segunda-feira, 16 de abril de 2012

Como foi a homenagem da Câmara Municipal de Sabará ao PCB, pelos seus 90 anos



PCB, história de lutas, sacrifícios sem fins, perseguição, torturas, mortes nas ditaduras Getúlio Vargas e de 1964 a 1985, traição e divisões, soerguimento e resistência, lembrada durante sessão solene na Câmara Municipal de Sabará, dia 13 de abril, com a casa totalmente lotada, representação de vários partidos, líderes sindicais e comunitários e um ato de grandeza: dois vereadores do Partido, cassados no golpe de estado de 64, simbolicamente reempossados em suas cadeiras no Legislativo sabarense, debaixo de salva de palmas e a solenidade terminando ao som da Internacional
































José Carlos Alexandre


"Eles eram poucos


e nem puderam cantar muito alto


a Internacional


naquela casa de Niterói, em 1922.


Mas cantaram e fundaram o Partido.













Eles eram apenas nove.


O jornalista Astrojildo, o contador Cristiano, o gráfico Pimenta,


o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres,


os alfaiates Cedon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio


e ainda o barbeiro Nequete, que citava Lenin a três por dois.













Em todo o país eles não eram mais de setenta.


Sabiam pouco de marxismo


mas tinham sede de justiça


e estavam dispostos a lutar por ela.













Faz algum tempo que isso aconteceu.


O PCB não se tornou o maior partido do ocidente,


nem mesmo do Brasil.


Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis


tem que falar dele.





Ou estará mentindo."







Este poema de Ferreira Goulart, lembrado por ocasião da solenidade pelo tecelão e dirigente partidário José Francisco Neres, resume toda uma história de dedicação à causa dos trabalhadores e do povo do verdadeiro Partido Comunista Brasileiro, aquele nascido do congresso de trabalhadores no Rio de Janeiro e em Niterói dias 24 e 25 de março de 1922.




O presidente da Câmara Municipal de Sabará, os vereadores Terezinha Berenice de S.Van Straten e Ricardo Antunes, em discursos, contaram um pouco do rico patrimônio construído pelo Partido ao longo de seus 90 anos.




Velho militante partidário, o secretário político do PCB, Comitê Municipal de Sabará, Joaquim Goulart, analisou, durante sua fala, as lutas nacionais e internacionais dos trabalhadores antes da Revolução de Outubro ( 7 de novembro de 1917 na Rússia) , antes da criação de vários partidos comunistas no Brasil, que não vingaram, até a histórica Semana de Arte Moderna de 22 quando da criação do PCB.




Com grande dose de emoção, o ex-líder tecelão, José Francisco Neres, o "Pinheiro", falou do trabalho de base que o Partido, em plena clandestinidade, realizada entre os trabalhadores mineiros. Lembrando principalmente de sua atuação , a de João Sotero e de outros comunistas nos meios operários sabarense e do Estado. Este trabalho conduziu-os à Câmara de Sabará, de onde só saíram ao ter seus mandatos cassados em 1964.




Outra fala muito aplaudida foi a do vereador Ricardo Antunes, o Ricardinho, lembrando sua infância e os primeiros contatos com a causa dos comunistas, através de atuação de seu tio, Alípio Melo, depois eleito vice-prefeito de Sabará e assumindo a Prefeitura com o licenciamento do então titular, o médico Vitor Fantini.




O calor na Câmara, era combatido com doses de água mineral, servida pelo Legislativo em meio à falas que prosseguiam, como a dos professores Túlio Lopes e Fábio Bezerra. O primeiro, fazendo um relato do trabalho do PCB dos anos 40 para cá, no Estado. O segundo, lembrando o quadro político internacional e nacional e a necessidade da união dos trabalhadores em defesa de suas conquistas, bem como a urgência da construção de um amplo movimento unitário das forças políticas de esquerda rumo ao socialismo.




Um nome de destaque entre a juventude mineira, dirigente do PCB sabarense, Luís Fernando também interveio no ato com um histórico da atuação do PCB entre a classe operária.




Também falaram a representante do Coletivo Ana Montenegro, Maria Angélica, explicando como surgiu e porque surgiu o coletivo com o nome da antiga militante comunista.




A juventude comunista teve mais uma voz: a de Patrick Osório, falando em nome da Unidade Classista, braço do PCB na Intersindical. Ao final o próprio Patrick lembrou Bertold Brecht:




" Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"


Depois dessas palavras ele lembrou a luta de mais de 50 anos de Neres no PCB e entregou-lhe uma placa, mandada confeccionar pelo PCB de Sabará.


Representantes do PSOL e do PT ( entre último através de seu presidente em Sabará, Chico do PT) também discursaram, além de líderes comunitários e sindicais, Pablo Lima, do Instituto Caio Prado Júnior, Daniel de Oliveira, do Coletivo Rosa do Povo, dentre outros.


Um dirigente do PCB, Antonio Almeida, estava sentado no auditório. Ele talvez seja o candidato do Partido a prefeito ou a vice-prefeito de Belo Horizonte, no último caso, numa composição com o PSOL.


José Francisco Neres tocou a Internacional com o auditório e os membro da mesa acompanhando a letra no telão da Câmara Municipal. Seguiram- se um coquetel na própria Câmara, e um caldo na residência do secretário-político (presidente) do PCB em Sabará.








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