Foto de Jornalismo Investigativo (Rondônia)
Na manhã de sexta-feira, 10 de fevereiro, foi realizado na Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaru um Ato Público convocado pelo CEBRASPO – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, a ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo e a Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres.
Dezenas de representantes de áreas camponesas de Corumbiara, Cabixi, Vilhena, Seringueiras, Ariquemes, Jaru, Ji-Paraná, Machadinho D’Oeste, Espigão D’Oeste, Monte Negro, etc. se amontoavam no auditório, para ouvir as manifestações de solidariedade e para também denunciar a situação de violência contra os camponeses de Rondônia.
Segundo os organizadores do ato, no período mais recente, “os ataques contra a Liga dos Camponeses de Rondônia e Amazônia Ocidental têm o claro objetivo de criminalizar e demonizar os camponeses e suas organizações para perpetrar massacres como os que vêm ocorrendo nos presídios brasileiros, para ficar só neste exemplo que chocou todos os brasileiros e a imprensa internacional”.
Segundo a nota divulgada, os ataques contra os camponeses “visam esconder o maior roubo de terras neste século no Brasil, que está em curso com a tentativa de legalizar documentos de terras públicas griladas por latifundiários e que são em torno de 80% do território de Rondônia. A trama é passar as terras da União para o Estado, que as dividiria entre a quadrilha de latifundiários que controla também os cartórios, fóruns e quartéis da polícia de Rondônia”.
Desde 2015 o Estado de Rondônia está no topo da lista do número de assassinatos no campo. Naquele ano, 20 lideranças camponesas foram assassinadas em Rondônia. Os dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra) apontam mais uma vez que a região norte do Brasil torna-se a região com maior incidência de conflitos e assassinatos no campo.
Naquele ano, no Brasil, ocorreram 50 assassinatos, o número mais elevado desde 2004, 39% maior que em 2014, quando foram registradas 36 vítimas. 47 destes assassinatos ocorreram no contexto de conflitos por terra, 1 em conflito trabalhista e dois em conflitos pela água. A Amazônia Legal (incluída Maranhão e Mato Grosso) concentrou 47 desses 50 assassinatos.
Em 2016 o número de assassinatos no campo no país superou a quantidade de casos ocorridos durante todo o ano de 2015. De acordo com levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra), 60 pessoas foram assassinadas em decorrência de conflitos agrários em 2016.
Entre as vítimas estavam lideranças de movimentos camponeses e de populações tradicionais engajadas. Um dos poucos casos a ganhar repercussão nacional aconteceu em Rondônia, Estado que concentrou um terço dos assassinatos ocorridos no campo em 2016.
O corpo da militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Nilce de Souza Magalhães (foto) foi encontrado em junho amarrado a uma pedra no lago da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho. Conhecida pela luta contra as violações de direitos humanos cometidas pelo consórcio responsável pela hidrelétrica.
Outros assassinatos que seguem impunes são os do casal Isaque Dias Ferreira, 34; e Edilene Mateus Porto, 32, lideranças da LCP na área 10 de maio, município de Alto Paraíso, executados no dia 13 de setembro de 2016.
Diversas operações da Polícia Federal, como a Operação Mors, deflagrada no Vale do Jamari, apontou o envolvimento de policiais militares em milícias armadas e grupos de Extermínio em Rondônia.
(Com o Diário Liberdade)
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