sexta-feira, 30 de maio de 2014

A explosão social bate às portas do Brasil


                                                               


– É hora de mobilizar os organizados, organizar os desorganizados e construir a contra-hegemonia no campo proletário

Edmilsn Costa (Doutor em Economia pela Universidade de Campinas , membro do Comitê Central do PCB.

Leia em  http://resistir.info/ .

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Viva o cinquentenário das FARC-EP

                                                                
As comemorações pelo aniversário de 50 anos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia –Exército do Povo (FARC-EP) coincidem com um momento em que ocorrem os Diálogos de Havana, em que a insurgência e o governo colombiano buscam caminhos para uma solução política para o conflito militar e social que marca esse país desde muito antes da constituição formal da guerrilha.

Surgiu como consequência da necessidade, muitos anos antes, que os camponeses colombianos tiveram de criar organizações de autodefesa armada, para enfrentar a violência dos latifundiários e da oligarquia colombiana na defesa de suas famílias, seus lares e suas pequenas lavouras que garantiam o seu sustento. Surgiu na esteira do assassinato do líder da luta contra os conservadores,o liberal Jorge Eliézer Gaitán e a consequente grande revolta popular que ficou conhecida como El Bogotazo, em 1948.

Na primeira década do presente século, o imperialismo e a oligarquia a seu serviço coincidiram em montar contra as FARC um aparato militar sem precedentes em nosso continente. Haviam resolvido exterminar a insurgência a qualquer custo e fazer da Colômbia um bunker militar na região, para exercer papel semelhante ao que Israel desempenha no Oriente Médio e seu entorno.

As Forças Armadas colombianas chegaram a um contingente de 400 mil efetivos; os Estados Unidos instalaram sete bases militares no país e o transformaram num dos principais destinos da “ajuda militar” norte-americana. O estado terrorista colombiano criou e armou bandos paramilitares, assessorou-se de agentes da Cia e do Mossad. Foram assassinados centenas de militantes dos movimentos sociais, expulsos de suas terras dezenas de milhares de camponeses. Até hoje, são mantidos 9.500 presos políticos no país.

Mas esse macabro plano do imperialismo fracassou. As FARC sobreviveram. Apesar de algumas perdas significativas, como a morte natural do Comandante Manuel Marulanda Vélez, o covarde assassinato de Raul Reys e as perdas em combate dos comandantes Jacobo Arenas, Ivan Rios, Alfonso Cano, Jorge Briceño e de centenas de heroicos guerrilheiros e guerrilheiras, a insurgência não se abateu. Resistiu de forma organizada e impôs duras baixas aos inimigos, mostrando se tratar de uma organização enraizada na massa, firme ideologicamente e com direção política coletiva. Entre perdas e ganhos em duras batalhas, mantém-se invicta na guerra.

O fato de o estado colombiano procurar sentar-se à mesa, em Havana, com uma delegação oficial das FARC significa o reconhecimento de sua força e da impossibilidade de resolver o conflito pela via militar. Em toda a história – e o Vietnã é o maior exemplo – o imperialismo e a burguesia só negociam com os que não se deixam derrotar.

Com o advento dos diálogos, as FARC se transformaram em porta-voz da pauta dos trabalhadores e proletários colombianos, o que contribuiu para o ressurgimento e crescimento do movimento de massas mais expressivo da história da Colômbia, quiçá da América Latina. O imperialismo e as oligarquias colombianas, ao que parece, fizeram um cálculo errado, achando que a guerrilha estava derrotada e a ponto de depor suas armas. Achavam que conseguiriam uma paz rápida e sem custos sociais, econômicos e políticos. E que depois exterminariam os insurgentes e militantes políticos e sociais, como fizeram nos anos 80, no genocídio da União Patriótica, quando o estado burguês traiu o acordo de paz que havia firmado.

A vitória do povo colombiano, no rumo ao socialismo, não depende do resultado eleitoral deste dia 25 de maio, mas da manutenção da capacidade de resistência das guerrilhas e da organização e do protagonismo das massas populares.

O PCB tem militado no apoio internacionalista à luta do povo colombiano, por entender que nesse país se joga uma batalha decisiva contra o imperialismo e pelo futuro da América Latina.

Ivan Pinheiro

Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e membro da Presidência Coletiva do MCB (Movimento Continental Bolivariano)

segunda-feira, 19 de maio de 2014


15M: nesta Copa vai ter luta!

                                                          

Pela Comissão Política Regional

Maio de 2014

Em diversas cidades do Brasil ocorreu, neste mês de maio, o 15M, ato promovido pelas articulações dos Comitês Populares da Copa, Plenárias de Movimentos Sociais e demais impactados e atingidos pela Copa do Mundo.

Nesses atos somaram-se diversas categorias de trabalhadores em greve, denunciando um sistema que possui dinheiro para estádios de futebol, para incentivos financeiros a empreiteiras, mas não tem para os trabalhadores, para melhores salários, para melhores serviços públicos para a população.

No Rio de Janeiro, o PCB, a UJC e a Unidade Classista se fizeram presentes em grande número, não apenas denunciando a farsa de uma Copa do Mundo da Fifa construída sob sangue de trabalhadores e operários, sob repressão policial e estatal contra os movimentos sociais, populares, contra os trabalhadores e contra os pobres, mas também levando a mensagem militante da necessária unidade dos que lutam não apenas contra o modelo de desenvolvimento voltado aos interesses do capital, como também da tão necessária construção de uma contraofensiva da classe trabalhadora e de todos os que lutam por transformações qualitativas e radicais em nossa sociedade.

Se a pergunta que se apresenta aos movimentos sociais, populares, sindicais, estudantis, e ao conjunto da população é "Copa para Quem?", a resposta cada vez se torna mais clara, para as elites capitalistas.

Nessa copa vai ter luta!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Farsa eleitoral ou luta eleitoral: a prioridade das ruas e a disputa nas urnas

                                                             
                                                                 
Mauro Iasi (*)


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), através de seu ministro, Marco Aurélio, anunciou a campanha da instituição para tentar atrair os jovens para as eleições. Ao falar das motivações da campanha o ministro afirmou: “Vamos fazer uma propaganda institucional cujo mote será:NÃO VEM PARA A RUA, VEM PARA A URNA.” A coordenadora de Comunicação do TSE, a “jovem” Verônica Tavares, foi ainda mais explícita ao reafirmar que o mote principal será convencer os jovens que “ao invés de ir às ruas, têm que ir às urnas” e conclui dizendo que:
“O momento do jovem se expressar é indo às urnas, porque assim ele vai poder se manifestar realmente e fazer parte da decisão”.

A boa notícia é que, ao que parece, as manifestações de massa assustaram o governo a ponto de ele ter que fazer uma campanha institucional com medo de uma juventude que redescobriu as ruas como espaço da política e a luta como meio de exigir aquilo que necessita, demonstrando, praticamente, os limites da chamada democracia representativa. A má notícia é que a campanha institucional do TSE semeia confusão e reforça o que há de pior no conservadorismo político que reina entre nós. É, neste sentido, profundamente antidemocrática.

Os governos petistas produziram uma profunda despolitização com a intenção de manter sua governabilidade fundada em um pacto social com as classes dominantes, isto é, optaram por uma aliança por cima que esvazia as formas autônomas e independentes próprias da classe trabalhadora que, em grande medida, estão na base da mudança da correlação de forças que os levaram ao governo: as greves, as manifestações de massa, as lutas populares, etc.

Durante 12 anos de governo petista, não vimos, uma vez se quer, as massas trabalhadoras serem chamadas como ator político importante para intervir num impasse no qual alguma demanda popular estivesse ameaçada por uma resistência conservadora. Pelo contrário, era necessário desarmá-la e apassivá-la, para passar sem problemas a reforma da previdência, o código florestal, a continuidade da política de privatizações, diretas ou indiretas, a prioridade para o agronegócio, a farra dos grandes eventos e o abandono da Reforma Agrária.

Na atual estratégia política em curso não há lugar para as lutas de massa e movimentos independentes da classe trabalhadora. Pelo contrário, quando eles emergem atrapalham a governabilidade costurada por cima, via alianças com bancadas de sustentação parlamentar, poderososlobbies que representam os interesses do grande capital monopolista (como empreiteiras, bancos, grandes empresas, etc.). É natural que diante da explosão social que estamos vendo no Brasil, as instituições se preocupem em dizer aos jovens que o espaço para “se manifestar realmente e fazer parte da decisão” esta nas urnas e não nas ruas.

Ora, este argumento é falho por inúmeros motivos, mas vamos ao essencial. Nenhum centímetro de direito, nenhum milímetro de conquista, veio pelas urnas. A própria crise da ditadura e o processo de democratização não veio simplesmente porque o MDB cresceu nas eleições de 1974, mas, fundamentalmente, pelas lutas de massas e pelas greves operárias no final dos anos 1970. 

Nenhum centímetro de terra foi desapropriada para a reforma agrária sem que tivesse mobilização, luta e, não raro, mortes para que cercas dessem lugar a assentamentos, nenhum direito surgiu do “auto-aperfeiçoamento das instituições”, como esperava Marshall e sua famosa “evolução do quadro institucional”, mas da luta, como é o caso exemplar da luta das mulheres, para não falar de direitos dos trabalhadores que agora são flexibilizados.

Todo Direito nasce fora do direito estabelecido e, muitas vezes, contra ele. Menosprezar o papel das lutas sociais e das mobilizações como fonte de resistência e defesa de direitos e luta por demandas populares não é apenas uma bobagem, é perigoso. Mesmo o direito ao voto só existe por conta de muita luta, no mundo e aqui no Brasil. 

O que o TSE, como instrumento do Estado burguês sob direção do governo petista, está dizendo, em poucas palavras é: a ÚNICA forma de participar e expressar a indignação, o protesto e buscar outros caminhos são as eleições, é a URNA e não a rua.

Regressamos a Hobbes. O voto não é poder soberano, é transferência de poder soberano. Dizia o pensador inglês do século XVII que o Estado é instituído quando as pessoas concordam e pactual em transferir seu direito de governar-se a si mesmo à um homem ou uma assembléia de homens, de forma que “deverão autorizar todos seus atos e decisões desse homem ou assembléia de homens, tais como se fossem seus próprios atos e decisões” (Thomas Hobbes, Leviatã, capítulo XXI).

Segundo o TSE, os jovens devem preferir as urnas às ruas porque nelas eles podem de fato “fazer parte da decisão”. Será? Não ficou demonstrado pela história recente o enorme poder que os grupos econômicos burgueses têm de intervir na decisão política dos ditos representantes, sejam eles parlamentares ou do poder executivo? 

Ao transferirmos o poder para esta “assembléia de homens”, ou para determinado homem ou mulher, aceitamos que depois de trabalhar toda uma vida devemos nos aposentar ganhando menos e termos nossa pensão reajustada de forma diferente daqueles que estão na ativa? Aceitamos que quase 50% do fundo público seja sangrado para banqueiros enquanto áreas essenciais como saúde ou educação fiquem com o que sobra, concordamos como uma política tributária na qual são os pobres que mais pagam imposto e os ricos gozem de uma infinidade de isenções e “incentivos”?

Por tudo isso é natural que haja descontentamento com a democracia representativa e com as formas institucionais de uma política “bem comportada” que quer democratizar o Estado burguês e humanizar o capitalismo. O que explodiu na cara destes senhores (e senhoras) amantes da lei e da ordem é o limite de sua própria estratégia gradualista e antipopular, que de fato expressa o limite da ordem capitalista burguesa – que não pode ser reformada. Temos mais que ir para as ruas, ir em maior número e mais incisivamente, porque é lá que se joga a parte essencial do jogo político e onde os interesses da maioria podem emergir.

O crescimento deste descontentamento aparece de duas maneiras: pelo crescimento do voto nulo e a rejeição aos processos eleitorais, ou pela busca de alternativas políticas na disputa eleitoral.
A defesa do voto nulo cresceu e deve crescer ainda mais e devemos respeitar esta posição. Ela expressa não apenas descontentamento, mas a compreensão dos limites da farsa eleitoral e da possibilidade de alcançar mudanças profundas pela reforma do Estado, como se fosse possível usar o Estado burguês para iniciar uma transição que nos levasse para além da ordem da mercadoria e do capital. Mas não apenas. 

O problema do voto nulo é que ele abriga conteúdos muito distintos que são difíceis de separar. Parte do conteúdo do voto nulo é um descontentamento conservador, que culpa a democracia pelo risco da ordem que lhes interessa manter, que generaliza a culpa da política como atividade corrupta e degenerada e clama pela volta da autocracia burguesa sem disfarces.

No campo da busca de alternativas políticas o cenário não é menos complicado. O maior risco é o velho discurso do voto útil. O debate sobre as alternativas reais e necessárias se esconde por de trás do mando enganoso do “menos pior” ou das falsas dicotomias (neoliberalismo ou neo-desenvolvimentismo?). Há, ainda, as alternativas artificiais, aquelas que aproveitam do desgaste do governo para se beneficiar da lógica da alternância, tentando esconder o fato que até ontem estavam todos lá e que no fundo defendem o mesmo conteúdo sob outras formas.

Há as alternativas à esquerda e entre elas, sem dúvida, os que ainda padecem da crença na possibilidade de um gradualismo reformista que possa democratizar a sociedade capitalista e o Estado burguês (ainda que reafirmando a necessidade de uma meta socialista), ou que, mesmo taticamente, crêem na possibilidade de ocupar pequenos espaços no jogo parlamentar como acúmulo político para projetos futuros de transformação social.

Diante desse cenário, muitos acreditam que a possibilidade do voto nulo se apresenta como uma alternativa necessária, como é o caso de meu querido camarada Gás PA, combativo militante do hip hoprevolucionário, e meu amigo Ivo Tonet, intelectual e militante de primeira ordem. Ivo Tonet, que fez uma instigante contribuição ao debate, depois de algumas considerações sobre o caráter da sociedade capitalista e a necessidade de superação estado burguês (que concordamos), afirma que:
“Em consequência disto, só faz sentido a classe trabalhadora participar do processo político-eleitoral se ela puder controlar os seus representantes.

Mas, ela só poderá controlá-los se estiver consciente dos seus interesses e organizada para defendê-los. Este controle não é, de modo nenhum, uma questão jurídica, mas política. Ele mesmo só teria sentido em um momento em que a luta extraparlamentar, contra o capital e contra o próprio Estado, fosse o eixo da luta, o que caracterizaria, já, um processo revolucionário.” (Ivo Tonet, “Eleições: repensando caminhos”)

Concordamos que não se trata de uma questão jurídica, mas política, isto é, não se trata de uma engenharia institucional ou uma reforma política qualquer que poderia reverter o caráter de classe do Estado burguês, pois este é determinado pelas relações sociais, formas de propriedade, a forma mercadoria subssumida ao capital. No entanto, quando Tonet afirma que só faria sentido a participação nos processos eleitorais quando os trabalhadores puderem “controlar seus representantes”, quando a luta extraparlamentar já atingiu a temperatura de um “processo revolucionário”, cai num paradoxo, pois desta forma a luta eleitoral só seria um meio válido se já estivéssemos chegado ao fim.

Afinal, para aqueles que tem uma posição revolucionária, não acreditam na reforma da sociedade burguesa/capitalista e defendem uma alternativa socialista e comunista, ou seja, uma sociedade fundada na livre associação dos produtores, com o fim das classes e, portanto, do Estado, que tem convicção que será necessário, portanto, uma ruptura; tem algum sentido participar das eleições? A resposta de Tonet é, neste caso, simplista, contrapondo de um lado a posição revolucionária e de outra a opção por participar das eleições.

O que nos chama a atenção no texto de nosso companheiro Ivo Tonet é que ele, frequentemente indica textos de marxistas ou do próprio Marx para respaldar sua posição, mas não trás nenhuma citação. Creio que por um motivo evidente, se é verdade que encontraria várias passagens destes clássicos revolucionários alertando para os limites da luta eleitoral ou, mais explicitamente, sobre o equívoco de pensar na possibilidade de um gradualismo sem rupturas, o autor não encontraria uma passagem sequer destes revolucionários negando a possibilidade de participar das eleições, e não somente em momentos revolucionários.

Isso por um simples motivo: todos eles, TODOS, (Marx, Engels, Lênin, Troski, Lukács, Gramsci, Rosa, Che, etc.) defendiam a tática de participar de eleições, sem perder de vista os objetivos estratégicos. Vamos a alguns exemplos:
Marx e Engels na Mensagem do Comitê Central à liga dos comunistas, ao tratar da possibilidade, na Alemanha, de no curso da luta ser chamada a eleiçãopara uma assembléia nacional representativa, defendem que:
“I. Nenhum núcleo operário seja privado de voto, a pretexto algum, [...] II. Ao lado dos candidatos burgueses democráticos figurem em toda parte candidatos operários escolhidos na medida do possível entre os membros da Liga [Liga dos Comunistas], e que para seu triunfo se ponham em jogo todos os meios disponíveis. Mesmo que não exista esperança alguma de triunfo, os operários devem apresentar candidatos próprios para conservar sua independência [...].”

Lênin e Trostki na direção da Revolução Russa passaram, no momento mais agudo da crise, por duas situações nas quais tiveram que decidir participar ou não das eleições, uma antes da tomada do poder quando o Governo Provisório chamou eleições para uma Conferencia Nacional e outro depois de outubro/novembro quando se deu as eleições para a Constituinte. Nas duas situações os bolcheviques participaram das eleições.

Rosa de Luxemburgo, que por desconhecimento ou interesse é evocada na defesa de um espontaneísmo absoluto, afirmava, exatamente no texto em que defende a importância da greve de massas e a necessidade de pensar a ação espontânea no conjunto da estratégia revolucionária, que:
“O perigo mais iminente que espia há anos o movimento operário alemão é o golpe de Estado da reação que pretendesse privar as mais largas camadas populares do seu mais importante direito político: o sufrágio universal.”

Gramsci que foi deformado até parecer um reformista socialdemocrata ou liberal, mas que, ao nosso juízo, manteve-se coerentemente marxista, se perguntava em um texto do jornal L’OrdineNuovo de 1919, intituladoOs revolucionários e as eleições, o que deveriam esperar das eleições os revolucionários conscientes” que escolheria por sufrágio universal o Parlamento e seus deputados, como “máscara da ditadura burguesa”. E respondia:
“Não esperam decerto a conquista de metade mais um dos lugares e uma legislatura, [...] [para] tornar mais fácil e cômoda a convivência das duas classes, a dos explorados e dos exploradores. Esperam, pelo contrário, que o esforço eleitoral do proletariado consiga fazer entrar no Parlamento um bom nervo de militantes [...] para tornar impossível [...] um governo estável e forte, para obrigar a burguesia a sair do equívoco democrático, a sair da legalidade, e determinar uma sublevação dos estratos mais profundos e vastos da classe trabalhadora [...].

Por fim, o insuspeitável Comandante Che Guevara em sua critica à via pacífica, depois de considerar que em certos países da America Latina, por conta de um certo desenvolvimento do capitalismo industrial, prevalecia uma visão institucionalista que chegava a acreditar no aumento quantitativo de representantes revolucionários no parlamento, perguntasse se esta via poderia ser uma caminho para o socialismo em nossas terras. 

Logo depois de afirmar que não crê que isso seja possível, o Comandante alerta que não devemos “descartar a possibilidade que em algum país a mudança se inicie pela via eleitoral”. E conclui que “seria um erro imperdoável descartar por princípio a participação em algum processo eleitoral”, pois poderia, em um determinado momento, “significar um avanço do programa revolucionário”. Evidente que, segundo Che, seria igualmente errado limitar-se a esta forma de luta.

Como vemos, ainda que a experiência histórica nos alerte sobre os riscos deste terreno perigoso (e nisso estamos de acordo com Tonet, Gás PA e outros), não há uma conexão direta entre o uso da luta eleitoral e o caráter irremediavemente reformista ou conciliador de uma estratégia.
A questão, então, é: se não devemos descartar por princípio (coisa que Tonet concorda), seria no quadro atual da situação brasileira uma alternativa válida?

Acreditamos que sim e mais que isso, necessária. Ao contrapor as ruas e as manifestações, assim como as lutas dos trabalhadores, às urnas, o TSE quer expulsar do debate eleitoral a posição da esquerda socialista e comunista que vê nas demandas que emergiram das manifestações o germe de um programa político anticapitalista e revolucionário para o Brasil, que não é só uma alternativa possível, mas urgente e necessária. Desta forma espera restringir o debate eleitoral às alternativas no campo da ordem (Continua o PT, volta para o PSDB ou tenta o PSB que caiu na Rede).

Neste cenário, a negação em participar das eleições pode referendar exatamente o que se deseja negar, isto é, que as alternativas estão restritas ao bloco dominante e não é possível uma alternativa anticapitalista. Colocar este tema no debate é estragar a festa do aparente consenso, não como alternativa às ruas, mas para trazer o que explodiu nas ruas para dentro do debate eleitoral.

Evidente que o centro são as ruas, as lutas dos trabalhadores, as greves e necessidade de construção de uma alternativa real de poder, um poder popular, anticapitalista e socialista. Alguns estarão lá, nas ruas, e vão defender o voto nulo, outros estarão lá também, nas ruas, e vão tentar meter o pé na porta no espaço privativo das eleições no qual não nos querem (como mostra as cláusulas de barreira e a restrição ao amplo debate de projetos) para defender uma alternativa socialista e revolucionária.
Em síntese: anule seu voto, vote na esquerda revolucionária… mas, não saia das ruas! É por lá que passa a mudança.

(*) Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. 

FONTE: Blog da Boitempo (Com Prestes a Ressurgir)

terça-feira, 13 de maio de 2014

"Ascensão do fascismo na Ucrânia"

                                                                       
                       
                                          (Um balanço de dois meses do golpe)

Este artigo é o primeiro de uma série de artigos que realizarão um balanço dos dois primeiros meses do governo golpista de forças conservadoras-fascistas apoiado pela maioria dos oligarcas e instalado em Kiev com apoio dos EUA. Tratarão dos efeitos políticos, econômicos, sociais e geopolíticos desse governo.

A ascensão fascista

Carlos Serrano Ferreira (*)

            Há pouco mais de dois meses, em 22 de fevereiro, um golpe liderado por uma frente composta pelo Partido da Pátria e pelo fascista Svoboda (até alguns anos atrás chamado Partido Nacional-Socialista da Ucrânia, remetendo diretamente ao Partido Nazi de Hitler) e as milícias da federação de organizações fascistas chamada Setor Direita (Pravy Sektor) derrubaram o governo legitimamente eleito, ainda que corrupto, de Viktor Yanukovych. À frente do Pátria estava a oligarca Yulia Timoschenko, que já governou a Ucrânia e por suas ações escusas estava presa, sendo libertada pelas forças golpistas.

Dirigindo o Svoboda está Oleh Tyanybok, raivoso antissemita e russófobo, adorador de Stepan Bandera, líder terrorista fascista da Organização Nacionalista Ucraniana “facção Bandera” (OUN-B) e do Exército Revolucionário Ucraniano (UPA), que se aliou a Hitler quando este invadiu o país. Bandera defendia uma Ucrânia só para ucranianos puros e durante e depois da II Guerra Mundial manteve ações terroristas contra o povo ucraniano, tendo entre os crimes de sua folha corrida o genocídio de 70.000 polacos e de 200.000 judeus. 

Ele foi parado apenas em 1959 pela ação do heróico agente da KGB Bohdan Stashynsky, que o assassinou na Alemanha Ocidental, país que abrigara o monstro nazista. Tyanybok foi expulso da facção parlamentar “Our Ukraine” (bloco eleitoral de Viktor Yuschenko) em 2004 após um discurso antissemita e antirrusso feito no túmulo de um comandante da UPA, onde afirmou entre outras sandices que o país era controlado por uma “máfia judaico-moscovita”[i]. 

Outro dirigente partidário é Yuri Mykhailyshyn, um “intelectual”, conselheiro de Tyanybok, deputado e membro do Conselho Municipal de Lviv. Entre seus “feitos” consta a fundação em 2005 na internet do Centro de Pesquisa Política Joseph Goebbels (ministro da propaganda nazista), que depois teve seu nome alterado para Ernst Jünger e fechado em 2011, para reaparecer possivelmente com outro nome[ii].

O outro setor fascista, o Setor Direita, é liderado por Dmytro Yarosh, acusado de ter lutado ao lado de extremistas muçulmanos na Guerra da Chechênia e é procurado por terrorismo pela Rússia. Em 1° de março deste ano a página do Pravy Sektor apelou à ajuda do terrorista e líder islamita checheno, ligado a Al-Qaeda, Dokka Umarov. 
                                                                       
Tanto os líderes do Svoboda, quanto do Pravy Sektor dizem que lutam contra a “máfia judaico-moscovita”. Estes, como diz em entrevista Sergei Kirichuk, líder do “Borotba”, um movimento surgido há três anos que unifica organizações de esquerda anticapitalistas ucranianas, “as pessoas estavam tão zangadas com a administração de Yanukovich (foto) que seguiram e apoiaram o Setor Direita, e quando Yanukovich fugiu do país, o Setor Direita tornou-se uma força política poderosa”[iii]. Esta é uma frente de várias organizações paramilitares fascistas, como a Assembleia Nacional Ucraniana – Autodefesa Nacional Ucraniana (UNA-UNSO, na sigla em inglês).

Na verdade, há uma clara ligação entre as duas organizações fascistas, sendo quase uma divisão de tarefa: o Svoboda é a face “mais humana”, “mais polida”, política e o Pravy Sektor é o braço armado, as milícias, o lado mais violento dos fascistas ucranianos. Isso não exclui, é claro, que militantes do Svoboda participem diretamente de ações violentas ao lado do Pravy Sektor, como na derrubada da estátua do Lênin em Kiev, ação repudiada pela esmagadora maioria da população daquela cidade, como mostra a pesquisa do instituto independente Research & Branding Group[iv].

Nem exclui que exista a disputa pela supremacia no movimento fascista entre esses setores. O que unifica a extrema-direita ucraniana é, nas palavras de Kirichuk, do Borotba a defesa de: “um estado nacional corporativo. Eles são contra os sindicatos e a língua russa. […] Ucrânia é separada em duas grandes divisões. Metade fala ucraniano e a outra metade fala russo. Eles são contra a língua russa. Eles são contra o feminismo, contra os direitos das mulheres. Eles são muito homofóbicos, então em política interna eles tentam ser muito tradicionais, políticos orientados para a direita” [v].

            Qual o balanço do novo governo? Qual o resultado de suas ações? Alguns dirão que é pouco tempo para isso, que ainda seria cedo para isso. Na verdade, tal foi a velocidade – e em alguns casos a ferocidade das ações – que está mais do que claro o seu caráter e os efeitos de sua chegada ao poder. É possível elencar os seguintes resultados, sendo que o primeiro será analisado neste artigo e os outros em futuros textos: a) pela primeira vez desde a derrota do nazifascismo na Segunda Guerra Mundial e dos fascismos ibéricos – franquismo espanhol e salazarismo português, reminiscências anacrônicas do período entreguerras que terminaram nos anos setenta[vi] – num governo europeu se encontram em posições estratégicas e decisivas fascistas; b) o surgimento de um movimento antifascista, que se materializa na política de secessão ou federativa; c) a mudança de orientação externa do frágil imperialismo russo e suas vitórias táticas; d) o domínio total pelos EUA e pelo FMI da Ucrânia; e) a vitória estratégica dos EUA, alcançando a divisão da União Europeia e da Rússia e a fragilização da Alemanha, que perdeu os dois primeiros rounds na disputa pela Ucrânia, mas pode vencer no final com as eleições presidenciais e uma possível vitória do oligarca Petro Poroshenko; f) o fortalecimento dos oligarcas ucranianos.

             O primeiro elemento, que abordaremos neste primeiro artigo, pois é o mais assustador, é o peso dos fascistas no novo governo[vii]. Eles não só compõem o governo, eles estão em postos chaves, em particular no controle dos aparelhos ideológicos e repressivos. O mais importante posto é de Andriy Parubiy, cofundador do Svoboda, nomeado Secretário do Conselho de Segurança e de Defesa Nacional, que supervisiona todo o aparato militar e inclusive o Ministério da Defesa[viii]. 

Ele dirigiu os batalhões mascarados do Setor Direita nas ações violentas das batalhas campais em Kiev. Em 26 de fevereiro deste ano ele “fez um protesto contra UE pela condenação de Stepan Bandera, o líder antissemita e nacionalista[ix]”. O segundo cargo mais importante desse Comitê que dirige as forças de segurança e as forças armadas do país é ocupado por Dmytro Arosh, líder do Pravy Sektor[x].

Outro nomeado para uma posição chave foi “Oleksandr Sych, um parlamentar do Svoboda de Ivano-Frankivsk, mais conhecido pelas suas tentativas de banir o direito a todos os tipos de aborto na Ucrânia, incluindo os resultados de estupros, ele foi nomeado vice-primeiro-ministro para assuntos econômicos”[xi]. Ele é o chefe ideológico do Svoboda[xii], e trabalhou como professor de história, sendo o autor de “numerosos ensaios alterando a história apresentando os ultranacionalistas ucranianos e colaboradores de nazistas num movimento glorioso de libertação”[xiii].

Outro parlamentar membro do Svoboda nomeado foi Oleh Makhnitsky, alçado a nada mais, nada menos, que a procurador-geral. Além disso, outras organizações fascistas, como a UNA-UNSO ganharam cargos no novo governo. Tetyana Chernovol, hoje oficialmente desligada da UNA-UNSO, é “retratada na mídia ocidental como uma abnegada jornalista investigativa, mas sem nenhuma referência ao seu envolvimento passado com o antissemita UNA-UNSO, nomeada presidente do comitê anticorrupção do governo”[xiv]. 

É curioso que essa ligação não tenha sido feita nem mesmo quando ela sofreu uma suposta agressão perpetrada pela polícia de Yanukovich e isto foi um dos elementos para que as mobilizações que vinham refluindo crescessem novamente. Ela entrou com 17 anos na UAN-UNSO e foi sua secretária de imprensa posteriormente. Outro que também foi “alegadamente” sequestrado pela polícia, mas que também é ligado à UAN-UNSO, é Dmytro Bulatov, nomeado ministro da juventude e dos esportes.

Mas, a inserção dos fascistas no governo não para aí: o Svoboda nomeou seu membro Serhiy Kvit Ministro da Educação, “conhecido por seus esforços em glorificar aqueles que inspiraram os fascistas banderistas na Segunda Guerra Mundial”[xv]. Também foi nomeado como Ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais pelo Svoboda o seu vice-presidente e membro do conselho político, Andriy Makhnyk, responsável também pelos contatos com os outros partidos fascistas europeus.

Entre as suas posições políticas incluem-se “a proibição da ideologia comunista e o julgamento dos comunistas”[xvi]. A importância do papel deste e dos contatos com os outros partidos da extrema-direita europeia se materializa na entrada como observador do Svoboda em 2009 na Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus, único partido de fora da UE[xvii]. Contudo, demonstrando as ligações de Putin com os fascistas da Europa Ocidental – apenas apoiando os antifascistas no Leste e Sul por interesses geopolíticos – e a impossibilidade dos antifascistas ucranianos se apoiarem nele, este recebeu o apoio dos fascistas ocidentais às ações russas na Crimeia e na Ucrânia[xviii]. Por isso, o Svoboda saiu em 2014 dessa aliança fascista[xix].

Por fim, o Svoboda emplacou Ihor Shvaiko como Ministro da Agricultura, também membro do partido e um agro-oligarca, um dos homens mais ricos da Ucrânia, com vários investimentos na agricultura. É o caso clássico daquele velho ditado popular: “é colocar a raposa para cuidar do galinheiro”.

            Desta forma, como se vê, os fascistas controlam o judiciário (procuradoria-geral), outros instrumentos políticos de repressão (comitê anticorrupção); setores chaves do governo em relação à economia (vice-primeiro-ministro para assuntos econômicos e o ministério da agricultura); controlam as forças armadas (Secretário do Conselho de Segurança e de Defesa Nacional); e controlam instrumentos ideológicos fundamentais (ministério da Educação e ministério da juventude e dos esportes). 

Durante quase um mês, entre 27 de fevereiro e 25 de março, o Svoboda ainda controlou o Ministério da Defesa com seu militante o Almirante Ihor Tenyukh, demitido após a operação que vitimou outro fascista, o criminoso líder do Pravy Sektor (o que revela a disputa interna no governo, que faz as suas próprias vítimas) e acusações de não dar resposta frente à ação russa na Crimeia.

É verdade que as projeções eleitorais dos fascistas para as eleições presidenciais são muito ruins, com Oleh Tyahnybok do Svoboda com apenas 2,1% e Dmytro Yarosh do Setor Direita com 0,9% na pesquisa da SOCIS de 23 de abril[xx]. Mas, como ratos eles roem o pouco de democracia que existia no país, impondo suas políticas e suas posições, inclusive abusando da violência.

Desde que assumiram a “vanguarda” dos processos contestatórios, alterando o caráter de insurreição popular contra o governo de Viktor Yanukovich – corrupto e apoiado por parte da oligarquia – tornando-o num golpe[xxi], os fascistas se utilizaram de suas armas corriqueiras: a violência – como o cerco violento ao Parlamento – e as mentiras. 

Neste quesito se sobressai a ação dos snipers (franco-atiradores) recrutados pelos fascistas – provavelmente em conluio com as outras forças conservadoras de oposição – que vitimaram quase uma centena de manifestantes do próprio EuroMaidan. Buscaram assim criar a consternação necessária para justificar suas ações violentas. 

Quem afirma isso não é o Kremlin, mas aliados europeus: numa conversa vazada entre o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Paet, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, ele afirma que "Fica cada vez mais evidente que por trás dos franco-atiradores não estava (o presidente Viktor) Yanukovich, mas alguém da nova coalizão" e ainda que "é preocupante que a nova coalizão não queira investigar"[xxii]. 

Os fascistas tem se utilizado dos “Mártires do Movimento” – que eles mesmo mataram – para criar uma mitologia unificadora, usando esse elemento para acusar os que se afastam de seus métodos e objetivos como traidores desses mártires! [xxiii]

O golpe foi garantido com o cerco ao Parlamento por milícias fascistas e ameaças que levaram a renúncia de vários dos parlamentares apoiantes do governo ou impediram mesmo a participação deles na sessão da Verkhovna Rada (Parlamento Ucraniano). Os “deputados estiveram submetidos à enorme pressão, posto que o edifício da Rada Suprema estava custodiado por dezenas de membros das guardas de autodefesa [nome fantasia das milícias fascistas em Kiev], que formavam uma fileira na porta do Parlamento, e toda a sessão foi retransmitida em direto pela megafonia à praça.

Concluída a votação, os deputados se viram obrigados à sair do edifício através corredor de um metro de largura formado pelos membros das forças de autodefesa, em sua maioria encapuzados e alguns portando bastões de beisebol e outros métodos de defesa artesanais”[xxiv].

Logo após o golpe os fascistas, com apoio do Partido Pátria, buscou a legalização da discriminação dos russos, com a aprovação no dia seguinte à deposição de Yanukovich da abolição da lei que estabelecia como língua cooficial as línguas minoritárias que contavam com mais de 10% de falantes, como é o caso de 13 das 27 regiões ucranianas (na zona oriental), onde o russo é falado nalguns casos pela maioria da população. 

Poucos dias depois, frente à pressão russa e de seus aliados da UE, o presidente em exercício Aleksandr Turchinov vetou a lei de abolição do direito linguístico e ordenou ao Parlamento que construísse uma nova lei que restabelecesse os direitos linguísticos das minorias[xxv]. Contudo os sinais não são auspiciosos: os encarregados de tal proposta são Volodymyr Yavorivsky, um russófobo neonazi do Pátria, e Iryna Farion, membro e parlamentar do Svoboda[xxvi].

Porém, as “travessuras” fascistas não pararam por aí. Como essa mesma lei vetada trazia a imposição do banimento de toda a mídia em russo, eles encontraram uma outra maneira de fazer valer sua vontade. Através do “Conselho de Defesa e Segurança Nacional [se] instruiu o Escritório do Procurador-Geral e [d]o Serviço de Segurança a investigar as atividades dos canais russos de TV por descumprimento da legislação ucraniana [... por] incitamento ao ódio étnico, incitamento à guerra, separatismo” e a “Corte Administrativa do Distrito de Kiev decidiu pela suspensão da transmissão de quatro canais russos”[xxvii]. 

Essas decisões levaram ao repúdio da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), expressado na declaração do seu Representante sobre Liberdade da Mídia, Dunja Mijatović de que “banir programação sem base legal é uma forma de censura; preocupações com segurança nacional não deveriam ser usadas a expensas da liberdade da mídia”[xxviii]. Em 11 de março já mais de 50% das empresas de mídia não passavam mais canais russos, seguindo as ordens do órgão de fiscalização da mídia[xxix]. 

Não bastando isso, um parlamentar do Svoboda e outros militantes fascistas foram até o escritório do CEO da Companhia Nacional de Televisão, Aleksandr Panteleymonov, o espancaram e gritaram até forçá-lo a assinar sua demissão, sob a justificativa de ele seria “pró-russo”[xxx].


O clima de terror e de controle totalitário que buscam instalar no país. É um salto qualitativo num país onde os setores fascistas, apoiados crescentemente pela pequena-burguesia da parte ocidental da Ucrânia, vem crescendo e impondo medo às minorias. “Na Ucrânia atual o anti-semitismo é tão forte, que nos últimos 20 anos, depois da derrocada da União Soviética – que sempre protegeu os judeus como etnia – 80% dos 500.000 hebreus que viviam no país o abandonaram, desde 1989, em um êxodo sem precedentes no pós-guerra. 

Hoje, em uma população de mais de 44 milhões de habitantes, há menos de 70.000 judeus ucranianos”[xxxi]. Contudo é ainda pior para “os cerca de 120.000 a 400.000 ciganos que vivem na Ucrânia, uma minoria que não conta com recursos para deixar o país, nem com um destino, como Israel, que os possa receber. 

Com a desmobilização da polícia e do exército, e sua substituição por brigadas paramilitares compostas de vândalos e arruaceiros, os neonazistas têm circulado livremente pelos bairros ciganos da periferia de Kiev e de cidades do interior do país, insultando e agredindo impunemente, qualquer homem, mulher, criança, idoso, que encontrem pela frente”[xxxii].

A violência se estende aos membros do Partido das Regiões, mas principalmente contra a esquerda, tanto comunistas, membros do Borotba, ou anarquistas (com uma história de raízes profundas no país). No dia 24 de fevereiro, perto de Kiev, “a casa do líder do Partido Comunista da Ucrânia, Pyotr Simonenko, foi queimada [...]. A esposa de Simonenko, Okasana Vashenko, contou [...] que a casa foi invadida por indivíduos que procuravam alguma coisa que incriminasse o dirigente. 

Como não acharam nada eles simplesmente atearam fogo na casa, com caixas de coquetéis Molotov”[xxxiii]. Mas, não foi só isso: “Sedes [do Partido Comunista] foram atacadas no País inteiro, câmaras regionais foram ameaçadas com armas para aprovar determinadas medidas, políticos foram obrigados, sob ameaça física, a renunciar a seus cargos”[xxxiv]. 

No dia 25 de fevereiro, um ativista do Pravy Sektor, chamado Aleksandr Muzychko, entrou no “Parlamento Regional de Rovno, aonde ele ameaçou os membros do parlamento regional com uma metralhadora e certo número de outras armas e demandou uma decisão garantindo apartamentos para as famílias dos manifestantes mortos durante os violentos confrontos da última semana no centro de Kiev”[xxxv]. 

No Parlamento Nacional, quando o líder do Partido Comunista, Pyotr Simonenko, discursava defendendo a federalização do país e a concessão do status de língua oficial ao idioma russo ele foi atacado por dois deputados do Svoboda, levando a que os deputados comunistas tivessem que se defender dos ataques[xxxvi]. Em Lviv, bastião do Svoboda, eles chegaram a torturar o primeiro secretário do Partido Comunista de Lviv, Rostislav Vasilko[xxxvii]. 

Uma idosa foi brutalmente espancada pelos fascistas por estar a levar flores para uma estátua de Lênin[xxxviii]. Até mesmo as Igrejas Ortodoxas subordinadas ao Patriarcado de Moscou estão sendo atacadas[xxxix].

Essa violência contra a esquerda já se dava desde os próprios protestos do EuroMaidan, como denunciava o anarcossindicalista ucraniano Denys, da União do Trabalhador Autônomo da Ucrânia, à Rádio Asheville FM, da Carolina do Norte: “Hoje e talvez em todos os outros dias da última semana, você poderia estar em perigo real, se você começar a dizer algo assim [falar sobre a alternativa de classe], porque você seria imediatamente considerado um provocador do partido no poder. 

Na verdade, houve um par desses incidentes no Euromaidan, quando pessoas de diferentes grupos de esquerda estavam tentando fazer exatamente o que você está dizendo [falar sobre a alternativa de classe], e alguns deles foram espancados muito severamente, outros foram apenas expulsos. Isso ocorre porque as pessoas comuns mostram algum interesse, às vezes, mas o outro problema é que entre os ativistas no Euromaidan, entre a segurança e os responsáveis locais (os organizadores dos protestos), entre os que fazem as coisas, há forte infiltração pelos grupos de extrema-direita que realmente têm suas próprias coisas para dizer para a esquerda. 

E eles têm a confiança das pessoas comuns, dos políticos, por isso, se algum nazista novo que conhecemos diz: "Oh, meu Deus, olha, estes são os comunistas, estes são provocadores, eu acho que eles apenas apoiam Yanukovych", ninguém mais ouvirá você. Você seria expulso”[xl].

Mas, o salto qualitativo no domínio de terror se deu com o aprofundamento do golpe, em 13 de março: o Parlamento Nacional aprovou a criação de uma “Guarda Nacional” com 60 mil stormtroopers (tropas de assalto), “cujos trabalhos incluirão a proteção da ‘ordem pública’ (moldada sobre a ‘nova ordem’ alemã sobre os territórios ocupados) e a supressão de ‘distúrbios’ (protestos populares) durante um estado de emergência, bem como a assistência na defesa das fronteiras (com a Rússia, naturalmente), e a participação em operações militares em caso de guerra”[xli]. 

Isto na verdade significou a incorporação das milícias fascistas à estrutura oficial de repressão. O sonho de Ernest Röhm para as suas Sturmabteilung (SA) e depois realizada pela SS por Heinrich Himmler, com a constituição a partir dos batalhões da Waffen SS, foi realizado pelos fascistas ucranianos em tempo recorde. 

Estes batalhões “principalmente originados de Lviv [bastião do Svoboda e dos fascistas em geral] (Ucrânia Ocidental) serão unidades de retaliação e de fronteira – análogas às Waffen SS[xlii]. Na sua era, os nazistas rapidamente livraram-se dos generais da Wehrmacht que ousaram se opor à criação e a militarização do “Exército do Partido”. 

Usando o mesmo esquema de jogo, o “primeiro-ministro” em exercício, Arseny Yatsenyuk não hesitou a demitir três vice-ministros da defesa que se atreveram a se opor ao lunático plano de armar o Setor Direita”[xliii]. Arsen Avakov, ministro do Interior, declarou “como uma de suas primeiras intenções que o Setor Direita deve ser integrado no aparato estatal de segurança”[xliv], o que cumpriu inteiramente.

Esses grupos de assaltos, secundados por grupos de extrema-direita ligado às claques de futebol (financiadas pelos oligarcas proprietários desses clubes) realizaram o grande Massacre de Odessa. Na noite da passada sexta-feira, dia 3 de maio, as torcidas organizadas de dois clubes que jogavam na cidade de Odessa, junto de membros do Pravy Sektor e as milícias fascistas começaram a atacar os militantes antifascistas, se dirigindo para o acampamento montado por estes junto à Casa dos Sindicatos, para onde estes foram encurralados. 
                                                   
Os fascistas então lançaram uma bomba que iniciou o incêndio, que vitimou ao menos 42 pessoas, carbonizadas até a morte[xlv]. Ao contrário da propaganda da mídia imperialista e de Kiev, todos eram ucranianos, não se encontrou nenhum corpo de “infiltrados russos”. Tanto os queimados, como os mortos a tiros pelos fascistas nesse massacre, eram em sua maioria militantes do partido comunista ucraniano e do outro partido de esquerda, o Borotba.

É assustador, mas os fascistas possuem de fato o poder local “em ao menos algumas das regiões ocidentais ucranianas, como as regiões de Rivne e Volyn”[xlvi]. Como a Ucrânia é um estado unitário, a indicação dos governadores de região é feita por Kiev, que indicou quatro militantes do Svoboda como governadores[xlvii]. Já nas eleições parlamentares de 2012 eles obtiveram 10,44% de votos no sistema proporcional e 12 deputados eleitos diretamente no sistema distrital, superando então a cláusula de barreira de 5%, permitindo alcançarem 38 deputados entre 450 vagas[xlviii].

Nas eleições locais de 2010 tiveram “uma média de 25,7% de votos na Galícia Oriental, e seus candidatos venceram a maioria dos cargos distritais. Como resultado, o Svoboda conformou coalizões majoritárias nos conselhos regionais e, em Ternopil, Ivano-Frankivsk e várias pequenas cidades o partido tem uma maioria absoluta. Ternopil permanence, contudo, a única cidade onde o partido pode governar independentemente, pois o prefeito é membro deste partido”[xlix].

O crescimento em militância do Svoboda também tem sido exponencial: em 2004 tinha 5.000 militantes, em 2010 já havia subido para 15.000[l]! A verdade é que o crescimento dos setores fascistas pela via eleitoral tem como limite a divisão do país e sua política antiminoria russa. Por isso, eles pressionam pela mudança na legislação eleitoral e pela substituição do staff da Comissão Central de Eleições, e o Setor Direita e o Causa Comum (outro grupo fascista) manterão até as eleições militantes nos escritórios dessa comissão[li]. Não se pode descartar, obviamente, que ocorram fraudes nas eleições presidenciais do dia 25 de maio para beneficiar os fascistas ou uma parte deles.

Como reflete brilhantemente Mauro Santayna: “Até agora, o neonazismo se ressentia de um território grande e simbólico o suficiente, do ponto de vista de uma forte ligação com o anticomunismo e com o nacional-socialismo, no passado, para servir de estuário para o ressentimento e as frustrações de um continente decadente e nostálgico das glórias perdidas, que nunca se sentiu realmente distante, ou decididamente oposto, ao fascismo.

Faltava um lugar, um santuário, onde se pudesse perseguir o mais fraco, o diferente, impunemente. Um front ideológico e militar para onde pudessem convergir – como voluntários ou simpatizantes — militantes da supremacia branca de todo o mundo. Um laboratório para a criação de um novo estado, com leis, estrutura e ideologia semelhantes às que imperavam na Alemanha há 70 anos. Se, como tudo indica, os neonazistas se encastelarem no poder em Kiev, por meio de eleições fraudadas, ou da consolidação de um golpe de estado desfechado contra um governante eleito, o ninho da serpente poderá renascer, agora, no conflagrado território ucraniano”[lii].

O exemplo dos fascistas ucranianos já inspira fascistas de outras partes, como os nazistas do Partido dos Suecos, que tem atacado militantes de esquerdas – como em Malmo, após manifestações de esquerda pelo Dia Internacional da Mulher – e judeus, ou ainda o Movimento de Resistência Sueco: “Ao todo, 12 membros de vários grupos de extrema direita suecos foram nas últimas semanas a Kiev para participar das revoltas contra o governo anterior, apoiando partidos de ideologia similar ao Setor de Direitas e Svoboda.

Um dos três detidos pelo incidente de Malmo acabava de retornar da Ucrânia, revelou a ‘Expo’ O Säpo [serviço de inteligência sueco] havia admitido dias antes que sabia da presença de nazistas suecos na Ucrânia, mas que não lhe constava que tivessem intenção de cometer delitos com motivações políticas na Suécia”[liii].

Os perigos da ascensão dos fascistas na Ucrânia não se restringem ao espaço ucraniano, muito pelo contrário. Como corretamente pondera Yorgos Mitralias, membro do comitê grego da iniciativa do Manifesto Antifascista Europeu: “Independentemente do caminho que tomem os acontecimentos que vêem afrontar-se no solo ucraniano não só a Rússia e a Ucrânia (igualmente reacionárias e enfeudadas aos oligarcas) mas também as grandes potências imperialistas do nosso tempo, tudo indica que os neo-nazis ucranianos, já poderosos, serão os únicos a aproveitar-se da devastação que não deixarão de provocar tanto as políticas de austeridade do FMI como os ventos guerreiros e nacionalistas que varrem a região.

As consequências são previsíveis. Os neo-nazis ucranianos em armas serão provavelmente capazes de estender a sua influência para lá do Leste europeu e gangrenar o conjunto do nosso continente. Como? Primeiro, impondo, no interior do campo da extrema-direita europeia em ascensão, relações de força favoráveis ao neo-nazismo militante. Depois, servindo como modelo de exportação ao menos para os países vizinhos (incluindo a Grécia), já martirizados pelas políticas de austeridade e já contaminados por vírus racistas, homofóbicos, anti-semitas e neo-fascistas.

E, evidentemente, sem esquecer o grande “argumento” que constituem os milhares e milhares de armas – incluindo pesadas – na sua posse, que não deixarão de exportar. A conclusão salta à vista. É o conjunto da paisagem, equilíbrios e relações de força na Europa que será inevitavelmente transformado, às custas de sindicatos operários, organizações de esquerda e movimentos sociais. Em palavras simples, já há de que ter pesadelos”[liv].

Na verdade, o fascismo e o liberalismo são duas bestas gêmeas paridas pelo capitalismo. Não por acaso convivem harmoniosamente no novo governo ucraniano, como já o fizeram, por exemplo, no Chile de Pinochet. Mais do que isso: o fascismo é a expressão desesperada dos capitalistas em crise, que se utilizam dos pequeno-burgueses ameaçados de proletarização na sua luta para esmagar a resistência da classe trabalhadora.

Por isso, não há outra forma de derrotar o fascismo em definitivo sem a derrota do capitalismo. Não é de surpreender que o fascismo, que parecia ter sido morto no Julgamento de Nuremberg, e enterrado em definitivo com a Revolução dos Cravos e o fim do franquismo, volta com toda a força. É como explica o líder do Borotba sobre a situação ucraniana, ao falar sobre o Svoboda: “Eles [o Svoboda] foram apoiados por alguns grupos e o governo burguês porque o governo burguês [e a] administração de Yanukovich [estava] tentando usar os fascistas contra os seus inimigos políticos.

Por exemplo, você sabe que na Ucrânia um dos mais populares políticos foi Yulia Tymoshenko. Ela foi uma política realmente corrupta, mas ao mesmo tempo foi bastante popular, então Yanukovich e seu grupo usaram o Svoboda para atacá-la. Eles fizeram boas doações para financiar o Svoboda, e em poucos anos eles converteram-se de um pequeno partido fascista da Ucrânia Ocidental num grande partido parlamentar.

Eu preciso explicar que a Ucrânia é um país muito nacionalista. Quando a União Soviética caiu e nós tivemos um grande desastre social aqui na Ucrânia, era da intenção e da vontade do povo lutar contra o capitalismo porque ele não trouxe nada de bom para o povo, e [toda] a oligarquia ucraniana, novos homens de negócio, novos ricos, começaram a usar a ideologia nacionalista para evitar que o país voltasse ao “Passado Vermelho”.

Nós tivemos propaganda nacionalista por vinte anos através da mídia, na escola, e nós tivemos um grande financiamento para sustentar os movimentos fascistas. Estas duas condições fizeram possível os fascistas estarem no parlamento ucraniano”[lv]. O que ele fala de governo de Yanukovich é válido para todos os governos oligarcas anteriores.

O “herói da democracia”, líder da “Revolução” Laranja, Viktor Yuschenko, no fim de seu governo, após não conseguir se reeleger ao perder a eleição para Yanukovich, premiou postumamente com o título de “Herói da Ucrânia” o líder fascista e colaborador de nazistas, Stepan Bandera[lvi]. O que Sergei Kirichuk demonstra é que foi a partir do apoio do Estado burguês e da grande burguesia ucraniana que se construiu o fascismo. Yanukovich alimentou a fera fascista, que depois devorou a mão que lhe entregava dinheiro[lvii].

Com grande clarividência, o líder do Borotba coloca que eles não lutam apenas contra os fascistas, mas que é necessário lutar principalmente contra a “oligarquia ucraniana e a classe dominante ucraniana, porque os fascistas ucranianos são apenas um sintoma dessa doença chamada desenvolvimento capitalista.

Atualmente, eles são apenas um dos problemas da Ucrânia porque nós temos um enorme número de problemas ligados à corrupção, pobreza e movimentos de extrema-direita. O grande desemprego, a pobreza na Ucrânia, eles não criam uma boa base de desenvolvimento, mas estes movimentos neonazistas. Logo, nosso inimigo central é a classe dominante”[lviii].

Apesar da ameaça fascista, felizmente, no Sul e no Leste da Ucrânia – mesmo que a campanha de desinformação da grande mídia internacional pinte a mobilização popular nessas regiões como um plano arquitetado por Moscou, chamando os militantes de “pró-russos” – cresce uma verdadeira revolução antifascista, com a entrada em cena de batalhões pesados da classe operária, como os mineiros. Inclusive se debate entre estes a necessidade de expropriar a propriedade dos oligarcas. Ainda há esperança para a Ucrânia. Ainda há esperança para a Europa. Que a resistência do povo ucraniano oriental derrote o fascismo como o povo soviético derrotou a besta nazista em Stalingrado.

(*) Carlos Serrano Ferreira é pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia da UFRJ (LEHC-UFRJ) e militante do PCB-RJ.

[i] Kuzio, Taras. Yushchenko Finally Gets Tough On Nationalists. Eurasia Daily Monitor, v.1, n° 66. Disponível em: http://www.jamestown.org/single/?no_cache=1&tx_ttnews%5Bswords%5D=8fd5893941d69d0be3f378576261ae3e&tx_ttnews%5Bany_of_the_words%5D=Tyahnybok&tx_ttnews%5Btt_news%5D=26703&tx_ttnews%5BbackPid%5D=7&cHash=0a5d124110#.U2nW4_ldXZ0.

[ii] Olszański , Tadeusz A.. Svoboda party – the new phenomenon on the Ukrainian right-wing scene. OSW Commentary, n.° 56, 2011. p.2. Disponível em: http://mercury.ethz.ch/serviceengine/Files/ISN/137051/ipublicationdocument_singledocument/fd513b79-1b42-403d-bde8-3d3d3a6a6f32/en/commentary_56.pdf.

[iii] Democracy and Class Struggle. Ukraine: Sergei Kirichuk of Union Borotba Interviewed by the Last Defense - Red Star verses Brown Shirt. 5 de abril de 2014. Disponível em: http://democracyandclasstruggle.blogspot.co.uk/2014/04/ukraine-sergei-kirichuk-of-union_5.html. Tradução livre do inglês.

[iv] Segundo a pesquisa da R&B, entre os moradores da Kiev, “majoritariamente favorável ao EuroMaidan, mostra que 69% consideram totalmente negativa a atitude de derrubada da estátua [de Lênin]; apenas 13% a consideram totalmente positiva; e, 67% consideraram um ato bárbaro, contra apenas 29% que não o tipificam assim.” Ferreira, Carlos Serrano. A Batalha pela Ucrânia. História & Luta de Classes, n° 17, março 2014. p. 72.

[v] Ver nota III. Tradução livre do inglês.

[vi] Seria muito polêmico acrescentar a ditadura dos coronéis (1967-1974), um regime ditatorial militar, mas que não chegava a ser um fascismo clássico.

[vii] Infelizmente, devido aos limites do espaço, não será possível aqui citar a extensa ligação entre países imperialistas europeus e, principalmente, os EUA, com os fascistas ucranianos desde seu surgimento décadas atrás.

[viii] As informações sobre a participação dos fascistas no novo governo foram extraídas principalmente do artigo de Greg Rose, Ukraine Transition Government: Neo-Nazis in Control of Armed Forces, National Security, Economy, Justice and Education, publicado em 2 de março deste ano em Global Research News e disponível emhttp://www.globalresearch.ca/ukraine-transition-government-neo-nazis-in-control-of-armed-forces-national-security-economy-justice-and-education/5371539.

[ix] Democracy and Class Strugle. Know your Enemy :The new neoliberal fascist government in Ukraine. Disponível em: http://democracyandclasstruggle.blogspot.co.uk/2014/03/the-new-neoliberal-fascist-government.html. Tradução livre do inglês.

[x] Informação extraída de Mitralias, Yorgos. Ucrânia: Anti-fascistas europeus, despertem! A peste castanha está de volta!. 8 de março de 2014. Disponível em: http://www.esquerda.net/artigo/ucr%C3%A2nia-anti-fascistas-europeus-despertem-peste-castanha-est%C3%A1-de-volta/31654.

[xi] Ver nota VIII. Tradução livre do inglês.

[xii] Ryan, John. Misinformation about Ukraine and Russia. Disponível em: http://canadiandimension.com/articles/6044/. 

[xiii] Ver nota IX. Tradução livre do inglês.

[xiv] Ver nota VIII. Tradução livre do inglês.

[xv] Ver nota XII.

[xvi] Ver nota IX. Tradução livre do inglês.

[xvii] Ver nota II. p.2.

[xviii] Ames, Paul. Europe's Far Right Is Embracing Putin. 10 de abril de 2014. Disponível em: http://www.businessinsider.com/paul-ames-europes-far-right-is-embracing-putin-2014-4#!J4Zqz.

[xix] Tiahnybok, Oleh. Oleh Tiahnybok withdraws Svoboda's membership within the Alliance of European National Movements. 20 de março de 2014. Disponível em: http://en.svoboda.org.ua/news/events/00010596/.

[xx] Disponível em http://metapolls.net/2014/04/23/ukrainian-presidential-election-23-april-2014-poll/#.U2hfG_ldXZ0.

[xxi] Sobre essa transformação de uma insurreição em golpe sugere-se a leitura do artigo Ferreira, Carlos Serrano. Ucrânia: da insurreição ao golpe. Diário Liberdade. Disponível em: http://www.diarioliberdade.org/opiniom/opiniom-propia/46329-ucr%C3%A0nia-da-insurrei%C3%A7%C3%A3o-ao-golpe.html. Pode ser acessado em vários outros sites, como no do PCB: http://www.pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=7097:ucrania-da-insurreicao-ao-golpe&catid=43:imperialismo.

[xxii] EFE. Chanceler estoniano sugere que atiradores de Kiev foram pagos pela oposição. UOL Notícias. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2014/03/05/chanceler-estoniano-sugere-que-atiradores-de-kiev-foram-pagos-pela-oposicao.htm.

[xxiii] Sobre isso veja-se Who is in charge of Ukraine today?. Oriental Review. 19 de março de 2014. Disponível em: http://orientalreview.org/2014/03/19/who-is-in-charge-of-ukraine-today/.

[xxiv] Suanzes, Pablo Rodríguez. El Parlamento destituye a Yanukovich y convoca elecciones. El Mundo, 22 de fevereiro de 2014. Disponível em: http://www.elmundo.es/internacional/2014/02/22/53086e73e2704ec87a8b456a.html. Grifos no original. Tradução livre do castelhano.

[xxv] RT. Canceled language law in Ukraine sparks concern among Russian and EU diplomats. 27 de fevereiro de 2014. Disponível em: http://on.rt.com/fpsdcn.

[xxvi] Who is in charge of Ukraine today?, citado na nota XXIII.

[xxvii] RT. Ukrainian court bans Russian TV broadcast.26 de março de 2014. Disponível em: http://on.rt.com/w7ybdu.

[xxviii] Idem.

[xxix] RT. Humiliation: Ukrainian MP & thugs beat state TV Channel head into resigning (VIDEO). 18 de março de 2014. Disponível em: http://on.rt.com/b3y4ax. Além da notícia há um vídeo com as cenas de brutalidade fascista.

[xxx] Idem.

[xxxi] Santayana, Mauro. Capitalismo ameaçado passeia com o fascismo. 9 de março de 2014. Disponível em: http://www.viomundo.com.br/denuncias/mauro-santayana-capitalismo-ameacado-sempre-passeia-com-o-fascismo-o-ataque-aos-povos-roma-na-europa.html.

[xxxii] Idem.

[xxxiii] PCO. Fascistas queimam casa de líder do Partido Comunista. Disponível em: http://pco.org.br/blog/politicainternacional/238/europa/ucrania/2014/fascistas-queimam-casa-de-lider-do-partido-comunista/. Sobre outras ações terroristas dos fascistas na Ucrânia pode se ler mais em: Workers BushTelegraph. The Coup Leadership in Ukraine is Fascist. 28 de abril de 2014. Disponível em: http://workersbushtelegraph.com.au/2014/04/28/the-coup-leadership-in-ukraine-is-fascist/.

[xxxiv] Fascistas queimam casa de líder do Partido Comunista. Ver nota anterior.

[xxxv] RT. Ukraine: “Thugs R Us”. Western-Backed Extremists’ Intimidation Techniques. 27 de fevereiro de 2014. Tradução livre do inglês. Disponível em: http://www.globalresearch.ca/ukraine-thugs-r-us-western-backed-extremists-intimidation-techniques/5370914.  

[xxxvi] DNAgola. Deputados nacionalistas e comunistas trocaram tapas na sessão de ontem do Conselho Supremo em Kiev. Disponível em: http://www.dnangola.com/2014/04/deputados-nacionalistas-e-comunistas-trocaram-tapas-na-sessao-de-ontem-do-conselho-supremo-em-kiev/.

[xxxvii] La Republica. Rostislav Vasilk, comunista torturado por los fascistas de EuroMaidan. 27 de fevereiro de 2014. Disponível em: http://www.larepublica.es/2014/02/rostislav-vasilk-comunista-torturado-por-los-fascistas-de-euromaidan/.

[xxxviii] Bleitrach, Danielle. Questions à l’Union européenne et au gouvernement français. Disponível em: http://histoireetsociete.wordpress.com/2014/02/26/questions-a-lunion-europeenne-et-au-gouvernement-francais-par-danielle-bleitrach/.

[xxxix] Ver nota XXXV.

[xl] Tahrir-ICN. Anarquista ucraniano alerta sobre a influência fascista na oposição ucraniana. Tradução Carlos Serrano Ferreira. Diário Liberdade. Disponível em: http://www.diarioliberdade.org/mundo/antifascismo-e-anti-racismo/45455-ucr%C3%A2nia-anarquista-ucraniano-dissipa-mitos-que-cercam-os-protestos-do-euromaidan-e-alerta-sobre-a-influ%C3%AAncia-fascista.html.

[xli] Ver nota XXIII. Tradução livre do inglês.

[xlii] É importante notar que a Divisão Galitzia da Waffen SS teve um importante papel na história do fascismo ucraniano, e não é estranho que seja um parâmetro para esse processo: “Os nazistas ucranianos não apenas forneceram  assassinos e torturadores para o holocausto — e a eliminação de prisioneiros políticos e de homossexuais — mas também lutaram ao lado dos alemães, por meio da sua famigerada Legião Ucraniana de Autodefesa e da Divisão SS  Galitzia, contra os russos, na Segunda Guerra Mundial.
Longe de renegar esse passado, do qual toma parte o extermínio da própria população ucraniana – em Baby Yar, uma ravina perto de Kiev, foram massacrados, com a ajuda de soldados e policiais ucranianos, 150.000 mil civis, entre  ciganos, comunistas, e judeus ucranianos, 33.700  deles apenas nos dias 29 e 30 de setembro de 1941 – a direita ucraniana o venera e honra. No dia primeiro de agosto de 2013, com a presença de um padre ortodoxo, dezenas de pessoas vestindo uniformes da Waffen SS, em meio a uma profusão de bandeiras ucranianas e de suásticas, se encontraram na cidade de Chervone, na Ucrânia, para honrar o “sacrifício” dos “heróis” ucranianos da Divisão SS Galitzia.” Ver referência na nota XXXI.

[xliii] Ver nota XXIII. Tradução livre do inglês.

[xliv] Ver nota IX. Tradução livre do inglês.

[xlv] Pode-se ver informações sobre o Massacre em RT. Radicals shooting at people in Odessa’s burning building caught on tape. 4 de maio de 2014. Disponível em: http://on.rt.com/oa8vvj;  Oliphant, Roland. Ukraine crisis: death by fire in Odessa as country suffers bloodiest day since the revolution. The Telegraph, 3 de maio de 2014. Disponível em: http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/ukraine/10806656/Ukraine-crisis-death-by-fire-in-Odessa-as-country-suffers-bloodiest-day-since-the-revolution.html; 

[xlvi] The Coup Leadership in Ukraine is Fascist. Ver nota XXXIII. Tradução livre do inglês.

[xlvii]Ver nota IX. Tradução livre do inglês.

[xlviii] Vyacheslav Likhachev . 2012 REPORT on manifestations of anti-semitism in Ukraine. Disponível em: http://eajc.org/page635.

[xlix] Ver nota II. p.2.

[l] Ver nota II. p.2.

[li] Ver nota XXXV.

[lii] Ver nota XXXI.

[liii] EFE. Aumento da violência neonazista gera debate e protestos na Suécia. 16 de março de 2014. Disponível em: https://br.noticias.yahoo.com/aumento-viol%C3%AAncia-neonazista-gera-debate-protestos-su%C3%A9cia-131358617.html.

[liv] Ver nota IX. Tradução livre do inglês.

[lv] Ver nota III. Tradução livre do inglês.

[lvi] RT. Bandera: Ukraine’s national hero or traitor?. 5 de abril de 2010. Disponível em: http://on.rt.com/tty2if.  

[lvii] Outro exemplo de financiamento das oligarquias ao Svoboda pode ser visto nas eleições dos conselhos distritais em 2009, onde Ihor Kolomoyskyi, em conflito há época com Yulia Timoshenko, financiou a campanha do candidato do Svoboda ao conselho de distrital de Ternopil. Fonte: Olszański , Tadeusz A.. Svoboda party – the new phenomenon on the Ukrainian right-wing scene. OSW Commentary, n.° 56, 2011. p.5. Disponível em: http://mercury.ethz.ch/serviceengine/Files/ISN/137051/ipublicationdocument_singledocument/fd513b79-1b42-403d-bde8-3d3d3a6a6f32/en/commentary_56.pdf.

[lviii] Ver nota III. Tradução livre do inglês.

Oposição Sindical denuncia ao MP uso indevido de recursos públicos na eleição do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais

                                                                    
A Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas protocolou, na sexta-feira (9/5), representação junto ao Ministério Público denunciando o uso indevido de recursos públicos da prefeitura de Contagem durante as eleições do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, em favorecimento da Chapa 2 – Pra Sacudir, cujo candidato a presidente, Kerison Lopes, e membros da chapa fazem parte do PCdoB, mesmo partido do prefeito de Contagem.

No dia 16 de abril, um carro da prefeitura de Contagem foi flagrado levando um jornalista da prefeitura à sede do Sindicato para votar, conforme confirma o próprio jornalista em depoimento publicado em seu perfil no Facebook.  Ao contrário do que alega o jornalista da prefeitura de Contagem, esse não é um fato isolado, pois no dia 15 de abril, o mesmo veículo, conduzido pelo mesmo motorista, foi flagrado na rua Guajajaras, estacionado próximo ao número 505, depois de levar três jornalistas da prefeitura de Contagem à sede do Sindicato para votar.

Ao colocar o carro da prefeitura a serviço da Chapa 2 – Pra Sacudir, mais do que cometer ato de improbidade administrativa, a prefeitura de Contagem interfere diretamente na eleição do Sindicato dos Jornalistas, desrespeitando a autonomia e independência da categoria. Cabe a nós nos perguntarmos: qual o interesse da prefeitura de Contagem (PCdoB) no sindicato? Aparelhar! Essa é a única resposta.

A Oposição Sindical tem entre os seus propósitos o combate ao aparelhismo que faz dos sindicatos correia de transmissão de partidos e governos. Nosso compromisso é renovar verdadeiramente o Sindicato dos Jornalistas, excluindo da nossa postura a omissão e conivência com práticas, que nós, jornalistas, denunciamos diariamente no noticiário. Renovação se faz com princípios!

Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas
Belo Horizonte, 13 de março, de 2014

domingo, 11 de maio de 2014

5 de Maio: Saudações ao Camarada Marx!

                                                                   

O dia, 5 de maio de 1818. A cidade, Treves, Alemanha. Nasce neste dia Karl Heinrich Marx, o maior combatente proletário que o mundo conheceu!

Marx empenhou toda sua vida na militância revolucionária comunista, tendo participado de forma ativa e decisiva de todos os processos revolucionários ocorridos à sua época. Retomemos aqui as palavras de Friedrich Engels que, diante do túmulo Marx em 17 de março de 1883, dia de seu sepultamento, afirmou sobre o amigo e camarada de toda uma vida:“Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por estas suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento”.

A disposição para lutar concretamente em busca da transformação das condições impostas pelas circunstâncias históricas concretas deve ser lembrada por nós como o maior e principal legado de Marx. Poucos foram tão perseguidos pelos detentores do poder como ele.

A ciência fora para Marx sempre um instrumento de luta, inseparável portanto de sua ação político-revolucionária. Em 1841, aos 23 anos, se doutora em Filosofia pela Universidade de Jena. No entanto, é entre os anos de 1842 e 1844 que assume a crítica à filosofia de Hegel como marco inicial da construção dos alicerces de um gigantesco arsenal de conhecimentos como quais sustentaria toda a sua ação de conhecimento e luta concreta pela transformação revolucionária do capitalismo em socialismo: o materialismo histórico e o materialismo dialético.

Mas é a partir do estabelecimento do contato com o movimento socialista francês em sua viagem a Paris em 1843 – onde conhece Friedrich Engels, aquele que foi seu grande amigo e camarada inseparável de militância por toda a sua vida – que Marx avança decisivamente na consolidação da sua concepção de prática revolucionária sintetizada na palavra práxis, em que a teoria revolucionária e a prática revolucionária são inseparáveis, alimentando-se uma da outra como condição de existência de cada uma delas.

A partir de então, Marx passou a valer-se da ciência revolucionária em busca de respostas às contradições presentes em um mundo, antagonicamente às formas adotadas pela ciência das classes dominantes. Para Marx e, por consequência, para a ortodoxia marxista, a realidade concreta pode ser conhecida, explicada e, portanto, deve ser necessariamente negada e transformada. Este foi o percurso assumido por ele na busca incessante de levar ao proletariado a consciência das verdadeiras raízes das condições de exploração e opressão às quais têm sido historicamente submetido. 

A luta pelo desvelamento/transformação revolucionária da realidade concreta à qual estão submetidos os trabalhadores na sociedade capitalista foi o parâmetro de vida deste combatente que não teve sossego, nem mesmo por um instante. Ainda relembrando as palavras de Engels na ocasião do sepultamento do seu grande camarada,

Ainda hoje milhões de herdeiros do legado de Marx, espalhados por todo o mundo – sejam militantes organizados na linha direta da revolução socialista, seja aquela pequena parcela de cientistas resistentes que ainda reivindicam o marxismo como fundamento e base para a sua praxis – todos, indiscriminadamente, foram e continuam sendo perseguidos, presos, torturados, degredados e até mesmo mortos pelos estados burgueses, ditatoriais ou democratas conforme a hora e o lugar.

Ao longo de todo o processo de desenvolvimento do capitalismo Marx e seus seguidores têm sido atacados. O objetivo único de tais ataques é o de desqualificar, da forma mais mesquinha e degenerada, aquilo que Marx nos deixa como legado: a impossibilidade da existência da sociedade capitalista sem a apropriação burguesa da mais-valia produzida pelo trabalhador. Sendo assim, o capitalismo jamais poderá ser humanizado, como querem fazer acreditar os reformistas de todos os naipes, às vezes até disfarçados de revolucionários, que em sua essência são anti-marxistas e, portanto, anti-comunistas.

O marxismo, enquanto proposta político-teórica materialista dialética, busca na ciência a explicação da verdade e a apreensão do real para a sua superação. Não por acaso, Marx, ao se mostrar preocupado com possíveis distorções e simplificações da primeira edição francesa de sua obra O Capital, em 1872, escreve uma carta ao seu editor contestando a ideia de publicar sua obra em fascículos proposta pelo mesmo editor sob a alegação da “necessidade de torná-la mais acessível à classe operária”.

Ideia com a qual Marx tem desacordo imediato: “Não existe uma estrada real para a ciência, e somente aqueles que não temem a fadiga de galgar montanhas escarpadas têm chance de atingir seus cumes luminosos.” A mesma defesa Marx já trazia em seu primeiro volume de O Capital, no prefácio à primeira edição alemã, publicada em 25 de Julho de 1867, ao insistir em que “Todo começo é difícil, e isso vale para toda ciência.

Os críticos ao marxismo oportunisticamente acusam-nos de dogmáticos. É muito útil aos assalariados da burguesia confundirem dogma com ortodoxia para nos acusar. Nem Marx nem os marxistas somos dogmáticos. Reivindicamos, isto sim, a ortodoxia marxista na medida em que acreditamos na possibilidade de acesso à realidade objetiva e de sua transformação revolucionária. Para a dialética materialista a verdade é concreta e, portanto, possível ser alcançada pela humanidade. Entretanto, para se chegar a tal conhecimento é necessário o uso rigoroso de um método que subsidie a prática política comprometida com os interesses da classe trabalhadora.

Foi neste caminho da unificação entre o conhecimento científico e a prática da transformação revolucionária da sociedade capitalista, no caminho da práxis, que Marx foi capaz de identificar rigorosamente a lógica e a dinâmica da sociedade capitalista: a exploração crescente do homem sobre o homem via aprofundamento da exploração da mais-valia e do acúmulo da riqueza pela burguesia. Processo este que vemos em agudo aprofundamento no mundo atual em razão da busca desesperada da burguesia dos seus níveis de lucros ameaçados pela crise do sistema em nível global.

Os ensinamentos de Marx se fazem cada vez mais necessários, portanto. Registramos e reafirmamos aqui nosso inarredável e rigoroso compromisso com as ideias e com a prática de Karl Marx. Venceremos!

Marx vive! Viva Marx!

Movimento Marxista 5 de Maio

http://www.mmarxista5.org/historia/169-5-de-maio-saudacoes-ao-camarada-marx