Buenos Aires, 1 ago (Prensa Latina) A inclusão da Venezuela no Mercosul constitui, do ponto de vista geopolítico, a maior derrota diplomática estadunidense desde a derrota da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), opinou hoje o politólogo argentino Atilio Borón.
Tal como apontado há poucos dias pelo ex-alto representante do Mercosul Samuel Pinheiro Guimarães, daqui adiante “será bem mais difícil e custoso orquestar um golpe de Estado contra um (Hugo) Chávez protegido institucionalmente pela normativa mercosuliana”, sublinhou Borón.
Em um extenso artigo difundido nesta quarta-feira no diário Página 12, o Diretor do Programa Latino-americano de Educação a Distância em Ciências Sociais advertiu que também será agora bem mais complicado para os Estados Unidos tratar de se apropriar da riqueza venezuelana de hidrocarbonetos.
Por outro lado, agregou, a incorporação da República Bolivariana ao Mercosul torna mais atraente para o resto dos países sul-americanos integrar-se o quanto antes a um rico espaço econômico que se estende sem discontinuidades da Terra do Fogo até o Mar do Caribe.
E, por último, também no porvir será bem mais difícil rearmar o esquema de “livre comércio” eliminado com a derrota da ALCA, indicou.
Borón salientou também que a entrada da Venezuela no mecanismo sul-americano de integração o reforça tanto quantitativa como qualitativamente, ao agregar um novo sócio com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 397 bilhões de dólares.
O Mercosul ampliado se converte na quinta economia do mundo, só superado pelos Estados Unidos, China, Índia e Japão, e claramente acima da locomotora europeia, a Alemanha, destaca o analista.
Na ordem qualitativa, acrescenta, a incorporação venezuelana ao bloco significa integrar um país que, segundo o último anuário da OPEP, dispõe das maiores reservas certificadas de petróleo do mundo.
Por outro lado, e desde o ponto de vista da complementação econômica de suas partes, o Mercosul luze como um espaço econômico bem mais harmônico e equilibrado que a União Europeia, cuja fragilidade energética constitui seu incurável tornozelo de Aquiles, enfatizou Borón.
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