos anarquistas.



Foram criadas no Rio Grande do Sul, a Liga Comunista de Livramento, a União Maximalista em Porto Alegre que se tornou Grupo Comunista de Porto Alegre.



Em 1919 no Rio, liderados por José Oiticica organizaram o Partido Comunista Anarquista, criaram o jornal SPARTACUS, dirigido por Astrogildo Pereira.



Também 1919, em São Paulo, anarquistas transformaram a Liga Comunista em Partido Comunista do Brasil.



Não se pode esquecer a influência exercida pela III Internacional Comunista em 1919. Foi ela centro propulsor e estimulante da criação de partidos comunistas em todos os países.



Estavam dadas as condições para a criação de um partido comunista nos moldes do marxismo-leninismo.



Em novembro de 1921, quando se comemorava o quarto aniversário da Revolução Russa, o Grupo Comunista aprovou a convocação do I Congresso do PCB que seria formalizada mais tarde, em 25 e 26 de Março de 1922. Eles eram apenas um reduzido grupo de militantes. Não mais de setenta em todo Brasil. Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.



Eles eram apenas nove delegados, intelectuais, alfaiates, impressor, vassoreiro, eletricista, barbeiro, e pedreiro. E nem puderam cantar muito alto a internacional naquela casa de Niterói em 1922. Mas Astrogildo, Cristiano, Joaquim, Manoel, João, Luiz, Hermogênio, Abílio e Jose que citava Lênin a três por dois, cantaram e fundaram o partido,. O canto deles, apesar de baixo, ecoa por todo o Brasil desde Março1922, e ecoará sempre enquanto houver miséria e injustiça.



O PCB não se tornou o maior Partido do Ocidente. Nem mesmo do Brasil. As ditaduras ferrenhas e sanguinárias o desfiguraram, eliminando e desaparecendo com grande parte de seus dirigentes, amedrontando e torturando militantes e seus familiares, fazendo todo o possível para eliminá-lo, Mas não o conseguiram, apenas o fortaleceram. O ideário comunista, concebido no Materialismo Histórico, na Economia Política e no Comunismo Científico fundado por Marx, Engels e complementado por Lênin falou mais alto. Nossa confiança numa sociedade justa, “e digo justa, e não mais justa”, e igualitária jamais foi, ou será abalada, pois nos fomos, somos e seremos sempre comunistas. Mas, camaradas e convidados, quem contar a história de nosso povo e seus heróis. Tem que falar dele. Tem de falar do nosso partidão. Tem de falar do PCB.



Ou então estarão mentindo





segunda-feira, 16 de abril de 2012

As grandes potências e o neocolonialismo

                                                             
Agora cabe ao Irã defender sua independência, alcançada com muita luta
16/04/2012
 "O atual cenário no Iraque e na Líbia, com a volta das “Sete Irmãs” e a instalação de governantes submissos às potências ocidentais, representa um retrocesso ao domínio neocolonial da primeira metade do século 20"
Igor Fuser
Quando as tropas dos EUA entraram em Bagdá, em 2003, o primeiro edifício público que ocuparam foi o Ministério do Petróleo. Enquanto isso, saqueadores assolavam a capital do Iraque, roubando inclusive os tesouros arqueológicos dos museus, sem serem incomodados pelas forças invasoras.

O episódio expõe o verdadeiro interesse por trás da atual onda de intervencionismo imperialista no Oriente Médio: o petróleo, também presente, como fator decisivo, na operação militar contra a Líbia, em 2011, e na ofensiva política contra o regime iraniano. O Irã ocupa o segundo lugar entre os donos das maiores reservas petrolíferas do mundo; o Iraque, o terceiro; e a Líbia, o oitavo.

Além de petróleo, esses três países-alvos da agressividade ocidental possuem em comum uma tradição de controle estatal sobre essa riqueza e um passado recente de desafio aos interesses dos EUA na região. Curiosamente, foram eles que protagonizaram com maior vigor a luta histórica dos exportadores de energia do Oriente Médio pela soberania econômica.

O Iraque foi pioneiro na nacionalização do petróleo, em 1968. Na década seguinte, o dirigente líbio Muamar Kadafi liderou o mundo árabe contra o cartel das “Sete Irmãs”, que ao final foram obrigadas a se retirar, com grandes perdas. Já o Irã vive até hoje sob o regime islâmico instalado em 1979 com o fim da ditadura do xá, um amigão dos EUA, em uma reviravolta que reduziu ainda mais o poder das petroleiras ocidentais.
São essas mesmas empresas que agora emergem como beneficiárias das ações militares contra o nacionalismo árabe. Nos novos contratos de exploração do petróleo no Iraque, assinados em fevereiro, a parte do leão ficou com a ExxonMobil, a Shell e a BP. Também na Líbia as transnacionais já repartiram entre si os fabulosos campos de onde jorra o ouro negro.
O atual cenário no Iraque e na Líbia, com a volta das “Sete Irmãs” e a instalação de governantes submissos às potências ocidentais, representa um retrocesso ao domínio neocolonial da primeira metade do século 20. Agora cabe ao Irã defender sua independência, alcançada com muita luta.
Artigo originalmente publicado na edição impressa 476 do Brasil de Fato

Como foi a homenagem da Câmara Municipal de Sabará ao PCB, pelos seus 90 anos



PCB, história de lutas, sacrifícios sem fins, perseguição, torturas, mortes nas ditaduras Getúlio Vargas e de 1964 a 1985, traição e divisões, soerguimento e resistência, lembrada durante sessão solene na Câmara Municipal de Sabará, dia 13 de abril, com a casa totalmente lotada, representação de vários partidos, líderes sindicais e comunitários e um ato de grandeza: dois vereadores do Partido, cassados no golpe de estado de 64, simbolicamente reempossados em suas cadeiras no Legislativo sabarense, debaixo de salva de palmas e a solenidade terminando ao som da Internacional
































José Carlos Alexandre


"Eles eram poucos


e nem puderam cantar muito alto


a Internacional


naquela casa de Niterói, em 1922.


Mas cantaram e fundaram o Partido.













Eles eram apenas nove.


O jornalista Astrojildo, o contador Cristiano, o gráfico Pimenta,


o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres,


os alfaiates Cedon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio


e ainda o barbeiro Nequete, que citava Lenin a três por dois.













Em todo o país eles não eram mais de setenta.


Sabiam pouco de marxismo


mas tinham sede de justiça


e estavam dispostos a lutar por ela.













Faz algum tempo que isso aconteceu.


O PCB não se tornou o maior partido do ocidente,


nem mesmo do Brasil.


Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis


tem que falar dele.





Ou estará mentindo."







Este poema de Ferreira Goulart, lembrado por ocasião da solenidade pelo tecelão e dirigente partidário José Francisco Neres, resume toda uma história de dedicação à causa dos trabalhadores e do povo do verdadeiro Partido Comunista Brasileiro, aquele nascido do congresso de trabalhadores no Rio de Janeiro e em Niterói dias 24 e 25 de março de 1922.




O presidente da Câmara Municipal de Sabará, os vereadores Terezinha Berenice de S.Van Straten e Ricardo Antunes, em discursos, contaram um pouco do rico patrimônio construído pelo Partido ao longo de seus 90 anos.




Velho militante partidário, o secretário político do PCB, Comitê Municipal de Sabará, Joaquim Goulart, analisou, durante sua fala, as lutas nacionais e internacionais dos trabalhadores antes da Revolução de Outubro ( 7 de novembro de 1917 na Rússia) , antes da criação de vários partidos comunistas no Brasil, que não vingaram, até a histórica Semana de Arte Moderna de 22 quando da criação do PCB.




Com grande dose de emoção, o ex-líder tecelão, José Francisco Neres, o "Pinheiro", falou do trabalho de base que o Partido, em plena clandestinidade, realizada entre os trabalhadores mineiros. Lembrando principalmente de sua atuação , a de João Sotero e de outros comunistas nos meios operários sabarense e do Estado. Este trabalho conduziu-os à Câmara de Sabará, de onde só saíram ao ter seus mandatos cassados em 1964.




Outra fala muito aplaudida foi a do vereador Ricardo Antunes, o Ricardinho, lembrando sua infância e os primeiros contatos com a causa dos comunistas, através de atuação de seu tio, Alípio Melo, depois eleito vice-prefeito de Sabará e assumindo a Prefeitura com o licenciamento do então titular, o médico Vitor Fantini.




O calor na Câmara, era combatido com doses de água mineral, servida pelo Legislativo em meio à falas que prosseguiam, como a dos professores Túlio Lopes e Fábio Bezerra. O primeiro, fazendo um relato do trabalho do PCB dos anos 40 para cá, no Estado. O segundo, lembrando o quadro político internacional e nacional e a necessidade da união dos trabalhadores em defesa de suas conquistas, bem como a urgência da construção de um amplo movimento unitário das forças políticas de esquerda rumo ao socialismo.




Um nome de destaque entre a juventude mineira, dirigente do PCB sabarense, Luís Fernando também interveio no ato com um histórico da atuação do PCB entre a classe operária.




Também falaram a representante do Coletivo Ana Montenegro, Maria Angélica, explicando como surgiu e porque surgiu o coletivo com o nome da antiga militante comunista.




A juventude comunista teve mais uma voz: a de Patrick Osório, falando em nome da Unidade Classista, braço do PCB na Intersindical. Ao final o próprio Patrick lembrou Bertold Brecht:




" Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"


Depois dessas palavras ele lembrou a luta de mais de 50 anos de Neres no PCB e entregou-lhe uma placa, mandada confeccionar pelo PCB de Sabará.


Representantes do PSOL e do PT ( entre último através de seu presidente em Sabará, Chico do PT) também discursaram, além de líderes comunitários e sindicais, Pablo Lima, do Instituto Caio Prado Júnior, Daniel de Oliveira, do Coletivo Rosa do Povo, dentre outros.


Um dirigente do PCB, Antonio Almeida, estava sentado no auditório. Ele talvez seja o candidato do Partido a prefeito ou a vice-prefeito de Belo Horizonte, no último caso, numa composição com o PSOL.


José Francisco Neres tocou a Internacional com o auditório e os membro da mesa acompanhando a letra no telão da Câmara Municipal. Seguiram- se um coquetel na própria Câmara, e um caldo na residência do secretário-político (presidente) do PCB em Sabará.








domingo, 15 de abril de 2012

PCB, o verdadeiro Partido Comunista Brasileiro recebe homenagens por seus 90 anos de atuação em favor dos trabalhadores e do povo brasileiro na Câmara Municipal de Sabará, na Grande Belo Horizonte, Minas Gerais

domingo, 15 de abril de 2012


Vejamos algumas fotos da jornalista Fátima de Oliveira da sessão solene da Câmara Municipal de Sabará em homenagem aos 90 anos do PCB. Veja também vídeo da solenidade

Momento de grande emoção: José Francisco Neres é reempossado simbolicamente na Câmara Municipal de Sabará 48 anos depois de cassado

O presidente da Câmara Municipal de Sabará, Maurílio Barbosa

Mesa diretora da sessão solene: da esquerda para a direita: o vereador Ricardo Antunes ( que fez um discuso emocionado de saudação ao PCB), Joaquim Goulart, secreetário político do PCB em Sabará, o presidente da Câmara, Maurílio Barbosa e a autora do requerimento homenageando o PCB, vereadora Terezinha Berecine de S. van Straten

Professor Fábio Bezerra, membro do Comitê Central do PCB, durante seu pronunciamento na Câmara

Professor Túlio Lopes, representante do Comitê Eastadual do PCB

Luís Fernando, da União da Juventude Comunista e dirigente do PCB em Sabará

Maria Angélica, do Coletivo Ana Montenegro, e Daniel  Oliveira, do Coletivo Cultural Rosa do Povo

Um aspecto do plenário da Câmara Municipal de Sabará

Outro aspecto do plenário
José Francisco Neres recebe placa do PCB de Saará em sua