Luís Carapinha
Sem o exemplo de dignidade e resistência de Cuba, sem o seu apoio e solidariedade, não seriam realidade os avanços democráticos, progressistas e revolucionários ao longo de mais de uma década na América Latina – e a consequente alteração da correlação de forças que continua a desafiar a hegemonia dos EUA.
O primeiro dia do ano é também a data do triunfo da Revolução Cubana. Passaram 56 anos do momento histórico em que as forças revolucionárias cubanas entraram em Havana e Fidel Castro proclamou desde Santiago de Cuba o novo poder.
Era a consumação de um trajecto repleto de provas de coragem e heroísmo que passara pelo assalto a Moncada, a expedição do Granma, a Sierra Maestra.
Ao longo dos anos e décadas que se seguiram à vitória de 1º de Janeiro de 1959 muitas seriam as provações e desafios enfrentados pela jovem revolução que, depois de Playa Girón e a derrota da invasão mercenária orquestrada pelo imperialismo norte-americano, proclamou a sua orientação e carácter socialistas.
O mais longo bloqueio económico da história, aplicado pelos EUA contra Cuba, permanece vigente. Mas Cuba contou nos momentos mais duros e decisivos com a solidariedade e apoio da URSS, dos comunistas e dos povos em luta de todo o mundo.
E a Ilha da Liberdade, a gesta dos revolucionários cubanos que deitaram mãos à tarefa de erguer uma nova Pátria e sociedade cedo se tornou exemplo e farol de solidariedade e altruísmo com a luta dos povos, contra velhas e novas formas de colonialismo, exploração e opressão. Na América Latina e nas Caraíbas, em África e no mundo!
Sem o exemplo de dignidade e resistência de Cuba, sem o seu apoio e solidariedade, não seriam realidade os avanços democráticos, progressistas e revolucionários ao longo de mais de uma década na América Latina – e a consequente alteração da correlação de forças que continua a desafiar a hegemonia dos EUA.
Quatro anos antes de vencer as eleições venezuelanas de 1998, Hugo Chávez havia sido pessoalmente recebido por Fidel à chegada do aeroporto de Havana. Nas intervenções que então faz na sua primeira visita a Cuba, o jovem oficial acabado de sair da prisão após o desaire do golpe militar de 1992 traça as linhas essenciais do movimento libertador de resgate da independência e soberania venezuelanas que apontam à irrupção da revolução bolivariana, tal como se veio a concretizar escassos anos decorridos.
Em 2004 Cuba e a Venezuela constituíram o núcleo fundador da ALBA e no ano seguinte o projecto da ALCA, promovido por Bush, é derrotado na cimeira argentina de Mar del Plata. Avançam velozmente os processo de constituição de novos espaços de integração latino-americana.
Cuba mantém hoje relações diplomáticas com todos os estados independentes do sub-continente, goza de amplo prestígio e beneficia dos novos mecanismos que os processos soberanos de emancipação, cooperação e integração promovem. A vitória que constituiu a libertação final dos cinco patriotas cubanos assim também o testemunha.
Em África, especialmente neste tempo de renovada barbárie e exploração cabe evocar o exemplo destacado do internacionalismo de Cuba. Como Nelson Mandela reconheceu na viagem a Cuba poucos meses após a libertação de 27 anos de prisão, a derrota sul-africana na batalha do Cuíto-Cuanavale marcou uma viragem na libertação do continente do apartheid.
A liberdade do povo angolano, a independência da Namíbia e o movimento de libertação dos povos africanos em geral devem muito à solidariedade de Cuba.
Páginas indeléveis da História, cuja memória perdurará. Em circunstâncias históricas bem distintas, Cuba enfrenta não menos colossais desafios na luta pela actualização e fortalecimento da revolução. Com índices excepcionais de qualificação humana, as metas de eficiência económica e capacidade produtiva adquirem relevo central no presente momento da construção do socialismo cubano. Não são lineares os caminhos para erguer a nova sociedade. Com determinação, confiança e a participação decisiva das massas Cuba vencerá!
(*)Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2146, 15.01.2015
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