PCB, história de lutas, sacrifícios sem fins, perseguição, torturas, mortes nas ditaduras Getúlio Vargas e de 1964 a 1985, traição e divisões, soerguimento e resistência, lembrada durante sessão solene na Câmara Municipal de Sabará, dia 13 de abril, com a casa totalmente lotada, representação de vários partidos, líderes sindicais e comunitários e um ato de grandeza: dois vereadores do Partido, cassados no golpe de estado de 64, simbolicamente reempossados em suas cadeiras no Legislativo sabarense, debaixo de salva de palmas e a solenidade terminando ao som da Internacional
José Carlos
Alexandre
"Eles eram
poucos
e nem puderam cantar muito
alto
naquela casa de Niterói, em
1922.
Mas cantaram e fundaram o
Partido.
Eles eram apenas
nove.
o sapateiro José
Elias, o vassoureiro Luís Peres,
os alfaiates
Cedon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio
Em todo o país
eles não eram mais de setenta.
mas tinham sede de
justiça
e estavam
dispostos a lutar por ela.
Faz algum tempo
que isso aconteceu.
nem mesmo do
Brasil.
Mas quem contar a história de nosso povo e
seus heróis
tem que falar
dele.
Ou estará
mentindo."
Este poema de Ferreira Goulart, lembrado
por ocasião da solenidade pelo tecelão e dirigente partidário José Francisco
Neres, resume toda uma história de dedicação à causa dos trabalhadores e do povo
do verdadeiro Partido Comunista Brasileiro, aquele nascido do congresso de
trabalhadores no Rio de Janeiro e em Niterói dias 24 e 25 de março de
1922.
O presidente da Câmara Municipal de Sabará,
os vereadores Terezinha Berenice de S.Van Straten e Ricardo Antunes, em
discursos, contaram um pouco do rico patrimônio construído pelo Partido ao longo
de seus 90 anos.
Velho militante partidário, o secretário
político do PCB, Comitê Municipal de Sabará, Joaquim Goulart, analisou, durante
sua fala, as lutas nacionais e internacionais dos trabalhadores antes da
Revolução de Outubro ( 7 de novembro de 1917 na Rússia) , antes da criação de
vários partidos comunistas no Brasil, que não vingaram, até a histórica Semana
de Arte Moderna de 22 quando da criação do PCB.
Com grande dose de emoção, o ex-líder
tecelão, José Francisco Neres, o "Pinheiro", falou do trabalho de base que o
Partido, em plena clandestinidade, realizada entre os trabalhadores mineiros.
Lembrando principalmente de sua atuação , a de João Sotero e de outros
comunistas nos meios operários sabarense e do Estado. Este trabalho conduziu-os
à Câmara de Sabará, de onde só saíram ao ter seus mandatos cassados em
1964.
Outra fala muito aplaudida foi a do
vereador Ricardo Antunes, o Ricardinho, lembrando sua infância e os primeiros
contatos com a causa dos comunistas, através de atuação de seu tio, Alípio Melo,
depois eleito vice-prefeito de Sabará e assumindo a Prefeitura com o
licenciamento do então titular, o médico Vitor
Fantini.
O calor na Câmara, era combatido com doses
de água mineral, servida pelo Legislativo em meio à falas que prosseguiam, como
a dos professores Túlio Lopes e Fábio Bezerra. O primeiro, fazendo um relato do
trabalho do PCB dos anos 40 para cá, no Estado. O segundo, lembrando o quadro
político internacional e nacional e a necessidade da união dos trabalhadores em
defesa de suas conquistas, bem como a urgência da construção de um amplo
movimento unitário das forças políticas de esquerda rumo ao
socialismo.
Um nome de destaque entre a juventude
mineira, dirigente do PCB sabarense, Luís Fernando também interveio no ato com
um histórico da atuação do PCB entre a classe
operária.
Também falaram a representante do Coletivo
Ana Montenegro, Maria Angélica, explicando como surgiu e porque surgiu o
coletivo com o nome da antiga militante comunista.
A juventude comunista teve mais uma voz: a
de Patrick Osório, falando em nome da Unidade Classista, braço do PCB na
Intersindical. Ao final o próprio Patrick lembrou Bertold
Brecht:
" Há homens que lutam um dia e são bons, há
outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito
bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"
Depois dessas
palavras ele lembrou a luta de mais de 50 anos de Neres no PCB e entregou-lhe
uma placa, mandada confeccionar pelo PCB de Sabará.
Representantes do PSOL e do PT (
entre último através de seu presidente em Sabará, Chico do PT) também
discursaram, além de líderes comunitários e sindicais, Pablo Lima, do Instituto
Caio Prado Júnior, Daniel de Oliveira, do Coletivo Rosa do Povo, dentre
outros.
Um dirigente do PCB, Antonio
Almeida, estava sentado no auditório. Ele talvez seja o candidato do Partido a
prefeito ou a vice-prefeito de Belo Horizonte, no último caso, numa composição
com o PSOL.
José Francisco Neres tocou a
Internacional com o auditório e os membro da mesa acompanhando a letra no telão
da Câmara Municipal. Seguiram- se um coquetel na própria Câmara, e um caldo na
residência do secretário-político (presidente) do PCB em Sabará.
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