sábado, 31 de dezembro de 2011

O povo norte-coreano é que deve decidir seu destino

Kim Jong-un, novo dirigente da Coreia do Norte
                                                        


(Nota Política do PCB)
O PCB nunca teve relações bilaterais formais com o Partido do Trabalho da Coréia. Historicamente, nossas relações internacionais têm origem no campo político que foi liderado pelo Partido Comunista da União Soviética. Recentemente, em 2010, um conselheiro da embaixada norte-coreana no Brasil nos honrou com sua presença e saudação em nosso XIV Congresso Nacional.
Nosso coletivo partidário, portanto, dispõe de poucas informações a respeito da formação histórica, da cultura e da atualidade do processo de construção do socialismo na República Popular da Coréia do Norte.
A maioria das informações a que temos acesso vem da inconfiável imprensa burguesa. À falta de maiores informações de outras fontes alternativas, a manipulação da mídia hegemônica, no caso norte-coreano, não tem qualquer contraponto em nosso país, soando como verdade absoluta tudo que ela divulga a respeito.
Assim sendo, seria uma irresponsabilidade política o PCB dar uma opinião categórica a respeito da conjuntura por que está passando a Coréia do Norte, em razão da morte de Kim Jong-il, principal dirigente do Partido do Trabalho, e sua sucessão, de forma hereditária, por seu jovem filho, Kim Jon-un.
No entanto, pelas poucas informações de fontes confiáveis de que dispomos e pela literatura oficial do regime, preocupam-nos os indícios de falta de democracia popular e de riscos de regressão dos fundamentos socialistas. Por outro lado, registramos como positivas diversas conquistas sociais, com destaque para a educação universal, e a firme postura antiimperialista.
A democracia popular a que nos referimos não tem nada a ver com a democracia burguesa, forma sutil e disfarçada da ditadura das classes dominantes que mantém o capitalismo. É em nome desta falsa democracia que as forças imperialistas vêm manipulando a opinião pública mundial, com o objetivo de invadir e saquear os países que não lhes são dóceis, como a Coréia do Norte, obrigada a viver sob eterna tensão, em estado permanente de guerra com a Coréia do Sul, alinhada às grandes potências e fortemente armada por estas.
Os Estados Unidos e a Otan ocuparam o Iraque durante dez anos, promovendo a destruição do país e o sacrifício de centenas de milhares de vidas para derrubar o “ditador de plantão” e obrigaram o país a realizar eleições no formato burguês ocidental. E o povo iraquiano segue com sua crise e sua opressão; e sem democracia! Situação semelhante ocorre na Líbia, no Afeganistão. A satanização agora atinge a Síria, o Irã e, novamente, a Coréia do Norte.
Repudiamos as manobras da mídia hegemônica, que cria um clima de incertezas na Coréia do Norte, aproveitando-se da assunção de um jovem dirigente. O isolamento e o hermetismo do país favorecem estas manobras. A mídia se ocupa hoje de procurar desmoralizar e ridicularizar o sistema vigente para tentar desestabilizá-lo, visando à conquista de mais um território geopoliticamente estratégico no xadrez da luta hegemônica mundial.
A manipulação midiática é  sempre a ante-sala da invasão militar, para que a opinião pública mundial se sinta “aliviada com a queda de um ditador sanguinário”. Enquanto isso, as grandes potências capitalistas fazem vista grossa para os ditadores de países aliados e submissos. E não há ditadura mais cruel do que a ditadura do capital. Os países imperialistas, que se apresentam como paladinos da democracia, reprimem violentamente qualquer manifestação popular local e transgridem os direitos humanos e políticos no mundo todo, promovendo guerras, saques, golpes, atentados, assassinatos, prisões arbitrárias, desaparecimentos, torturas.
O PCB expressa sua mais firme solidariedade ao povo norte-coreano, que soberanamente deve decidir os destinos de seu país, sem qualquer ingerência de potências estrangeiras. No que se refere ao processo de construção do socialismo, cabe ao PCB apenas nutrir esperanças de que os trabalhadores norte-coreanos possam ajustar seu rumo, assumindo papel dirigente no fortalecimento do poder popular e na luta contra qualquer forma de restauração capitalista.
Partido Comunista Brasileiro – Comitê Central – 29/12/2011

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