quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Karl Marx, segundo Friedrich Engels

                                                                 

Em junho de 1877, Friedrich Engels escreveu o artigo “Karl Marx”, texto que, além de descrever a trajetória intelectual e política de seu companheiro de lutas e ideias, destaca duas contribuições teóricas consideradas por ele fundamentais para a luta revolucionária a ser desenvolvida pela classe trabalhadora.

Dentre as numerosas descobertas científicas de Marx, uma das mais importantes foi a revolução promovida na concepção da história universal. Contrapondo-se à visão dominante sobre a História, cujo maior representante era o filósofo alemão Hegel, segundo a qual as causas últimas de todas as mudanças históricas deviam ser procuradas nas transformações que se operam nas ideias dos homens, 

Marx demonstrou que toda a história da humanidade é a história das lutas de classes, a história das disputas e confrontos entre as classes sociais pelo poder econômico, social e político. A História foi pela primeira vez colocada sobre as suas bases reais: o fato de que os homens, antes de tudo, têm de comer, beber, abrigar-se e vestir-se, ou seja, têm que trabalhar para fazer política, lutar pelo poder, dedicarem-se à religião, filosofia etc. 

Esta nova concepção da História, dinâmica, dialética, em constante processo de transformação, possibilita projetar o caminho revolucionário do proletariado, classe que, por sua situação dentro da sociedade, só pode emancipar-se pondo fim a toda dominação de classe, a toda sujeição e exploração, com vistas a garantir que os frutos da produção social sejam distribuídos de forma igualitária a todos os trabalhadores.

A segunda descoberta importante de Marx foi a explicação definitiva sobre a relação entre capital e trabalho, demonstrando como, na sociedade capitalista, se dá a exploração do operário pelo capitalista. O modo de produção capitalista tem por premissa a existência de duas classes sociais: de um lado, os capitalistas, donos dos meios de produção e dos meios de vida; de outro lado, os proletários que, excluídos da propriedade dos meios de produção, têm apenas uma mercadoria para vender: a sua força de trabalho. 

Marx desenvolveu a teoria do mais-valor (ou mais valia): partindo da ideia segundo a qual o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário incorporado na sua produção e na sua reprodução, concluiu que o valor da força de trabalho de um homem durante um dia, um mês, um ano é determinado pela quantidade de trabalho necessária para a produção dos meios que sustentam essa força de trabalho durante um dia, um mês, um ano. 

O capitalista paga ao operário aquilo que é estritamente necessário para a reprodução da força de trabalho, no período coberto pelo salário. Mas o trabalho do operário a serviço do capitalista não se limita a repor o valor da sua força de trabalho. Além e acima disso, o trabalhador tem capacidade física e mental – e é forçado a agir assim pelo patrão e pelas regras da economia de mercado – para criar, através do que produz, um valor maior.

Todas as riquezas consumidas ou acumuladas pelas classes proprietárias são retiradas do mais valor produzido pela classe trabalhadora como um todo. O enriquecimento dos capitalistas parte da apropriação de trabalho que não é pago ao trabalhador. Marx, assim, desmascarou a sociedade burguesa, provando que esta se sustenta na exploração da imensa maioria do povo por uma minoria insignificante e cada vez mais reduzida.

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