Os resultados do primeiro turno das eleições municipais de 2016 deixaram ainda mais claro que a presente conjuntura nacional é marcada pela derrota do projeto democrático-popular do PT e pelo fortalecimento das forças mais reacionárias da sociedade brasileira, representadas politicamente pelo PSDB e os tecnocratas ligados ao mercado financeiro, pelas oligarquias regionais ligadas ao PMDB e o ilegítimo governo Temer, os setores ultraconservadores do Judiciário e da imprensa, pelas cúpulas das igrejas neopentecostais e a maioria fisiológica do Congresso Nacional.
O esgotamento do projeto petista, expressa no impedimento da presidente Dilma Rousseff sem resistência dos trabalhadores e no desastre eleitoral recente não decorreu apenas da ação bem articulada e sistemática de ampla frente de direita, no interior da qual transitam até agentes imperialistas, mas foi resultado também do absurdo caminho tático-estratégico trilhado pelo PT, baseado na busca da conciliação entre a classe trabalhadora e a burguesia, nas alianças com a direita em defesa da governabilidade, no abandono da organização da base proletária em benefício da atuação exclusivamente institucional e na aceitação tácita do capitalismo como uma forma insuperável de organização socioeconômica, diante da qual os trabalhadores somente poderiam reivindicar reformas pontuais.
As Jornadas de Junho de 2013 expressaram o descontentamento dos trabalhadores e da juventude com o discurso manipulador da coalizão governamental liderada pelo PT relativo às condições de vida da maioria da população e com o sistema político brasileiro. A resposta petista foi o aumento da manipulação ideológica, como se viu no discurso da candidata Dilma Rousseff em 2014, enquanto a direita, impulsionada pela decisão da grande burguesia de erigir um governo neoliberal puro sangue para jogar a crise econômica nas costas dos trabalhadores, escolheu realizar uma guerra de informações sistemática contra o PT e a esquerda, conseguindo hegemonizar a maior parte da opinião pública e das massas populares a partir de 2014.
O ilegítimo governo Temer é, portanto, resultado de um golpe institucional, parlamentar e midiático, que se tornou possível a partir de uma ruptura significativa da opinião pública e das massas populares com o PT e da manipulação de suas insatisfações pelos setores mais conservadores do país, como a Rede Globo, vários partidos conservadores e outras instituições financiadas pela direita.
Após produzir o ambiente ideológico para o impedimento da presidente Dilma Rousseff, a presente onda conservadora, sistematicamente cultivada pela mídia e pelos setores reacionários, tem tornado possível a sobrevida de um governo ilegítimo, caótico, majoritariamente formado por corruptos, antipopular, entreguista, liderado por uma personalidade insignificante e rejeitada por grande parte da população.
Com o apoio da maioria reacionária e fisiologista do Congresso Nacional, o governo usurpador de Temer demonstra estar disposto a defender entusiasticamente os interesses do grande capital, o que implica em usar todos os meios para destruir os direitos sociais e trabalhistas, ampliar o arrocho salarial, vender o patrimônio público a particulares e entregar soberania nacional aos países imperialistas. O objetivo é reverter todos os avanços estabelecidos na Constituição de 1988 e, assim, garantir a dominação ideológica e política da burguesia sobre o povo sem qualquer concessão significativa, inclusive no que se refere aos direitos civis e políticos básicos, instituindo uma ditadura disfarçada pela institucionalidade burguesa.
O PCB avalia a situação política como gravíssima para a esquerda, os trabalhadores e a soberania nacional, pois a intenção da classe dominante de estabelecer a barbárie para salvar o capitalismo se alia a um equilíbrio de forças favorável às forças reacionárias, como não ocorria há décadas.
É imperioso manter uma vigorosa denúncia do projeto do governo Temer para estimular o rompimento das massas com a onda reacionária e lhes oferecer um programa político coerente com suas aspirações e interesses, tarefa que será facilitada quando, em breve, surgirem no cotidiano das famílias as graves consequências das desastrosas ações governamentais.
Urge realizar uma reavaliação dos caminhos trilhados pelas forças populares, que passa pela reorganização dos movimentos de massa e dos sindicatos e pela mudança de suas direções, bem como promover um imediato reagrupamento da esquerda socialista para a efetivação de iniciativas políticas anticapitalistas que rejeitem o reformismo, as alianças com o centro e a direita, e o predomínio das ações institucionais em relação à organização de base e à luta de massas. O PCB conclama os trabalhadores, a juventude (muito presente na luta contra a PEC 241 e a Lei da Mordaça) e todos os oprimidos a intensificar a luta nas ruas e nos locais de trabalho, moradia e estudo até a derrota do governo Temer
O PCB reafirma ainda sua proposta de construção democrática de um amplo Bloco de Lutas com as organizações políticas socialistas e o movimento sindical e popular, através de um Encontro Nacional das Classes Trabalhadores e do Movimento Popular capaz de construir um programa mínimo para colocar essa frente anticapitalista e anti-imperialista em movimento, num processo unitário, para juntos superarmos o avanço da direita, derrotarmos o governo Temer e construirmos melhores possibilidades para a luta pelo Poder Popular e o Socialismo no Brasil.
Contra o ajuste fiscal, a PEC 241, a reforma trabalhista e da Previdência!
Por um encontro nacional da classe trabalhadora!
Pela construção da Greve Geral!
Por um Bloco da Esquerda Socialista!
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