quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Calote do "Hoje em Dia" nos jornalistas completa dois anos sem solução

                                                                     

Nesta quinta-feira, 1º de março, faz dois anos que o jornal Hoje em Dia dispensou 38 jornalistas e não pagou as verbas rescisórias nem o salário do último mês trabalhado. O jornal inaugurava assim uma nova etapa de completo desrespeito aos seus empregados, demonstrando estar bem sintonizado com o golpe que derrubou a presidenta da República e vem atacando os direitos trabalhistas e democráticos dos brasileiros.

Mais do que qualquer outra empresa jornalística, o Hoje em Dia é um exemplo da relação íntima dos patrões da imprensa com o golpe. Pouco antes das demissões em massa, o jornal passou às mãos do empresário e político Ruy Muniz, então prefeito de Montes Claros, conhecido entre os professores por fraudar direitos trabalhistas dos empregados da sua rede de escolas Soebras.

O ex-prefeito, cotado como possível candidato ao Senado nas eleições deste ano, responde junto com o jornal a 367 ações trabalhistas envolvendo jornalistas, gráficos e trabalhadores da administração, cujos valores são estimados em cerca de R$ 25 milhões.

A mulher e sócia de Ruy Muniz, deputada Federal Raquel Muniz, citou o marido como exemplo de administrador público, na votação do impeachment da presidente Dilma. Na manhã seguinte, Ruy Muniz foi preso pela Polícia Federal, acusado de desviar recursos de hospitais públicos para favorecer o hospital da sua família.

Em maio do ano passado, a antiga sede do Hoje em Dia foi citada pelo empresário Joesley Batista, na delação da JBS. Ele contou à justiça que comprou o prédio por 17 milhões, a pedido do senador Aécio Neves (PSDB). Nessa época, o jornal pertencia ao Grupo Bel, que comanda a Rádio 98 FM, e também figura como réu na ação que cobra os direitos dos demitidos.

Apesar de todos os descalabros envolvendo antigos e novos donos do jornal, a impunidade permanece e os trabalhadores continuam sem receber seus direitos. Pior: o governo federal liberou R$ 10,9 milhões para o hospital de Ruy Muniz, em outubro de 2017, e continua repassando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a Soebras.

A justiça do trabalho reconheceu os direitos dos jornalistas, determinou intervenção administrativa no Hoje em Dia, bloqueou os repasses do FNDE para a Soebras e ordenou que sejam depositados numa conta destinada a pagar a dívida trabalhista. Se for preciso, o oficial de Justiça, em Brasília, deverá solicitar o auxílio da Polícia Federal para que a ordem seja cumprida.

O Sindicato e os jornalistas não estão inertes. Em junho do ano passado, com o apoio de movimentos sociais, ocupamos a antiga sede do jornal e chamamos a atenção internacional para a situação dos demitidos. Só descansaremos quando os trabalhadores receberem seu dinheiro .

(Com o SJPMG)

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