quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Chinês Mo Yan é o vencedor do Nobel de Literatura



                                                                     

Inédito no Brasil, ele era um dos autores mais cotados das bolsas de apostas para o prêmio. Ainda assim aparecia atrás do grande favorito, o japonês Haruki Murakami, do húngaro Péter Nádas e do irlandês William Trevor.

Segundo a Academia Sueca, Mo Yan foi reconhecido "por fundir, com realismo alucinatório, contos populares, a história e o lado contemporâneo". Ele vai receber 8 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,4 milhões. É o segundo chinês que ganha o Nobel de Literatura --Gao Xingjian foi premiado em 2000.

"A partir de uma mistura de fantasia e realidade, perspectivas históricas e sociais, Mo Yan criou um mundo que lembra a complexidade de autores como William Faulkner e Gabriel García Márquez, ao mesmo tempo em que encontra um ponto de partida na literatura chinesa antiga e na tradição oral. Além de seus romances, Mo Yan publicou diversos contos e ensaios sobre vários temas e, apesar de sua crítica social, é visto em sua terra natal como um dos mais importantes autores contemporâneos", afirma a biografia do autor divulgada pelo Nobel.

No ano passado, o Nobel de Literatura foi para o poeta sueco Tomas Tranströmer. Amanhã, a Academia Sueca encerra a semana de anúncios com o Nobel da Paz.

O escritor chinês manifestou à imprensa oficial sua alegria pelo prêmio, mas disse que "ganhar não significa nada" e que seguirá "concentrado na criação de novas obras". "Continuarei trabalhando duro, graças a todos", afirmou em uma breve entrevista à agência oficial "China News".

Sobre a importância do prêmio para a literatura chinesa, Yan afirmou que "a China tem muitos autores excelentes, cujos trabalhos de destaque também poderão ser reconhecidos no mundo".

VIDA E OBRA

Mo Yan, que significa "não fale", é na verdade o pseudônimo de Guan Moye. Filho de fazendeiros, nasceu em 1955 e cresceu em Gaomi, na província chinesa de Shandong.

Aos 12 anos, durante a Revolução Cultural, ele deixou a escola para trabalhar, primeiro na agricultura e, mais tarde, em uma fábrica. Em 1976, ele entrou para o Exército de Libertação Popular e, na mesma época, começou a estudar literatura.

A primeira história de Mo Yan foi registrada em um jornal literário em 1981 e seu romance de estreia, "Touming de hong luobo", foi publicado em 1986 --na França, saiu como "Le Radis de Cristal", em 1993.

Sua obra mais recente é o romance "Wa", publicado na China em 2009 e na França em 2011, como "Grenouilles", "rãs", sobre as consequências da política do filho único em seu país. O livro venceu o Mao Dun Literature Prize, prêmio de literatura mais importante de seu país, no ano passado. É também autor de "Peito Grande, Ancas Largas" (publicado em Portugal em 2007 pela editora Ulisseia), entre outras sagas familiares.

Nenhuma publicação do escritor foi editada no Brasil. No entanto, muitos de seus livros ganharam versões em francês e na língua inglesa, entre eles "Sandalwood Death", tradução de "Tanxiangxing" (2001), e "Life and Death are Wearing Me Out: a Novel", tradução de "Shengsi pilao" (2006).

O professor de literatura chinesa Howars Goldblatt, que traduziu muitas das obras de Mo Yan para o inglês, comparou o autor a Dickens em entrevista recente ao "China Daily", afirmando que ambos têm "grandes e ousados trabalhos com escrita florida e potente e forte código moral".

No Ocidente, é conhecido principalmente pela obra "Hong Gaoliang Jiazu" (1987), publicado em 1990 na França como "Le Clan du Sorgho" (o clã do sorgo) e nos EUA, em 1993, como "Red Sorghum", "sorgo vermelho". O livro deu origem ao filme "Sorgo Vermelho", dirigido por Zhang Yimou.

PRINCIPAIS OBRAS

"Touming de hong luobo" (1986)
"Hong gaoliang jiazu" (1987)
"Baozha" (1988)
"Tiantang suantai zhi ge" (1988)
"Huanle shisan zhang" (1989)
"Shisan bu" (1989)
"Jiuguo" (1992)
"Shicao jiazu" (1993)
"Dao shen piao" (1995)
"Fengru feitun" (1996)
"Hong shulin" (1999)
"Shifu yuelai yue youmo" (2000)
"Tanxiangxing" (2001)
"Cangbao tu" (2003)
"Sishiyi pao" (2003)
"Shengsi pilao" (2006)
"Wa" (2009)

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