sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Padres Franciscanos resistiram contra a ditadura mas setores reacionários da Igreja ficaram contra o povo


                                                
Anivaldo Padilha, da Comissão Nacional da Verdade, Antônio Romanelli, da Comissão Estadual e Márcio Santiago, da OAB

A Igreja teve altos e baixos no episódio da ditadura cívico-militar que se abateu sobre o Brasil dia 1º de abril de 1964.Teve os reacionários que traíram o povo ficando do lado dos golpistas. E teve heróis, muitos heróis que lutaram contra o regime autoritário e/ou apoiaram os que lutaram sem cessar contra os desmandos.Tudo isso foi dito na reunião aberta sexta-feira, dia 29, na sede regional da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Minas Gerais.Hoje, dia 30, os trabalhos prosseguem e com eles certamente novas denúncias de maus-tratos, tortura, perseguição sem fim.

Os trabalhos de abertura de ontem tiveram duas depoentes emocionadas e bastante firmes: Zélia Rogedo e Angelina Leite, militantes desde a primeira hora contra a ditadura e ambas ligadas à Igreja, tema central dessas reuniões conjuntas da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade de Minas Gerais: "O papel da Igreja na Ditadura".

Muita denuncia foi feita, muitos fatos relembrados e muita coisa se junta às apurações da Comissão Nacional da Verdade que vai cruzar dados, somar às estatísticas, imprimir depois um relatório.

Foi lembrado, por exemplo, que o IBOPE escondeu da divulgação estatísticas que mostravam o apoio ao povo brasileiro às reformas de base pretendidas pelo governo do sr. João Goulart nos anos de 1963 e 1964.

Foram denunciadas as perseguições aos padres franciscanos que deram acolhida ao Congresso da UNE e às ações de militantes da AP e de outras organizações de esquerda contra a ditadura.E sofreram com bombas atiradas contra suas instalações e tiveram sermões gravados e passaram por torturas, como às infringidas ao padre Francisco Lage, depois alojado no convento dos franciscanos no bairro Carlos Prates, até sua saída do país.

E foram lembradas figuras sombrias da Igreja traidora assim como outras, como d Helder Câmara, postando-se ao lado dos que lutavam contra o poder instituído pela força.

Angelina Leite lembrou que viu o líder comunista Gregório Bezerra ser tratado pior do que animal quando de sua prisão. Ela própria relata ação da Operação Condor que por pouco não pega uma argentina grávida, felizmente socorrida a tempo pelo ação de militantes pelos direitos humanos em BH, dentre elas a própria Angelina Rogedo.

Na reunião deste sábado, dentre outros estarão depondo Emely Vieira Salazar e Betinho Duarte. A primeira, militante da Arquidiocese de Belo Horizonte e Alberto Duarte, o Betinho, ex-vereador de Belo Horizonte. Ambos compõem a Comissão da Verdade do Estado de Minas Gerais, uma das cerca de 120 existentes no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário