quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Carta de Fidel ao presidente da Venezuela Nicolás Maduro

                                                                           

Caro Nicolás:

Junto-me à opinião unânime daqueles que lhe felicitaram por seu brilhante e valente discurso na noite de 6 de dezembro, logo que foi conhecido o veredito das urnas.

Na história do mundo, o mais alto nível de glória política que podia alcançar um revolucionário coube-lhe ao ilustre combatente venezuelano e Libertador de América, Simón Bolívar, cujo nome não pertence já apenas a esse país irmão, mas a todos os povos de América Latina.

Outro oficial venezuelano de pura estirpe, Hugo Chávez, o compreendeu, admirou e lutou por suas ideias até o último minuto de sua vida. Desde criança, quando assistia à escola primária, na pátria onde os herdeiros pobres de Bolívar também tinham que trabalhar para ajudar ao sustento familiar, desenvolveu o espírito em que se forjou o Libertador de América.

Os milhões de crianças e jovens que hoje assistem à maior e mais moderna cadeia de escolas públicas no mundo são os da Venezuela.

Outro tanto pode se dizer de sua rede de centros de assistência médica e atendimento à saúde de um povo valente, mas empobrecido por causa de séculos de pilhagem por parte da metrópole espanhola, e mais tarde pelas grandes transnacionais que tiraram de suas entranhas, durante mais de cem anos, o melhor do imenso caudal de petróleo com que a natureza dotou esse país.

A história também deve deixar constância de que os trabalhadores existem e são os que tornam possível o desfrute dos alimentos mais nutritivos, dos medicamentos, da educação, da segurança, da moradia e da solidariedade do mundo. Também podem, se assim o desejarem, perguntar-lhe à oligarquia: sabem tudo isso?

Os revolucionários cubanos —a poucas milhas dos Estados Unidos da América, que sempre sonharam com apoderar-se de Cuba para convertê-la em um híbrido de casino com prostíbulo, como modo de vida para os filhos de José Martí— não renunciarão jamais a sua plena independência e ao respeito total de sua dignidade. 

Tenho a certeza de que só com a paz para todos os povos da Terra e o direito a tornar em propriedade comum os recursos naturais do planeta, assim como as ciências e tecnologias criadas pelo ser humano para benefício de todos seus habitantes, poderá ser preservada a vida humana na Terra. 

Se a humanidade prossegue seu caminho pelas sendas da exploração e continua a pilhagem de seus recursos pelas transnacionais e pelos bancos imperialistas, os representantes dos Estados que se reuniram em Paris, tirarão as ilações pertinentes.

A segurança não existe hoje para ninguém. São nove os Estados que possuem armas nucleares, um deles, os Estados Unidos da América, lançou duas bombas que mataram centenas de milhares de pessoas em apenas três dias, e causaram danos físicos e psíquicos a milhões de pessoas indefesas.

A República Popular China e a Rússia conhecem muito melhor do que os Estados Unidos da América os problemas do mundo, porque tiveram que suportar as terríveis guerras que lhes impus o egoísmo cego do fascismo. Não albergo dúvidas que por sua tradição histórica e sua própria experiência revolucionária farão o máximo esforço por evitar uma guerra e contribuir ao desenvolvimento pacífico de Venezuela, América Latina, Ásia e África.

Fraternalmente,

Fidel Castro Ruz

10 de dezembro de 2015

18h42

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