sábado, 23 de julho de 2016

GLÓRIA À MEMÓRIA DA GREVE DE 1917, EM SÃO PAULO!

                                                                           

Antonio Carlos Mazzeo

Entre junho e julho de 1917, na cidade de São Paulo, eclode a greve que irá mudar o conceito da organização da luta operária e dará um salto qualitativo na luta de classes do Brasil.

Uma greve, iniciada no Cotonifício Crespi, no bairro da Mooca, no dia 12 de junho, e logo se alastra para a cervejaria Antártica e para a tecelagem Jafet.

As reivindicações eram as básicas e fundamentais acumuladas na luta operária, quer dizer, diminuição do tempo de trabalho de 12h para 8h, melhores condições de trabalho, garantia de trabalho para as mulheres que teriam filhos, fim da exploração do trabalho dos menores, férias etc. (tudo aquilo que o governo usurpador de Temer quer retirar dos trabalhadores).

Essa foi uma greve intensa, organizada e gerida por um comando de greve composto por experientes sindicalistas como Edgard Leuenroth, Monicelli e Candeias. Rapidamente o movimento, sob a coordenação do Comando de Defesa Proletária, ganha adeptos nos transportes públicos e nos serviços como de luz e gás. 

A Força Pública (que se transforma em PM após o golpe bonapartista de 1964) instala núcleos de repressão e de provocação aos grevistas, que tem a maioria dos trabalhadores da cidade em seu apoio.

13 cidades importantes do interior paulista, como Campinas, Itu e Sorocaba paralisam suas fábricas. No Rio de Janeiro, a COB (anarcossindicalista) apoia o movimento. A própria Força Pública exausta e sob muita pressão, tem uma sublevação em um de seus batalhões.

O governo se recusa a negociar. As massas se movem pelas ruas.

Diante do impasse, a burguesia apavorada se move. O jornal conservador das oligarquias paulistas, O Estado de São Paulo oferece suas dependências para que o Comando de Greve e o governo se reúnam para discutir os passos do movimento. 

Rapidamente, o patronato começa a emitir sinais de concordância com algumas das reivindicações, como aumento real de 20% e a promessa de não demitir trabalhadores grevistas. Mas o Movimento de fortalece mantendo suas reivindicações iniciais.

Após um mês, a greve s espalha pelo país. Manifestações ocorrem no Rio de Janeiro, em Curitiba, Porto Alegre e no interior do Rio de Janeiro.

Podemos dizer que esse glorioso Movimento Grevista foi um novo prenúncio. EM sua imediaticidade, saiu vitorioso, pois para que ele pudesse ser encerrado, a burguesia paulista aceitou todas as reivindicações dos trabalhadores.

Mas assim desmobilizados os núcleos dirigentes, o Estado passou por cima dos acordos e desencadeou uma brutal repressão, prendendo seus dirigentes, expulsando Monicelli do Brasil, e acusando Leuenroth de “psico-mentor” do movimento.

Mas dessa derrota, temos o declínio do espontaneísmo do movimento operário e o ascenso dos comunistas na luta de classes, o que culminaria com a organização do PCB, em 1922, sob liderança de ex-anarquistas e intelectuais orgânicos do movimento operário, como Astrojildo Pareira, Cristiano Cordeiro e Octávio Brandão.

Muito andamos, muito teremos que andar …luta que segue.

https://www.facebook.com/antoniocarlos.mazzeo/posts/1047749088612552

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