Mario Augusto Jakobskind
Conforme se previa, a blogueira Yoáni Sánchez tem ocupado grandes espaços midiáticos e provocado furor nas hostes conservadoras. Diariamente, O Globo, por exemplo, dá chamadas de primeira página para “informar” as atividades da cubana anticastrista. Arnaldo Jabor faz análises históricas muito próximas da ideologia do Departamento de Estado norte-americano e assim sucessivamente. Tudo que o Instituto Millenium queria.
Parlamentares do PSDB, o tal partido de direita sem bandeiras, convidaram Yoáni para proferir palestra no Congresso, Luz, câmara e ação...
Mas nem tudo tem sido flores para a blogueira anticastrista. Jovens militantes de movimentos sociais e partidos de esquerda têm se manifestado contra a sua presença no Brasil. Alguns dizem que dessa forma estão enchendo a bola de Yoáni. Não é por aí, a bola dela estaria cheia de qualquer forma com ou sem manifestações contrárias.
Yoáni Sánchez, que continua sem explicar como consegue todo o material informático para alimentar seu blog e quem a financia, ficou mesmo de saia justa quando o estudante Caio Botelho convidou-a, em Feira de Santana, a assinar declaração atestando ser contra o bloqueio econômico imposto pelos EUA a Cuba há mais de 60 anos e que defende a libertação dos cinco heróis cubanos presos em solo estadunidense. Ela se negou a fazer isso. Já era esperado, pois Yoáni Sánchez precisa demonstrar fidelidade aos patrocinadores.
E O Globo, sempre O Globo, concede pelo menos duas páginas diárias para falar da blogueira, inclusive que ela “tem proteção policial para debater liberdade de expressão no Brasil”. Como se ela fosse abalizada para falar sobre o tema, quando na verdade o conceito que ela defende é o mesmo do patronato conservador latino-americano, ou seja, misturando liberdade de expressão com liberdade de empresa.
Agora, a tática dos patrocinadores de Yoáni Sánchez é dizer que ela passou por uma “situação de risco físico” com as manifestações contrárias a sua presença.
Mentira, ninguém quis agredi-la fisicamente, como insinuam os de sempre, apenas manifestar ponto de vista segundo a qual a blogueira é instrumento utilizado pelo Departamento de Estado norte-americano contra o regime socialista cubano.
A bola seguirá rolando na mídia conservadora a favor da blogueira, que nem conhecida é em seu próprio país.
Os partidos de direita no Congresso continuarão insistindo na tese de que o governo aderiu a uma suposta reunião na Embaixada de Cuba com a presença de um funcionário da secretaria geral da Presidência da República para a entrega de um dossiê contra Yoáni Sánchez. Como se não fosse possível encontrar o material sobre Yoáni Sánchez no gooogle.
Eis aí um tema que serve para parlamentares sem bandeiras aparecerem na mídia conservadora. Na onda do Senador Álvaro Dias embarcaram outros parlamentares tucanos, do Dem(o) e de quebra do PPS, sendo que este último confirma a tese segundo a qual não há nada pior em matéria de reacionarismo do que um ex. Que o digam o ex-motorista de Marighella, Aloísiio Nunes Ferreira, o deputado Roberto Freire, que entregou o$ arquivos do antigo PCB para a Fundação Roberto Marinho, etc.
Um parêntesis: não percam por esperar uma próxima mudança de posição da mídia conservadora em relação ao presidente do Senado, Renan Calheiros. Poderá cair nas graças do setor. Ele pelo menos tem se esforçado tanto para ganhar confiança do setor que não para de dizer que defenderá de todas as formas a liberdade de expressão. O certo, claro, é Renan afirmar que defenderá com unhas e dentes a liberdade de empresa.
Em suma: aguardemos os próximos capítulos de Renan Calheiros e da blogueira Yoáni Sãnchez. (Com Pátria Latina)
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