sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Nota Política do PCB sobre as eleições de 2014

                                                                     

O PCB tem demonstrado seu compromisso com a unidade daqueles que lutam pelo socialismo e têm enfrentado os governos de pacto conservador que se estabeleceram no Brasil para garantir a ordem burguesa.

Nesse sentido, estivemos presentes nas iniciativas unitárias dos partidos e organizações da esquerda revolucionária, nas lutas de nossa classe, nas manifestações que abalaram o país a partir de junho de 2013 e que certamente voltarão com força em 2014. 

Assim, para além dos períodos eleitorais, procuramos construir, reiteradamente, alianças que refletissem programas unitários e que pudessem, também nas disputas eleitorais, contribuir para a formação de uma frente de esquerda que atuasse em todas as formas de enfrentamento ao capital e seus agentes

Em 2006 e 2010 propusemos um processo de diálogo na esquerda que nos levasse a pontos unitários de um programa, não apenas entre os partidos legalmente registrados, mas entre os movimentos populares, os movimentos sociais e sindicais, as diferentes organizações de trabalhadores e os diferentes segmentos em luta, tentando construir não uma alternativa eleitoral ou de governo, mas uma real alternativa de poder para os trabalhadores brasileiros que vá além do calendário eleitoral.

Ainda que tenhamos avançado muito em nossas lutas, infelizmente, não tem sido possível expressar esta unidade nos momentos eleitorais como gostaríamos e para o que acreditamos ter contribuído nos últimos anos. Não lamentamos. Sabemos que se trata de uma dificuldade que tem razões conjunturais e históricas profundas e que não podem ser superadas apenas pela boa vontade das partes.

Afirmamos e defendemos que é legítimo que os partidos de esquerda lancem suas alternativas e suas propostas para que o espaço eleitoral não se torne um terreno exclusivo do bloco conservador que procura reduzir o debate eleitoral à forma de administração do capital. Os verdadeiros partidos da esquerda socialista têm o dever de fazer um contraponto de forma que a disputa eleitoral não se restrinja ao campo burguês. Têm formulações políticas e quadros à altura desta tarefa, capazes de qualificar a disputa, oferecendo alternativas de esquerda.

Entretanto, como já havíamos informado publicamente, decidimos que não participaremos mais de acertos eleitorais com vistas a coligações meramente utilitárias visando ao coeficiente eleitoral ou a simples possibilidade de eleger parlamentares sem o compromisso com um programa que unifique e represente as aspirações históricas da classe trabalhadora. 

Para nós do PCB, não se trata disso, e sim de afirmar para os trabalhadores, no enfrentamento com o campo conservador, a necessidade de uma alternativa socialista, real e efetiva para enfrentar os problemas de nosso país. Isso poderia ser realizado numa Frente de Esquerda - cenário em que apostamos e tentamos construir nacionalmente -, ou pode ser feito com várias candidaturas do campo de esquerda, cenário que nos parece mais provável.

A pluralidade de candidaturas no campo da esquerda socialista nas eleições de 2014 não pode resultar em nossa divisão nas lutas cotidianas das massas e, muito menos, na ausência de debate programático entre nós, que o processo eleitoral favorece. Pelo contrário. Como as eleições são apenas um aspecto secundário de nossas lutas, as candidaturas da esquerda socialista deverão estimular ações unitárias e debates com todas as forças deste campo, inclusive com os que defendem legitimamente o voto nulo. A luta ombro a ombro e a aproximação programática podem vir a contribuir para a constituição de uma verdadeira Frente de Esquerda, para além dos partidos políticos registrados, que seja uma ferramenta revolucionária e não uma mera coligação eleitoral. A frente eleitoral tem que ser expressão desta unidade de ação e do debate programático.

Por isso, saudamos e compreendemos que outras forças de esquerda busquem suas alternativas próprias na disputa eleitoral do próximo ano. De nossa parte estamos apresentando uma alternativa que, segundo pensamos, pode contribuir para qualificar este debate e para a construção de uma alternativa de poder com uma perspectiva socialista e revolucionária. Propomos à esquerda socialista e nos colocamos totalmente à disposição para construir ações comuns e fóruns de debate em todas as regiões do país, com vistas à construção de uma real alternativa de poder socialista e revolucionário.

Como as eleições são apenas uma das trincheiras, nos vemos nas lutas sociais e nas ruas, nos embates de nossa classe, terreno no qual poderemos consolidar frentes unitárias, em vários espaços de luta.

PCB (Partido Comunista Brasileiro)

Comitê Central – dezembro de 2013

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