Em relatório sobre ocorrências de atentados à liberdade de imprensa em maio deste ano no País, a Comissão da Defesa de Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa – ABI- registrou vários episódios de violência contra jornalistas, desde um ataque fatal no Estado do Rio de Janeiro até mensagens escritas em muros, tais como aconteceu em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Frases como “Mate um jornalista por dia”, “Jornalista bom é jornalista morto” e “Colabore com a limpeza do Brasil, mate um jornalista, um artista, um comunista por dia” apareceram pichadas em 14 de maio em um tapume ao lado do hospital, no bairro Santa Efigênia. A polícia local está analisando as imagens de câmeras de monitoramento.
O documento também relatou casos que estão sendo investigados na justiça de assassinatos de profissionais de imprensa e iniciativas para combater a violência contra comunicadores no Brasil.
Entre os destaques do relatório está o assassinato do jornalista Leonardo Pinheiro do perfil de A Voz Araruamense, no Facebook, morto a tiros na tarde de 13 de maio no bairro de Parati. Ele gravava entrevista com os moradores do bairro no momento do crime. Até hoje nenhum suspeito foi preso.
Já Paulo César de Almeida, suspeito de participação no assassinato do jornalista Maurício Campos Rosa, do jornal O Grito, foi preso durante uma blitz em Belo Horizonte em 10 de maio. Maurício foi morto a tiros em 17 de agosto de 2016, próximo a um veículo com a identificação do jornal.
A então prefeita Roseli Pimentel chegou a ser presa em setembro de 2017 por suspeita de envolvimento na morte do profissional, mas foi solta por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela e outro sete acusados do crime vão à júri popular pela participação no crime. Almeida estava foragido desde 2017 por causa da morte do jornalista.
O relatório também registra iniciativas como a criação de uma cartilha para orientar os profissionais de imprensa a procurar o poder judiciário em caso de agressões virtuais ou físicas. O manual surgiu de um convênio foi o lançamento de uma cartilha com orientações aos profissionais, elaborada pelo Observatório de Liberdade Imprensa, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Abraji, sob coordenação do advogado Pierpaolo Bottini.
Em Aracaju, o empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti, em entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio, afirmou em 14 de maio que jornalistas e radialistas deveriam ser apedrejados por divulgar números de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil.
Proprietário do Sistema Correio de Comunicação, ao qual pertence a rádio Correio, o empresário foi senador pelo Republicanos e acabou, depois, pedindo desculpas pela declaração. Mas seguiu criticando as autoridades que defendem o isolamento social como forma de minimizar os efeitos da pandemia.
No Distrito Federal, a repórter Clarissa Oliveira, da Band TV, registrou boletim de ocorrência numa delegacia policial, em razão da agressão sofrida em 17 de maio quando cobria uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto. A jornalista foi atingida com o mastro de uma bandeira por uma apoiadora do presidente da República.
O apresentador William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional, da TV Globo, também vem sendo vítima de uma “campanha de intimidação”. O jornalista e uma das suas filhas receberam mensagens em seus telefones pessoais contendo os endereços e os números de CPFs relacionados à família. Os dados fiscais sigilosos – protegidos pela Constituição – vazaram, o que, segundo a Globo, “abre a porta para toda sorte de fraudes”.
No último dia 25, entidades, veículos de comunicação e jornalistas publicaram o manifesto “Democracia se constrói com informação de qualidade, sem censura e sem Fake News”. O documento, assinado por representações como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraco), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), debate questões como: de que forma enfrentar a desinformação sem censura?
Quais serão os critérios? Quem analisará os conteúdos? A iniciativa parte de um projeto de lei (PL) sobre o tema que irá a votação no Senado Federal. O manifesto também pede responsabilização civil e criminal de empresas e agentes públicos que “financiam essas estruturas para fabricar e disseminar de forma artificial esses conteúdos que podem trazer danos à vida e à democracia”.
Acesse o link e leia o relatório na íntegra
http://www.abi.org.br/wp-content/uploads/2020/05/RELATÓRIO-ABI-MAI-2020.pdfRelatório da ABI registra ataques a jornalistas
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