José Carlos Alexandre
Leio com algum atraso -dificuldades com problemas de saúde direta e indiretamente - a notícia e com detalhes do Primeiro Ato Institucional do governo petista.
É de causar revolta.
Faz-me retornar aos primeiros encontros para a fundação do PT.
Compareci a um deles, no Sindicato dos Bancários de BH. Quando seu presidente, Arlindo Ramos, apresentou-me ao sindicalista Luiz Inácio da Silva, pouco antes de a reunião ter início.
Não fiquei nada entusiasmado. Meu jornal (União Sindical) publicou a notícia e com m problema de oficina: o retrato de Lula saiu no lugar do retrato de Arlindo Ramos...
Arlindo era mais conhecido em Minas...
Mas o discurso do sindicalista do ABC foi entusiasmado e anti-comunista, apesar de se irmão, Frei Chico, à época, ser militante do PCB.
Aquilo me deixou com a pulga atrás da orelha, como se diz nos cantões de Minas.
De qualquer forma surgiu o PT, foi crescendo, devido o restante da esquerda ter sido duramente perseguida na ditadura, perdendo quadros e tendo a maioria de seus dirigentes ou mortos, ou presos ou exilados...
Governou o país seguindo, sabiamente, a política econômica da época do presidente Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso para depois degringolar, mostrando verdadeiramente a que veio, com a "Carta ao Povo Brasileiro".
E em seguida vieram os compromissos com o agronegócio, com as grandes empreiteiras e os grandes grupos financeiros...
Até o surgimento do mensalão e coisas mais...
Em junho do ano passado achei que caminhávamos para uma nova campanha das Diretas Já ( com as massas populares imundando ruas, praças e avenidas), desta vez para acabar de vez com as trapalhadas petistas.
Fui o primeiro a defender aqui uma Constituinte que pusesse fim aos desmandos da burguesia que tomou o poder e partir do primeiro governo petista.
As manifestações de junho foram depois postergadas para as imediações de junho próximo.
A Constituinte não vai sair tampouco se fala em extinção do Senado, como defendíamos à época.
Tudo bem. só que agora os petistas e aliados de ocasião, o PMDB e seus asseclas, vieram com este AI-1.
Uma excrecência justamente quando o país-botando na cadeia os principais criminosos do mensalão- vem tentando reencontrar seu caminho.
Deveriam pelo menos deixar os sofismas de lado e chamar logo esse apêndice de repressão de seu verdadeiro nome:Estado de Sítio.
E vamos vivê-lo, pelo andar da carruagem, até pouco depois da Copa...
O povo brasileiro, que soube derrotar a ditadura cívico-militar que se implantou em 1964, saberá reconquistar nas ruas e nas assembleias cívicas, o direito ao livre exercício da democracia.
Será importante manter o calendário eleitoral, embora saibamos que do jeito que está sempre favorecerá aos partidos burgueses. Um retrocesso agora será pior para o Brasil e para a América Latina e o Caribe.
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