quarta-feira, 18 de abril de 2012

                                                            
Intervenção do Camarada Joaquim Pereira Goulart Neto, Secretário Político do Comitê Municipal do PCB de Sabará por ocasião dos 90 anos do PCB, durante homenagem que a Câmara Municipal sabarense prestou ao Partido



No Brasil, diferente da Europa, que assistiu a organização de partidos operários ao longo do século XIX com designação social-democracia, a formação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) vinculou-se diretamente ao sucesso da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia.           A maior presença de operários originários do movimento anarquista expressou essa realidade específica do Brasil.



Em 1922 quanto foi fundado o Partido comunista Brasileiro (PCB), o Brasil tinha pouco mais de 30 milhões de habitantes, e a maioria morava do campo.



Vivia-se então, o capitalismo agrário-exportador e a economia dependia principalmente da exportação de produtos primários, sobretudo o café.



Desde fins do século XIX, alterou-se a organização do espaço no eixo Rio – São Paulo,      devido à intensificação do processo urbano – industrial.



Nesse contexto crescia a classe operária, para isso contribuindo a multiplicação de pequenas indústrias. Igualmente foi importante a chegada de imigrantes, na sua maioria da Itália, da Espanha e de Portugal.



Eles despertaram o movimento dos trabalhadores. Organizaram sindicatos. Editaram jornais. Distribuíram panfletos e manifestos. Animaram congressos e manifestações. Lideraram greves. Montaram peças de teatro com conteúdo político.



Mas, eles eram na sua maioria anarquista.  E o Anarquismo coloca em primeiro plano a liberdade do indivíduo. Seu lema é “todo para o indivíduo”.  Mas a luta dos operários era uma luta de classes, era uma luta pela emancipação das massas e dos trabalhadores, e só através desta libertação viria então a emancipação do indivíduo.



Por que então fundar o Partido Comunista nos moldes de marxismo-leninismo?



A conjuntura da década de 1920 marcou a crise da República Oligárquica no Brasil. Eram visíveis os sinais das contradições na sociedade agrário-exportadora. Claras manifestações de descontentamento de classes marginalizadas do poder tornaram-se freqüentes.



O crescimento e o amadurecimento do proletariado urbano refletiam a gravidade de uma questão social que as elites procuravam conter. Apesar da violenta repressão das autoridades, o movimento grevista foi impulsionado entre 1916 e 1920, culminando com a greve geral de 1917 no Estado de São Paulo e a tentativa de insurreição, no Rio de Janeiro, em novembro de 1918.



O governo usava a Lei de Expulsão de Estrangeiros visando banir os líderes anarquistas grevistas.  As prisões se sucediam. Inúmeros operários foram mortos.



Apesar disso, o proletariado ganhou vida nova com a notícia da Revolução Russa de 1917. Seu impacto injetou esperança no operariado brasileiro, além de influenciar segmentos das classes médias. Entre 1918 e 1921, foram criados muitos grupos, ligas e até partidos comunistas no Brasil. Para muitos trabalhadores e intelectuais pareciam mais corretas as idéias do marxismo-leninismo do que as defendidas pelos anarquistas.



Foram criadas no Rio Grande do Sul, a Liga Comunista de Livramento, a União Maximalista em Porto Alegre que se tornou Grupo Comunista de Porto Alegre.



Em 1919 no Rio, liderados por José Oiticica organizaram o Partido Comunista Anarquista, criaram o jornal SPARTACUS, dirigido por Astrogildo Pereira.



Também 1919, em São Paulo, anarquistas transformaram a Liga Comunista em Partido Comunista do Brasil.



Não se pode esquecer a influência exercida pela III Internacional Comunista em 1919. Foi ela centro propulsor e estimulante da criação de partidos comunistas em todos os países.



Estavam dadas as condições para a criação de um partido comunista nos moldes do marxismo-leninismo.



Em novembro de 1921, quando se comemorava o quarto aniversário da Revolução Russa, o Grupo Comunista aprovou a convocação do I Congresso do PCB que seria formalizada mais tarde, em 25 e 26 de Março de 1922. Eles eram apenas um reduzido grupo de militantes. Não mais de setenta em todo Brasil. Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.



Eles eram apenas nove delegados, intelectuais, alfaiates, impressor, vassoreiro, eletricista, barbeiro, e pedreiro. E nem puderam cantar muito alto a internacional naquela casa de Niterói em 1922. Mas Astrogildo, Cristiano, Joaquim, Manoel, João, Luiz, Hermogênio, Abílio e Jose que citava Lênin a três por dois, cantaram e fundaram o partido,. O canto deles, apesar de baixo, ecoa por todo o Brasil desde Março1922, e ecoará sempre enquanto houver miséria e injustiça.



O PCB não se tornou o maior Partido do Ocidente. Nem mesmo do Brasil. As ditaduras ferrenhas e sanguinárias o desfiguraram, eliminando e desaparecendo com grande parte de seus dirigentes, amedrontando e torturando militantes e seus familiares, fazendo todo o possível para eliminá-lo, Mas não o conseguiram, apenas o fortaleceram. O ideário comunista, concebido no Materialismo Histórico, na Economia Política e no Comunismo Científico fundado por Marx, Engels e complementado por Lênin falou mais alto. Nossa confiança numa sociedade justa, “e digo justa, e não mais justa”, e igualitária jamais foi, ou será abalada, pois nos fomos, somos e seremos sempre comunistas. Mas, camaradas e convidados, quem contar a história de nosso povo e seus heróis. Tem que falar dele. Tem de falar do nosso partidão. Tem de falar do PCB.



Ou então estarão mentindo




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