José Carlos Alexandre
Já rodei um pouquinho por este mundão de todos os deuses.
Mas em nenhum desses recantos sossegados ou não pelos quais passei jamais encontrei uma cidade acolhedora, ao mesmo tempo exuberante e singela que La Habana de meus encantadores sonhos.
Estou, creio que temporariamente, impedido de zanzar por aeroportos. Vi-me limitado de circular pelos de Amã e de Uberlândia.
Outra vez a Acrópole ou Bogotá,agora talvez só em pensamento...
Mas admito ser praticamente impossível deixar de tomar meu mojito , com limão reforçado, na Bodeguita del Medio ou meu prosaico daiquiri na Floridita...
Ainda que os caminhos de Hemingway a esta altura da vida possam representar para este velho jornalista o último dos esforços físicos...
Já que não me preocuparia jamais em voltar a circular de Cadillac dos anos 50, um moderno táxi italiano ou alemão nem mesmo de uma espécie bem cubana de riquixá...
Por que me privaria de passear sem tropeços pelas ruas cheias de cubanos alegres, velhos e crianças
por Habana Vieja?
Entrar por alguns minutos na Catedral de Havana, dar uma voltinha pelo Museu da Revolução.
Deixar-me embalar pelas historietas dos artesãos nas imediações da Universidade de Havana e
disputar um espaço para ir ao topo do Monumento a José Martí?
Não, gostaria de voltar a ver, ainda que por poucas horas o Teatro Karl Marx e o Ballet Nacional Alícia Allonso...
E de assentar-me junto à estátua de John Lemon lendo a última edição de Bohemia ou deliciando-me com a charges do Juventud Rebelde.
A que outras atrações habaneras que não passar horas tomando um daiquiri muito loco no Hotel Nacional ou no Habana Libre?
Neste último que a burguesia anterior à Revolução sonhava um novo Hilton Hotel?
Faço dele meu ponto de cabeleireiro preferido durante o dia e de show para turistas embasbacados à noite, entremeados de mojitos sem conta acompanhados de muitos pollos e de olho nos maniceros...
Depois, bem depois é hora de fugir de tudo para ir adormecer.
Sonhando com as lutas em Sierra Maestra, vencendo os mercenários na Baia dos Porcos e terminar a noitada numa das pontas da Noite dos Archotes...
Ah! Minha querida Habana...
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