O quadro político nacional, em que se realizarão as eleições presidenciais, para os governos estaduais e para o parlamento, é o mais instável e indefinido desde 1989. O aprofundamento da crise capitalista, em especial nos países periféricos, impõe uma agenda de grandes retrocessos sociais e políticos. Se a ascensão, no início dos anos 2000, de governos progressistas com graus distintos de radicalização e mobilização, com destaque na América Latina, se relacionava com sublevações populares contra os efeitos da crise da dívida dos anos de 1980 e das políticas neoliberais, as eleições de 2018 também poderão expressar o grau, o tipo e a perspectiva de resistência nos anos que virão.
A experiência recente nos ensina que a combinação entre a luta de massas e a política institucional, em países com uma formação social autocrática, é um importante meio de obter avanços sociais e novas conquistas no campo das liberdades democráticas. Contudo, sem mudanças profundas nas estruturas políticas e econômicas, isto é, sem enfrentar privilégios seculares, combater os interesses do grande capital e apontar para a transição rumo a uma economia planificada e socializante, sendo o Estado o grande promotor do desenvolvimento das forças produtivas, o progressismo se paralisa, se transforma num movimento de acomodação, rearranjo entre as classes sociais dentro do aparelho do Estado e estabelecendo relações promíscuas com o grande empresariado.
Por tudo isso os comunistas do PCB seguem propondo e construindo a mais ampla frente social na prática cotidiana contra a agenda econômica e social da ofensiva reacionária da grande burguesia e do imperialismo. É preciso lutar amplamente pela liberdade dos 23 ativistas de junho de 2013, pela liberdade de Lula e seu direito de ser candidato, contra a reforma trabalhista e da previdência, pela revogação da PEC de congelamento dos gastos públicos, em defesa do pré-sal e da Petrobrás, pela valorização do salário mínimo, etc.
Uma frente política e eleitoral, ao se propor a ser um polo para reconstruir o país na direção dos interesses populares e da classe trabalhadora, deve se nortear por um programa que seja capaz de apresentar alternativas à onda reacionária em curso, ao mesmo tempo em que deve superar a recente e desastrosa experiência de governos que se pautaram na conciliação de classes para oferecer compensações sociais aos setores populares. Não é possível avançar na conquista de direitos sem enfrentar, controlar e taxar o capital financeiro. Nenhuma reforma agrária será feita no país sem o enfrentamento aos interesses do agronegócio. É impossível desenvolver ciência, educação e novas tecnologias para atender as necessidades da população sem atacar os ditames dos bancos e monopólios. Jamais será possível governar para e com os trabalhadores e manter a defesa da liberdade religiosa, dos direitos das mulheres, negros e LGBTs sem canais de democracia direta e ficando refém das velhas oligarquias políticas que controlam um congresso rodeado de corruptos, máfias e reacionários ligados ao fundamentalismo religioso.
A ofensiva reacionária e a intensificação da dependência brasileira ao centro imperialista reforçam ainda mais a principal contradição no Brasil capitalista: a intensificação da exploração da força de trabalho e a expropriação violenta de bens sociais e naturais do nosso povo e de nosso país. A saída política para a crise está na reorganização e fortalecimento dos trabalhadores, e não em ilusões no sentido de civilizar a burguesia brasileira.
Para o PCB, a candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara tem como uma de suas principais metas a possibilidade de contribuir para a reconstrução da esquerda brasileira na perspectiva da luta anticapitalista sem conciliação. Devemos atuar no interior da frente eleitoral com o PSOL, MTST e movimentos populares com o objetivo de fortalecer a tão necessária unidade na resistência frente aos ataques em curso, apontando sempre para o horizonte de construção do poder popular e do socialismo em nosso país.
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(Com o Jornal "O Poder Popular)
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