Nos últimos dias os veículos de informação noticiaram o caos em que se tornaram as agências do banco Caixa Econômica em diversas cidades do nordeste brasileiro, além dos tumultos e confusões em milhares de casas lotéricas pelo país a fora.
Tudo porque um suposto boato que circulou como vírus em tempos de inverno, propagando a noticia de que o Governo Federal não pagaria mais o Bolsa Família, um dos programas de assistência social promovidos pelo governo petista há 8 anos e que atinge cerca de 13 milhões de famílias consideradas em situação de risco em todo o país.
Em apenas dois dias, segundo informações do governo, foram sacados quase um bilhão de reais do benefício e como a histeria se generalizou, não foram poucos os casos de depredação de agências bancárias, agressões a servidores e muita confusão.
Na inauguração de um dos estádios de futebol que irão sediar jogos para a Copa das Confederações e Copa do Mundo, a presidente Dilma Roussef, em tom enérgico, anunciou a convocação da Polícia Federal para investigar o caso a fim descobrir os autores da boataria.
Pois bem... O fato é que talvez não se consiga encontrar os autores de tal boato, mas o resultado de tal notícia bombástica sobre as cabeças de milhões de famílias brasileiras demonstrou muito claramente o quanto esse tipo de política assistencialista promovida pelos governos do PT, acabam assumindo um grau de dependência na vida desses trabalhadores a ponto de sob a suposta ausência do "benefício" insuflar as mais variadas manifestações de revolta e indignação.
Esse tem sido um dos trunfos do PT em processos eleitorais, pois sem sombra de dúvidas o Bolsa Família é hoje o principal cabo eleitoral desse partido, pois como diria minha avó: " Quando a miséria é muita, qualquer migalha é um banquete" e sendo assim, essas famílias que sempre foram alijadas de qualquer assistência do Estado, diante da ameça de suspensão das migalhas pagas pelo governo, não pensam duas vezes em votar e apoiar a continuidade dessa política.
Mas esse modelo é ainda mais perverso, do que apenas a forma moderna que a conciliação de classe desenvolveu para instrumentalizar a miséria e transformar o combate a fome em votos.
Essa forma de ação governamental e que é também ideológica, subjuga mais ainda a consciência dos trabalhadores, que já bombardeados por tantas formas de alienação, são levados a acreditar que o governo faz o bem e que devem se indignar contra o fim da assistência, das migalhas... Quando na verdade deveriam se revoltar, se insurgir contra aquilo que tem causado a continuidade da fome, da miséria e consecutivamente da dependência das bolsas assistencialistas do governo.
Entre os fatos e os boatos, o fato é que esse governo há mais de 10 anos no poder, joga com palavras e gestos e não efetivou uma justa reforma agrária nesse país; entre fatos e boatos, preferiu o apoio dos Mauro Maggi da vida beneficiando o agronegócio em diversas ações combinadas que vão desde a transposição do rio São Francisco a aprovação do abominável código florestal!
Entre fatos e boatos apesar do Brasil ser recordista em produção de grãos, batendo recordes um atrás do outro, ainda campeia nos quatro cantos do país a fome, a miséria e a subnutrição, o que faz do Brasil um dos países mais atrasados em IDH do mundo e olha que dizem que somos a 6ª economia mundial!
Entre fatos e boatos, o fato é que nesse país, sob a tutela do chamado "novo governo", continua sendo uma terra aonde o capitalismo possui uma das maiores taxas de exploração de mais-valia, paraíso de exportação de riquezas e geração de dependência e miséria, gerador de superávits astronômicos para alimentar o sistema financeiro internacional, reino dos pilantras e corruptos de plantão e prostíbulo dos lacaios do imperialismo.
E pasmem, quanto mais cresce o PIB, quanto mais cresce a produção agrícola, mais cresce a dependência de milhares de famílias às políticas assitencialistas; prova cabal da ausência de uma política de distribuição de renda que de fato rompa com a lógica da acumulação capitalista e da consecutiva desigualdade.
Mas dizem por aí, entre aqueles que dizem lutar contra tudo isso, que o governo é nacionalista e promove o desenvolvimento, que o governo é do povo, que é democrático e popular e que o que não foi feito nessa eleição será realizado, com certeza (sic), no próximo mandato petista.
Eis um boato que sabemos muito bem de onde vem e muito bem a quem atende e aonde vai dar!
(*) Fábio Bezerra é secretário político do Partido Comunista Brasileiro em Minas Gerais e membro do Comitê Central.
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