sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Chile em jornadas para recordar o golpe de estado

                                                                 
Da solenidade pela comemoração do golpe de estado de 11 de setembro, o Chile passará à alegria pelas Festas Pátrias, um aparente contrassenso em um país ainda com feridas profundas.

Esta transição, à qual um residente estrangeiro se acostuma mas continua sem entender, acontece a cada ano em memória das 3.200 pessoas assassinadas, dos 1.250 presos desaparecidos e dos mais de 33 mil cidadãos torturados.

Foram os desmandos cometidos pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), venerada atualmente, ainda que seja paradoxal, por alguns parlamentares da União Democrata Independente (UDI), de direita.

Hoje a presidenta da República, Michelle Bachelet, abre a exposição fotográfica 'Lugares de cor', com imagens do passado traumático do Chile em lugares onde foram violados os direitos humanos.

Será um ato na praça da Constituição, em frente ao Palácio de La Moneda, o mesmo que foi bombardeado contra o então presidente do Governo da Unidade Popular, Salvador Alllende.

Manuel Antonio Maldonado era um dirigente camponês no Chile, detido devido ao golpe de estado em 11 de setembro de 1973, que salvou sua vida de forma quase milagrosa depois de sofrer violentas torturas.

É um dos protagonistas do livro Terrorismo de Estádio, da escritora e jornalista Pascale Bonnefoy, quem especialmente recomendou falar com Maldonado devido ao impacto de seu depoimento.

Bonnefoy consagra a segunda edição de seu trabalho de 2005, agora praticamente renovado em sua totalidade, ao campo de concentração em que se converteu o estádio Nacional (de Santiago do Chile), onde milhares de pessoas foram torturadas.

'Meu enfoque é como [operava] o campo militar em que se converteu o Estádio Nacional. Quis chegar a quem operou e quem eram os militares, o que fizeram, como se organizaram. Um panorama global que abarca as torturas, interrogatórios e prisão', detalhou.

A atual correspondente assessora do The New York Times explicou que o livro incluiu seções a respeito dos médicos que operaram na instalação, os serviços de inteligência, os altos escalões e as pessoas que sofreram.

(Com Prensa Latina)

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