José Carlos Alexandre
Havia perdido a esperança na tal Comissão Nacional da Verdade, E, de quebra, nas Estaduais e Municipais.
Embora sob suspeição, já que estava entre os nomes levados ao então governador do Estado, Antônio Anastasia, para a escolha dos membros da Estadual...
Contudo, ao assistir ao vídeo do depoimento do delegado Cláudio Guerra à Comissão Nacional da Verdade, voltei a acreditar no trabalho do grupo encabeçado pelo professor Pedro Dallari.
São seis longas horas de perguntas, seguidas de respostas do ex-servidor da ditadura cívico-militar de 1964.
E metodologia utilizada não deixa dúvidas sobre os crimes cometidos nos "Anos de Chumbo".
Saliente-se que, conforme Dallari havia lembrado em entrevista ao Canal TV Brasil, a Comissão não tem poderes punitivos. Mas já é alguma coisa.
As famílias dos perseguidos, as organizações da sociedade civil e todos aqueles que defendem o Estado de Direito e sobretudo, os Direitos Humanos, tiraram de vez suas dúvidas sobre os horrores cometidos no período de 1964 a 1985.
A CNV fez projetar no telão retratos de vítimas dadas como "desaparecidas" . indagando do delegado se os identificada. Com memória privilegiada, apesar dos 75 anos,o hoje pastor Cláudio Guerra ia reconhecendo que levava os supostos subversivos para incinerar em fornos de uma usina de açúcar em Campos, Estado do Rio.
No caso que tem sido abordado neste espaço, do líder sindical e membro do Comitê Central do PCB, Nestor Veras, o delegado confessou mais uma vez que lhe deu o tiro que lhe matou, lembrando que ele estava agonizando devido às torturas.
Nestor Veras ( Vera, na verdade) havia sido sequestrado em Belo Horizonte, na avenida Olegário Maciel, esquina com a rua Tupinambás, no governo Geisel.
Segundo o depoente, ele e outros funcionários da repressão o levaram para um local, um pouco distante da capital. Lá ele teria lhe dado o tiro "de misericórdia".
No video Nestor Veras é a foto de número l5.
O sequestro e a morte do ex-dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura voltará a ser enfocada neste sábado durante reunião em Sorocaba que contar´pa com a presença de Omene Vera, sobrinho do ex-membro do Comitê Central do PCB.
Sua história vem sendo pesquisada em São Paulo e em breve virará dissertação de mestrado e, quiçá, servirá de roteiro cinematográfico.
Importante, contudo, será levar a toda a sociedade mais um exemplo dos absurdos cometidos em nome de uma "democracia Ocidental e Cristã!".
Absurdos que talvez possam vir ser reparados, como tem acontecido em outros países também vitimados por ditaduras embasadas pela chamada Operação Condor.
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