terça-feira, 30 de julho de 2013

Bancários exigem reajuste salarial de11,93% e fazem passeata

                                                                     

O Comando Nacional dos Bancários entregou hoje (30) a pauta de reivindicações dos trabalhadores à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Cerca de 150 bancários, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), participaram de um ato no centro da capital paulista para marcar o início da campanha nacional por reajuste salarial. Com o tema Vem pra Luta,Vem!, os manifestantes fizeram uma caminhada de 40 minutos pelos calçadões e distribuíram folhetos sobre a campanha em agências bancárias. A mobilização terminou no início da tarde na Praça do Patriarca, na região da Sé.

As revindicações dos bancários são: reajuste salarial de 11,93%, sendo 5% de aumento real, além da inflação projetada de 6,6%; Participação nos Lucros e Resultados de três salários mais R$ 5.553,15; piso salarial de R$ 2.860,21; vales-alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 678; fim das demissões em massa; ampliação das contratações; combate às terceirizações e contra o Projeto de Lei 4330 (que libera a terceirização e precariza as condições de trabalho); além da aprovação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe a dispensa imotivada.

A pauta ainda pede o fim das metas abusivas e assédio moral, que segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, submete a categoria à pressão por cumprimento de metas, o que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários; mais segurança nas agências bancárias, com a proibição do porte de chaves de cofres e das agências por funcionários; igualdade de oportunidades, com contratação de pelo menos 20% de trabalhadores afrodescendentes.

“Também queremos mostrar aos clientes que quanto mais os bancos contratarem, mais rápido será o serviço nos bancos e os clientes enfrentarão menos filas”, disse a presidente do sindicato, Juvandia Moreira.

Ela explicou que a categoria vai reivindicar a redução das taxas de juros e das tarifas bancárias. “Neste semestre, a receita obtida com as tarifas aumentou muito. E não pelo crescimento nem pela melhoria dos serviços, mas pelo aumento das tarifas. Esta é apenas uma das receitas dos bancos. Então, significa que o cliente está pagando mais tarifa”.

Participaram do ato no centro da capital representantes dos sindicatos. Procurada pela Agência Brasil, a Fenaban não se manifestou até o momento sobre a pauta de reivindicações. Os bancários somam 500 mil no país, dos quais 141 mil trabalham em São Paulo, Osasco e na região.(Com a ABr)

“Medicina cubana ensina a atender o povo com qualidade e humanismo”, afirmam militantes do MST

                                                         
A saúde no Brasil tem sido tema de grandes debates nas últimas semanas, provocados tanto pelas manifestações das ruas, que exigem melhoras e mais investimentos na área, quanto pelas propostas recentes do governo em trazer médicos de outros países para trabalhar em regiões mais carentes.

Essas propostas, assim como a obrigação dos estudantes de universidades públicas em cumprir dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido alvo de fortes críticas das associações de médicos, que afirmam que essas não seriam as soluções para os problemas. 

A Página do MST conversou com Augusto César e Andreia Campigotto, ambos militantes do Movimento e formados em medicina em Cuba, sobre o tema.

Nascido em Chapecó e com 25 anos de vida, Augusto César ainda não exerce a profissão. Está estudando para fazer a prova de revalidação do diploma cubano e, assim, poder atuar no Brasil. Quando conseguir seu registro, pretende trabalhar na área rural, atendendo os Sem Terra e os assentados da Reforma Agrária.

Andreia Campigotto tem 28 anos e nasceu em Nova Ronda Alta (RS). Trabalha em Cajazeiras, no sertão paraibano, como residente em medicina da família em uma unidade básica de saúde, que atende uma comunidade de 4 mil pessoas.

Formato

O curso de medicina cubano dura seis anos. Para estudantes de outros países, ele se inicia na Escola Latinoamericana de Medicina, localizada em Havana. Depois de um período inicial de dois anos, os estudantes são enviados para as diversas universidades do país. Augusto e Andreia foram para a universidade da província de Camagüey.

O curso de medicina cubano não se difere muito do brasileiro, do ponto de vista curricular.

“Os dois primeiros anos trabalham com as ciências médicas. Estudamos fisiologia humana, anatomia humana e desde o primeiro ano temos contato com os postos de saúde. Quando somos distribuídos para as universidades, vivenciamos o sistema público de saúde. Comparado com o Brasil, o nível teórico é igual, mas o nível de prática é maior", afirma Augusto. 

“Um estudo do governo federal mostra a compatibilidade curricular dos cursos de medicina de 90% entre Brasil e Cuba. Então, não há grandes diferenças teóricas", conta Andreia.

A diferença principal entre os dois cursos está na concepção de medicina e de saúde na formação dos médicos. “O curso brasileiro é voltado para as altas especialidades. Tem essa lógica de que você faz medicina, entra numa residência e se especializa. Já em Cuba o curso se volta à atenção primária de saúde, para entendermos a lógica de prevenção das doenças e o tratamento das enfermidades que as comunidades possam vir a ter”, diz Augusto.

Em contrapartida, “saúde” e “medicina” no Brasil são sinônimos de pedidos de exames e tratamento com diversos medicamentos, calcados em sua maioria na alta tecnologia. Com isso, a medicina preventiva fica em segundo plano, alimentando uma indústria baseada na exigência destes procedimentos.
                                                                               
“No Brasil, temos uma limitação na formação do profissional, pois ela é voltada ao modelo hospitalacêntrico, que pensa só na doença e no tratamento. Em Cuba isso já foi superado. Lá eles formam profissionais para tratar e cuidar com qualidade, humanismo e amor cada paciente; aprendemos de verdade a lidar com a saúde do ser humano”, analisa Andreia.

Ela destaca que os médicos formados na ilha são capazes de atender a população sem utilizar somente a alta tecnologia, condição que não necessariamente limita um atendimento com qualidade à população que mais carece.
                                                         
“É mais barato fazer promoção e prevenção de saúde. No entanto, isso rompe com a ditadura do dinheiro. Com isso, os médicos aguardam o paciente ficar doente para pedir um monte de exames e dar um monte de medicamentos”, afirma Augusto.

De acordo com ele, essa estrutura fortalece o complexo médico-industrial, que se favorece sempre que há alguém internado ou que precise tomar algum medicamento. 

“Não negamos a necessidade de medicamentos e equipamentos, porque precisamos dar atenção a esse tipo de paciente. Mas não precisamos esperar que todas as pessoas fiquem doentes para começar a trabalhar a questão da saúde”, acredita Augusto.

Nesta série de reportagens, os dois relatam as diferenças entre os cursos e a concepção de medicina em Cuba e no Brasil, opinam sobre os problemas brasileiros em relação à saúde e defendem uma medicina que sirva para atender com qualidade o povo brasileiro. Na quarta-feira (29/07), Andreia e Augusto contam como é a prova de revalidação dos diplomas estrangeiros, e analisam a elitização da medicina nas universidades brasileiras. (Com o MST)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Copa das Confederações acabou com Feira do Mineirinho

                                                           
Com o fim dessa feira, a minha vida foi desmoronando”. A frase é da artesã Antônia Lúcia Pereira Lima, expositora da Feira de Artesanato do Mineirinho e presidente da ONG Mineirinho (ex-ASFEMAA, Associação da Feira Mineira de Arte e Artesanato do Mineirinho). Desde 2009, às quintas-feiras e aos domingos, ela expunha seus trabalhos de patchwork em tecido na feirinha montada no ginásio Jornalista Felipe Drumond, o Mineirinho, próximo ao Mineirão, estádio-sede das competições mundiais de futebol.

E foi a Copa das Confederações que deu fim ao ganha-pão de Antonia e centenas de outros expositores no último dia 21 de abril. Por ser base de apoio para a competição, de acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (SECOPA) de Minas Gerais, os artesãos tiveram que sair dali para que fossem montadas estruturas temporárias, como unidades de credenciamento, logística, apoio às atividades de mídia, saúde e segurança, serviços de hospitalidade, além de estacionamentos.

E eles ainda não sabem se poderão voltar a expor na feira de artesanato, existente desde 2003 e considerada um ponto turístico de Belo Horizonte. “A gente quer saber é se depois que passar a Copa do Mundo, vai poder voltar a expor aqui”, questiona Antônia, que luta pela permanência dos feirantes no local. “Nenhum outro lugar dá tanto retorno como o Mineirinho. Acho triste que tenhamos que sair. E parece coisa premeditada, porque já faz mais de dois anos que estamos nessa luta”, conta. Atualmente na ONG Mineirinho, Antônia tenta emplacar um projeto de revitalização da feira via Lei Rouanet. “A ideia é ficar no mesmo espaço [Mineirinho], mas pegar esse financiamento para desonerar os feirantes”, explica.

O defensor público do estado de Minas Gerais, Lucas Simões, que trabalha na diretoria especializada em Direitos Humanos e Socioambientais da Defensoria, acompanhou o drama dos expositores. “As justificativas foram as mais variadas possíveis, mas elas nunca foram dadas de maneira oficial”, diz. Entre 2011 e 2013, ele diz, quando o fim da feira se concretizou, houve uma série de boatos sobre o término da feira, sem que o Estado se pronunciasse. “Os feirantes recebiam informações de diversas fontes dizendo que a feira ia acabar com a chegada da Copa do Mundo. Então a Defensoria passou a atuar junto com os feirantes no sentido de que o Estado nos apresentasse uma justificativa oficial para aquele grande impacto social”, explica Simões, referindo-se aos 400 expositores e aos cerca de 4 mil empregos indiretos gerados pela feira, de acordo com o levantamento das associações de feirantes (AEFEM, Associação dos Expositores e Feirantes do Mineirinho e a ASFEMAA).



Símbolos da cultura mineira

O Mineirinho está em área federal: pertence à UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). À época de sua construção, o terreno foi cedido em comodato ao estado de Minas Gerais, mais especificamente, à ADEMG (Administração de Estádios de Minas Gerais), empresa vinculada ao governo estadual.

Com o objetivo de “ampliar a receita do Estado e fomentar a cultura mineira”, a ADEMG passou a realizar, com o auxílio da iniciativa privada, uma feira de artesanato e comidas típicas com cores bem locais, símbolos da cultura mineira. Mas a ADEMG também não se pronunciou quando, em 2010, começaram a surgir os primeiros boatos, no início da reforma do Mineirão, que fica ao lado do ginásio do Mineirinho.

“Falava-se muito que as reformas do Mineirão iriam inviabilizar a feira e, inclusive, vários feirantes saíram, já se preparando para outra atividade, sempre por falta das informações oficiais”, afirma Lucas Simões. “A primeira justificativa que o governo do Estado deu, por meio da SECOPA, foi a de que seria feito um pequeno viaduto próximo à área do Mineirinho para facilitar o acesso a pé ao Mineirão, e que os feirantes teriam de sair por isso. Pedimos então a apresentação dos projetos e dos Estudos de Impacto Ambiental, mas mesmo após inúmeros ofícios e audiências públicas, nada nos foi apresentado. De fato esse viaduto foi construído, mas em nada afetou o trabalho dos feirantes”, afirma Simões, que até hoje não recebeu os estudos e os projetos requeridos.

O segundo motivo dado para o desmonte da feira, pela SECOPA, foi a necessidade de realizar duas reformas de adequação do Mineirinho, previstas em um edital cujo objeto era a “Correção de Anomalias e Proteção das Estruturas do Estádio Jornalista Felipe Drumond – Mineirinho”, publicado em 20 de março de 2012, no jornal “O Tempo”, pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (DEOP-MG) . A licitação foi homologada em 9 de maio de 2012, com a vitória da Retech Serviços Especiais de Engenharia que apresentou proposta de orçamento de R$ 5,5 milhões. “Durante esse período [entre março e maio de 2012], essa conversa de afastamento dos feirantes ficou muito mais forte”, diz o defensor Lucas Simões.

Dois dias depois da homologação da licitação, no entanto, a contratação foi oficialmente suspensa em função de uma determinação do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), após um relatório apontar irregularidades no edital por “exigências indevidas” na qualificação das empresas concorrentes, e, em janeiro deste ano, a licitação foi definitivamente revogada pelo DEOP-MG.

Ainda assim, os feirantes sofreram o impacto das obras anunciadas, como conta a artesã Thereza Cristina Marques, da AEFEM: “Durante esse tempo em que se falava em reforma, alguns feirantes saíram daqui, e ninguém sabe para onde foram, se estão desempregados, o que estão fazendo”.

Por fim, no início deste ano, veio o anúncio de que os feirantes teriam que sair em 21 de abril por causa da montagem das estruturas temporárias para a realização da Copa das Confederações. “Perdi uma remuneração mensal, algo que era certo, um bom dinheiro e agora dependo do meu marido para pagar as contas. O meus dias estão todos dedicados à luta contra o fim da feira”, relata a artesã Antônia Lúcia. Ela disse já ter perdido o telefone fixo, atrasado prestações do carro e que outras contas não param de chegar.



A feira volta à pauta

Neste ano, outros dois editais para reformas no Mineirinho foram lançados: um para “modernização da área externa” do ginásio e outro para as tais “correções de anomalias”. Segundo a SECOPA, “o Mineirinho passará, a partir de agosto, de uma revitalização externa da fachada e a parte interna será terraplanada para a instalação das estruturas temporárias.” A Pública perguntou ao DEOP-MG se os feirantes poderiam continuar no ginásio durante a realização das obras? O órgão não respondeu, assim como não se pronunciou sobre a diferença de preço máximo no edital de correção de anomalias, que subiu de R$ 5.628.650,19 para R$ 7.550.627,14, nem respondeu se o novo edital havia seguido as determinações do TCE-MG. O conselheiro Cláudio Couto Terrão, responsável pelo relatório que suspendeu a obra, estava viajando e não pode atender à reportagem da Pública.

Parecia que tudo iria continuar como estava, mal parado para os feirantes, até que, em junho de 2013, as manifestações de rua eclodiram em todo o país. Em Belo Horizonte, a exemplo de outras cidades-sede da Copa das Confederações, houve protestos contra os impactos negativos dos megaeventos da FIFA, No dia 26 de junho, na semifinal entre Brasil e Uruguai, realizada no Mineirão, 50 mil pessoas foram às ruas, segundo a PM, para se manifestar principalmente contra a Copa do Mundo.

“O COPAC (Comitê Popular de Atingidos pela Copa 2014) ganhou protagonismo”, como explica Rafael Bittencourt, um de seus membros, e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), convocou um encontro com o comitê no dia 2 de julho. Entre as 32 pautas de reivindicação, levadas pelo comitê, estava a discussão sobre a Feira do Mineirinho. Em 9 de julho deste ano, houve nova reunião, desta vez para discutir especificamente a pauta dos feirantes do Mineirinho e dos barraqueiros do Mineirão com representantes do governo.

“O COPAC deixou claro para o governo que a única solução adequada para os feirantes era a permanência deles no Mineirinho”, diz Rafael Bittencourt, explicando que os artesãos não querem outras áreas para trabalhar, como o governo do Estado sugeriu.

“As soluções [apresentadas] não agradaram grande parte dos feirantes. Eram áreas privadas, distantes do Mineirinho. Mas a gente fica feliz desse assunto ter voltado a pauta”, diz o defensor público Lucas Simões.

Parte dos feirantes aceitou uma área em Santa Efigênia, na zona leste da capital mineira. “Mas lá é muito, muito longe do Mineirinho. É um local afastado para fazer uma feira que já tem uma ligação grande com a Pampulha”, diz Thereza Marques, referindo-se ao local onde o Mineirinho está situado. Em nota, a SECOPA afirmou que “desde que surgiu a necessidade de uso do Mineirinho como apoio para os eventos esportivos, a Secopa-MG têm negociado com os feirantes. Tanto é que por 5 vezes, a retirada foi adiada. A prefeitura da capital passou a negociar outros espaços para a realização da feira. Uma parte dos feirantes já trabalho em uma área no bairro de Santa Efigênia, na zona leste. Outra parte continua negociando um local para trabalhar. Esse processo de diálogo está em aberto, até que se encontre uma solução que atenda aos interesses dos feirantes.”

Em uma longa reunião com representantes do governo de Minas, a AEFEM e o COPAC sentaram à mesa para negociar uma solução para os feirantes. Segundo o membro do COPAC Rafael Bittencourt, presente na reunião, ainda não houve acordo e as negociações devem seguir pelas próximas semanas. O governo mineiro sinalizou com algumas propostas para a permanência dos feirantes após a Copa e o retorno dos feirantes após a competição, mas ainda restam detalhes contratuais a serem estudados. A Promotoria da Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público do Estado de Minas Gerais está finalizando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre os feirantes e a Prefeitura de Belo Horizonte, que garante o direito de fazer a feira na Alameda das Palmeiras, nas imediações do Mineirinho, até maio de 2014. O documento ainda não é oficial, mas deve sair em agosto. Procurada pela Pública, Promotoria da Defesa dos Direitos Humanos informou que a promotora Claudia Spränger, encarregada do caso, está em férias no exterior e não deixou ninguém encarregado de falar sobre o assunto.

Foto: Reprodução/Aefem (Com o Brasil de Fato)

RETROCESSO



                                                       
Parlamento português vota lei para aumentar jornada e dispensar servidores públicos

Trabalhadores farão concentração em protesto

A Assembleia da República de Portugal vota hoje (29) um pacote de projetos de lei que permitirá ao governo aumentar a jornada de trabalho dos funcionários públicos (de 35 para 40 horas semanais) além de tornar mais fácil a dispensa de contratados. Pela proposta, os servidores públicos que forem retirados do atual posto de trabalho terão até um ano de mobilidade, com salário reduzido, para conseguir nova colocação. Terminado o prazo, o governo poderá demitir.

A intenção já anunciada pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho é dispensar 30 mil funcionários públicos. O corte faz parte das medidas estruturais de redução de despesas acordadas no programa de ajuda financeira externa.

O governo português quer este ano e no próximo reduzir a despesa pública em 4,7 bilhões de euros (mais de R$ 14 bilhões). O corte também implicará enxugamento nos gastos sociais, como educação e saúde (áreas com o maior número de funcionários públicos), aposentadorias e o seguro-desemprego (com taxa oficial de 18%).

Conforme exigência da Troika (formada pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), o governo precisa reduzir o constante déficit orçamentário (em mais de 6% no último ano) que agrava a dívida pública (próxima a 130% do Produto Interno Bruto) e reduz a confiança do mercado financeiro nos títulos do Tesouro português.

Até a divulgação do Orçamento do Estado deste ano, o governo tentou equilibrar as contas públicas com aumento de impostos. Com a recessão, que já dura mais de dois anos e meio, a atividade econômica diminui e a arrecadação não é suficiente para equilibrar a receita e a despesa do Estado.

A votação, que abre a última semana de trabalho dos deputados portugueses antes das férias de agosto, deverá ser acompanhada pelos sindicatos dos funcionários públicos que farão protestos em frente à Assembleia da República.

Além das críticas aos cortes e ao ajustamento financeiro do Estado estabelecido com a Troika, os manifestantes deverão protestar contra a nova ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque (ex-secretária do Tesouro), que, após negar conhecimento das condições de empréstimos de empresas estatais portuguesas, foi desmentida pela equipe de transição do ex-primeiro-ministro José Sócrates, que antecedeu Passos Coelho.

Comandante Marcos-Conheça as propostas do Exército Zapatista de Libertação Nacional, baseadas na tradicional cultura maia, um caminho alternativo para os povos

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Como estamos empobrecidos, aburguesados e silenciados – e o que fazer acerca disso

                                                   
John Pilger

Manifestação contra a privatização dos correios britânicos. Conheço o meu carteiro há mais de 20 anos. Consciencioso e bem-humorado, ele é a encarnação do serviço público no seu melhor aspecto. Noutro dia, perguntei-lhe: "Por que é que você se posta frente a cada porta como um soldado numa parada?" 

"Novo sistema", respondeu. "Já não me pedem para simplesmente postar as cartas através da porta. Tenho de abordar cada porta de um certo modo e enfiar as cartas através dela de um certo modo". 

"Por que?" 

"Pergunte-lhes". 

Do outro lado da rua estava um jovem solene, com prancheta na mão, cujo trabalho era seguir carteiros e ver se eles cumprem as novas regras, sem dúvida como preparativo para a privatização. Eu disse ao seguidor de carteiros que o meu era admirável. A sua cara permaneceu imutável, excepto por um momentâneo piscar confuso. 

Em "Admirável mundo novo revisitado", Aldous Huxley descreve uma nova classe condicionada à normalidade que não é normal "porque eles estão tão bem ajustados ao nosso modo de existência, porque sua voz humana foi silenciada tão prematuramente nas suas vidas, que nem mesmo lutam ou sofrem ou desenvolvem sintomas como acontece com o neurótico". 

A vigilância é normal na Era da Regressão – como revelou Edward Snowden. Câmaras por toda a parte são normais. Liberdades subvertidas são normais. A discordância pública efectiva é agora controlada pela polícia, cuja intimidação é normal. 

A corrupção de nobres palavras como "democracia", "reforma", "bem-estar" e "serviço público" é normal. Primeiros-ministros que mentiram abertamente acerca de lobbystas e objectivos de guerra são normais. A exportação de armas britânicas no valor de 4 mil milhões de libras [€ ], incluindo munições para controle de multidão, para o estado medieval da Arábia Saudita, onde a apostasía é um crime capital, é normal. 

A destruição deliberada de instituições públicas eficientes e populares, como a Royal Mail, é normal. Um carteiro já não é mais um carteiro, a fazer o seu trabalho decente; ele é um autómato a ser observado, um ítem de formulário a ser assinalado. Huxley descreveu esta regressão como insana e o nosso "perfeito ajustamento àquela sociedade anormal" como sinal de loucura. 

Estaremos nós "perfeitamente ajustados" a isto? Não, ainda não. O povo defende hospitais do encerramento, o Reino Unido íntegro força agências bancárias a fecharem e seis corajosas mulheres escalam o mais alto edifício da Europa para mostrar a devastação provocada no Árctico pelas companhias de petróleo. Aqui, a lista começa a desvanecer-se. 

No festival de Manchester deste ano, a épica peça "A máscara da anarquia", de Percy Bysshe Shelley – com todos os 91 versos escritos em cólera após o massacre de Lancashire, em 1819, do povo que protestava contra a pobreza – é uma peça teatral aplaudida e absolutamente divorciada do mundo externo. Em Janeiro último, a Comissão da Pobreza da Grande Manchester revelou que 600 mil habitantes de Manchester estavam a viver em "extrema pobreza" e que 1,6 milhão, ou aproximadamente a metade da população da cidade, estavam "a deslizar para pobreza mais profunda". 

A pobreza foi aburguesada (gentrified). O Parkhill Estate, em Sheffield, era outrora um edifício de habitação pública – pouco apreciado por muita gente devido ao seu brutalismo Le Corbusier, à fraca manutenção e falta de instalações. Com o programa Heritage Grade II, ele foi renovado e privatizado. Dois terços das velhas habitações renasceram como apartamentos modernos vendidos a "profissionais", incluindo designers, arquitectos e um historiador social. No gabinete de vendas podem-se comprar canecas e almofadas de designer. Esta fachada não apresenta nem um indício de que, devastada pelos cortes de "austeridade" do governo, Sheffield tem uma lista de espera para habitação social de 60 mil pessoas. 

Parkhil é um símbolo dos dois terços da sociedade que é a Grã-Bretanha de hoje. O terço aburguesado vai bem, alguns deles extremamente bem, um terço luta para sobreviver a crédito e o resto desliza para a pobreza. 

Embora a maioria dos britânicos seja da classe trabalhadora – que se considere desse modo ou não – uma minoria aburguesada domina o parlamento, a administração superior e os media. David Cameron, Nick e Ed Milliband são os seus autênticos representantes, com apenas diferenças técnicas menores entre os seus partidos. Eles estabelecem os limites da vida e do debate político, ajudados pelo jornalismo aburguesado e da indústria da "identidade". A maior transferência de sempre da riqueza, para cima, é um dado. A justiça social foi substituída pela "justeza" ("fairness") sem significado. 

Enquanto promove esta normalidade, a BBC concede um prémio de quase um milhão de libras a um funcionário superior. Embora se considere como o equivalente nos media à Igreja da Inglaterra, a corporação agora tem uma ética comparável àquela das companhias de "segurança" G4S e Serco as quais, diz o governo, cobraram a mais por serviços públicos dezenas de milhões de livros. Em outros países isto se chama corrupção. 

Tal como a liquidação das companhias de água, gás, água e das ferrovias, a venda do Royal Mail está a ser obtida com subornos e a colaboração da liderança sindical, pouco importando o seu protesto vocal. Ao abrir a sua série de documentários de 1983, "Questions of Leadership", Ken Loach mostra líderes sindicais a exortarem as massas. Os mesmo homens são mostrados a seguir, mais velhos e enfeitados, adornados com arminho na Casa dos Lordes. Na recente homenagem pelo Aniversário da Rainha, o secretário-geral da [central sindical] TUC, Brendan Barber, recebeu o seu título de nobreza. 

Por quanto tempo os britânicos podem assistir aos levantamentos por todo o mundo e pouco mais fazer do que chorar o defunto Partido Trabalhista? As revelações de Edward Snowden mostram a infraestrutura de uma polícia de estado a emergir na Europa, especialmente na Grã-Bretanha. Contudo, o povo está mais consciente do que nunca; e os governos temem a resistência popular – razão pela qual os que dizem a verdade são isolados, caluniados e perseguidos. 

Mudanças grandiosas quase sempre começam com a coragem de pessoas que põem em causa suas próprias vidas contra todas as adversidades. Não há outra saída agora. Acção directa. Desobediência civil. Infalível. Leiam Percy Shelley – "Vocês são muitos; eles são poucos". E tenham êxito. 
25/Julho/2013
O original encontra-se no New Statesman e em johnpilger.com/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Cuba comemora 60º aniversário do início da revolução

                                                    
Nicolas Maduro e Raúl Castro no ato em Santiago

Oito chefes de estado de países latino-americanos acompanham festejo com o presidente cubano, Raúl Castro

Acompanhado por chefes de Estado de oito países latino-americanos, o presidente de Cuba, Raúl Castro, liderou nesta sexta-feira (26/07) na cidade de Santiago um ato em comemoração pelo 60º aniversário do assalto ao quartel Moncada, considerado o início da revolução no país.
Cubadebate.cu

Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, conversa com o líder cubano, Raúl Castro, em comemoração em Santiago de Cuba.

Castro, irmão mais novo de Fidel, assumiu o governo do país em 2006 e têm colocado em vigor uma série de reformas sociais e econômicas, dentre elas o relaxamento das restrições para viagens e a abertura limitada para pequenos negócios e cooperativas privadas.

O evento principal de celebração começou às 7h15 locais (8h15 de Brasília) no antigo Quartel Moncada, que em 26 de julho de 1953 foi alvo da primeira, e fracassada, ação armada de Fidel Castro contra o ditador Fulgencio Bastista. Esse levante, que incluiu além disso o quartel Carlos Manuel de Céspedes, na cidade de Bayamo, e que contou também com a participação do atual presidente, é uma das datas emblemáticas do calendário político cubano ao lado do triunfo revolucionário de 1º de janeiro de 1959, e é celebrado na ilha como o "Dia da Rebeldia Nacional".

Os 60 anos do "26 de julho", como ficou conhecido depois o movimento guerrilheiro de Fidel Castro, reuniu os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro; Bolívia, Evo Morales; Nicarágua, Daniel Ortega; o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño; assim como os primeiros-ministros e líderes de quatro países do Caribe insulano: Antígua e Barbuda, Dominica, São Vicente e Granadinas e Santa Lúcia. Uma das presenças mais simbólicas neste ato é a do presidente do Uruguai, José Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro que passou quatorze anos na prisão durante a ditadura de seu país.

Discursos

Durante seus discursos, os líderes prometeram solidariedade a Cuba, protestaram contra o "imperialismo" norte-americano e o embargo econômico de Washington, que já dura 51 anos, fizeram elogios ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e disseram que a revolução cubana inspirou levantes armados e políticos em seus próprios países.

"As bandeiras da rebelião de Moncada continuam pertinentes", disse Maduro, cujo país fornece bilhões de dólares por ano em petróleo subsidiado para Cuba. "Cuba, Fidel, Raúl, a revolução cubana, inspiram os povos das nossas Américas e do mundo, acendendo a inextinguível chama da revolução", declarou Ortega.

Cerca de 10.000 pessoas, segundo a imprensa oficial cubana, assistiram ao ato realizado no Quartel Moncada.(Com Opera Mundi)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Lei que institui a Comissão da Verdade em Minas Gerais foi sancionada. Veja alguns nomes sugeridos. O governador escolherá sete

                                                         
                               
A lei que institui a Comissão da Verdade em Minas Gerais foi sancionada pelo Governador ontem, dia 18 de julho. Data histórica. Excelente vitória de todos que querem a verdade e a justiça. Estamos agora articulando nomes a serem sugeridos ao Governador Antônio Anastasia. Nossa sugestão são os nomes abaixo. Caso você lembre de algum outro, é só propor. A deputada Liza Prado está de parabéns. O projeto de lei é dela. 

Ela junto com a OAB/MG, Associação dos Amigos do Memorial da Anistia Política do Brasil vão marcar uma audiência com o governador. 
Estamos sugerindo que a posse dos conselheiros seja no dia 28 de agosto, quarta-feira, quando a anistia política faz 34 anos.

Depois enviarei nossa programação para comemoração dos 34 anos da anistia política.
Abraços e felicidades.

http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2013/07/lei-que-institui-comissao-da-verdade-em-minas-gerais-e-sancionada.html

http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/comiss-o-da-verdade-e-instituida-pelo-governo-estadual-1.148316

1 - ANTÔNIO RIBEIRO ROMANELLI (OAB/MG)
2 - PEDRO PAULO CAVA 
3 - JOÃO BATISTA MARES GUIA 
4 - VIRGÍLIO GUIMARÃES 
5 - SANDRA STARLING
6 - MARIA CHRISTINA RODRIGUES
7 - PAULO ELISIÁRIO 
8 - AUGUSTO DRUMMOND 
9 - JOSÉ CARLOS ALEXANDRE 
10 - DALVA STELA RODRIGUES
11 - FREI GILVANDER LUIS MOREIRA
12 - EMELY SALAZAR
13 - ÂNGELA PEZUTTI
14 - RONALD ROCHA
15 - BETINHO DUARTE 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

RSF pede sanção aos responsáveis por abusos contra imprensa

                                                  
 Igor Waltz (*)

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu nesta quarta-feira, 24 de julho, que as autoridades brasileiras punam os “abusos policiais” registrados contra a imprensa durante a visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro. A RSF afirmou que a agressão mais grave durante os protestos do dia 22 de julho no Rio contra os gastos públicos gerados pela visita do papa foi a sofrida pelo fotógrafo da agência “France Press” (AFP) Yasuyoshi Chiba, que ficou “seriamente ferido no rosto e no corpo por golpes de cassetete de um policial militar”.

A organização se dirigiu expressamente ao governador do Estado, Sérgio Cabral, e ao prefeito da cidade, Eduardo Paes, para que abram uma investigação sobre essa e outras detenções e agressões aos jornalistas da Mídia Ninja e do jornal O Globo. “A ‘primavera brasileira’ de junho já revelou a incrível brutalidade de algumas forças da polícia em São Paulo e Rio de Janeiro, em particular”, afirmou a RSF.

A organização defensora da liberdade de imprensa, com sede em Paris, pediu uma investigação e sanções contra os responsáveis, assim como uma reforma profunda das instituições incapazes de distinguir a manutenção da ordem e a repressão.

“A maioria destas agressões, por vezes acompanhada de prisões, são atribuíveis às forças policiais”, mas “alguns manifestantes participaram da hostilidade contra jornalistas”, indicou a organização.

A crítica da mídia “não autoriza o ataque contra os jornalistas” e a “ambição de um debate” sobre os meios de comunicação não deve permitir “excessos perigosos para o exercício das liberdades civis”, escreveu a RSF, notando que “o direito de informar, assim como o direito de se manifestar, é garantido” pela Constituição brasileira.

O Brasil é palco de grandes manifestações que, em alguns casos, resultou em atos de violência e confrontos. Os protestos começaram com a exigência da revogação do aumento do preço das passagens dos transportes públicos, mas rapidamente se somaram outras reivindicações e reclamações.

(*) Com informações das agências France Presse e EFE. 

Nuvens tempestuosas?

                                         

Zoltan Zigedy

Quando o pânico sobre o destino do programa de "facilidade quantitativa" (quantitative easing) do Federal Reserve atinge proporções histérica, anomalias económicas extraordinariamente bizarras vêm à superfície. Na última semana de Junho, a notícia de que o crescimento interno do Produto Interno Bruto dos EUA no primeiro trimestre fora reduzido dramaticamente de 2,4% para 1,8% deparou-se com um igualmente dramático, mas paradoxal, salto positivo nos mercados de acções. 

Normalmente, uma queda particularmente inesperada na estimativa do PIB dispararia perdas no mercado de acções – a confiança do investidor seria abalada. Mas verificou-se o oposto. 

O que está a acontecer? 

Sabichões e investidores saudaram as más notícias porque esperam que isso venha a manter o compromisso do Federal Reserve com a compra de US$85 mil milhões por mês de títulos no projecto alcunhado "facilidade quantitativa". Eles acreditam que o Fed não ousaria reduzir o programa devido ao fraco desempenho económico. 

E reconhecem que sem o pé do Fed a pressionar fortemente o acelerador, a economia capitalista estagnará ou declinará. O programa do Federal Reserve é realmente uma máquina para manter viva (life-support system) a nossa economia e os apologistas do capitalismo reconhecem que sem ela estariam em perturbação profunda. Portanto, os investidores saúdam a queda do crescimento do PIB. 

Mesmo Paul Krugman, a voz popular da teoria social-democrata nos EUA, foi contagiado pelo medo. Num apelo no fim de Junho em The New York Times (Et tu, Ben?) ao chefe do Federal Reserve, Ben Bernake, Krugman conclama o Fed a manter o pé agressivamente sobre o pedal da gasolina. 

Apesar de ser um firme advogado de uma opção política alternativa, com estímulos fiscais (gastos em infraestrutura, obras públicas, etc), Krugman tapou o seu nariz e incitou à continuação do programa de estímulo monetário do Fed de imprimir dinheiro a fim de comprar títulos. 

Então por que é que não podemos todos nós simplesmente concordar em avançar assim e estimular o Federal Reserve a continuar a imprimir dólares? 

Em primeiro lugar, a política promíscua do Fed de impressão de dólares está a perder seus poderes curativos. O efeito da compra de dívida do governo – notas do Tesouro – a fim de restringir taxas de juro e rendimentos (yields) de títulos tem diminuído desde meados de 2012. 

Além disso, o remédio do Fed perdeu inteiramente a sua magia em Maio e Junho deste ano, com a yield da nota do Tesouro a 10 anos a subir em dois terços, as taxas de hipotecas a saltarem cerca de 27% entre Março e o fim de Junho, e o mercado de títulos dos EUA e europeu (excepto a Alemanha) experimentando uma venda ao desbarato. Todos estes indicadores demonstram que a facilidade quantitativa, como política de estímulo, está simplesmente a perder a sua força. 

O Federal Reserve encara a sua injecção mensal de US$85 mil milhões na economia como uma protecção contra a temida deflação, uma companhia óbvia à estagnação ou ao crescimento negativo. Eles observam para ver quando a inflação transpõe o seu alvo de 2% a fim de dar uma patada nos travões a fim de evitar uma economia super aquecida. 

Mas não há razão para que o Fed se preocupe:   a inflação está bem abaixo do seu alvo, um sinal claro de que sem estímulo monetário estaríamos num período deflacionário. As corporações estão a entesourar cash ao invés de investir: elas estão a manter 5,6% do seu total de activos em cash, contra uma média de 40 anos de 4,4%. Foi o fraco investimento nos negócios, em parte, que causou a revisão baixista de 25% no crescimento do PIB no primeiro trimestre. 

A média móvel de três meses do índice de Actividade Nacional do Federal Reserve de Chicago permaneceu em território negativo, sublinhando os efeitos decrescentes da facilidade quantitativa. 

À parte a sua ineficácia, a facilidade quantitativa coloca problemas mais graves, mais fundamentais. A promiscuidade monetária do Fed distorce mercado e mascara processo económicos subjacentes. Uma vez que a economia capitalista é um organismo enormemente complexo composto de actores, mercadorias e processos mutuamente interactivos, manipular alguns dos elementos centrais tais como taxas de juro, oferta de moeda, crescimento da dívida, etc tem repercussões imprevistas e danosas em outros sectores da economia. Falham mecanismos e são rompidos equilíbrios. Uma terapia torna-se um ferimento. 

Isto é uma lição que a liderança da República Popular da China está a aprender a partir da volatilidade criada pelo seu sector bancário sombra (shadow banking sector). Mesmo com maioria de propriedade pública dos maiores bancos, o sector privado informal distorce o impacto de decisões políticas. 

Em termos marxistas, a intervenção maciça do Federal Reserve em mercados financeiros viola a lei do valor. Ou seja, substitui o intercâmbio de equivalente-por-equivalente em mercados financeiros com intercâmbios determinados independentemente de forças de mercado pelos responsáveis do Fed. 

Aqueles intercâmbios devem, em algum ponto, ser reconciliados; mas nesse meio tempo distorcem relacionamentos de intercâmbio em outros sectores da economia. Criam uma desconexão entre o sector financeiro e os sinais enviados à economia produtiva. Distorcem a taxa de lucro no sector financeiro, canalizam capital para a especulação e criam excesso de confiança no crédito barato [NT] . Não é de admirar que corporações entesourem cash e procurem retornos mais altos sobre os capitais retidos e o capital facilmente disponível. 

Na realidade, a facilidade quantitativa chama as próprias condições que levaram ao colapso de 2007-8. 

E agora estamos a ver os presságios nos dados económicos. 

O exuberante mercado de acções de 2013 está a sofrer uma retracção e, ainda mais ameaçadoramente, a demonstrar volatilidade crescente. No ano passado, o pequeno investidor afastou-se do mercado, um sinal seguro de que um mercado deprimido (bear market) estava à vista. Grande parte da volatilidade vem de manipuladores do mercado a aproveitarem-se de traders amadores. Tal como os jogadores aventureiros de fim-de-semana em Vegas, eles estão prontos para serem depenados. Pode-se observar isso acompanhando a compra e venda no fim do dia; eles não sabe quando entrar ou quando caírem fora. 

As exportações dos EUA estão a retroceder 

O recorde de lucros pós II Guerra Mundial verificado em 2012 está ameaçado. De 108 companhias que se previa relatarem lucros no segundo trimestre de 2013, 87 apresentaram orientação negativa aos seus accionistas. Lucros em queda, ao contrário das teorias subconsumistas, são um melhor prognosticador de uma retracção do que a queda no consumo. O consumo geralmente cai em consequência e como um ampliador do declínio económico. 

Hoje, o consumo nos EUA está na dependência de um equilíbrio precário. Enquanto as poupanças estão em declínio, os salários estão em queda livre. No ano finalizado em Setembro de 2012 verificou-se um declínio salarial de 1,1%. Estimativas para o primeiro trimestre [de 2013] auguram um declínio chocante. O consumidor está simplesmente a ficar sem dinheiro, poupanças e crédito disponível. 

E os números do desemprego anunciados em Junho mostram realmente um aumento no cálculo U6 do desemprego para 14,3%. Essa taxa inclui aqueles que se retiraram do mercado de trabalho e aqueles a trabalharem em tempo parcial mas que desejam um trabalho a tempo inteiro. 

Um quadro não alvissareiro. 

Na maior parte dos países do mundo capitalista, os movimentos trabalhistas e os partidos política de esquerda ainda têm de desligar o seu destino daquele do capital monopolista, conduzido pelo lucro, do sistema governado pelo mercado. Eles são como navios em águas turbulentas relutantes em levarem suas embarcações e tripulações para o porto. Eles estão simplesmente a confiar em que a tempestade se acalme. Não estão preparados nem para a expectativa de um novo furacão nem para um naufrágio. 

Após cinco anos desastrosos, poder-se-ia esperar que líderes de esquerda e trabalhistas começassem a procurar alternativas para o capitalismo, um lugar seguro para os seus passageiros 
07/Julho/2013
[NT] Ver por exemplo o comportamento da Apple : apesar de nadar em US$145 mil mihões acumulados, esta empresa monopolista decidiu endividar-se no mercado de obrigações dos EUA. 

O original encontra-se em mltoday.com/.... Tradução de JF. 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

O PCB E OS PROTESTOS NA CHEGADA DO PAPA

                                                           

O PCB esteve presente no Ato de protesto realizado durante a chegada do Papa ao Rio de Janeiro. Em nosso entendimento, a manifestação não se voltou contra a vinda do Papa, em si, mas sim contra a maneira como ele está sendo recebido, contra o espetáculo midiático, mais do que religioso, em que se transformou sua visita, a ponto de alterar a rotina de todo o povo do Rio de Janeiro, independentemente da religião ou do ateísmo de cada um.

A principal indignação do PCB é em relação ao escandaloso financiamento público de um evento religioso, portanto privado, num país em que a saúde, a educação e outros serviços públicos foram e estão sendo sucateados.

O argumento de que se trata de receber um chefe de estado estrangeiro é falacioso. O discutível reconhecimento do Vaticano como Estado, por parte da ONU, em verdade serve para blindar o clero e a poderosa máquina da igreja católica, para que não se sujeitem às leis  nacionais e internacionais. Por exemplo, a pedofilia e a corrupção em que parte do clero se envolveu são tratadas segundo leis próprias. Suas finanças são uma caixa preta. O papa, em verdade, é o chefe de uma igreja e não de um estado.

Não existe o povo vaticano. Enquanto isso, os palestinos, os curdos, os mapuches, os sarauís e muitos outros povos continuam sem Estado.

A presença de representantes de todos os poderes públicos e da elite brasileira na recepção ao papa no Palácio Guanabara, além do mau gosto de prestigiar o governador mais hostilizado de todo o país, revela a absurda condição de religião oficial da igreja católica, num Estado que deveria ser laico.

A juventude católica mundial, composta por muitos fiéis que buscam, sinceramente, caminhos e sentidos para suas vidas e soluções para os problemas das sociedades em que vivem, é convocada para um evento no qual não tem qualquer protagonismo nem ganhos em sua formação político-social. A Jornada não faz a denúncia da opressão, da miséria, da exclusão gerada pelo capitalismo, levando ao conformismo, ao exercício da caridade superficial, à ilusão de que é possível humanizar o capitalismo.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Secretariado Nacional

terça-feira, 23 de julho de 2013

CHAPA 1 GANHA ELEIÇÕES NA FENAJ



 A Comissão Eleitoral Nacional concluiu nesta segunda-feira (22/07) a apuração para a eleição da FENAJ, realizada de 16 a 18 de julho. Para a direção da Federação foi eleita a Chapa 1 - Sou jornalista, Sou FENAJ!, presidida por Celso Schröder, e para a Comissão Nacional de Ética foram eleitos os jornalistas Sérgio Murillo de Andrade, Elizabeth Costa, Angela Marinho, Beatriz Barbosa e Mário Messagi Jr.

Participaram do processo 4365 jornalistas. Para a direção da FENAJ foi eleita a Chapa 1 “Sou Jornalista, Sou FENAJ”, com 2.524 votos. A chapa 2 “Luta FENAJ” obteve 1.393 votos. Foram registrados, ainda, 80 votos nulos, 107 votos em branco e 261 votos foram anulados.

Não foi realizada a eleição no Mato Grosso e Maranhão. E embora tenha valorizado o esforço de realização da eleição na Bahia e em Rondônia, a Comissão Eleitoral Nacional não computou o resultado nos dois estados. No primeiro caso porque o critérios para definição dos sócios aptos foi diferente do definido no Regimento Eleitoral da FENAJ. E no segundo porque a ata não foi enviada em tempo hábil.

Para a Comissão Eleitoral Nacional os 5 candidatos mais votados foram Sérgio Murillo de Andrade (1542 votos), Elisabeth Costa (1502), Angela Marinho (1302),
Beatriz Barbosa (1230) e Mário Messagi Jr. (1144).

A posse da nova direção ocorrerá durante o XIX ENJAI, que será no Rio de Janeiro, de 22 a 25 de agosto.

Em pronunciamento emitido na sexta-feira, quando a apuração paralela já apontava a vitória da Chapa 1, o presidente reeleito da FENAJ, Celso Schröder, que é vice-presidente da Federação Internacional de Jornalistas, em nome da nova direção, agradeceu "o apoio de milhares de jornalistas que mobilizaram-se para garantir esta eleição direta, que nos orgulha por ser a FENAJ a única, tanto entre as federações de trabalhadores brasileiros, como nas organizações de jornalistas em nível mundial, a radicalizar a democracia e submeter-se à decisão direta da base".

Sindicatos querem esclarecimentos sobre desaparecidos na ditadura

                                                         

Líderes sindicais presos durante o período militar pediram ontem (22) o esclarecimento de casos de desaparecimento de trabalhadores perseguidos pela ditadura militar. As manifestações foram feitas durante o ato que lembrou os 30 anos da greve geral de 1983, que levou milhões de trabalhadores às ruas e foi decisiva para derrubar a ditadura. No evento, ocorrido na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, foram exibidos vídeos com depoimento de torturados e de ações de repressão.

Para Arnaldo Gonçalves, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, a paralisação de 1983 e os movimentos anteriores da classe trabalhadora foram fundamentais para por fim à atuação dos militares e instalar a democracia no país. "Foi um passo importante na conquista da democracia e para a virada histórica", salientou. "É importante que não se esqueça dos companheiros [desaparecidos]", concluiu o ex-líder sindical.

O ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Derly José de Carvalho, espera que os assassinatos e desaparecimentos ocorridos na época sejam esclarecidos e os responsáveis conhecidos. A Comissão Nacional da Verdade terá um grupo de trabalho que investigará a repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical durante a ditadura militar."Não acredito em bons resultados se as centrais sindicais não se engajarem nesse trabalho", ponderou.

O secretário nacional de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Expedito Solaney, lembrou que a greve de 83 teve a adesão de cerca de 2 milhões de trabalhadores que protestavam contra o regime militar. Segundo ele, mais de 400 sindicalistas foram vítimas da repressão militar apenas no dia da greve.(Com a Contraf)

O PAPA NO BRASIL


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Partido Comunista da Venezuela condena agressão dos EUA ao governo venezuelano

Carta da 17ª Romaria da terra e das águas de Minas Gerais e 9ª Romaria do/a Trabalhador/a Rural da Diocese de Leopoldina, MG

                                                                              

"Denunciamos o modelo de sociedade capitalista, excludente, baseado na propriedade privada dos meios de produção, o que serve para legitimar a concentração de terra nas mãos de uma minoria, trazendo muito sofrimento e injustiças"


Nós, romeiros e romeiras, do campo e da cidade, do Estado de Minas Gerais, reunimo-nos na cidade de Miradouro, Diocese de Leopoldina, Zona da Mata Mineira, para celebrar a 17ª Romaria da terra e das águas do estado de Minas Gerais e a 9ª Romaria do/a Trabalhador/a Rural da Diocese de Leopoldina. Anunciamos os projetos de vida, em sintonia com o Evangelho de Jesus Cristo, e denunciamos os projetos de morte que afligem o povo e o meio ambiente.

O compromisso com o Evangelho da Vida para todos – que gera esperança -, a fidelidade ao Deus dos pobres, aos pobres da terra e de Deus, nos convoca à reflexão sobre a realidade, ouvindo os clamores que vêm dos campos, dos camponeses, das cidades e do povo urbano. Em sintonia com os clamores do povo mineiro, em especial, as juventudes do campo e da cidade, escolhemos o Tema: Juventude no campo e na cidade, e o Lema: Defendendo nosso chão, nossa gente e a criação.

Denunciamos como projetos de morte a concentração de terras nas mãos de poucos, a privatização da terra e das águas, a monocultura de eucaliptos, da cana de açúcar, da soja e do capim. Nenhuma monocultura presta. 

Todas oprimem, violentam e devastam socioambientalmente. Denunciamos o modelo de sociedade capitalista, excludente, baseado na propriedade privada dos meios de produção, o que serve para legitimar a concentração de terra nas mãos de uma minoria, trazendo muito sofrimento e injustiças principalmente para as populações tradicionais que são expropriadas de suas terras, pela grilagem que continua desde o processo latifundiário das capitanias hereditárias até nossos dias com seus projetos grandes e monstruosos de barragem atingindo gravemente as comunidades tradicionais, os pescadores artesanais, extrativistas, camponeses e agricultores familiares.

Repudiamos a falta de compromisso dos governos com a reforma agrária, com a agricultura familiar e com a agroecologia. É uma grande injustiça destinar bilhões para o agronegócio e apenas migalhas para os pequenos do campo. 

Repudiamos como injusto e violento a liberação dos governos de projetos de mineração, de construção de grandes barragens, de monoculturas, projetos que trazem um rastro de destruição para o povo e para as comunidades. 

No campo, nas poucas matas, nos resquícios de cerrado, na caatinga, nos lagos e rios violados pelo arame farpado do latifúndio, pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, pelo maquinário das madeireiras e das mineradoras, pelos projetos faraônicos das monoculturas, das barragens, das hidrovias e hidrelétricas, dos minerodutos etc. Basta desses projetos de morte! 

Estão envenenando a comida do povo brasileiro com agrotóxico. Através de minerodutos, os minérios e as águas de Minas estão sendo roubadas de nós e ficando só devastação. Isso tudo repudiamos.

Sejamos humanos e libertadores! Abracemos o antigo jeito novo de cuidar da terra como uma mãe cuida de seus filhos. Salvemo-nos dos transgênicos lutando pela reforma agrária e pelo fortalecimento da agricultura familiar na linha da agroecologia. Agasalhemos a vida e o cosmo, como se agasalha nos ninhos as asas do futuro. 

No desejo de fortalecer a solidariedade e a luta por justiça, em defesa da vida e do meio ambiente, com a juventude, num só grito em defesa da vida da terra e das águas, do povo e de toda a criação. A terra que Deus prometeu a todos, enquanto de todos não for, é um pecado da humanidade que clama aos céus. 

Alegramo-nos com as conquistas e os avanços nas lutas travadas pelos movimentos sociais do campo. Gratos pela acolhida e hospitalidade do povo de Miradouro e Diocese de Leopoldina, voltamos para nossas comunidades, revigorados para seguirmos lutando por Justiça e Paz. Com bênção do Deus da Vida, gritamos: Juventude no campo e na cidade, defendendo nosso chão, nossa gente e a criação. 

Que São Francisco de Assis, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora Aparecida nos inspirem e nos protejam. 

Miradouro, Diocese de Leopoldina, Zona da Mata de Minas Gerais, 21 de julho de 2013.

domingo, 21 de julho de 2013

Veja "Cabra Cega", filme de Toni Ventura, ambientado na época da ditadura

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CNV e sindicatos promovem ato pelos 30 anos da greve de 1983

                                                       

A Comissão Nacional da Verdade e o Coletivo Sindical vão realizar um ato público, no próximo dia 22, às 9h, no Sindicato dos Aposentados de São Paulo, para marcar os 30 anos da greve geral de 21 de julho de 1983, que levou, em plena ditadura, três milhões de trabalhadores às ruas, e contou com a adesão de 35 entidades sindicais, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), associações de funcionários públicos, estudantes, partidos de esquerda, entre outros setores da sociedade.

O ato público vai marcar ainda o início das atividades do Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical” da Comissão Nacional da Verdade. A criação do GT foi anunciada nesta terça-feira, 16, em reunião na sede da Presidência da República em São Paulo, por Rosa Cardoso, coordenadora da CNV, e por representantes de dez entidades sindicais.

O ato público do dia 22 contará com a participação de dois dirigentes da greve geral de 83, Jair Meneguelli e Arnaldo Gonçalves, que à época eram Presidente da CUT e Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, respectivamente. A coordenadora da CNV, Rosa Cardoso também participará da mesa de abertura, juntamente com Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e José Luis Del Roio, presidente do Instituto Astrogildo Pereira, além de representantes das dez centrais sindicais que compõem o Coletivo de Apoio ao GT.

Durante o evento serão exibidos vídeos de sobre trabalhadores que participaram da luta contra a ditadura, como Carlúcio Castanha Júnior (in memoriam , à época, integrante da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP); Derly José de Carvalho, um dos fundadores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo; José Ibrahin (in memoriam), presidente (cassado) do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco na época da greve de 1968; José Maria de Almeida, então metalúrgico na cidade de Santo André; Nair Goulart, que foi diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo; Raphael Martinelli, à época liderança nacional dos ferroviários e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT); e Vital Nolasco, que foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

— A greve de 83 foi um golpe fatal na ditadura, foi um acontecimento fundamental para enfraquecer de vez o regime, afirmou Expedito Solaney, representante da CUT.

Resistência

Os representantes de centrais sindicais reivindicaram que o governo brasileiro reconheça o valor político dos operários, sindicalistas e demais trabalhadores no processo de resistência ao regime ditatorial brasileiro.

Cerca de 350 sindicatos foram invadidos às vésperas do golpe militar, em 31 de março de 1964. Líderes sindicais foram presos, torturados e alguns deles seguem desaparecidos, como é o caso de Silvestre Bozzo, integrante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Papel e Papelão. Estima-se que ao longo de todo o período de repressão, mais de 800 sindicatos tenham sofrido intervenção, monitoramente ou invasão por parte do regime. A previsão é de que o GT possa visitar diversas cidades brasileiras colhendo depoimentos de trabalhadores e sindicalistas que tenham sido vítimas da repressão do regime.

O GT e a CNV vão investigar as invasões aos sindicatos, a destruição do patrimônio documental e físico dos sindicatos e a vinculação das empresas com a repressão.

Também serão investigadas a relação do serviço de segurança das empresas estatais e privadas com a repressão e a atuação das Forças Armadas.

— Temos documentos que mostram que empresas como Monark, Petrobras, CSN, Volkswagen, Ford, Correios e Embraer colaboravam com os organismos de repressão. Elas entregavam fichas de empregados ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Vamos apresentar tudo isso ato no dia 22, disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, secretário nacional da Conlutas.

Reparação

Segundo Rosa Cardoso, a CNV está estudando o caso de outros países que seguiram esse caminho.

— Vamos fazer um levantamento das empresas a que se pode pedir reparação. O colegiado vai estudar comissões de anistia da Argentina e Alemanha, onde empresas foram responsabilizadas por perseguir trabalhadores durante a ditadura e o regime nazista.

O GT Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical também pretende sugerir ao governo a alteração dos critérios de pagamento de indenizações. Os sindicalistas alegam que os trabalhadores de fábricas recebem valores bem menores do que outras categorias, como jornalistas e políticos.

Com informações da CNV, Agência Brasil e Agência Estado. (Com a ABI)

A LUTA DOS BANCÁRIOS ESTE ANO

                                        
Participaram da Conferência, aberta na sexta-feira 19 no hotel Holiday Inn, em São Paulo,629 delegados de todo o país, dos quais 422 homens e 207 mulheres.

A 15ª Conferência Nacional dos Bancários aprovou na plenária final, realizada neste domingo 21 em São Paulo, a estratégia, o calendário e a pauta de reivindicações da Campanha 2013, que terá como eixos centrais reajuste de 11,93% (inflação projetada do período mais aumento real de 5%), valorização do piso salarial no valor do salário mínimo calculado pelo Diesse (R$ 2.860,21), defesa do emprego, fim da terceirização e combate às metas abusivas e ao assédio moral. A pauta de reivindicações será entregue à Fenaban no dia 30 de julho.

Principais reivindicações

Reajuste salarial de 11,93%: 5% de aumento real, além da inflação projetada de 6,6%;

PLR: três salários mais R$ 5.553,15;

Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese);

Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional);

Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários;

Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que libera geral e precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;

Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;

Prevenção contra assaltos e sequestros, com fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;

Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de trabalhadores afro-descendentes;

Agenda política 

Os 629 delegados que participaram da conferência também aprovaram uma agenda política, com temas importantes da conjuntura nacional que precisam ser discutidos com os bancários e com a população. São eles:

* Combate sem tréguas ao PL 4330, que precariza as relações de trabalho.
* Reforma política, para democratizar o Estado.
* Reforma tributária, para corrigir injustiças.
* Marco regulatório da mídia visando democratizar as comunicações.
* Conferência Nacional do Sistema Financeiro.
* Investir 10% do PIB na educação.
* Investir 10% do orçamento em saúde.
* Transporte público de qualidade.

Calendário de luta

A 15ª Conferência aprovou ainda um calendário de luta que mescla o engajamento da categoria tanto na Campanha Nacional dos Bancários quanto na pauta de reivindicações da CUT e demais centrais sindicais. Confira:

Até 29/7 - Realização de assembleias para aprovar a pauta definida na 15ª Conferência.

30/7 - Entrega da pauta de reivindicações à Fenaban.

6/8 - Dia Nacional de Luta contra o PL 4330.

12 e 13/8 - Mobilizações em Brasília para convencer os parlamentares a rejeitarem o PL 4330.

22/8 - Dia Nacional de Luta dos Bancários, com passeatas no final do dia.

28/8 - Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização.

30/8 - Greve de 24 horas, em defesa da pauta geral dos trabalhadores apresentada ao governo e ao Congresso Nacional apresentada pela CUT e demais centrais sindicais. (Com a Contraf)

O racismo na visão de Chico Buarque

Aula sobre "O Capital", de Karl Marx, com legendas em português

sábado, 20 de julho de 2013

Pelo passe livre (Com o "Diário Liberdade")


Bancários paralisam HSBC em Itaúna por melhores condições de trabalho

 Protesto contra falta de funcionários e condições precárias de trabalho
                                                                        

Os bancários paralisaram na terça-feira, dia 16, as atividades da agência do HSBC localizada na rua Capitão Vicente, na cidade de Itaúna, em Minas Gerais, para protestar contra a falta de funcionários e as péssimas condições de trabalho na unidade de trabalho. Os diretores do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Rgião, Giovanni Alexandrino, Geraldo Rodrigues e Jerry Adriane, estiveram no local.

A paralisação da agência chamou a atenção da população e da mídia do município, que demonstrou apoio à mobilização dos bancários.

Alexandrino afirmou que é absurda a falta de funcionários nas agências do HSBC em todos os locais onde o banco atua, o que está levando os trabalhadores ao adoecimento.

"Mobilizaremos os bancários e denunciaremos o descaso do HSBC junto aos órgãos competentes. Além disso, não aceitaremos a postura autoritária do coordenador de Processos Operacionais, em Itaúna, Ismar Maximo, que obrigou os bancários a irem até o cartório para registrar ata notarial, cerceando o direito de livre manifestação", afirmou.

Geraldo ressaltou que é fundamental pressionar o banco neste momento para exigir mais contratações e melhorias das condições de trabalho. "Ao alegar que 'vive no futuro', o HSBC quer colocar em prática um absurdo projeto de agência virtual que desconsidera completamente as mínimas condições de trabalho. Não aceitaremos esta situação e continuaremos denunciando as precárias condições a que estão submetidos os funcionários do banco", concluiu. (Com o SEEB BH)


América Latina está bastante furiosa e a Europa, um pouquinho

                                             

Diante da espionagem dos EUA e do constrangimento causado a Evo Morales, nações latino-americanas elevaram o tom contra os norte-americanos e ofereceram asilo a Snowden. Mas depois se descobriu que também europeus haviam sido espionados. Eles tiveram de reclamar, ainda que num tom mais baixo. 

Juan Gelman – Página 12/Carta Maior

Propaga-se a indignação nos países da América Latina pelo constrangimento aplicado ao mandatário boliviano Evo Morales ao permitir e depois proibir o avião presidencial no espaço aéreo da Espanha, França, Itália e Portugal durante seu regresso à La Paz. O pretexto, manifestado com todas as palavras pelo embaixador dos EUA em Viena, foi de que transportava Edward Snowden, o ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, por sua sigla em inglês) que denunciou a existência de um mundo onde todos são espionados. Washington também afirmou naquele momento que o Iraque estava repleto de armas de destruição massiva. Não se encontrou sequer uma, nem por equívoco.

Essa atitude dos quatro países europeus não só dá o ar de um patrão maltratando um subalterno, como também denota um cariz de desdenhoso racismo. Porque, para esta gente, o que é a Bolívia? Um país pequeno, de pouco peso internacional e ainda governado por um indígena. Cabe duvidar muito, mas muitíssimo, de que se tente alguma vez aplicar semelhante violação às convenções internacionais de Chicago e de Viena à aeronave do México, da Argentina ou do Brasil enquanto transportasse seus presidentes. As desculpas por este escândalo – Portugal alegou “razões técnicas”, o galo socialista Hollande lamentou “o contratempo” – são tão magras que deixam ver os ossos da mentira. Com a soberba ibérica que o caracteriza, Rajoy manifestou que a Espanha não tinha por que pedir desculpa alguma.

A irritação latino-americana atinge níveis mais altos quando Snowden dá a conhecer, por exemplo, documentos que mostram o Brasil convertido em base de operações da NSA. Por solicitação da Bolívia, Nicarágua, Venezuela e Equador, se levou a cabo uma sessão extraordinária da Organização de Estados Americanos, que condenou os quatro países europeus e exigiu explicações do acontecido.

Enquanto os EUA ameaçam considerar inimigo qualquer país que oferte asilo a Snowden e exigem sua imediata captura à Rússia e também à Venezuela, Bolívia e Nicarágua, que lhe ofereceram asilo. A irritação também se expressa em alguns países europeus, em especial a Alemanha, que agora sabem, graças ao ex-NSA, que também são espionados. Merkel se queixou a Obama: uma ação desta natureza, lhe disse, é inaceitável entre “sócios e amigos”. O tema é que fica inaceitável para a chanceler, que seu país seja espionado ou que os serviços alemães, que trabalham em conjunto com a CIA, conheçam o programa de espionagem, mas não recebam nenhuma informação.

O importante semanário germânico Der Spiegel afirmou que este tipo de espionagem não tem nada que ver com a segurança nacional e que não só é uma mera intrusão na privacidade das pessoas, como também na correspondência diplomática e nas estratégias negociadoras em relação à questões comerciais (www.spiegel.de, 7-7-13). Não apenas isso: a espionagem das grandes empresas permite aos EUA aproveitar avanços tecnológicos que ainda não possui. A Alemanha é o alvo número um nesse quesito. A ministra de Justiça Sabine Leutheusser-Schnarrenbeger afirmou que esses métodos são próprios da Guerra Fria. Só que agora entre “sócios e amigos, não!” completou.

O gesto alemão parece haver dado a Hollande mais energia condenatória que o caso Snowden: “Pedimos que isto acabe de imediato... Temos evidências suficientes para pedir uma explicação”, se animou (www.alterney.org, 6-7-13). É que, como afirma o The New York Times: “Uma leitura atenta dos documentos de Snowden mostra até que ponto a agência furtiva (a NSA) desempenha agora dois novos papéis: é uma mastigadora de dados, com um apetite (capaz) de colher e armazenar, durante anos, uma assustadora variedade de informações e é uma força armada de inteligência com ciber-armas destinadas não só a monitorar computadores estrangeiros, mas também, se fosse necessário, de atacá-los” (www.nytimes.com, 7-7-13).

Enquanto a Casa Branca exige a cabeça de Snowden a todo custo, a San Adams Associated for Integrity in Intelligence acaba de conceder a ele seu prêmio anual por “sua decisão de revelar a vastidão da vigilância eletrônica que o governo dos EUA exerce sobre os habitantes do país e de todo o mundo” (www.middle-est-online.com, 9-7-13). Trata-se de uma organização curiosa: a maioria de seus integrantes são ex-agentes de alto escalão dos serviços de inteligência estadunidense que conhecem e acatam a necessidade legítima de manter em segredo determinados documentos. Pensam, por sua vez, que quando existem segredos para ocultar atividades inconstitucionais é seu dever apoiar aqueles que têm o valor de filtrar a verdade. Assim, proclamaram Snowden ganhador do Prêmio San Adams 2013. Lutam por uma espionagem com ética.


Tradução: Liborio Júnior

Foto: Página 12   (Com Pátria Latina)