Olá,
A essa altura você já sabe que Fabrício Queiroz, motorista, segurança, estafeta e laranja da família Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta em São Paulo.
Queiroz estava na casa do advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, aquele que já pediu 9 vezes no Supremo Tribunal Federal a suspensão da investigação do esquema de rachadinha que o Ministério Público do Rio descobriu no gabinete do filho 01.
O Intercept teve acesso com exclusividade ao inquérito do MP que corre em sigilo e, em reportagem de Sérgio Ramalho, publicada em abril deste ano, adiantou o que de mais importante os procuradores descobriram nessa investigação.
O inquérito apura fatos de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público). Nele, os investigadores chegaram à conclusão de que o esquema ilegal serviu para irrigar o ramo imobiliário da milícia.
Os dados mostrariam que o hoje senador receberia o lucro do investimento dos prédios através de repasses feitos pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega – executado em fevereiro – e pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.
Por isso a prisão de Queiroz é tão importante: ele é o elo capaz de revelar como o dinheiro público saía do gabinete de Flávio na Alerj direto para a construtora de uma milícia carioca. Essa é a razão do seu longo sumiço e também do seu esconderijo na casa do advogado que defende o senador na mesma investigação.
Na matéria de abril, recordamos que já havia sido vazado um áudio em que Queiroz afirma que "o MP está preparando uma pica do tamanho de um cometa para empurrar na gente". Ele e a família Bolsonaro sabem o que vem pela frente. O cometa, aparentemente, chegou hoje.
Quando publicamos a matéria, nós esperávamos que essa operação acontecesse em breve. Promotores e investigadores já nos tinham adiantado que estavam aguardando o relaxamento do isolamento para ir às ruas cumprir prisões, medidas cautelares e buscas e apreensões.
O duro golpe de hoje nos negócios ilícitos da primeira-família não se resume à prisão do antigo amigo. A polícia também prendeu a esposa de Queiroz e afastou uma assessora de Flávio de suas funções públicas.
Você leu sobre esses fatos primeiro e com exclusividade no Intercept porque desde outubro de 2018 ampliamos nossa cobertura para fazer reportagens ainda mais contundentes e financiar investigações mais profundas. Abraçamos essa missão com um objetivo específico: esta é a maneira com que podemos contribuir para que a sociedade brasileira reaja às forças de extrema direita que tomaram conta do país.
Este governo, ao longo do tempo, não se mostrou apenas autoritário, violento e disposto a tudo para destruir o Brasil. Trata-se, sejamos diretos, de um governo formado por criminosos ligados a milicianos, grileiros, desmatadores e corruptos. É por isso que não sairemos da cola deles. A família e seus aliados estão na mira do Intercept e você já sabe o que somos capazes de fazer.
Não temos como ir mais longe sozinhos. São nossos leitores que nos protegem, nos ajudam e nos financiam. Chegamos até aqui e expandimos nossa capacidade de trabalho mesmo em meio à pandemia porque milhares abraçaram essa causa.
Se você um dia considerou apoiar o jornalismo realmente independente, quero te dizer que esse dia chegou. É hora de colocar força total e ir pra cima deles. A prisão do Queiroz é só a pontinha do cometa. Tem muito mais por vir.
Vamos investigar a sujeira da família Bolsonaro juntos?
Um abraço,
Paula Bianchi
Editora
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