"Todo apoio à Comunidade
Zilah Spósito Helena Greco
A Comunidade Zilah Spósito Helena Greco constitui
referência de luta e combatividade para a cidade de Belo Horizonte. Cerca de
130 famílias ocuparam terreno abandonado da Prefeitura – que não cumpria definitivamente
sua função social – no início de 2011. A ocupação se apresentou como única
alternativa para a conquista da moradia, uma vez que o projeto Minha casa minha vida não contempla
aqueles que ganham de um a três salários mínimos.
Estas famílias ergueram aí, com as próprias
mãos e os próprios recursos, suas casas. Transformaram um local deserto em uma
comunidade viva onde as moradoras e os moradores preservam a natureza,
constroem suas vidas e seus sonhos.
Desde
então, esta comunidade tem sido alvo da política criminosa da Prefeitura de
Belo Horizonte na sua ofensiva de aprofundar o projeto de privatização,
higienização e militarização da cidade. Em
outubro de 2011, houve a primeira tentativa de despejo: fiscais, gerentes e
guardas municipais, juntamente com a Polícia Militar de Minas Gerais, invadiram
a ocupação, sem mandado judicial, com forte aparato bélico. Usaram spray de
pimenta e terrorismo psicológico contra idosos, mulheres e crianças. Destruíram
27 casas de alvenaria, além de barracos de lona e moradias em início de
construção. A resistência da comunidade
garantiu a sua permanência no local.
Hoje,
a situação é ainda mais grave: o mandado de reintegração de posse foi expedido, o que torna iminente o despejo destas 129 famílias, além
de 300 outras circunvizinhas, algumas
residentes no local há mais de 10 anos – são, portanto, 429 famílias atingidas,
numa área de 31 mil metros quadrados! Estas pessoas não têm para onde ir. O objetivo do prefeito Márcio Lacerda é
jogá-las nas ruas para entregar o terreno à sanha da especulação imobiliária.
Sabemos que os moradores
vão resistir – trata-se, afinal, de suas vidas e seus sonhos! Sabemos também
que a prática do governo municipal de Belo Horizonte em relação aos
trabalhadores e aos movimentos populares é a da violência explícita: a Polícia
Militar é acionada para agir como um exército em campo de batalha cujo objetivo
é exterminar o inimigo – tudo em nome da propriedade e do capital. O juiz
Alyrio Ramos, da 3ª Vara da Fazenda Municipal, que decidiu a questão contra a
Comunidade Zilah Spósito Helena Greco autorizou, inclusive, a demolição sumária
das casas, o que envolve também a destruição dos pertences de seus moradores.
Temos, portanto, que unir forças com a
Comunidade Zilah Spósito Helena Greco para evitar todas estas arbitrariedades e
garantir o direito básico de morar e viver dignamente. Temos que impedir um banho de sangue
articulado pela prefeitura de BH, pelo governo do estado e pelo poder
judiciário, que sempre dá ganho de causa para os poderosos.
A
guerra generalizada contra os pobres – resultado do conluio entre o executivo,
o legislativo e o judiciário tornou-se, aqui no Brasil, política de Estado. Este
é o país dos massacres periódicos, que têm adquirido sistematicidade
assustadoramente regular nas últimas décadas. Em janeiro deste ano, no
Pinheirinho (São José dos Campos, SP), uma das maiores ocupações urbanas da
América Latina, cerca de 9 mil trabalhadoras e trabalhadores foram despejados
numa verdadeira operação bélica, tiveram suas casas destruídas e foram
massacrados – houve mortos, feridos e casos de estupro executados pela Polícia Militar de São Paulo.
Em
Belo Horizonte, consolida-se a criminalização dos pobres e dos movimentos
sociais. Além da Comunidade Zilah
Sposito Helena Greco, estão na mira da prefeitura, do governo do estado e da
especulação imobiliária as Comunidades Camilo Torres, Irmã Dorothy e
Dandara. Sobre elas também pesa o mandado
de reintegração de posse; ainda não foram despejadas porque estão organizadas e
têm resistido bravamente.
A única maneira de
reverter este quadro é a nossa resistência e a continuidade da luta. Não podemos permitir que se repita a política
genocida que levou a massacres como o dos Ianomâmis, de Eldorado de Carajás, de
Corumbiara, de Acari, da Candelária, de Vigário Geral, do Taquaril, de Maio de
2006 em São Paulo, de Pinheirinho e dos Guarani-kaiová.
Fazemos nosso o lema das
Comunidades Zilah Spósito Helena Greco, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Dandara:
Ocupar,
resistir, construir!
Todo
apoio à Comunidade
Zilah
Spósito Helena Greco!
Mexeu
com a Comunidade
Zilah Spósito Helena Greco,
mexeu
com a gente!
Abaixo
a repressão!
Abaixo o
prefeito Márcio Lacerda, o governador Anastasia, o juiz Alyrio Ramos e sua
política criminosa contra a classe trabalhadora e os movimentos sociais!
Belo
Horizonte, 14 de março de 2012.
Assinam este manifesto: Comunidade Zilah Spósito Helena
Greco, Comunidade Camilo Torres, Comunidade Dandara, Comunidade Irmã Dorothy,
Movimento de Luta pela Moradia/MLPM, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto/MTST,
Movimento Luta Bairros e Favelas/MLB, Brigadas Populares, Central
Sindical e Popular/CSP-Conlutas,
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania/IHG, Coletivo Nada Frágil,
Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas/AMES-BH, Coletivo Mineiro
Popular Anarquista/COMPA, Movimento Luta de Classes/MLC, Movimento Fora
Lacerda, Partido Socialismo e Liberdade/PSOL, Partido Comunista Brasileiro/PCB,
Ocupa BH, Ocupa Câmara, Fora do Eixo, Núcleo da Dívida Cidadã, Sindicato dos
Trabalhadores em Indústrias de Massas Alimentícias e Biscoitos de Contagem/Sindmassas,
Jornal Inverta, Comitê D. Luciano, Associação dos Geógrafos do
Brasil/AGB-BH, Federação Nacional dos
Estudantes de Arquitetura/FENEA, Comissão de Familiares de Mortos e
Desaparecidos Políticos, Grupo Tortura
Nunca Mais-RJ, Partido da Causa Operária/PCO, Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificado/PSTU, Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública
Municipal/ Sinderede-BH, Grupo Tortura Nunca Mais/SP, Rede Social de Justiça e
Direitos Humanos,Obeservatório das Violências Policiais/PUC-SP."
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