Cláudia Souza (*)
Manoel Aurélio Lopes (foto), 77 anos, ex-escrivão de polícia do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou nesta terça-feira, 25, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade de São Paulo, que sabia que havia tortura no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, mas que não as presenciou, pois não tinha autorização para acompanhar depoimentos de presos.
O ex-escrivão, que trabalhou no Dops entre 1969 e 1972, e no DOI-Codi, de 1972 a 1978, foi convocado para depor na Comissão da Verdade para apuração da morte de oito militantes da Aliança Nacional Libertadora(ALN). Ele admitiu ter presenciado no Dops as práticas de tortura conhecidas como “cadeira do dragão”, que consistia em choques elétricos, e “cristo redentor”.
—Nesta última, os presos ficavam nus em cima de latas de leite. Quando eles não aguentavam mais os pés cortados, caiam da lata e recebiam golpes, disse o ex-policial, que tinha o codinome de “Escrivão Pinheiro”.
O depoente referiu-se aos militantes de esquerda sempre como “subversivos” e elogiou o chefe do Dops na época, o delegado Sergio Fleury, como uma “pessoa antenada e enérgica, que resolvia as coisas rapidamente “.
De acordo com os membros da CNV o depoimento foi “de enorme valor”, uma vez que o ex-policial é o segundo agente da ditadura militar a admitir a tortura em depoimentos ao estado brasileiro. O primeiro foi Walter Jacarandá, em depoimento à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro.
*Com informações do Globo e Folha de S. Paulo (Com a ABI)
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