segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Painel de Elifas Andreato retrata a tortura durante o regime militar


                                        

Ex-preso político durante a ditadura e ilustrador de publicações de oposição ao regime militar, o artista plástico Elifas Andreato encarou a encomenda para pintar uma tela sobre aquele período como um doloroso desafio. O painel, com 5,5 metros de comprimento e 1,70 metros de altura, que será exposto na Câmara dos Deputados, retrata imagens de tortura, como pau de arara, cadeira elétrica, afogamento e violência sexual. 

O artista, também reconhecido pela plástica das dezenas de capas de discos de compositores e cantores da música brasileira, levou três meses para fazer o painel, que considerou um tempo curto, e acredita ter retratado ali fielmente os excessos daquele período. A tela foi batizada "A verdade ainda que tardia" e traz também imagens de vítimas dos militares, como a presidente Dilma Rousseff, Vladimir Herzog, Rubens Paiva, Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Alexandre Vannuchi e Manoel Fiel Filho.

"Quando me fizeram a encomenda, que precisava pintar essas imagens, fui para o quarto e disse a mim que teria que encarar esse negócio, mas não podia fazer coisa pequena. Fiz estudos preliminares e decidi que não ia esconder nada, coisa alguma. Na verdade, até escondi uma coisa ou outra que seria mais desagradável. O desafio era fazer uma boa pintura e fazer a denúncia, registrar aquela barbárie toda. Foi terrível, não foi fácil", contou Elifas Andreato ao jornal O Globo.
O trabalho foi encomendado pela Comissão da Memória, Verdade e Justiça da Câmara, presidida pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP). 

"Ali tem os eliminados pela ditadura e alguns sobreviventes. Todas as vítimas estão simbolicamente representados naquelas pessoas. Optei por usar aquela foto do prontuário da Dilma. E a Dodora tem uma história trágica, que me comoveu muito" , contou o artista.

 "Tive pouquíssimo tempo para trabalhar. Três meses e meio é tempo curto para esse tipo de trabalho. Nunca fiz algo desse tamanho. Trabalhei quinze horas por dia. Pronto nunca fica, mas chega uma hora que o prazo termina. Mas acredito ter feito um documento histórico e que as novas gerações se interessem em conhecer os arbítrios daquela época". (Com O Globo)

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