A emboscada promovida, no dia 07 de abril, por seguranças e jagunços da madeireira Araupel, junto com a Polícia Militar contra o acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná e que deixou dois mortos e cerca de 20 feridos, revelou mais uma vez de que forma a classe dominante brasileira trata a questão agrária e aqueles que se organizam na luta pela terra contra o poder do latifúndio.
Este massacre ocorre na esteira da desastrosa política agrária do governo Dilma, que, em 2015 e 2016, não assentou sequer uma família, não recuperou terras griladas e se omitiu diante da ausência de punições aos assassinos de trabalhadores do campo. Pelo contrário, nomeou para o Ministério da Agricultura uma representante do agronegócio.
Os governos petistas ajudaram a promover o avanço do capitalismo no campo, elegendo o agronegócio como um dos principais setores de sustentação social e política da governabilidade, enquanto foi possível. Aprofundou-se a hegemonia do capital monopolista no campo brasileiro: a maior parte da pequena agricultura camponesa e de comunidades tradicionais é submetida aos interesses dos monopólios agroindustriais e comerciais.
À agricultura familiar cada vez mais se restringe a comercialização de seus produtos em feiras livres ou através de outros mecanismos de venda direta, como forma de amenizar a pressão dos monopólios e o preço imposto pelo mercado.
A base econômica dessa estrutura foi consolidada durante a ditadura imposta pelo golpe empresarial-militar de 1964, através do processo denominado de “Revolução Verde”, que viabilizou a continuidade da concentração fundiária, importando a tecnologia adequada para realizar a agricultura capitalista em larga escala.
Desde então, a ciência e a tecnologia modernas estiveram a serviço do desenvolvimento capitalista da grande propriedade. Esse elemento é central para entender o elevado desenvolvimento da agricultura brasileira, capaz de concorrer no mercado mundial e se projetar como maior exportador mundial de diversas commodities (soja, carne de boi, aves, açúcar e álcool e café).
O principal inimigo dos trabalhadores no campo hoje é o agronegócio e não mais o latifúndio improdutivo. O combate à hegemonia política e social dos agentes da grande propriedade fundiária e seus representantes políticos deve se travar não apenas no terreno da problemática fundiária (que diz respeito à propriedade do solo), com a luta pela coletivização e estatização de terras para a produção de alimentos, mas também no âmbito das definições relativas à política agrícola: crédito ao produtor, política de preços mínimos, assistência técnica e apoio à agricultura familiar.
Sabemos que a questão se resolverá plenamente com a superação do capitalismo e com o planejamento da agricultura que promova elevada produção de alimentos e conservação dos recursos naturais. A estratégia revolucionária num contexto de agricultura moderna capitalista implica que todos os trabalhadores do campo (assalariados, pequenos proprietários, assentados) têm como objetivo comum a tomada das áreas produtivas, para o que devemos fortalecer a bandeira da reforma agrária popular, apoiando firmemente as ocupações e assentamentos dos trabalhadores sem-terra.
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