A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) repudiam veementemente a atitude do ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que anuncia a abertura de um inquérito policial contra o chargista Aroeira e o colunista Ricardo Noblat, devido a uma ilustração criada pelo primeiro e reproduzida pelo segundo, associando Bolsonaro ao nazismo.
Em recente mensagem a seus pares no Supremo Tribunal Federal, o decano daquela corte, ministro Celso de Mello, foi claro e direto ao alertá-los e, com isso, a toda a Nação Brasileira:
“É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar, quando Hitler, após eleito por voto popular (…) não hesitou em romper e em nulificar a progressista , democrática e inovadora Constituição de Weimar (…) Intervenção Militar, como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, nada mais significa, na novilíngua bolsonaristas, senão a instauração, no Brasil, de uma desprezível e abjeta ditadura militar!!!”.
Tal afirmação só demonstra que não são poucos – tampouco desqualificados – aqueles que enxergam nas atitudes do presidente da República e de todos os que o seguem traços ditatoriais que se assemelham, e muito, com o nazifascismo que o mundo democrático soube a tempo combater e vencer, ainda que ao custo de muitas vidas.
Na medida em que uma das mais altas autoridades do Poder Judiciário faz um alerta como este, prontamente divulgado por toda a imprensa brasileira sem maiores contestações, é inadmissível que o Executivo brasileiro, em uma demonstração de desrespeito às críticas, movimente todo o aparelho policial/repressivo contra o chargista Renato Aroeira e o jornalista Ricardo Noblat por conta de uma charge que reflete em desenho o que muitos, como o decano do STF, temem que aconteça.
A requisição do atual ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, para que a Polícia Federal instaure um inquérito contra os dois jornalistas, demonstra somente que o governo não está acostumado com o verdadeiro papel da imprensa no Estado Democrático de Direito. Nele, como reiteradamente tem sido reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal, aos jornalistas cabe não apenas opinar, mas também criticar, em especial pessoas que ocupem cargos públicos.
Com isso, o ministro apenas demonstra não estar à altura de uma cadeira naquela alta corte maior, tal como se diz ser seu desejo.
A Fenaj e o SJPMRJ esperam que tanto a Polícia Federal como o Ministério Público Federal não percam tempo e dinheiro público instaurando um inquérito fadado ao arquivo, diante da inexistência de qualquer crime na charge que o motivou.
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2020
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro – SJPMRJ
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