quarta-feira, 29 de maio de 2019

Dez razões para ir às ruas nesta quinta (30) e parar no dia 14, na greve geral


                                                     

Estudantes e trabalhadores se unem para mais um ato contra os cortes na educação e pela aposentadoria, rumo à greve geral do dia 14 de junho. As razões para participar são muitas, mas escolhemos as dez piores

 EDSON RIMONATTO
notice


A greve geral do dia 14 de junho pela aposentadoria e por mais empregos, que está sendo organizada pela CUT e demais centrais sindicais - CTB, Força Sindical, CGTB, CSB, Nova Central, CSP- Conlutas e Intersindical -, ganhou a adesão de estudantes e professores depois que o governo Jair Bolsonaro (PSL) anunciou cortes que inviabilizam a educação pública, do ensino básico à pós-graduação no País. 

O primeiro grande ato contra a reforma da Previdência, convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para o dia 15 de maio antes do anúncio dos cortes, foi a primeira mobilização conjunta entre classe trabalhadora e estudantes pela aposentadoria e pela educação.

Nesta quinta-feira (30), um ato convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), também contra os cortes e em defesa da aposentadoria, está sendo organizado e mobilizado por estudantes, professores, CUT e demais centrais e será mais uma mobilização rumo à greve geral do dia 14.

Já tem atos marcados em várias capitais do Brasil, entre elas, São Paulo/SP, às 17h, no Largo da Batata; Porto Alegre/RS, às 18h, na Esquina Democrática; Rio de Janeiro/RJ, às 16, na Candelária; e Fortaleza/CE, às 14h, na Praça Gentilândia. Confira aqui a relação completa dos atos marcados. 

Dez razões para participar dos atos:

1 – Reforma da Previdência é o fim do direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadoras:

 A reforma da Previdência de Bolsonaro (PSL) acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e impõe a obrigatoriedade da idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres, aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15 anos para 20 anos e muda o cálculo do valor do benefício para reduzir o valor pago pelo INSS - trabalhadores vão receber apenas 60% do valor do benefício. Para ter acesso à aposentadoria integral, o trabalhador e a trabalhadora terão de contribuir por pelo menos 40 anos.

Compare com as regras atuais

Pelo modelo atual, os trabalhadores podem se aposentar após 35 anos de pagamento ao INSS e as trabalhadoras após 30 anos de contribuição, sem a exigência de idade mínima. Nesse caso, para ter acesso ao valor integral do benefício, as mulheres precisam que a soma da idade mais o tempo de contribuição seja igual a 86 (56 anos + 30 contribuição = 86 – aposentadoria integral). Já os homens precisam que a soma final totalize 96 (61 anos + 35 contribuição = 96 – aposentadoria integral).

No caso dos trabalhadores que não conseguem se aposentar por tempo de contribuição, a aposentadoria é por idade: 65 anos para os homens e 60 para as mulheres, com no mínimo 15 anos de contribuição.

2 – Quem já está aposentado também vai ter prejuízo

A reforma exclui da Constituição Federal a regra que determina a reposição da inflação para os benefícios acima do salário mínimo pagos a aposentados e pensionistas da iniciativa privada e do setor público. E mais: desvincula os valores dos benefícios do salário mínimo.

Isso significa que os reajustes do salário mínimo não serão mais usados como base de cálculo para corrigir as aposentadorias e pensões. Essas mudanças podem rebaixar drasticamente os valores dos benefícios, inclusive de quem se aposentou antes de a reforma ser aprovada.

3 – Reforma ataca até viúvas e órfãos

No caso de morte, o cônjuge ou filho que tem direito a pensão receberá apenas 50% do valor do benefício a que o trabalhador ou trabalhadora tinha direito, mais 10% por cada dependente. Como a viúva ou o viúvo contam como dependentes, a pensão começa com 60% do valor do benefício.

Os filhos menores de idade têm direito a 10% cada. Quando um filho atingir a maioridade ou falecer, sua cota não será reversível aos demais dependentes.

Em 2017, mais de 7 milhões e 780 mil (22,7%) do total de benefícios pagos foram por pensão por morte. O valor médio mensal foi de apenas R$ 1.294,05, segundo o Anuário da Previdência Social.

Mais um ataque às viúvas e viúvos

A reforma de Bolsonaro quer restringir a possibilidade das viúvas ou viúvos acumularem os, em geral, parcos benefícios. Pela regra proposta, se uma pessoa for acumular aposentadoria com pensão poderá escolher o benefício de valor mais alto e o outro vai ser repassado com desconto, de acordo com reduções por faixas escalonadas de salário mínimo.

Por exemplo, quem tiver um segundo benefício no valor de até um salário mínimo (R$ 998,00), poderá ficar com 80% do benefício (R$ 798,40).

Confira os detalhes sobre as mudanças que Bolsonaro quer fazer nas pensões.  

4 – Reforma ataca também doentes e acidentados (incapacidade temporária)T

Trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada e servidores públicos que se acidentarem ou sofrerem de doenças s em relação com o ambiente do trabalho, impedidos de trabalhar por um longo período - vão receber apenas 60% do valor do auxílio-doença, se tiverem contribuído no mínimo durante 20 anos para o INSS. Se ele tiverem contribuído por mais de 20 anos, terá direito a 2% a mais no valor do benefício por cada ano de contribuição.

Pela proposta, um trabalhador acidentado, ou doente, pode receber menos do que o valor do salário mínimo (R$ 998,00).

Confira como calcular suas perdas se a reforma for aprovada. 

5 – Reforma praticamente acaba com aposentadoria por invalidez (incapacidade permanente)

A PEC propõe que os trabalhadores acidentados ou que tenham doenças contraídas sem relação com o ambiente de trabalho - exemplos: teve um câncer que o impede de trabalhar para sempre ou sofreu um acidente de carro no fim de semana e ficou paraplégico - terão de contribuir por, no mínimo, 20 anos para receber apenas 60% do valor da aposentadoria. Se ele tiver contribuído por mais de 20 anos, terá direito a 2% a mais no valor do benefício por cada ano de contribuição.

Atualmente, para ter direito ao benefício integral, basta o trabalhador ter contribuído durante 12 meses, o chamado período de “carência”.

6 – Capitalização da Previdência

O governo quer criar a capitalização da Previdência, mas ainda não disse como serão as regras. Só vão apresentar a proposta, por meio de uma lei complementar, depois da aprovação da PEC 06/2019.

O que se sabe sobre a capitalização é que o sistema funciona como uma poupança pessoal do trabalhador, não tem contribuição patronal nem recursos dos impostos da União para garantir o pagamento dos benefícios.

O trabalhador deposita todos os meses um percentual do seu salário nessa conta individual para conseguir se aposentar no futuro. Essa conta é administrada por bancos, que cobram tarifas de administração e ainda podem utilizar parte do dinheiro para especular no mercado financeiro.

Para saber mais sobre o modelo de capitalização, clique aqui.

7 – Reforma quer acabar com pagamento da multa de 40% do FGTS

A reforma da Previdência de Bolsonaro não se limita a Previdência, mexe também com a legislação Trabalhista ao propor o fim do  pagamento da multa de 40% do saldo do FGTS quando o trabalhador se aposentar e continuar na mesma empresa. Esse item também isenta o empresário de continuar contribuindo com o FGTS.

8 – Governo quer excluir do acesso ao PIS PASEP 18 milhões de trabalhadores

Outra proposta da reforma que não tem a ver com aposentadoria nem pagamento de benefícios é a sugestão de pagar o abono salarial do PIS/PASEP apenas para os trabalhadores e trabalhadoras formais que ganham até um salário mínimo (R$ 998,00).

Se a PEC for aprovada pelo Congresso Nacional, dos 21,3 milhões (52%) trabalhadores e trabalhadoras formais que hoje recebem o abono, 18 milhões deixarão de receber.

9 – Cadê a política para gerar emprego e renda do governo?  

No primeiro trimestre deste ano, faltou trabalho para 28,3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil, segundo a Pnad Contínua, do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego do período foi de 12,7% e atinge 13,4 milhões de trabalhadores e trabalhadores.

Mas, até agora, o governo Bolsonaro não apresentou sequer uma proposta que, de fato, contribua para aquecer a economia e gere emprego e renda.

10 – Os cortes na educação prejudicam do ensino básico a pós-graduação

Com os cortes anunciados na educação básica vão faltar recursos para a compra de móveis, equipamentos, para a capacitação de servidores e professores e até para pagamento de contas de água e luz.

Os cortes também inviabilizam investimentos no programa de Educação Jovens e Adultos (EJA) e também o ensino em período integral.

Além disso, afeta profundamente a educação, saúde, produção científica e tecnológica. As universidades públicas são responsáveis por mais de 90% da pesquisa e inovação no país e prestam serviços à população por meio de projetos de extensão e hospitais universitários.


(Com o site da CUT)

Atendendo à aspiração Popular


Por uma Universidade Popular


Quinta-feira, 30 de maio de 2019 às 15:00 - Edifício Dantes Sala 619


terça-feira, 28 de maio de 2019

História do Pensamento Socialista, palestra dia 15 em BH


Jornalistas em defesa da educação

                                                               
 A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) reafirma sua adesão às manifestações, atividades e ações em defesa da educação pública que se alastram pelo país e, novamente, conclama a categoria dos jornalistas a participas das mobilizações desta quinta-feira, 30 de maio, convocado pelas entidades sindicais dos trabalhadores da educação e centrais sindicais como Dia Nacional em Defesa da Educação e contra a Reforma da Previdência.

A FENAJ reafirma a necessidade de enfrentamento aos ataques praticados pelo governo Bolsonaro contra o ensino, a extensão, a pesquisa e o desenvolvimento científico no país. Os recentes cortes nas verbas destinadas à educação básica, que se seguiram ao contingenciamento de recursos nos orçamentos das universidades e institutos federais, evidenciam que o projeto do governo para a educação é sucatear o sistema público e gratuito.

A FENAJ ressalta a importância da educação para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país. E a educação somente é democrática e socialmente inclusiva se existem políticas públicas para seu desenvolvimento e instituições públicas para sua oferta universal.

Conscientes do papel da educação, também defendemos a necessidade de formação em curso superior de Jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. Por isso, a FENAJ e seus Sindicatos historicamente vêm lutando e agindo em defesa da educação e, especialmente, em defesa da qualidade do ensino do Jornalismo. 

Sob a liderança da FENAJ e dos Sindicatos de Jornalistas, a categoria profissional, assim como fez em dia 15 de maio – Dia Nacional de Paralisação em Defesa da Educação – vai novamente apoiar as manifestações e atos programados para o próximo dia 30.

Jornalistas defendem a educação pública e gratuita. Não aos cortes de verbas!

Jornalistas defendem a Previdência pública. Não à proposta do governo Bolsonaro!

Brasília, 28 de maio de 2019.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.

Carta do cárcere

                                                                 

por Julian Assange


Nos primeiros comentários públicos após a sua prisão, Julian Assange, fundador e editor da WikiLeaks, pormenorizou as condições repressivas que enfrenta na prisão britânica de Belmarsh e apelou a uma campanha contra a ameaça da sua extradição para os Estados Unidos. 

Os comentários de Assange foram formulados em carta dirigida ao jornalista britânico independente Gordon Dimmack, o qual decidiu torná-la pública na sequência do anúncio feito quinta-feira passada pelo Ministério da Justiça dos EUA de novas acusações contra Assange com base numa antiga lei sobre espionagem. 

Eis o texto completo da carta e Assange a Gordon Dimmack:

"Fui isolado de toda capacidade para preparar a minha defesa, nem laptop, nem internet, nem computador, nem biblioteca até agora, mas mesmo que eu obtenha acesso [à biblioteca] será apenas por meia hora junto com toda a gente uma vez por semana. Apenas duas visitas por mês e leva semanas para conseguir [inserir] alguém na lista de entrada. É uma situação sem saída (Catch-22) conseguir que os seus pormenores sejam examinados pela segurança. Assim, todas as chamadas excepto com o advogado são gravadas e são num máximo de 10 minutos e num [período] limitado de 30 minutos em cada dia no qual todos os prisioneiros competem pelo telefone. E o crédito? Apenas algumas libras por semana e ninguém pode ligar. 

[Estou diante de] uma superpotência que tem estado a preparar-se durante nove anos com centenas de pessoas e incontáveis milhões gastos no caso. Estou indefeso e conto consigo e outros de bom carácter para salvar minha vida. 

Estou intacto embora literalmente cercado de assassinos. Mas os dias em que eu podia ler, falar e organizar para defender a mim próprio, os meus ideais e o meu povo estão acabados até eu estar livre. Todos os demais devem tomar o meu lugar. 

O governo dos EUA, ou melhor, aqueles elementos lamentáveis que odeiam a verdade, a liberdade e a justiça querem trapacear a fim de obter minha extradição e morte ao invés de permitir ao público que ouça a verdade pela qual ganhei os maiores prémios de jornalismo e ter sido nomeado sete vezes para o Prémio Nobel da Paz. 

Em última análise, a verdade é tudo o que temos.

25/Maio/2019"

O original encontra-se em https://www.wsws.org/en/articles/2019/05/25/assa-m25.html 
e a versão em francês em https://www.legrandsoir.info/j-ai-recu-une-lettre-de-julian-assange.html 

Esta carta encontra-se em http://resistir.info/ .
28/Mai/19


sexta-feira, 24 de maio de 2019

Novamente às ruas em 30 de Maio!

                                                                 
             

             Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista (UJC)

Tivemos no dia 15 de maio um movimento importante e decisivo para a juventude e os trabalhadores no nosso país. Centenas de milhares de brasileiros, entre estudantes, professores, trabalhadores da educação, pesquisadores, pais, mães e familiares e outros, preocupados com os rumos do país, saíram às ruas para se colocar contra o governo Bolsonaro e suas medidas de sufocamento da educação pública e da pesquisa nacionais. 

As medidas, que incluem a suspensão de milhares de bolsas de estudo, cortes de mais de 30% nas verbas discricionárias das universidades, congelamento de bilhões de reais para a educação básica e ataques contra a autonomia universitária, demonstram cada dia mais a face antidemocrática, antipopular, antinacional e reacionária do governo.

O chamado para a luta foi ouvido e sentido em todo o país. Desde as primeiras horas de quarta-feira, as pessoas já tomavam as ruas para irem às grandes manifestações unitárias que aconteceram em todas as capitais e em inúmeras cidades menores. 

Em todas elas, vimos palavras de ordem, faixas e bandeiras conscientes de que nossa tarefa é derrotar os cortes do governo Bolsonaro e continuar a organizar nossa resistência. Derrotar essas medidas educacionais é o primeiro passo para o movimento social organizado preparar a contraofensiva e derrotar medidas igualmente terríveis para os trabalhadores brasileiros, como a Reforma da Previdência.

Bolsonaro, por sua vez, fugindo de qualquer responsabilidade para com o país, viajou aos EUA na mesma data, apenas para dar declarações de desprezo ao povo trabalhador brasileiro e nossas legítimas manifestações por nossos direitos e nossa educação. Seu Ministro da Educação, o privatista Abraham Weintraub, estava sendo sabatinado no Congresso Nacional e reforçou suas chantagens sobre os cortes do orçamento. 

Mentiu novamente sobre o caráter técnico que quer imprimir à educação – quando, sabemos, buscam retirar qualquer manifestação de contrariedade à política ou à ideologia antipopulares próprias do governo. Na mesma data, o presidente cassa o direito de reitores nomearem os pró-reitores e outros cargos nas universidades, atentando contra a autonomia universitária e coloca na mão do general ministro Santos Cruz o poder decisório sobre essas nomeações.

Para o dia 15, construímos desde as bases um forte movimento, combativo e consequente, organizado por meio das principais entidades estudantis e sindicais do país. Foram peças-chave nessa mobilização os Cas, DCEs, UEEs, UNE, UBES, ANPG, FENET, Federações e Executivas de curso e isso vemos com uma importância enorme: as entidades estudantis estão retomando os processos de luta e os estudantes estão vendo seus instrumentos de luta acessíveis e participativos. 

Podemos avançar nessa mobilização em um novo patamar de mobilização, com um Movimento Estudantil em nível nacional organizado e articulado com as entidades sindicais, como a FASUBRA, o ANDES, a CNTE e o CONEDEP.

Temos orgulho em dizer que o Movimento por uma Universidade Popular teve um papel de destaque nessa mobilização. 

Todos os lutadores que compreendem a importância desse projeto estratégico, da Universidade Popular, estão cerrando fileiras para mobilizar, organizar e fazer crescer a luta defensiva que temos agora, sem perder de vista que para superar os problemas da educação, precisamos de um projeto alternativo, radicalmente democrático, popular, ligado aos interesses do povo trabalhador e não das empresas e bancos nacionais e internacionais que tentam tomar a educação das nossas mãos.

Entendemos que a luta unitária deve superar suas debilidades e aumentar ainda mais o grau de articulação, para derrotarmos o governo e seus cortes. Nossas entidades estudantis e sindicais devem dialogar ainda mais com a população para mobilizar a todos os brasileiros preocupados com seus direitos. Nossa mobilização pode superar os mais de um milhão que foram às ruas nessa quarta-feira.

A tarefa agora é avançar, avançar, avançar! Já estão sendo marcadas novas manifestações para o dia 30 de maio, organizadas pelas entidades estudantis, e todos devem estar presentes. Teremos duas semanas para organizar debates, assembleias, atividades locais, rodas de conversa e todo tipo de mobilização estudantil, sindical e popular, para fazermos o movimento crescer. Organizar a luta, derrotar os cortes do governo – essa é a palavra de ordem que precisamos colocar, em alto e bom som, e esse é o compromisso da União da Juventude Comunista com a juventude, os estudantes e os trabalhadores brasileiros.

Lembramos também que essa luta, pela educação, não está separada das demais lutas dos trabalhadores no país. Construirmos com força um dia nacional de lutas no dia 30 de maio vai dar mais fôlego para a Greve Geral que faremos no dia 14 de junho. Nesse dia, em uma luta unitária, organizada por sindicatos, entidades estudantis e populares, movimentos de bairro, coletivos culturais e todo o povo trabalhador, venceremos a Reforma da Previdência de Bolsonaro e Paulo Guedes, dos empresários e banqueiros, e garantiremos nosso direito à Aposentadoria.


(Com o site do PCB)

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Cine e Teatro Mariana apresenta "Marighella Retrato Falado de um Guerrilheiro", de Silvio Tendler


O professor Túlio Lopes estará no Sábado de Prosa dia 25 no Serro


Ballet Nacional da China apresenta "O Lago dos Cisnes" dias 8 e 9 no Palácio das Artes, em BH

                                               
Nos dias 8 e 9 de junho,  sábado e domingo, o Grande Teatro do Palácio das Artes recebe a companhia Ballet Nacional da China

Confirmando sua excelência no balé clássico, a companhia apresenta O Lago dos Cisnes, ícone maior da dança de todos os tempos. Com música de Tchaikovsky e coreografia original de Marius Petipa e Lev Ivanov, o balé, bastante conhecido, é um mergulho no reino da fantasia: um príncipe se apaixona por uma princesa que um feiticeiro transformara em cisne. Ele jura amor eterno a ela, e a fidelidade a esse amor é a garantia do fim do encanto. Mas o mago faz com que outra, o cisne negro, assuma as formas da princesa e extraia do príncipe uma declaração de amor. Resultado: a princesa fica definitivamente aprisionada em sua forma de cisne.

Integrado por 70 bailarinos, o Balé Nacional da China foi fundado em 1959 e hoje é a companhia de dança de maior prestígio do país. Ao longo dos anos, especializou-se na tradição do balé clássico ocidental, tendo encenado grandes bailados como Dom Quixote, Romeu e Julieta e A Bela Adormecida

Ultimamente, porém, a companhia vem atribuindo crescente atenção às obras assinadas por artistas contemporâneos, independente de seu estilo e escola, com primazia para as que retratam a vida e a cultura chinesa. Liderado por seu atual presidente, Zhao Ruheng, o Balé Nacional da China introduziu uma série de novas criações recebidas pelo público com grande entusiasmo.

Embaixadora cultural do grande país asiático, a companhia vem empreendendo uma série de turnês por todo o mundo, sempre com grande sucesso.


*INGRESSOS

Pré-venda

PLATEIA I: R$200 (inteira)
PLATEIA II: R$140 (inteira)
PLATEIA SUPERIOR: R$80 (inteira)


Após 30 dias da abertura da pré-venda

PLATEIA I: R$240 (inteira)
PLATEIA II: R$180 (inteira)
PLATEIA SUPERIOR: R$120 (inteira)


Plateia MINC (20)

PLATEIA I: R$50 (inteira)
PLATEIA II: R$50 (inteira)
PLATEIA SUPERIOR: R$50 (inteira)


Informações
Local
Grande Teatro | Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Horário
8 de junho, 20h30

9 de junho, 18h30

Duração
2h30min

terça-feira, 21 de maio de 2019

Reaja agora!

CUT

Simulação apresentada no Senado pela Unafisco prevê que taxa dos bancos aumenta a cada ano, podendo chegar a mais de 77%

                                                           
             

A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 20-05-2019.

Simulação apresentada  terça-feira (20) em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) no Senado, sobre a reforma da Previdência proposta pelo projeto do governo Jair Bolsonaro (PSL), demonstra o fracasso que ocorreria com o sistema de capitalização que consta da proposta, levando o trabalhador aposentado à miséria.

Segundo dados do diretor de Defesa Profissional e Assuntos Técnicos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Mauro José Silva, o valor das contribuições previdenciárias arrecadadas de empregados e empregadores foi de R$ 423,06 bilhões em 2018. Já a previsão de acréscimo no faturamento médio anual para as instituições financeiras, num sistema de capitalização, pode ser estimado em até R$ 388 bilhões, nos próximos 70 anos.

Silva explicou que o sistema proposto na PEC 6/2019 resultará num valor acumulado pelo trabalhador, ao fim de 40 anos de contribuição, de R$ 275.804,02. Entretanto, a remuneração dos bancos, prevista na reforma, consumiria R$ 105.701,43 dessa quantia, o que equivale a mais de 62% do valor do patrimônio do empregado. Assim, esse trabalhador ficaria com apenas R$ 170.102,58.

No 59º ano, após ingressar no sistema de capitalização, esta porcentagem ultrapassaria os 77%. Um cenário que, segundo Silva, possibilitaria o recebimento de uma aposentadoria no valor de R$ 750, o que equivale a apenas um quarto do total contribuído. “Um sistema sem empregador, e com instituição financeira, é um fracasso. É condenar o trabalhador à miséria”, concluiu.

Silva considerou a capitalização um “sistema complicado do ponto de vista do trabalhador”. Para ele, além de significar a “transferência de renda” dos empregados para os bancos, essa modalidade não cobrirá benefícios já existentes, como o salário família e o salário maternidade.

A capitalização funciona como uma espécie de poupança: o dinheiro descontado mensalmente do salário de cada trabalhador vai para uma conta individual, e não se mistura com as contribuições dos demais beneficiários. Pelo sistema atual, o de repartição, os pagamentos feitos pelo pessoal da ativa financiam as aposentadorias dos inativos.

Dieese

Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Juliano Musse disse que o cenário é preocupante. Ele considerou a PEC 6/2019 uma “reforma impositiva” porque, segundo afirmou, a medida não passou por uma prévia discussão com os trabalhadores. 

Ao questionar quem são os maiores interessados com a reforma da Previdência, Juliano ponderou que outras questões, como o desemprego, a informalidade e a saúde dos trabalhadores que enfrentam doenças crônicas são mais urgentes e deveriam ser o foco do debate. “A reforma é importante, mas desde que não minimize direitos sociais conseguidos com a Constituição de 1988”.

O consultor do Senado Luiz Alberto dos Santos frisou que a PEC 6/2019 não é de fácil compreensão. Para ele, o texto apresenta contradições, traz incertezas e tende a gerar custos diferenciados para a empregabilidade das pessoas. Ao ressaltar que os mercados demonstram volatilidade ao longo do tempo, o especialista disse que o regime previdenciário baseado na capitalização pressupõe uma renda questionável, porque dependerá de quanto, efetivamente, aquela aplicação renderá. “No Brasil, nós temos renda média muito baixa. As pessoas não têm dinheiro para destinar a uma sistemática de provisão fora do regime público, e essa é uma diferença fundamental.”

Retrocessos

O representante do Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos, Guilherme Zagallo, alertou que experiências de privatização da Previdência significaram retrocessos em outros países: estagnação das taxas de cobertura, diminuição do valor dos benefícios e aumento da desigualdade de renda. Para o advogado, a desconstitucionalização da aposentadoria, pretendida pelo Executivo, significa um risco político porque, a cada governo, pode-se criar novas regras para a concessão do benefício.

O advogado mencionou que o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias veda a renúncia de receita que a capitalização causará, desacompanhada da estimativa de impacto orçamentário e financeiro. Ele lembrou que o Brasil já passou por uma tentativa de privatização antes da instituição do INSS, quando houve a unificação dos regimes, mas disse que a medida não obteve sucesso. Guilherme comentou, ainda, que esse assunto tem sido omitido no debate sobre a PEC 6/2019.

“Não fomos bem-sucedidos no passado, em relação à experiência de capitalização. A promessa de melhoria da economia por meio dessa reforma não altera a realidade. É uma bomba social de efeito retardado”.

O coordenador do Movimento Legislação e Vida, Hermes Rodrigues Nery, considerou o sistema de capitalização o ponto mais grave da PEC 6/2019. Para ele, as poupanças pessoais são “qualitativamente diferentes” da seguridade social, já que não dispõem de garantia, nem previsibilidade. Além disso, Nery ressaltou que “poupar de maneira suficiente para uma aposentadoria decente é difícil para muitos trabalhadores”.


Leia mais sobre a proposta de Reforma da Previdência do governo Bolsonaro
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(Com o site IHU)

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Carlos Latuff no "Brasil de Fato"


Túlio Lopes convida para festa internacionalista dia 8 de junho

   
                                                         

Só vitórias! Estimados(as) camaradas, companheiros(as), amigos(as), colegas e familiares! Vou comemorar meu aniversário no melhor estilo internacionalista. A festa será no bar da esquerda belo-horizontina URSAL Bar 2 na Avenida do Contorno número 3479 a partir das 16 horas e 21 minutos do dia 08 de junho de 2019 (sábado).

sábado, 18 de maio de 2019

30/05: nova jornada nacional pela educação pública

                                                Lucca Mendonça/Mídia Ninja/Divulgação

            Entidades da educação
          preparam novo dia de lutas


                      ANDES – SINDICATO NACIONAL

A luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade terá uma nova rodada no dia 30 de maio.

As entidades representativas de estudantes, professores, técnicos-administrativos preparam para a data mais um dia de paralisação da educação, em nível nacional.

A preparação da nova greve do setor foi definida em reunião na sexta-feira (17). O encontro contou com ANDES-SN, CNTE, FASUBRA, FENET, SINASEFE, UBES e UNE.

Nas redes sociais, em especial no twiiter, já circulam hashtags convocando novas mobilizações para o 30 de maio.
                                                                 

As entidades pretendem realizar uma agenda preparatória de mobilização nas próximas semanas. Esta agenda inclui a realização atividades dentro das universidades e Institutos Federais.

Em 22 de maio, elas pretendem realizar um dia de “universidade na rua”, como preparação para o dia 30.

Além da defesa da educação, todas as iniciativas visam a construção da greve geral, contra a reforma da Previdência. A greve geral está marcada para 14 de junho e foi acordada entre todas as centrais sindicais.

Em 15 de maio, a comunidade escolar se levantou contra os cortes orçamentários anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Foi a primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro. Em viagem aos Estados Unidos, no dia 15, o presidente chamou os manifestantes de “idiotas úteis”.

Houve manifestações em 222 cidades, em todas as capitais, incluindo Brasília. No Rio de Janeiro, o protesto contou com mais de 250 mil pessoas. Em São Paulo, foram 120 mil.

Antes da grande greve do dia 15, a comunidade escolar adotou medidas para levar a universidade para a sociedade. Foram aulas públicas e divulgações científicas em praças, ônibus, parques.

http://www.andes.org.br/conteudos/noticia/entidades-da-educacao-preparam-nova-greve-dia-301

UNE divulga locais onde ocorrerão as manifestações unitárias de 30/05 em defesa da educação pública:

DIA 30 DE MAIO VAI SER MAIOR!

No dia 30 de maio, vamos novamente às ruas em defesa da educação. Estamos convocando o Brasil inteiro para entrar nessa luta. Confira os locais que já confirmaram atos!

São Paulo: https://www.facebook.com/events/2425750947706729/

Rio de Janeiro: https://www.facebook.com/events/2034838143487414/

Porto Alegre: https://www.facebook.com/events/392259398038989/

Belo Horizonte: https://www.facebook.com/events/678014102637522/

Brasília: https://www.facebook.com/events/283860272496429/

Salvador: https://www.facebook.com/events/2298692520346814/

Curitiba: https://www.facebook.com/events/611119619389683/

Fortaleza: https://www.facebook.com/events/613004579207564/

Belém: https://www.facebook.com/events/294062414878238/

Recife: https://www.facebook.com/events/851047115272181/

Manaus: https://www.facebook.com/events/2239254829661109/

Natal: https://www.facebook.com/events/335740263810833/

São Luís: https://www.facebook.com/events/360650647767439/

Os bancos e o povo com a reforma que quer o governo


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Para ninguém mais negar que tivemos ditadura no Brasil de 1964 a 1985

                                                                     
“Este é um momento político muito oportuno para relembrar que existiu uma ditadura civil-militar no Brasil”, introduz a repórter Tatiana Merlino, sobrinha do jornalista Luiz Eduardo Merlino, morto e torturado pelos militares em 1971. A convite da Pública, Tatiana entrevistou ao vivo Victória Grabois, do Grupo Tortura Nunca Mais, e parente de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia, e Dulce Pandolfi, historiadora que foi torturada no DOI-Codi da Tijuca.

A conversa foi em meio aos recentes fatos que envolvem o governo Jair Bolsonaro, que, três meses após tomar posse, determinou que fossem comemorados os 55 anos da ditadura militar no Brasil.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade estipulou pelo menos 434 mortos e desaparecidos no período de exceção. Segundo o Human Rights Watch, mais de 20 mil pessoas foram torturadas pelos militares brasileiros.

As mulheres, embora em menor número, tiveram papel essencial nos movimentos pela liberdade e democracia e não passaram impunes pelo regime. A seguir, publicamos alguns trechos da conversa no Rio de Janeiro, no dia 27 de abril. Veja a íntegra aqui:

Tatiana Merlino — Para vocês, que viveram, combateram e passaram todos esses anos do período da redemocratização denunciando o que foi a ditadura, como é que viver esse momento político no Brasil?

Victória Grabois — Vivi durante 16 anos da ditadura civil-militar do Brasil na clandestinidade. A tortura física é algo imensurável. Já conversei isso com muitas mulheres, que viveram tanto a clandestinidade, como viveram e foram torturadas e sobreviveram e viveram na cadeia, e elas diziam que a pior coisa da vida é a clandestinidade porque você tem que ser outra pessoa.

Entrei na clandestinidade com 21 anos e sai aos 36. Casei durante a clandestinidade, tive um filho na clandestinidade, tive documentos falsos. E viver na clandestinidade é algo que não dá para dizer a vocês. Eu não cheguei a ser guerrilheira no Araguaia, porque dentro do partido comunista tinham uma mentalidade de que mulher não ia ficar na guerrilha, e voltei para São Paulo. Voltei para São Paulo, fiquei grávida e tive um filho. 

Sempre digo: meu filho salvou minha vida. Se eu não tivesse meu filho, hoje eu não estaria aqui conversando com vocês. Alguém sobrou da família? As mulheres e as crianças sobraram para contar essa história. Então eu vivi épocas muito difíceis, e agora, depois de velha, com filhos criados, com netos, estou vivendo algo que eu jamais imaginaria que voltasse, e para mim voltou de uma forma muito dura. E o que mais me chama atenção é o desmonte da educação neste país. 

Por enquanto esse governo não me atingiu fisicamente, mas acho que vou ser atingida. Sou do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, eles não chegaram no grupo, mas vão chegar. Tenho quase certeza de que eles vão em cima da gente.

Tatiana Merlino — Você acha que estamos vivendo um negacionismo, um revisionismo histórico?

Dulce Pandolfi — Para mim, é muito emocionante falar sobre essas coisas. Para nós, que passamos as agruras do regime militar, é muito duro estar vivendo isso no Brasil. Costumo dizer que é como se fosse um governo de ocupação. Existe um projeto, e eles estão implantando um projeto, que é de destruição e que atinge diversas áreas: a questão ambiental, a questão indígena, as universidades, a educação, a nossa área de direitos humanos. Então é muito cruel. A gente está vivendo agora uma situação de barbárie.

No meu entender, não se trata mais de uma linha divisória. Não se trata mais de democracias, nem ditaduras. A história não é um processo linear. Os direitos são mutáveis, surgem novos direitos. Cada batalha da gente tem objetivos, e a gente tem ganhos, tem algumas perdas e depois novas batalhas, com novos ganhos e novas perdas. 

O que a gente está vivendo hoje, também, não é um revisionismo. O que a gente está vivendo é outra coisa, é o que a gente chama de negacionismo, uma coisa completamente absurda. É quando, por exemplo, esses homens dizem que o partido do Hitler era de esquerda e nega todas as fontes que dizem o contrário.

Lembrando, também, que, no Brasil, a gente tem uma elite muito complicada, e que todos os momentos onde a gente teve governos que tentaram fazer transformações, até pequenas, mas projetos mais vinculados aos pobres, propostas mais inclusivas, esses governos foram rechaçados por essa elite. Foi assim em 64, foi assim com Vargas e foi assim agora, nesses governos de Lula e Dilma.

Tatiana Merlino — Dulce, voltando à questão do negacionismo, por que você acha que a gente chegou até aqui? A justiça de transição do Brasil foi muito tardia, ineficiente? Qual sua avaliação?

Dulce Pandolfi — Acho que tem uma relação, sim. A história é feita de rupturas e continuidades. Nenhum processo se rompe totalmente, sempre tem coisas que continuam e coisas que você rompe. Mas no Brasil, por exemplo, as continuidades, as permanências são mais fortes do que as rupturas. 

De um modo geral, tem sido assim a nossa história. E assim foi com a passagem, também, do regime ditatorial para o regime democrático. E a lei da anistia, que este ano está comemorando 50 anos em agosto, também complicou muitas coisas. Mas por quê?

Os que estavam fora do país voltaram e a volta foi muito comemorada. Imagine, pessoas que estavam fora do Brasil desde 64, que nem conheciam suas famílias. Conheço muita gente que não conhecia nenhum parente, porque tinha saído daqui em 64, deixando filho, mulher, e não conheceu mais ninguém. Mas a lei tem um problema muito sério: os torturadores não foram julgados no Brasil. 

O que quero é o reconhecimento público da tortura no Brasil. Quero é que um torturador seja reconhecido publicamente, e que a tortura seja condenada como tal, como um crime de lesa-humanidade, portanto inadmissível de ser feita contra mim, contra você e contra qualquer um de vocês, contra qualquer pessoa da sociedade brasileira.

Tatiana Merlino — Victória, por que você acha que o Brasil não conseguiu, ainda, punir os torturadores, apesar das muitas ações que foram movidas pelo MPF contra agentes da ditadura?

Victória Grabois — Acho que não teve vontade política de nenhum presidente que sucedeu o regime militar. Eu sinto muito de ter que falar isso. Por que Lula, no primeiro governo dele, que tinha 80% da aprovação do povo brasileiro, não teve a coragem política de abrir os arquivos da ditadura? Ele podia ter feito isso, mas não teve, em nome da governabilidade. Quer dizer, é uma questão seríssima. Nós somos uma sociedade atrasada, somos uma sociedade conservadora, e nós sentamos em cima da chamada redemocratização.

Tatiana Merlino — Dulce, você poderia contar um pouco da sua história, da sua militância e da sua tortura.

Dulce Pandolfi — Eu sou pernambucana e me engajo na luta ainda bastante jovem, quando o estado era governado por Miguel Arraes. Era um governo bastante avançado. Pernambuco foi um centro importantíssimo no período. É de lá que surgiu o Paulo Freire, Francisco Prenan, as ligas camponesas, o Julião, Gregório Bezerra, que também era líder dos trabalhadores rurais, Pelotas Silveira… Enfim, toda uma liderança que fez do governo Arraes um governo muito particular. 

Então, no dia do golpe, eu tinha 13 para 14 anos, e aquilo foi uma marca muito forte na minha vida. Meu pai era um liberal de esquerda, professor da universidade, e lembro lá os amigos reunidos, queimando livro, escondendo livro, enfim, as pessoas em pânico.

Entro na universidade em 67, ou seja, sou dessa geração de 68, que é uma geração muito especial. Entrei para fazer ciências sociais, que o Bolsonaro odeia, e fui fazer sociologia. Esse curso considerado, hoje, menor. Fui uma jovem do movimento estudantil, do diretório estudantil, depois do diretório central dos estudantes e depois ingresso na ALN – Aliança Libertadora Nacional. Eu sou presa em 1970, aqui no Rio de Janeiro, e fui barbaramente torturada.

A repressão também tinha sua escala, né? A ALN era uma organização dirigida por Carlos Marighella, que era considerado o inimigo mortal da ditadura. Fui de fato supertorturada, um período muito duro, difícil.

Eu passei três meses no DOI-Codi, totalmente ilegal, uma prisão que não tinha rastros, vamos dizer assim, que podiam ter desaparecido comigo… Fui para o Dops, depois para Bangu, depois vou para Recife, porque também tinha processo lá…

Mas enfim, depois desse período, depois da legalidade, a gente frequentava as auditorias militares, onde os processos rolavam. E lá a gente era interrogada sobre os nossos processos e, no final, os militares, aquela coisa bem solene, perguntavam se você tinha alguma coisa a acrescentar. E várias pessoas, entre elas eu, mas vários outros companheiros, a gente fazia denúncia das torturas. 

Enfim, contava os detalhes da tortura, e aquilo era assinado por nós e pelos militares, pelos auditores. Aquilo tudo ficou selado, é um negócio realmente impressionante. Não é à toa que, quando começa a se discutir a anistia, os advogados vão lá, pegam aquela documentação, e isso redundou numa coisa preciosíssima, que são os arquivos do Brasil: Nunca Mais.

Então, meu caso é um caso, digamos assim, bastante badalado, porque eu também fui objeto de uma aula de tortura. Eu, depois como professora, quando penso nisso, é uma coisa, assim, que me dói da cabeça até o dedo do pé. Você saber que você está sendo uma cobaia onde as coisas eram explicadas para os alunos. Qual tortura mais eficiente, fazendo assim, fazendo assado. Eu já estava presa há um tempo, quase dois meses. Foi uma barra super pesada.

Acho que o caso da Victória também é um caso muito emblemático, muito duro, mas eu queria marcar uma pequena diferença, porque eu acho, Victória, que tudo isso, que os avanços que a gente conseguiu, foram em função de uma luta, de uma disputa. Não foi o presidente da república A, B, C ou D. A gente não teve condições. A sociedade brasileira não abraçou a nossa causa como a gente queria.

Então, por exemplo, acho que a Comissão da Verdade foi um grande ganho. Claro que se avançou pouco do ponto de vista dos mortos e desaparecidos, entendo sua dor. Porque nós temos uma dor que jamais será apagada. Até digo: a tortura, como o desaparecimento, é uma tatuagem, que eu levo comigo até a morte.

As pessoas não falavam de tortura e foi a partir da Comissão da Verdade que a gente conseguiu socializar essa discussão. Acho que o grupo dos familiares dos mortos e desaparecidos e o grupo Tortura Nunca Mais são heroicos, tiveram papel fundamental. Lutaram com unhas e dentes o tempo inteiro. 

É uma luta incansável. Mas eu acho que a gente tem que reconhecer também os avanços, e se a gente não avançou mais é porque a sociedade brasileira, exatamente por nossa história, pela escravidão, pelo tipo de colonização que a gente teve, pelo tipo de transição que a gente teve, pelo tipo de direitos humanos que tem no Brasil, não conseguiu avançar mais.
   
                                                                  


Victória Grabois — Primeira coisa: não sou vítima, sou sobrevivente. Eu nunca fui vítima. Eu até brinco com as minhas amigas que eu devo ser um ser à parte, porque o que vejo do sofrimento das pessoas…

No grupo Tortura Nunca Mais, nós tivemos uns 15 anos com um projeto clínico-psicológico em que nós atendemos os familiares de mortos e desaparecidos políticos e os companheiros que foram torturados. Você ir no grupo Tortura Nunca Mais é um choque quando você entra. E consegui sobreviver a isso, de viver na clandestinidade, de criar meu filho, de reconstruir a minha vida, de ser militante. Eu sou uma sobrevivente da ditadura militar. Eu não quero que ninguém ache que eu sou uma vítima.

Queria dizer, também, que 68 foi marcante, porque a gente teve um movimento na França, um movimento que eclodiu no mundo e veio refletir no Brasil. E eu sou da geração de 64, eu sou mais velha que você. Eu era estudante da Faculdade Nacional de Filosofia, hoje é o IFCS, e tinha um diretor que chamava Eremildo Viana. Quem lê o Elio Gaspari, vê lá: Eremildo, o idiota. É o próprio. E na época, nós fizemos um movimento para que o novo diretor da Faculdade Nacional de Filosofia fosse eleito, e nisso 15 alunos foram suspensos por tempo indeterminado. 

Eu sou uma dos 15 alunos e, quando veio o golpe em abril, eles expulsaram os 15 e mais quatro, então são 19. E um dos expulsos é o Elio Gaspari. Dulce, toda vez que mudava um governo, vinha um ministro da Justiça novo, nós íamos para Brasília conversar com os ministros e escutamos sempre: em nome da governabilidade, nada pode ser feito. 

O pior ministro que recebeu os familiares de mortos e desaparecidos políticos, em cinco minutos, foi o ministro Márcio Thomaz Bastos. Me desculpem falar isso, não é mágoa que eu tenho, não. Mas é um mínimo de respeito por aquelas senhoras que perderam seus filhos. Vocês não podem imaginar o que é a perda de um filho. A gente sabe perder pai e mãe, mas perder filho? E tem mães dos desaparecidos que perderam três filhos. A família Petit perdeu três na guerrilha. Então, é o mínimo que esses governos que se diziam democratas, que se diziam do nosso lado, teriam que nos receber com dignidade. 

Esses casos precisavam ser esclarecidos, e no Brasil não foi. O Lula só mandou projeto da Comissão da Verdade porque nós estávamos na Costa Rica, porque os ministros, os juízes da CIDH [Comissão Interamericana de Direitos Humanos] iam falar que era o país mais atrasado que tem no mundo. 

Quantos desaparecidos no Brasil? 136? Total 434? Não é verdade. E a matança dos indígenas? Cadê os indígenas na Comissão da Verdade? 

Sempre dissemos que a tortura no Brasil era uma política de Estado… A Comissão da Verdade é um ganho? É. Porque eles disseram: era uma política de Estado, dito pelo próprio Estado brasileiro. Mas isso é muito pouco. Você vai no Araguaia e vê índio louro de olho verde. Os militares brasileiros estupravam as índias durante a guerrilha. As coisas que eles faziam lá… 

A Comissão da Verdade não colocou isso. Mal e porcamente colocou lá a questão dos camponeses que foram torturados, que até iam receber uma indenização pecuniária que o Bolsonaro mandou cortar, entendeu? Esse papo não é de mágoa, não, é questão política. Vou dizer uma coisa: a esquerda só se une na cadeia. A união da esquerda é na cadeia porque você vê o Bolsonaro, tem o grupo dos militares, o grupo do Paulo Guedes, o grupo dos filhos, o grupo do Moro… Eles estão se engalfinhando, mas eles estão lutando, e nós não.  Ajude a Pública a produzir mais reportagens como essa. Financie o jornalismo investigativo liderado por mulheres!




(Com a Agência Pública)

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Mais de um milhão de pessoas contra o corte na Educação e contra a reforma da Previdência (Imagens do "Brasil de Fato")


Juventude e trabalhadores nas ruas de todo Brasil em defesa da educação e da previdência públicas


                                                                                                 Jornal O Poder Popular
Militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), juntamente com a União da Juventude Comunista (UJC), a Unidade Classista, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Coletivo Negro Minervino de Oliveira e Coletivo LGBT Comunista estiveram presentes nos atos realizados em todo o país em defesa da educação pública e contra os cortes do governo Bolsonaro (PSL) às instituições federais de ensino.

Dando continuidade à política econômica de ajuste fiscal e implementando sua política reacionária de censura e perseguição ideológicas, o governo Bolsonaro anunciou cortes orçamentários para área de humanas e corte de, no mínimo, 30% no orçamento de todas as instituições públicas de ensino superior do país, além de incentivar o ódio ao conhecimento e o desrespeito aos profissionais da educação, orientando que filmem professores/as em seu local de trabalho, sem autorização dos/as mesmos/as.

Tais medidas exemplificam como a atual política econômica ultraliberal, pautada pelos ditames da radicalização no corte dos investimentos sociais e na privatização de políticas públicas, se relaciona com métodos antidemocráticos do governo.

Por detrás do discurso anti-intelectual, irracional e anticientífico, está um projeto de educação a serviço da total entrega do país e suas instituições aos grandes conglomerados internacionais, ao capital financeiro e aos centros imperialistas. Atacar os avanços conquistados na educação pública é, na prática, transformar o Brasil numa semicolônia a serviço de especuladores, corruptos e lacaios dos EUA.

A este quadro desolador soma-se a proposta de reforma da previdência que, na prática, irá extinguir a previdência pública. A reforma atingirá não só os profissionais da educação como o conjunto da classe trabalhadora e a população mais pauperizada do país que depende dos recursos da seguridade social, um direito histórico tão duramente conquistado pelos/as trabalhadores/as.

A Greve Nacional da Educação, marcada para quarta, 15 de maio, foi apontada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação), reafirmada no III Encontro Nacional de Educação (III ENE) e pelo Fórum Sindical, Popular e de Juventude pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas – importante espaço de unidade de ação e de reorganização da classe trabalhadora, uma data preparatória da greve geral do dia 14 de junho, já convocada pelas centrais sindicais.

Centenas de milhares vão às ruas em todo o Brasil

Em Fortaleza, o ato teve início com uma concentração popular na Praça da Bandeira, no Centro, passando pelo campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e encerrando no cruzamento das avenidas 13 de Maio com Universidade, onde está a reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ao final do ato, o camarada Régis Pinheiro, do Centro Acadêmico de Letras da UECE e militante da UJC, falou sobre a necessidade da luta e denunciou os ataques no âmbito estadual, onde o governador Camilo Santana (PT) tem feito uma política de desmantelamento das universidades estaduais. Cerca de 100 mil pessoas participaram do protesto.

Em Salvador (BA), cerca de 50 mil pessoas participaram do ato, iniciado no Largo do Campo Grande e concluído com passeata até a Praça Castro Alves. Na Paraíba, as instituições públicas de ensino básico e superior suspenderam as atividades em protesto contra os cortes na Educação. Além da capital, houve protestos em municípios como Campina Grande, Rio Tinto, Bananeiras e Areia.

O 15M sacudiu o Estado de São Paulo com protestos nas ruas e paralisações em diversos locais de trabalho, em várias cidades. Na Baixada Santista não foi diferente: começou forte e de maneira unificada! Logo cedo, em Cubatão, houve paralisação na Refinaria da Petrobras de petroleiros diretos e terceirizados.

Somaram-se ao Sindipetro diversas categorias como metalúrgicos, construção civil, Comissão de Desempregados, servidores municipais e do Judiciário Estadual. Às 11 horas, nas escadarias do Fórum de Santos, os servidores do Judiciário Estadual contaram com a presença de estudantes da Unifesp e outras faculdades, servidores do Judiciário Federal, professores da rede privada de ensino, bancários e petroleiros. Às 18 horas, aconteceu o Ato Unificado em Defesa da Educação, na Estação Cidadania, em Santos, na avenida Ana Costa.

Em Piracicaba, a praça José Bonifácio ficou lotada com 3,5 mil estudantes e trabalhadores da educação. O estudante Gabriel Colombo, diretor da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) e militante do PCB, discursou, denunciando o projeto de destruição da educação pública, para favorecer os interesses do grande capital. Em Campinas, secundaristas, professores municipais e estaduais, trabalhadores e estudantes da Unicamp e PUC realizaram ato público que já é considerado um dos maiores que o município viu nos últimos anos.

Em Sorocaba, aproximadamente 5 mil pessoas, entre pais, mães, professores e funcionários da educação pública, lotaram a praça Cel. Fernando Prestes desde às 9h e depois seguiram em passeata pelas ruas do centro da cidade. Em São Carlos, a multidão se concentrou na Praça Coronel Salles e se deslocou pela avenida São Carlos até a Baixada do Mercado. O protesto foi convocado pelos alunos, professores e profissionais das universidades públicas de São Carlos e teve grande adesão na cidade. Cerca de 15 mil pessoas participaram da manifestação.

A Avenida Paulista, centro da cidade de São Paulo, foi palco de gigantesca manifestação, aglomerando dezenas de milhares de manifestantes, que para lá confluíram após atos públicos realizados nas universidades e escolas públicas. Estudantes, trabalhadores, trabalhadoras, militantes dos mais diferentes movimentos e de partidos de esquerda foram à luta contra os cortes da educação pública e os ataques do Governo Bolsonaro aos direitos sociais e políticos.

No centro de Belo Horizonte (MG), o ato unificado agrupou mais de 250 mil pessoas, reunindo estudantes e trabalhadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da universidade Estadual e do CEFET, assim como trabalhadores e trabalhadoras de outros setores. Em diversos municípios do Estado houve paralisações e protestos, os quais contaram com a participação da UJC, da Unidade Classista, militantes e coletivos do PCB.

Em Florianópolis (SC), mais de 10 mil pessoas ocuparam o Largo da Catedral desde as 14 horas e partiram em marcha pelas ruas da cidade, contando com a presença de estudantes, professores e técnicos em educação da Universidade Federal de Santa Catarina, do Instituto Estadual de Educação (IEE), da Unisul e de diversas escolas, que participaram da Aula Pública regida pela professora de Matemática do IFSC, Elenira Vilela, feminista, militante política e filha de professores perseguidos e torturados pela ditadura militar sobre o desmonte da rede pública federal e os ataques à educação.

Em Porto Alegre, a movimentação foi grande na Faculdade de Educação da UFRGS pela manhã, de onde estudantes e professores partiram para o ato unitário, no início da tarde, com abraço à universidade e ao Instituto de Educação, além da caminhada nas ruas do centro.

No Rio de Janeiro, os petroleiros iniciaram o dia realizando atos, paralisações e atrasos na rendição de turnos, em protesto contra a venda de oito refinarias, contra o aumento dos combustíveis, contra a reformada Previdência e contra os cortes de verbas da Educação e o desmonte promovido pelos entreguistas Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Roberto Castello Branco.

À tarde, grande manifestação na Candelária reuniu estudantes e profissionais da Educação das universidades públicas, institutos federais, escolas estaduais, municipais e privadas, além de trabalhadores das mais distintas categorias. A Unidade Classista, a UJC, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro e o Coletivo Negro Minervino de Oliveira se fizeram presentes com suas bandeiras e utilizaram da palavra no ato público.