Atualmente, o transporte não é público: é um negócio. E embora ele pareça um caos, está muito bem organizado - não para nós, os usuários, mas para os poucos que lucram muito com a nossa passagem.
Para eles, nosso aperto é um ótimo negócio: como a prefeitura paga as empresas de ônibus por passageiro transportado, quanto mais gente elas enfiarem dentro de cada ônibus, mais dinheiro vão ganhar, com o menor custo possível. Para elas, é melhor que o ônibus passe pouco, e sempre lotado.
É pelo mesmo motivo que cada vez mais linhas são divididas ao meio com a construção de terminais na cidade. O prejuízo do usuário, forçado a pegar mais de um ônibus e a enfrentar uma fila enorme no terminal, representa lucro para o empresário, que ganha mais a cada vez que giramos catraca.
Ao cortar linhas e construir terminais como Campo Limpo, Grajaú, Jd. Ângela, Butantã e tantos outros que ainda estão no papel, o governo não consulta ninguém e atrapalha a vida de muita gente. Enquanto isso, os empresários saem no lucro.
Ir e vir deixa de ser um direito para se transformar em uma mercadoria, feita para dar dinheiro para os de cima, vendida por um preço que muitos não podem pagar.
A catraca é uma barreira que impede aqueles que constroem e fazem a cidade funcionar a cada dia de usufruir dela. Quem é excluído do transporte, porque não tem dinheiro para a passagem, é excluído da cidade, deixa de ter acesso a tudo aquilo que está a um ônibus, a um trem de distância: a escola, o hospital, o centro cultural, a casa dos amigos e da família, um emprego, uma casa. Ao revogar o aumento da passagem em junho, derrubamos alguns tijolos desse muro, mas não podemos parar por aí! Enquanto o transporte tiver catraca, a cidade não será de todos. Nossa luta é pela Tarifa Zero!
Cobrar por um serviço que beneficia toda a cidade, como o transporte coletivo, só de quem usa (na maioria das vezes porque não tem outra opção) não é uma escolha técnica ou econômica. É uma decisão política: de quais interesses serão atendidos. Se antes eles diziam que baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se agora eles dizem que Tarifa Zero é impossível, nossa luta provará que eles estão errados.
Um transporte público de verdade não pode ser um impedimento para a gente sair de casa, seja porque não tem dinheiro, seja porque não quer enfrentar o sufoco dos ônibus e vagões e perder horas nas filas e no trânsito. Um transporte público de verdade é o que atende às necessidades da população, sem excluir quem não tem dinheiro. Somos nós, que usamos ônibus, trem e metrô todo dia, que sabemos como é o transporte que queremos, por onde devem passar as linhas, quantos ônibus são necessários.
20 centavos foi só o começo! Em junho, mostramos que é o povo, quando se une, que manda no transporte e que se a gente não quiser, a tarifa não vai subir. Agora queremos mais! E não adianta esperar que quem lucra com nosso sufoco vai fazer algo para mudar ele: é só a nossa luta que vai fazer um transporte de fato público.
O Movimento Passe Livre (MPL) é um movimento social autônomo e apartidário que luta para que o transporte seja público de verdade: gerido fora da iniciativa privada, sem tarifa e nem catraca. Se queremos transformar o sistema de transporte e a cidade, não podemos esperar de braços cruzados. Por isso nos organizamos em nossos bairros e escolas para discutir os problemas do transporte e lutar, nem que para isso seja preciso sair às ruas, fechar avenidas, montar barricadas, ocupar terminais e pular catracas.
Todos os anos, celebramos a semana do 26 de outubro como uma ocasião de luta. Essa data é importante porque remonta às mobilizações e conquistas da Revolta da Catraca de 2004 em Florianópolis, uma das lutas que deu origem ao Movimento Passe Livre. É preciso manter viva a memória para sempre lembrar que nossa luta não começou agora - e que só vai terminar com o fim de todas as catracas.
Dia:
Sexta feira - 25 de Outubro as 17 horas
Local:
Teatro Municipal de São paulo
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