segunda-feira, 11 de março de 2013

Fidel Castro e a morte de Chávez

                                                           
O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou nesta segunda-feira (11/03) que, com a morte de Hugo Chávez, “faleceu o melhor amigo que o povo cubano teve ao longo de sua história”. Em artigo publicado pela agência cubana Prensa Latina, Castro afirma ter sido comunicado do falecimento através de uma ligação via satélite.


"Temos que nos respaldar, porque sozinhos e divididos, fracassamos”, ratificou Fidel Castro

“Apesar de sabermos do estado crítico de sua saúde, a notícia nos atingiu com força”, escreveu Fidel, complementando que coube ao seu governo ”a honra de ter compartilhado com o líder bolivariano os mesmos ideais de justiça social e de apoio aos explorados. Os pobres são os pobres em qualquer lugar do mundo.”

Fidel conta ainda, que no dia 23 de janeiro de 1959, 22 dias depois da vitória da Revolução Cubana, visitou a Venezuela “para agradecer seu povo e o governo que assumiu o poder depois da ditadura de Pérez Jiménez", responsável pelo "envio de 150 fuzis no final de 1958". O ex-presidente cubano diz ter afirmado na ocasião que, por ser a terra natal de Simón Bolívar, “a Venezuela deve ser o país líder na união dos povos da América”.

“Se queremos salvar a América, se queremos salvar a liberdade de cada uma de nossas sociedades, que, no fim das contas, são parte de uma grande sociedade, que é a sociedade da América Latina; se é que queremos salvar a revolução de Cuba, a revolução da Venezuela e a revolução de todos os países de nosso continente, temos que nos aproximar e nos respaldar solidamente, porque sozinhos e divididos, fracassamos”, conta ter dito.

Fidel conclui o texto afirmando que ratifica tudo o que disse durante sua visita ao país de Chávez, há 54 anos, mas que deve “incluir naquela lista os demais povos do mundo, que durante mais de meio século foram vítimas da exploração e de saque. Essa foi a luta de Hugo Chávez”, disse o ex-presidente cubano, concluindo sobre o venezuelano: “Nem mesmo ele próprio suspeitada de quão grande era”.

A íntegra do pronunciamento de Fidel Castro


"Perdemos nosso melhor amigo

Em 5 de março, pela tarde, faleceu o melhor amigo que teve o povo cubano ao longo de sua história. Uma chamada por via satélite comunicou a amarga notícia. O significado da frase empregada era inconfundível. Ainda que conhecíamos o estado crítico de sua saúde, a notícia golpeou-nos com força. Recordava as vezes que caçoou comigo dizendo que quando ambos os concluíssemos nossa tarefa revolucionária, me convidaria a passear pelo rio Arauca em território venezuelano, que lhe fazia recordar o descanso que nunca teve.

Cabe-nos a honra de ter compartilhado com o líder bolivariano os mesmos ideais de justiça social e de apoio aos explorados. Os pobres são os pobres em qualquer parte do mundo.

"Dou a Venezuela o que a servir: ela tem em mim um filho", proclamou o Herói Nacional e Apóstolo de nossa independência, José Martí, um viajante que sem tirar o pó do caminho, perguntou onde estava a estátua de Bolívar.

Martí conheceu o monstro porque viveu em suas entranhas. É possível ignorar as profundas palavras que verteu em carta inconclusa a seu amigo Manuel Mercado nas véspera de sua queda no combate?: "...já estou todos os dias em perigo de dar minha vida por meu país, e por meu dever "já que o entendo e tenho ânimos com que realizá-lo-á" de impedir a tempo com a independência de Cuba que se estendam pelas Antillas dos Estados Unidos e caiam, com essa força, sobre nossas terras da América. Quanto fiz até hoje, e farei, é para isso. Em silêncio tem tido que ser, e indiretamente, porque há coisas que para conseguir têm de andar escondido...".

Tinham decorrido então 66 anos desde que o Libertador Simón Bolívar escreveu: "...os Estados Unidos parecem destinados pela Providência para flagelar a América de misérias em nome da Liberdade".

Em 23 de janeiro de 1959, 22 dias após a vitória revolucionário em Cuba, visitei Venezuela para agradecer a seu povo, e ao governo que assumiu o poder depois da ditadura de Pérez Jiménez, o envio de 150 fuzis no fim de 1958. Disse então:

"...Venezuela é a pátria do Libertador, onde se concebeu a ideia da união dos povos da América. Depois, Venezuela deve ser o país líder da união dos povos da América; os cubanos respaldamos a nossos irmãos da Venezuela.

"Tenho falado destas ideias não porque me mova nenhuma ambição de tipo pessoal, nem sequer ambição de glória, porque, afinal de contas, a ambição de glória não deixa de ser uma vaidade, e como disse Martí: Toda glória do mundo cabe em um grão de milho."

"De modo que, por tanto, ao vir a falar-lhe assim ao povo da Venezuela, o faço pensando honradamente e profundamente, que se queremos salvar à América, se queremos salvar a liberdade de cada uma de nossas sociedades, que, afinal de contas, são parte de uma grande sociedade, que é a sociedade da América Latina; se é que queremos salvar a revolução de Cuba, a revolução da Venezuela e a revolução de todos os países de nosso continente, temos que nos acercar e temos que nos respaldar solidamente, porque sozinhos e divididos fracassamos."

Disse naquele dia e hoje, 54 anos depois, ratifico-o!

Devo só incluir naquela lista aos demais povos do mundo que durante mais de meio século têm sido vítimas da exploração e do saque. Essa foi a luta de Hugo Chávez.

Nem sequer ele mesmo suspeitava quão grande era.

Até a vitória sempre, inesquecível amigo!

Fidel Castro Ruz

Março 11 de 2013

12 e 35 a.m."

Nenhum comentário:

Postar um comentário