Altamiro Borges
Nas vésperas da visita da presidenta
Dilma Rousseff a Cuba, a mídia colonizada tem feito grande alarde em torno do
nome da blogueira cubana Yoani Sánchez. Ela é apresentada como uma “jornalista
independente”, que mantém um blog com milhões de acessos e que enfrenta, com
muitas dificuldades materiais, a “tirania comunista”, que a persegue e
censura.
Na busca pelo holofote
midiático, líderes demotucanos e, lamentavelmente, o senador petista Eduardo
Suplicy têm posado de defensores da blogueira. Eles se juntaram para pressionar
o governo a conceder visto para que Yoani venha ao Brasil assistir a pré-estréia
do filme “Conexões Cuba-Honduras”, do documentarista Dado Galvão – que, por mera
coincidência, é membro-convidado e articulista do Instituto Millenium, o antro
da direita que reúne os barões da mídia nativa.
A falsa “jornalista
independente”
Mas, afinal, quem é Yoani Sánchez? Em primeiro
lugar, ela não tem nada de “jornalista independente”. Seus vínculos com o
governo dos EUA, que mantém um “escritório de interesses” em Havana (Sina), são
amplamente conhecidos. O Wikileaks já vazou 11 documentos da diplomacia ianque
que registram as reuniões da “dissidente” com os “agentes” da Sina desde
2008.
Num deles, datado de 9 de abril de 2009, o
chefe da Sina, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado: “Pensamos
que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode
desempenhar papel a longo prazo em Cuba pós-Castro”. Ele ainda aconselha o
governo dos EUA a aumentar os subsídios financeiros à blogueira
“independente”.
Subsídios e “prêmios”
internacionais
Anualmente, o Departamento de Estado destina
cerca de 20 milhões de dólares para incentivar a subversão contra o governo
cubano. Nos últimos anos, boa parte deste “subsídio” é usada para apoiar
“líderes” nas redes sociais. A própria blogueira já confessou que recebe ajuda.
“Os Estados Unidos desejam uma mudança em Cuba, é o que eu desejo também”,
tentou justificar numa entrevista ao jornalista francês Salim Lamrani.
Neste sentido, não dá para afirmar que Yoani
Sánchez padece de enormes dificuldades na ilha – outra mentira difundida pela
mídia colonizada. Pelo contrário, ela é uma privilegiada num país com tantas
dificuldades econômicas. Além do subsídio do império, a blogueira também recebe
fortunas de prêmios internacionais que lhe são concedidos por entidades
internacionais declaradamente anticubanas. Nos últimos três anos, ela foi
agraciada com US$ 200 mil dólares de instituições do exterior.
O falso prestígio da
blogueira
Na maioria, os prêmios são concedidos com a
justificativa de que Yoani é uma das blogueiras mais famosas do planeta, com
milhões de acesso, e uma “intelectual” de prestígio. Outra bravata divulgada
pela mídia colonizada. Uma rápida pesquisa no Alexa, que ranqueia a internet no
mundo, confirma que seu blog não é tão influente assim, apesar da sua farta
publicidade na mídia e dos enormes recursos técnicos de que dispõe – inclusive
com a estranha tradução “voluntária” para 21 idiomas.
Quanto ao título de “intelectual” e principal
dissidente de Cuba, a própria Sina realizou pesquisa que desmonta a tese usada
para projetar a blogueira. Ela constatou que o opositor mais conhecido na ilha é
o sanguinário terrorista Pousada Carriles. Yoani só é citada por 2% dos
entrevistados – ela é uma desconhecida, uma falsa líder, abanada com propósitos
sinistros.
O “ciberbestiário” de Yoani
Sánchez
A “ilustre” blogueira, inclusive, é motivo de
chacota pelas besteiras que publica e declara em entrevistas à mídia
estrangeira. Vale citar algumas que já compõem o “ciberbestiário” de Yoani
Sánchez:
- [Sobre a Lei de Ajuste Cubano, imposta
pelos EUA para desestabilizar a economia cubana, ela afirmou que não prejudica o
povo] porque nossas relações são fortes. Se joga o beisebol em Cuba como nos
Estados Unidos;
- Privatizar, não gosto do termo porque tem
uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.
- Não diria que [os chefões da máfia
anticubana de Miami, sic] são inimigos da pátria;
- Estas pessoas que são favoráveis às
sanções econômicas [dos EUA contra Cuba] não são anticubanas. Penso que defendem
Cuba segundo seus próprios critérios;
- [A luta pela libertação dos cinco presos nos Estados Unidos] não é um tema que interessa à população. É propaganda política;
- [A ação terrorista de Posada Carriles contra Cuba] é um tema político que as pessoas não estão interessadas. É uma cortina de fumaça;
- [Mas os EUA já invadiram Cuba, pergunta o jornalista] Quando?;
- O regime [de Fulgencio Batista, que assassinou 20 mil cubanos] era uma ditadura, mas havia liberdade de imprensa plural e aberta;
- [A luta pela libertação dos cinco presos nos Estados Unidos] não é um tema que interessa à população. É propaganda política;
- [A ação terrorista de Posada Carriles contra Cuba] é um tema político que as pessoas não estão interessadas. É uma cortina de fumaça;
- [Mas os EUA já invadiram Cuba, pergunta o jornalista] Quando?;
- O regime [de Fulgencio Batista, que assassinou 20 mil cubanos] era uma ditadura, mas havia liberdade de imprensa plural e aberta;
- Cuba é uma ilha sui generis. Podemos
criar um capitalismo sui generis.
Mentiras sobre censura e
perseguição
Por último, vale rechaçar a mentira midiática
de que Yoani Sánchez é censurada e perseguida em Cuba. Participei no final de
novembro de um seminário internacional sobre “mídias alternativas e as redes
sociais” em Havana e acessei facilmente o seu blog. Segundo o governo cubano,
nunca houve qualquer tipo de bloqueio à página da “jornalista
independente”.
Quanto às perseguições sofridas, Yoani Sánchez
tem se mostrado uma mentirosa compulsiva e cínica. Em 6 de novembro de 2009, ela
afirmou à imprensa internacional que havia sido presa e espancada pela polícia
em Havana, “numa tarde de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro, ela
recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as marcas das agressões. “Mas ela
não tinha hematomas, marcas ou cicatrizes”, afirmou, surpreso, o correspondente
da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.
O diário La República, da Espanha,
publicou um vídeo com testemunhos dos médicos que atenderam Yoani um dia após a
suposta agressão. Os três especialistas disseram que ela não tinha nenhuma marca
de violência. Diante dos questionamentos, ela prometeu apresentar fotos e vídeos
sobre os ataques. Mas até hoje não apresentou qualquer prova. (Com o Diário
Liberdade)
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