quarta-feira, 6 de abril de 2016

Festival É Tudo Verdade: produção nacional se destaca pela recuperação da história das ditaduras do século 20

                                                                  
Em cenário de efervescência, evento que começa nesta quinta (7) exibirá 85 filmes de 26 países, sendo 22 estreias mundiais

Em um momento de efervescência política, serão apresentados três títulos nacionais inéditos com referências a períodos autoritários da história recente do Brasil na 21ª edição do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários, um dos maiores eventos do mundo dedicado ao gênero.

Os filmes serão exibidos gratuitamente em salas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A programação completa pode ser consultada no site do evento.

Um deles é Cacaso na Corda Bamba, de José Joaquim Salles e PH Souza, que conta a história do poeta Antonio Carlos de Brito e sua luta contra a censura na ditadura militar. Outro é o Galeira F, de Emília Silveira, que apresenta a história de Theodomiro Romeiro dos Santos, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), preso e torturado durante nove anos.

E o terceiro é o “Imagens do Estado Novo 1937-45”, de Eduardo Escorel, que reavalia a herança do período ditatorial de Getúlio Vargas.

“Uma vertente importante do documentário brasileiro contemporâneo tem sido o de lançar luz sobre momentos e episódios menos conhecidos das ditaduras brasileiras do século 20”, explica Amir Labaki, diretor e idealizador do festival.

Para PH Souza, um dos diretores de Cacaso na Corda Bamba, é “simbólico que, neste momento político de extremos, nós tenhamos no É Tudo Verdade uma seleção que privilegia o discurso narrativo, o poder da escrita, da poesia e literatura, como veículo primordial de análise crítica e, sobretudo, de expressão”.

Efervescência

Serão exibidos 85 filmes de 26 países, sendo que 22 deles estarão em estreia mundial. Na competição nacional de longas e média-metragens, sete documentários são inéditos. “É um momento de intensa produção, particularmente de longas-metragens documentais”, afirma Labaki.

Na contramão das limitações do cinema comercial, o documentário ainda se mantém como o formato que permite aos cineastas contestações políticas e estéticas, na opinião do diretor do festival. “A liberdade é maior não só quanto a temas, mas também para estruturas narrativas mais ousadas. É este o desafio que continua a se apresentar para os documentarista, daqui como do mundo inteiro”, avalia Labaki.

“Acho que o documentário é e sempre será espaço de experimentações, descobertas, resgates. É uma ferramenta primordial para conectar a memória e o hoje, permitindo a liberdade e diversidade dos discursos”, analisa Souza.

O festival também celebra a obra do cineasta Carlos Nader, diretor de documentários como o Homem Comum (ganhador da última edição do É Tudo Verdade) e A Paixão de JL, além de apresentar uma mostra especial de filmes sobre as Olimpíadas e o Cinema Olympia. Haverá ainda sessões em homenagem aos diretores Chantal Akerman, Ruy Guerra, Claude Lanzmann e Haskell Wexler. 

(Com o Brasil de Fato)

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