Um jornalista militante; um militante jornalista
Neste 25 de outubro, morreu Mauricio Azedo, um dos maiores símbolos da imprensa brasileira e da resistência à ditadura. Era presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), onde havia sido reeleito há pouco tempo, por ampla maioria de votos. Nos últimos dias de sua vida, teve uma decepção que não merecia. À falta de votos, a chapa derrotada pelos jornalistas bateu às portas da Justiça, postergando a posse dos eleitos.
Desde cedo, Mauricio Azedo se colocou na linha de frente das lutas mais sentidas de nosso povo, como membro da União da Juventude Comunista (UJC), na campanha do Petróleo é Nosso.
Na década de 60, liderou a primeira greve de jornalistas dentro do antigo Jornal do Brasil, já como militante do PCB.
Durante a ditadura militar de 64, continuou na luta. Em 1968, em uma de suas mais violentas ações, a PM invadiu a antiga Faculdade de Medicina, na Praia Vermelha, e fez mais de 500 prisões de estudantes de vários cursos que realizavam uma plenária, colocando todos os presos dentro do então campo do Botafogo, na Rua General Severiano. Essa violência gerou a maior passeata daquela época. Mauricio Azedo, rubro-negro apaixonado, foi o autor, no extinto Jornal dos Sports, da seguinte manchete acerca da passeata que respondia à violência policial: “100 mil vão às ruas pelo Botafogo”. A única manchete política em toda a história do Jornal dos Sports...
Na década de 1970, levou adiante uma ação dos comunistas na cidade do Rio de Janeiro que representava a resistência cultural à censura dos generais e coronéis de plantão. Fundou o Cine-Clube Macunaíma, na ABI, reduto de encontro de lideranças políticas na ilegalidade em que vivia o PCB.
Fruto desta constante luta política, Azedo foi preso, em 1976, e barbaramente torturado nas dependências do DOI-CODI, no Rio de Janeiro.
No início da década de 80, Mauricio Azedo se afasta do Partido, acompanhando o camarada Luiz Carlos Prestes em sua divergência com o então Comitê Central.
Azedo sempre se manteve fiel aos seus princípios, firmando-se como uma das principais lideranças no campo da imprensa de esquerda no Brasil. No PDT, para onde migraram os camaradas que seguiram Prestes, foi vereador e presidente da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
Desde o processo de reconstrução do PCB, a partir da década de 90, Mauricio Azedo se tornou um grande amigo do Partido, prestigiando-nos com sua presença em vários eventos, inclusive nas comemorações pelos 90 anos do PCB, em 2012, que se realizou exatamente na ABI.
Neste ano, o Comitê Central do PCB resolveu conceder a Mauricio Azedo a Medalha Dinarco Reis, uma homenagem a todos aqueles que honram a história do Partido. Mauricio ficou emocionado e honrado com a homenagem, que infelizmente não se concretizou ainda em vida, pela pendência judicial em relação às eleições na ABI. A homenagem será mantida, em memória, porque sua história é parte da nossa história.
O PCB se orgulha de Mauricio Azedo, sente-se gratificado por esse filho do povo brasileiro ter pertencido aos seus quadros. O PCB sempre esteve presente na vida de Mauricio Azedo, e a vida política do PCB estará sempre ligada a esta figura ímpar chamada OSCAR MAURICIO AZEDO.
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