"A estimativa do grupo de trabalho criado na CNV é de que 7.488 militares tenham sido perseguidos pelo governo, e 30 acabaram mortos"
O artigo “A verdade virá à tona” é de autoria do presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e conselheiro federal pelo Rio de Janeiro, Wadih Damous, e foi publicado na edição desta quarta-feira (08) no Jornal do Commercio (RJ):
Estigmatizado como traidores ou desertores, milhares de militares que resistiram ao golpe de 1964 começam a contar o que lhes aconteceu nos anos de chumbo, para que a população brasileira saiba a história pouco conhecida daqueles que, verdadeiramente, honraram a farda e a pátria, e por isso foram perseguidos, presos, mortos ou destituídos de seus direitos de patente.
Para ouvir seus relatos e os de seus familiares, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão Estadual da Verdade realizaram, sábado, audiência pública conjunta. A partir do depoimento do brigadeiro Rui Moreira Lima, ano passado, abriu-se uma nova porta no trabalho de resgate dos fatos de nossa história, lançando luz sobre episódios acontecidos e crimes cometidos por agentes do regime ditatorial.
A estimativa do grupo de trabalho criado na CNV é de que 7.488 militares tenham sido perseguidos pelo governo, e 30 acabaram mortos. Na audiência realizada na sede da Associação Brasileira de Imprensa, ficamos sabendo de diversos atos de perseguição - que se estendia aos filhos dos oficiais e praças da resistência, impedidos de estudar nos colégios militares. Tendo sido capital federal até 1960, o Rio de Janeiro tem, certamente, grande contingente de militares vitimados pelo arbítrio, e devemos a eles e à memória da sociedade conhecimento público de suas histórias.
Esta semana, com a instalação oficial de nossa comissão estadual, começaremos a tentar tirar das sombras outros fatos que envergonham, até hoje, a tantos que lutaram pela democracia. Vamos buscar os responsáveis pela bomba que matou dona Lyda Monteiro, secretária da OAB, em agosto de 1980. Vamos investigar sua possível ligação com o atentado do Riocentro, que acabou vitimando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e o então capitão Wilson Dias Machado, atingidos pela bomba acidentalmente deflagrada dentro do Puma que ocupavam. A verdade virá à tona.(Com a OAB)
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