Quando o jornalismo vira notícia, o jornalismo ou a notícia estão com problemas. Na capa de “O Globo” de hoje três matérias tratam da imprensa, e as três são extremamente preocupantes.
De 11 de junho, quando começaram as manifestações populares até ontem, 102 jornalistas foram agredidos em todo o país, 77 foram vítimas da polícia e 25, atacados pelos manifestantes. Nem nos tempos da ditadura militar a violência contra os profissionais da imprensa foi tão ostensiva.
Na Inglaterra, o primeiro ministro David Cameron ameaçou censurar o “The Guardian”, um dos mais importantes jornais do mundo, caso prossiga nas denúncias sobre a espionagem americana.
E, aqui no Brasil, a novela das biografias proibidas tem um novo lance com a divulgação dos depoimentos do coletivo "Procure Saber", em apoio às posições repressivas de Roberto Carlos.
A liberdade de expressão é a primeira vítima dos tiranos e tiranetes e, à medida em que jornalistas se tornam mais atuantes, mais competentes e competitivos e, portanto, mais investigativos, maior é a violência contra eles. A biografia entra nesta história de forma paralela porque seus mais bem sucedidos cultores costumam ser jornalistas e porque o próprio gênero é uma extensão do jornalismo.
Há duas semanas realizaram-se no Rio dois eventos internacionais relacionados com o jornalismo investigativo, com a presença dos azes da Europa, Estados Unidos e América Latina, ambos organizados pela Abraji.
Este Observatório esteve lá e constatou que reportagem e investigação são sinônimos. Ficou evidente também que a crise de identidade que assola a mídia dita “tradicional” só poderá ser superada quando mais recursos e mais empenho forem transferidos para investigações extensivas, de longo prazo. O dia-a-dia é atendido pelas diversas modalidades que circulam na internet, mas o cidadão do mundo já não se contenta com fragmentos, quer informações consolidadas, inteiriças e principalmente novas.
Aperte o cinto, você vai entrar no trepidante mundo do jornalismo investigativo.
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