domingo, 4 de dezembro de 2011

53a. Caravana da Anistia homenageia Carlos Matighella

                                        
O militante e ex-perseguido político Carlos Marighella será o homenageado na 53ª Caravana da Anistia, a ser realizada em 5 e 6 de dezembro, em Salvador. O primeiro dia, no Teatro Vila Velha, será dedicado ao exame do seu processo de Anistia e ao centenário de Marighella. Na ocasião, lança-se também do Pró Memorial Marighella Vive, que reúne acervo sobre o ex-perseguido político.
Participam como convidados dessa solenidade, os vice-presidentes da Comissão de Anistia e Egmar de Oliveira, Sueli Bellato; o governador da Bahia, Jacques Wagner, o secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ramaís de Castro; o secretario da Cultura da Bahia, Albino Rubim e o presidente do Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia, Joviniano Soares de Carvalho Neto; além de Clara Charf e Carlos Augusto Marighella, viúva e filho de Marighella.
No dia 6 de dezembro, no Conselho Estadual de Cultura da Bahia, serão julgados 16 processos. São 15 baianos e o ex-perseguido político paulista Mario Barbate, que doará documentos sobre Carlos Marighella ao Pró Memorial. (Confira programação).
História
Filho de imigrantes italianos, Marighella lutou pela inclusão dos direitos econômicos das classes populares. Ele sonhava com um Brasil livre da submissão ao capital estrangeiro. Sua primeira prisão foi em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, continuou na militância política no Rio de Janeiro. Em 1° de maio de 1936, Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, torturas. Permaneceu encarcerado por um ano.
Já em São Paulo, Marighella trabalhou na reorganização dos revolucionários comunistas e combateu a ditadura de Getúlio Vargas. Em 1939, foi preso novamente, sendo mais uma vez torturado na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo.
Nos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, dirigiu sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia.
Participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista depois que foi anistiado em abril de 1945. Foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Em 1948, foi obrigado a retornar à clandestinidade condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato.
Nos anos 1950, voltou a exercer novamente a militância em São Paulo e tomou parte nas lutas populares do período. Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. O episódio está descrito no livro “Por que resisti à prisão”.
Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura. Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, solicitou o desligamento da mesma. Fundou a Ação Libertadora Nacional para enfrentar a ditadura.
Marighella passou a ser apontado como inimigo público do Estado, transformando-se em alvo da polícia política. Na noite de 4 de novembro de 1969, foi surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, quando foi assassinado por agentes do DOPS.
Pauta dos processos a serem julgados
Nilton Jorge Kosminsky: acusado de pertencer ao MR-8 e exilou-se do México para não ser preso.
Aristiliano Soeiro Braga: estudante preso em 1964 e 1970.
Juvenal Silva Souza: ao participar de passeata contra prisão dos estudantes em Ibiúna (SP) foi alvejado por tiros da polícia. Exilado na Itália.
Manoel Barreto da Rocha Neto: foi preso duas vezes em 1971 quando era estudante. Respondeu a Inquérito Policial Militar e foi absolvido em 1973. Era professor da UFBA e teve o contrato cancelado em 1976.
Evan Felipe de Souza: preso em 1972 na fábrica em que trabalhava. Respondeu ao IPM 22/72 que foi instaurado para apurar as atividades da POLOP no Estado da Bahia.
Lourival Soares Gusmão: preso em 1982 por participar do lançamento da revista Cartilha do Araguaia. Foi posto em liberdade 19 dias depois.
Josafá Costa Miranda: preso em 1972 por ser acusado de ser militante da Organização de Combate Marxista Leninista – Política Operária CML – PO.
Delmiro Martinez Baqueiro: ex-funcionário da Petrobras. Foi preso em 1972 por ser um dos membros da OCML-PO e em 1973 foi condenado a três anos de reclusão.
Luiz Carlos Café da Silva: ex-funcionário do INSS, sofreu perseguição por ter respondido IPM em 1964. Foi compelido a pedir exoneração.
Tânia Aarão Reis: filha de ex-preso político banido do país em 1971. Nasceu no Chile em 1973 e somente conseguiu passaporte brasileiro em 1980.
Jairo Cedraz de Oliveira: participou do Movimento Estudantil Secundarista em 1966 e foi membro da POLOP em 1967.
Mário Barbate: foi encarregado da tipografia do PCB em São Paulo, em 1940. Alega que foi preso em 1941 por ser responsável pela tipografia de vários manifestos contra o governo da época.
Sinval Araújo De Andrade e Lucia Maria Pereira De Andrade: ex-funcionário da Petrobras. Demitido em 1965.
Edmundo Dias De Fariase: ex-funcionário da Caraíba Metais S/A. Metalúrgico do Pólo Petroquímico de Camaçari. Demitido por participar do movimento grevista.
Wesly Macedo de Almeida: foi preso em 1970 e respondeu a IMP instaurado para apurar atividades subversivas do PC do B e do PCBR, pelo qual foi condenado a três anos de reclusão.

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