José Carlos Alexandre
Estou de volta depois de intensa participação no processo eleitoral brasileiro, no primeiro turno, em defesa das candidaturas do PCB.
(Quem viu meus blogs e o vídeo que neles foi inserido poderá constatar.)
Contrariando e muito meus médicos...
Comecei minha vida política na cidade-operária de Nova Lima, que junto com sua vizinha, Raposos, era também conhecida por "Moscouzinha", devido a intensa participação dos comunistas do Partido Comunista Brasileiro em todos os seus setores.
Inclusive na Igreja Católica que, antes do papa João XXIII era reacionária ao extremo.
Mas os comunistas eram a voz dos trabalhadores, dos oprimidos, ainda que acusados até mesmo de terroristas (quando esta palavra ainda não tinha a conotação que tem nos dias de hoje).
Veja-se a história dos 51 heróis da classe operária mundial, ex-trabalhadores da Companhia do Morro Velho, demitidos sem direito a nada , a nadinha mesmo, sob a acusação de "terroristas".
Os comunistas iniciaram sua atuação em 1934. E, logo logo, criaram o histórico Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas do Ouro e Metais Preciosos de Nova Lima e Raposos, começaram a participar de times de futebol, clubes e outras-lançantes.
Tornaram-se, em alguns casos, Congregados Marianos, organização ligada à Igreja Católica , disputaram a ganharam mandados de vereador (utilizando outras legendas já que o PCB foi colegado na ilegalidade em 1946 e seus parlamentares foram cassados em 1948).
Estas movimentações já descrevi em parte no artigo Menino do Municipal (publicado em jornais de Nova Lima e transcrito neste blog).
Eu, filho de trabalhadores mineiros ( mesmo minha mãe chegou a trabalhar num setor da Morro Velho, sendo, portanto, uma das pioneiras nesta atividade), desde criancinha, acompanho as greves, os deslocamentos muitas vezes difíceis de trabalhadores já com pulmões estourados pela silicose.
Subindo e descendo morros a caminho ou da mina ou de casa....
Considero o período épico já que trabalhadores, principalmente os mais atuantes, eram perseguidos, presos, torturados (estávamos distantes, muito distantes do horror da ditadura burguesa-militar de 1964...) excomungados pela Igreja reacionária cujo símbolo maior era um tal de padre Oswaldo...
Torturados pela poeira mortífera da extração do ouro que ia fortalecer a riqueza do reinado da Inglaterra, depois de potentados canadenses e norte-americanos...
Deixando em Nova Lima e Raposos os buracos, a revolta operária, a morte de trabalhadores alguns ainda na flor da idade, consumidos pela tuberculose, pelos pulmões estourados...
Um dia ainda haverá de se contar com precisão, competência e autenticidade a história dos comunistas que se tornaram mártires em Nova Lima e Raposos, como William Dias Gomes, Anélio Marques Guimarães etc. (Neste espaço cheguei a homenagear os 51, nome por nome, num dos textos de referência ao Primeiro de Maio.)
Muito novo, confundia greve com guerra, pois a polícia à serviço da companhia poderosa, transformava Nova Lima em verdadeiro "front"...
As assembleias dos trabalhadores me chamavam à solidariedade desde muito cedo.
Eu tinha de cortar toda a cidade já que estudava numa rua atrás do Sindicato dos mineiros e , portanto, atrás do Teatro Municipal, palco de assembleias lotadas, que se esparramava pela Praça Bernardino de Lima...
Pouco fui me aproximando dos líderes dos movimentos até que um dia dei acordo de mim com microfone em punho, malhando a burguesia, o imperialismo, defendendo a ação cada vez maior dos trabalhadores e do povo até a conquista do poder.
Até o socialismo, até um dia chegarmos a uma sociedade sem classe social, onde vigore a solidariedade a paz entre os povos.
Vindo morar em BH, não deixava de deslocar-me até a "Moscouzinha",para participar das assembleias.
E não foram só duas ou três vezes que caminhando com os operários e suas esposas e filhos, fiz o trajeto em passeatas até a capital...
Hoje minhas pernas não me permitem muitos arroubos mas desde a imprensa operária e sindical, passando pela imprensa do PCB, continuo mandando meus recados aos trabalhadores e ao povo.
Cumpro a minha sina com muita disposição. Na certeza de que isto, no fundo, é que meus país queriam.
Principalmente meu pai, Manassés Alexandre, hoje nome de rua no bairro Vila Operária...Rua Maestro Manassés Alexandre...
Estou sempre com a classe operária, com os trabalhadores, com o povo.
Ainda que com erros e acertos...
Mesmo que me achem a com razão, mero cinquentão de carteirinha, do Partidão.
Não sei até quando vou conseguir dar este recado...
Mas enquanto puder...este espaço será ocupado.
Mesmo que uma vez ou outra tire uns dias de folga como os que acaba de deixar...
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