sexta-feira, 21 de junho de 2013

ALMG poderá devolver mandato de Armando Ziller

                                                               

A deputada Luzia Ferreira, da Mobilização Democrática, apresentou dia 29 de maio projeto de resolução restituindo o mandato do deputado Armando Ziller, eleito em 1946 para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Seu mandato foi cassado pouco tempo depois, pois foi eleito pela legenda do partido que sempre defendeu, o Partido Comunista Brasileiro. O projeto já teve parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça da AL, segundo publicou "O Tempo".

A restituição do mandato de Ziller é considerado pela deputada do MD "um ato simbólico mas de muito significado para todos os que lutaram e lutam pela democracia e liberdade. E Ziller e o povo foram violentados com este ato abominável." 

Considero justíssima a proposta da parlamentar só acho que deveriam também ter seus mandatos restituídos os ex-deputados Sinval de Oliveira Bambirra ( hoje nome de Praça no Bairro Paris), José Gomes Pimenta (Dazinho), ambos falecidos, e ao ex-deputado Clodismith Rianni, que mora em Juiz de Fora (José Carlos Alexandre)

ARMANDO ZILLER

Armando Ziller nasceu em 3 de setembro de 1908, mas foi registrado em 12 de setembro, no Rio de Janeiro.Antes de completar dois anos de idade, seu pai, João Ziller, mudou-se para Minas Gerais, onde se criou na Zona da Mata com suas irmãs Armanda, Angelina e Abgail. Sempre bem humorado, costumava dizer "ser um carioca da Zona da Mata."Sua mãe, d. Luíza, morreu em 1916 e seu pai casou-se novamente com a filha de um amigo italiano, d. Rosa Leonello, daí nascendo seus irmão e irmas Adalgisa, Adelchi, Anfrido, Albiluz, Albina e Albiléo.
 Fez seus estudos básicos no tradicional Granbery, em Juiz de Fora e passou a ajudar seu pai lecionando nos colégios que ele fundava pelo interior de Minas Rio de Janeiro e São Paulo.Foi assim que conheceu sua futura esposa, d. Filomena Mellilo, na cidade de Itacaré.Casou-se em 1933 e neste mesmo ano foi aprovado em concurso para o Banco do Brasil e destacado para trabalhar na cidade de Santos.
Sua vida sindical iniciou-se em Santos onde com um grupo de bancários viria a criar o Sindicato local.A seu pedido foi transferido em 1940 para Belo Horizonte, onde já viviam seu pais e irmãos.Foi quando abraçou a causa comunista, participando ativamente da luta sindical por melhores condições de trabalho e valorização do bancário.
Ziller, um apaixonado leitor da Bíblia, foi eleito presidente do Sindicato dos Bancários e Região, junto com sindicalistas católicos. Citando São Tomás de Aquino, ele dizia: "A razão e a fé não se hostilizam, antes, se completam".
                                                                   
Dirigentes do Sindicato depois escreveriam: "A posse da diretoria, tendo à frente o comunista Armando Ziller, dá início a um período marcado por grandes campanhas salariais e engajamento do Sindicato no cenário político nacional. A atuação dos comunistas à frente do movimento sindical bancário da capital mineira marca um período histórico da entidade, expresso principalmente na primeira greve comandada pelo Sindicato, em 1946. O Sindicato promoveu debates sobre a política salarial e a criação da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB)."

Com a vitória da greve de 1946 Ziller foi eleito deputado estadual tendo atuação digna do respeito dos bancários e de trabalhadores do Estado.Autodidata, poliglota, exímio orador, de espírito ágil e respostas contundentes, encantava a todos. Durante os movimentos bancários, quando de assembleias na então Secretaria de Saúde e Assistência, seus discursos eram aplaudidos de pé pelo auditório durante muitos minutos. Este auditório é onde funciona hoje o Minascentro, na Avenida Augusto de Limas, entre as ruas Santa Catarina e Curitiba.

Seu mandato durou pouco mas foi marcante na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Certa vez, abordado por famoso político que insistia em dizer que ouvia o seus discursos sempre muito bons, retrucou:" Nem tanto, Excelência, se fossem assim tão bons  não tinham me tirado de lá."

Com a proposição da deputada Luiz Ferreira, será feita justiça a Ziller e aos trabalhadores mineiros.
Ziller presidiu também a Federação dos Bancários e Securitários de Minas e Goiás, participou de congressos nacionais e internacionais e, inclusive se encontrava na Europa, participando da organização do Congresso Sindical Mundial, quando houve do golpe de 1964 que instalou a ditadura cívico-militar no pais. Ficou 17 nos fora do Brasil voltando após a aprovação da lei da anistia, tendo vivido em Praga, em Santiago do Chile e em Buenos Aires.

De volta ao país, reassumiu suas funções de dirigente do PCB, tendo sido candidato a deputado federal por sua legenda em 1986.Ele teve três filhos: Hélia , Armando (já falecido) e Arnaldo.
Mais um exemplo de suas veias humorísticas. Certa vez, convidado por um político da moda para conversar sobre temas nacionais e trocar ideias, foi taxativo:"Podemos conversar, sim.Trocar ideias, não. Estou satisfeito com as minhas".

Zilller morreu em 17 de maio de 1992, aos 84 anos, lutando por seu ideal: o Comunismo. 

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