América Latina - RBA - Cooperação entre ditaduras civis-militares da América do Sul e serviço secreto norte-americano perseguiu e matou opositores e lideranças de esquerda.
Após 40 anos do fim da Operação Condor, aliança entre regimes civis-militares da América do Sul com o serviço de inteligência dos EUA, que teve como objetivo principal eliminar opositores dessas ditaduras e lideranças de esquerda, os impactos das perseguições, torturas e assassinatos ainda são sentidos por várias gerações.
Na Argentina, por exemplo, jovens adotados nascidos naquela época descobrem, muito tempo depois, que seus pais biológicos foram eliminados pelo estado. No Brasil, famílias também foram destroçadas por exercerem a militância política, que podem ser conferidas no site da Comissão Nacional da Verdade. Situações similares se repetiram também no Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
João Felício, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI) e dirigente da CUT, afirma que a punição dos responsáveis pela tortura e morte de mais de 400 mil vítimas, durante as décadas de 1970 e 1980, é uma maneira de garantir a democracia no continente.
"A construção da democracia no continente latino-americano é extremamente jovem. Portanto, recuperar a história e exigir a punição dos responsáveis faz parte da construção da democracia. Não queremos mais esse tipo de governo, de visão autoritária, esse tipo de visão criminosa contra movimentos sociais e lideranças políticas volte a se estabelecer na região", diz Felício, em entrevista à repórter Camila Salmazio, da Rádio Brasil Atual.
"Todas as ditaduras foram apoiadas pelo departamento de estado norte-americano. Era uma forma que os EUA tinha para impor sua hegemonia econômica e militar. Essa história é muito triste para o nosso continente, por isso que nós não podemos deixar que se perca", declara o presidente da CSI.
Para ele, a discussão de temas como a Operação Condor é uma forma de impedir que grupos conservadores avançam contra a democracia atualmente. "Ainda existe, em todos esses países, grupos políticos saudosos da ditadura", afirma Felício, citando como exemplo, no Brasil, os apelos pelo retorno dos militares em manifestações promovidas pela direita, ao longo do ano. Ele destaca que as elites econômicas davam sustentação aos militares, durante as ditaduras.
"Por isso que, para nós, a consolidação da democracia não é simplesmente uma questão que interessa àqueles que defendem um Brasil mais justo, mas é uma questão de direitos humanos. Não queremos que isso volte." Felício cita a Argentina que julgou e puniu torturadores, como exemplo a ser seguido pelo Brasil.
Na última quinta-feira (26), trabalhadores realizaram ato público em memória às vítimas, contra o esquecimento e a impunidade. (Com o Diário Liberdade)
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