A demissão de 136 trabalhadores – de um total de 160 – do canal de notícias CN23, que era parte do desmembrado conglomerado de meios Grupo 23, agora de propriedade do Grupo Indalo, de Cristóbal López, gerou uma grande mobilização de jornalistas na Argentina. A iniciativa foi convocada pelo Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (Sipreba), em conjunto com os trabalhadores da Rádio América, Tiempo Argentino e da empresa de comunicação Grupo 23, que não recebem pagamento desde dezembro de 2015.
Os cortes foram criticados pela sociedade civil, por jornalistas e por diversas instituições do país, como o Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea). Os manifestantes chegaram até a principal praça da capital, a Plaza de Mayo, em frente à sede do governo, para exigir de Marcos Peña, atual chefe de gabinete, ação contra o descaso do Ministério do Trabalho no caso da CN23. Segundo a Sipreba, há favorecimento de Sergio Szpolski, um dos donos do Grupo 23, e de seu sócio Matías Garfunkel.
O jornalista da Rádio América e CN23 Gabriel Michi disse ao Centro Knight para o Jornalismo nas Amércias que o Grupo 23, que tem em sua folha de pagamento quase 800 trabalhadores, com Szpolski e Garfunkel como proprietários, recebeu em seis anos de funcionamento (2009-2015) um volume de publicidade oficial de aproximadamente US$ 80 milhões.
Em comparação com outros meios, os do grupo de Sergio Szpolski – que em 2015 concorreu nas eleições municipais de Buenos Aires pelo então partido governista Frente Para la Victoria – foram os que receberam a maior verba de publicidade estatal durante o governo anterior, assinalou Michi.
Michi também explicou o que muitos interpretam como um verdadeiro “esvaziamento dos meios”, referindo-se aos cortes massivos, que no caso do Grupo 23 têm ocorrido desde a vitória eleitoral do candidato presidencial do partido opositor, Mauricio Macri.
O jornalista do CN23 acrescentou que, a partir do resultado da eleição, Sergio Szpolski e companhia começaram a se desfazer de alguns veículos do grupo, deixaram de pagar fornecedores e de pagar salários e benefícios de seus trabalhadores.
Os trabalhadores de imprensa demitidos e os que continuam trabalhando sem receber salário também tiveram apoio da Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren), que solicitou a intervenção do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social da Nação para garantir a fonte de trabalho dos jornalistas.
(Com a Associação Brasileira de Imprensa)
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